Brasil-Europa: Notícias atuais da organização de estudos de processos culturais em relações internacionais - A.B.E.

Brasil-Europa
Notícias atuais
Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais
Academia Brasil-Europa (A.B.E.)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.e.V.)
 
 

Portal Brasil-Europa      Academia      I.S.M.P.S.      Revista     Contato     Impressum     Estatística

23.11.2016

Notícias dos meses de outubro e novembro


- San Francisco/Califórnia. Abertura de estudos euro-brasileiros na Califórnia em memória de Dr. Robert Heyburn pelo seu centenário sob o signo da polêmica desencadeada pela canonização de Fr. Junipero Serra O.F.M. (1713-1784) e dedicados à problemática do recrudescimento do nacionalismo e de tendências anti-imigratórias na Europa e nos EUA manifestadas na campanha presidencial republicana de 2016. Colóquio na Post Chapel do Presidio de San Francisco sobre visões e reinterpretações do passado colonial hispâniico em visão estadounidense anglosaxônica e suas expressões artísticas. (Veja)





- Los Angeles/Califórnia. Ciclo de estudos relativos à problemática da imigração latina e da „latinoamericanização“ dos EUA sob o impacto de manifestações anti-imigratórias da campanha eleitoral americana de 2016 e sobre a necessidade de uma conscientização do papel exercido por latinos na formação cultural da América do Norte, em particular da Califórnia. Discussão da necessidade de um aguçamento da sensibilidade para a percepção de núcleos e substratos latinos na leitura de grandes metrópoles. Visita à la Placita em Los Angeles e sua consideração em paralelos com São Paulo. (Veja)





- Santa Barbara/Califórnia. Estudos referentes à transposição de imagens da tradição popular religiosa ibérica ao Novo Mundo com especial consideração de Santa Barbara com base em conhecimentos ganhos no Brasil ou referenciados segundo o Brasil. Discussão das implicações de remotas concepções associadas á imagem de Santa Bárbara na vida militar e religiosa, em particular na transformação cultural indígena e na vida das missões. (Veja)





- Solvang/Califórnia. Visita ao museu da missão Santa Inés para estudos do significado da tipologia hagiográfica na implantação de modêlos da vida nas missões com especial consideração de S. João Batista e Santa Inês/Agnes a partir de conhecimentos de expressões joaninas no Brasil. Discussão do papel do Predecessor em vida de trabalho marcada pela pecuária e em expressões culturais de rancherias, bois e boiadeiros em contextos brasileiros e norte-americanos. Retomada de estudos relativos à concepção medieval de S. João Batista como padroeiro da música polifônica à vista da prática do Gregoriano a várias vozes em tradição ibérica transplantada para as missões franciscanas da Califórnia á luz de práticas conhecidas no Brasil. (Veja)




- Ventura/Califôrnia. Visita ao museu da missão de San Buonaventura para a consideração do papel exercido pela tradição teológico-filosófica medieval nas missões franciscanas da América em tradição patrística, em particular daquelas do platonismo nas suas repercussões na mística. Discussão de suas possíveis influências na transformação cultural de indígenas e suas consequências para o presente.(Veja)






- San Carlos Borromeo del rio Carmelo/Califórnia. Estudos no museu da missão em encerramento das discussões pela canonização do Frei Junípero Serra O.F.M.. O foco das atenções foi dirigido às atividades dos missionários guiadas por concepções marcadas pela tradição da Contra-Reforma e reforma católica no espírito tridentino, o que elucidaria características da vida nas missões indígenas, em particular na procura da interiorização e afastamento dos indígenas de influências profanas.(Veja)





- San Francisco/California. Estudos do papel exercido por imigrantes italianos na vida musical, em particular na ópera da Califôrnia em paralelos com o Brasil à luz dos trabalhos que vem sendo desenvolvidos em relações Itália-Brasil e com particular consideração de Gaetano Merola (1881-1953), vulto da ópera de San Francisco. Discussão de americanizações de produções européias a partir do musical The Girl from Brazil por motivo do centenário de sua apresentação em New York sob a direção de G. Merola. (Veja)








- Las Vegas/Nevada. Considerações sobre a recepção de edifícios e cidades emblemáticas de países latinos da Europa a serviço do comércio, do jogo e dos divertimentos com especial atenção à encenação arquitetônica de Veneza em Las Vegas e em Macau. (Veja) Reflexões sobre o papel do comércio em Veneza sob o impacto desses deslocamentos e reinterpretações para o aguçamento da sensibilidade na análise do seu significado à época do liberalismo italiano do século XIX nos seus elos com o Brasil como relatado em edições da Revista Brasil-Europa. (Veja)







- São Paulo e Jooanpolis. Encontros sobre a situação atual e projetos futuros da A.B.E. e do I.S.M.P.S.no Brasil sob o impacto da crise política, econômica e social do presente. Discussão de tendências e iniciativas nos estudos culturais e na pesquisa musical no Rio de Janeiro e em São Paulo. Projetos de vinda de estudiosos brasileiros á Europa para a participação em ciclos de estudos em 2017. R. Bordinhon oferece edições históricas relativas á inauguração de Brasília e dos 150 anos da Independência do Brasil como ponto de partida para reflexões a serem relatadas em próximos números da Revista Brasil-Europa. Encontros no centro de estudos da A.B.E. e do I.S.M.P.S./I.B.E.M. para a discussão de perspectivas e planos.




Da correspondência:


- Lisboa. Enio Souza anuncia o espetáculo „Ópera de Sichuan“ a ser realizado nos dias 25 e 26 de novembro.

- São Paulo. Ir. Miria Kolling anuncia o lançamento de CD „Tudo por causa de um grande Amor“ com 20 refrãos contemplativos editado em parceria com as Paulinas/COMEP e a Congregação ICM. A apresentação do CD será no dia 9 de dezembro de 2016.

- São Paulo. Eneida Paes e Lima, preparando para o seu Mestrado e dedicando-se a estudos sobre a importância do Folclore na Educação, anuncia a sua pesquisa sobre Alexina Magalhães Pinto, solicitando colaborações.

- Salvador/BA. O organista Marcos Santana, do IGHB/ABO, anuncia a celebração do Dia Nacional da Cultura com um recital festivo em instrumento de Augusttinus Randebrock (1867), compartilhando a sua luta pela preservação e continuidade da cultura organística na Bahia .O  dia 5 de novembro - o Dia Nacional da Cultura - , marca a data de nascimento de Ruy Barbosa Oliveira (1849-1923), sendo, por extensão, Dia da Memória Musical da Bahia.

- Brasília, DF. A flautista Beth Ernest Dias publica Sábado á Tarde: Avena de Castro; a cítara e o Choro em Brasília, obra realizada com a colaboração com Severino Francisco. A obra é acompanhada por CD e por melodias com cifras dos choros de Avena de Castro. A publicação, pela sua relevância, deverá ser considerada com particular atenção.





30.09.2016

Notícias dos meses de agosto e setembro.


Urfeld, Baviera. Encontro no Museu de Walchensee sobre relações do meio artístico local com Portugal no início do século XX a partir de materiais de artista que atuou como professor da Academia de Artes de Lisboa .Delineamento de planos de cooperação.e eventos em conjunto com a ABE.





Partenkirchen, Baviera. Participação na 61° Semana Festiva de 2016 com festividades e cultura regional. Comemorações de 125 anos de sociedades de cultura tradicional, de trajes e de bandas de música com procissão e missa solene ao ar livre.








Kochel am See, Baviera. Participação observadora das solenidades da festa mariana de 15 de agosto e de procissão ao lago com a participação de centenas de habitantes com trajes tradicionais, bandas de música e associações culturais de cultivo de tradições.











Achensee-Partisau, Áustria. Mundo Museal de Achensee sobre técnica histórica e formas de vida e de trabalho no espaço alpino de significado para estudos de extensões em regiões de imigração no Brasil.











Karwendel, Baviera. Visita do centro ecológico do cume de Karwendel no âmbito do programa Cultura/Natureza da A.B.E.








Walchensee, Baviera. Presenciação de Heimatabend no âmbito de trabalhos do programa „mundo de  língua alemã - mundo de língua portuguesa em continuação a encontros similares na reginao e em outras localidades.








Franzensfeste/Fortezza, Áustria. Visita ao museu da fortaleza por ocasião da Academiae - Youth Art Biennale. Estudos de relações com o Brasil de regiões norte-italianos que estiveram sob a soberania da Áustria-Hungria no século XIX. Relatos no número 5 da Revista Brasil-Europa de 2016.






Rovereto, Itália. Visita ao Museu Histórico Italiano da Guerra, do Museu e da Academia do Café e de edifícios históricos relacionados com a história do movimento nacional italiano no contexto dos estudos do nacional e do nacionalismo relatados no número 5 da Revista Brasil-Europa de 2016.








Colle di Miravalle, Itália. Trabalhos na área monumental da Fundação do sino dos caídos no contexto dos estudos da Primeira Guerra Mundial e da arte e cultura no debate relativo ao nacionalismo, à confraternização de povos na unidade do homem e na universalidade dos Direitos Humanos. Relatos no número 5 da Revista Brasil-Europa de 2016.







Lago di Garda, Itália. Visitas a várias localidades e instituições do lago de Garda para o estudo de relações entre o movimento nacional italiano nas suas relações com a Europa de língua alemã e o Brasil com particular consideração de G. d‘Annunzio e o III Festival de Música de Câmara de Veneza nos seus elos com o Vittoriale degli Italiani -E. di Guarnieri, M. Braunwieser e H. Villa-Lobos. Trabalhos realizados por ocasião da XI Edição Internacional de Música de Camara de título „À descoberta dos antigos lugares do Garda“. Particular consideração do significado de Salò para estudos de música de câmara por ocasião do 58° Verão Musical de Garda Gasparo de  Salò.. Consideração dos primórdios e consequençias do Facismo italino à época da Repubblica a Salò estuada pelo Circolo Culturale dott. B. Pollini. Relatos no número 5 da Revista Brasil-Europa de 2016



Vipiteno!Sterzing, Itália. Trabalhos relativos a relações entre contextos austríaco-alemães e italianas no norte da Itália e suas extensões no Brasil. Observação de bandas de música tirolesa para comparações com a situção em localidades alpinas da Alemanha.








Regensburg, Baviera. Retomada atualizadora de elos com instituições de Regensburg no âmbito dos estudos culturais euro-brasileiros, estreitos nas décadas de 1970 e 1980 em particular na área da música sacra.









Kirchheim, Baviera. Visita à exposição sobre Arqueologia Urbana no Museu da Cidade de Kelheim.











Donaustauf, Baviera. Walhalla - revisita no contexto dos trabalhos de 2016 relacionados com a história de movimentos nacionais e do nacionalismo.







Kelheim, Baviera. Visita à sala da libertação no âmbito dos estudos culturais dedicados a questões do nacional e nacionalismo.









Altmühltal, Baviera. Visita ao parque arqueológico de Altmühltal no âmbito do programa Cultura/Natureza da ABE









Weltenburg, Baviera. Revisita do mosteiro de S. Jorge no Danúbio em retomada de trabalhos relativos à cultura beneditina e à música sacra.











Gummersbach, Reno do Norte-Vestfalia. Encontros no Hotel Mühlenhelle com membros do conselho da ABE para troca de informações e experiências quanto a trabalhos em desenvolvimento.




Da correspondência:


- Redorno Bordinhon, entra em contato com a ABE. Com formação em diversas áreas - Belas Artes, Direito - e tendo dirigido centro cultural junto ao Liceu de Artes e Ofícios de S. Paulo, contribui significativamente com o trabalho da ABE com jornais e objetos históricos, dando início a intensas cooperações.


- Rui Ventura dos Santos Vargas, da Federação das Academias de História Militar Terrrestre do Brasil e Academia de Letras de Rondonia. informa publicação da Biblioteca do Exército (Portugal) editada pela Aditância do Exército da Embaixada do Brasil em Lisboa pelas comemorações do 70º aniversário do desfile em Lisboa da Força Expedicionária Brasileira.


- Kelly Lohnhoff entra em contato com a A.B.E. relativamente a trabalho que realiza sobre o músico Albert Beil (1853-1918). Das pesquisas realizadas em fins da década e 60 e início dos anos 70 em cidades paulistas, sabe-se que Alberto Beil atuou em São Carlos do Pinhal em 1891. Os seus colegas eram Rodolpho Henrique Fußbahn, registrado em fontes já em 1887, que pelo sobrenome também era alemão, austríaco ou suiço,  e, entre os brasileiros, Américo da Silva Barbosa, Antonio Mariano Franco, Eugenio de Andrade Egas, Francisco Antonio da Luz, João de Amaral Camargo, José de Almeida Penteado e José Gonçalves da Silva. Entre os italianos, registrei Antonio Mugnai e Francisco Santini. Esses nomes permitem reconstruir rêdes de contatos, pois muitos deles se encontram em outras cidades. Segundo Kelly Lohnhof, foi maestro das bandas Carlos Gomes e Vitório Manoel III em Itápolis. Deve-se lembrar que, em 1900, fundou-se, em São Carlos a Societá Meridionale Uniti Victorio Emmanuele III com sede em edifício próprio, ponto alto dos italianos e dos músicos italianos da região. O nome de Alberto Beil encontra-se registrado no Almanach de 1894, reeditado em facsmile em 2007. Entre os professores de música, o seu nome surge como residente à rua Visconde do Pinhal n° 71, ao lado de Francisco Santini, José Gonçalves da Silva Belchior e Prospero Marcicano. São Carlos era um dos grandes centros da imigração, sobretudo italiana. Desmembrara-se apenas em 1880 de Araraquara. Havia, assim, estreitos contatos com o meio musical de Araraquara, onde também a presença italiana era forte. Na Banda Italo-Brasileira ou Sociedade Musical Araraquarense, destacaram-se Francisco Norberto Rodrigues Freire e Sebastinao Pinheiro de Almeida, mestres, na Corporação Musical Carlos Gomes, dirigida por Joaquim Duarte Pinto Ferraz, salientou-se, como mestre, o italiano Florindo Castellani. Materiais levantados em bandas indicam o intercâmbio de partituras e a cooperação entre músicos da região.


- Profa. Dra. Adriana Lopes Moreira, do Departamento de Música da Universidade de São Paulo entra em contato relativamente à publicação do periódico Art Research Journal.


- Prof. Dr. Americo Pellegrini Filho autor de Comunicação Popular Escrita, relata circunstâncias da realização de pesquisas e da edição dessa publicação de alta relevância para os estudos culturais, considerada em seminários da ABE e da universidade de Colonia.


- O professor e pesquisador Taiguara Villela Aldabalde, que se dedica a estudos de mediação cultural e arquivística, comunica que se encontra em Portugal como pós-doutorando na Universidade Fernando Pessoa.

- Prof. Dr. Mauro Chantal, da UFMG, comunica a cerimônia de outorga de título de Doutor honoris causa à cantora Maria Lúcia Godoy no dia 15 de setembro e relata seus esforços relativamente à aquisição de telas do compositor Arthur Bosmans, assim como a sua participação como pianista do encontro nacional da ANPPOM em Belo Horizonte.


- O Instituto Cultural D. Isabel I (IDII) anuncia a publicação da edição especial do jornal eletrônico Resgate, de setembro de 2016.


- O SEFIM anuncia a publicação dos anais do II Simpósio de Estética e Filosofia da Música da UFRGS.


-Leandro Teixeira Ligabó, graduado em Direito pela PUC SP, Advogado vinculado a OAB/SP e cronista no Jornal Diário de São Paulo, correspondente brasileiro em Cork, Irlanda, que se dedica a urbanismo, história e sociologia política, registra-se como correspondente da ABE.


- Enio Souza comunica a realização do Colóquio „China-Macau: Cartografia, Circulação, Descrição“ a realizar-se entre os dias 10 a 12 e outubro em Lisboa.


- O Professor Dr. José Gerardo Matos Guimarães informa que após muitos anos de pesquisa concluiu o trabalho sobre Inscrições em Papel moeda. Até o momento o tema fora pouco estudado tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. Apenas dois trabalhos com mais densidade podiam ser mencionados: o do Prof. Dr. Americo Pellegrini Filho com uma abordagem comunicacional e o do Psiquiatra Jeremias Ferraz Lima com uma perspectiva psicanalítica.O seu trabalho apresenta amostragem de mais de 650 notas onde há intervenções escritas ou com alterações de signos e uma abordagem no âmbito da cultura popular.




29.06.2016

Rio de Janeiro. Correspondência: estudos de bondes em desenvolvimentos urbanos sob a perspectiva cultural. Entrou em contato com a A.B.E. Helio Silvestre Cardoso Ribeiro, Date Administrator/Financial Services da empresa Capogemini I Brasil, responsável por site sobre os bondes do Rio de Janeiro. O seu objetivo com esse site é tratar especificamente dos bondes da Light da antiga capital do Brasil, não tratando de nenhum outro sistema desse tipo de transporte coletivo, nem do Brasil, nem do Exterior. Atualmente, existe em teste um trecho de VLT no Rio de Janeiro.
Serão apenas 28 km, o que, comparados aos mais de 400 km do sistema da Light no passado, surgem como irrisórios. A título de colaboração, fêz algumas observações ao texto publicado na Revista Brasil-Europa de título „Vendo o Rio de bonde“ e que deve ser considerado no âmbito dos trabalhos euro-brasileiros levados a efeito em Toronto (Veja).


1) embora seja apenas um detalhe, a alegação de Herr Ernst von Hesse-Wartegg de que pegava os bondes no ponto inicial no Largo da Carioca é incompleta. Apenas os bondes de Santa Teresa e da Zona Sul saíam dali. Os que se dirigiam à Zona Norte tinham vários pontos iniciais, dependendo da linha: Largo de São Francisco, Praça Tiradentes, Barcas, Praça XV e Praça Mauá.

2) Herr Ernst se entusiasmou pelo bairro que ele denominou Bonfim. Não havia bairro com esse nome. Provavelmente, confundiu-se com a rua Conde de Bonfim, a principal do bairro da Tijuca.

3) O que o artigo chama de "estrados" e "alças" dos bondes eram o estribo e o balaústre, respectivamente.

4) O cobrador (cujo nome oficial era "condutor") ao registrar as passagens não tocava um sino. Quando ele puxava a alça de registro de passagem, um mecanismo metálico fazia um barulho característico e avançava o contador num relógio registrador dependurado no teto, na extremidade do bonde. Não se tratava de sino. Porém havia uma campainha no teto dos bondes, acionada por um cordel de pano trançado, cuja utilidade era o passageiro solicitar parada no próximo ponto e o condutor avisar ao motorneiro que o bonde podia seguir viagem, após os passageiros terem embarcado ou desembarcado.

5) A origem do termo "bonde" é a seguinte: quando os primeiros bondes da Cia Ferro-Carril do Jardim Botânico começaram a circular, o preço da passagem era 200 réis. Porém, moedas desse valor estavam em falta, e isso criava dificuldade para os passageiros pagarem e para o condutor dar o troco. Assim, a Jardim Botânico criou uma cartela com 5 tickets, que podia ser comprada por um mil réis. Com isso,   o passageiro pagava a passagem com o ticket. Essa cartela era denominada "bond" em inglês. Da cartela, o nome passou para o veículo e foi aportuguesado para "bonde".


A correspondência teve prosseguimento com as seguintes colocações por parte da revista:


  1. 1)revendo o texto original de Hesse-Wartegg, pode-se reconhecer que a sua formulação dá margens a imprecisões na leitura. Trata-se de um problema de escrita, o contexto geral, porém, indica que também tomou bondes em outros pontos.

  2. 2)Há razão em supor tratar-se da rua Conde de Bonfim. O termo "bairro" é impreciso. Em alemão, bairro tem um sentido ambivalente: pode designar "quarteirão", região ou vizinhanças definidas por quarteirões, ou seja, parte de um bairro (Stadtviertel), ou bairro no sentido do uso brasileiro, "parte da cidade" (Stadtteil). Essa imprecisão também dá-se em outros idiomas.

3) Há razão quanto à tradução por demais literal dos termos referentes ao estribo e ao balaústre. O tradutor procurou corresponder ao tom um pouco gracejante ou levemente irônico do autor do texto. Os termos certos poderiam ter sido empregados porém em parênteses ou nos comentários.  (...)

4) Há razão relativamente às denominações condutor, motorneiro e sino. Também aqui o tradutor procurou corresponder ao tom gracejante ou levemente irônico do autor, o que se observa em muitos textos de viajantes estrangeiros, em particular alemães. Deveriam ter sido talvez colocados entre aspas. Esse tom de gracejo, o querer que o leitor leia o texto com um sorriso, representa um real problema para a tradução de muitos textos. (...)O sistema descrito relativamente ao registrador e a seu acionamento é exatamente o mesmo daquele dos bondes abertos de São Paulo.

5) As informações sobre o termo bonde, feitas a partir do Rio de Janeiro, pormenorizam a menção por demais lapidar do autor. A explicação, porém, deve ser mais abrangente, pois não foi prerrogativa do Rio. Também em S. Paulo - como em outras cidades - a prática de bonds levou ao uso do termo.


(...) Na Europa, em países como a França, constata-se nos últimos anos um extraordinário renascimento de bondes ou de transportes híbridos. Há soluções inovativas de grande interesse. Neste sentido, a reintrodução de bondes na França - mas também na Espanha e em algumas cidades de outros países  - surge como mais importante  do que as amplas rêdes ainda existentes em muitas cidades da Alemanha, dos Países Baixos, da Bélgica, da Escandinávia e do Leste Europeu, pois, com a sua técnica avançada e modernidade de design trazem à consciência de políticos, planejadores e da população em geral as qualidades desse sistema de transportes.


Recomenda-se o excelente site de Helio Silvestre Cardoso Ribeiro: bondesrio. com

Fotos: Marseille, Innsbruck, Napoles, Munique




26.06.2016

Lecco/Itália. Villa Brasília do compositor Antonio Carlos Gomes (1836-1896) visitada: tema do N° 3 da Revista Brasil-Europa de 2016. Acaba de ser publicada a edição da revista com relatos de estudos e cóloquios desenvolvidos durante visita da villa construída em 1880 por Carlos Gomes em Maggianico/Lecco, o criador de „Il Guarany“, o compositor brasileiro que maior repercussão internacional alcançou no passado e que foi oficialmente declarado como „patrono da música do Brasil“. (Veja)


Os trabalhos em Lecco/Maggianico deram-se por motivo da passagem dos 50 anos de homenagem a Carlos Gomes do Conservatório Carlos Gomes de São Paulo, sob a direção de Armando Belardi, importante promotor do intercâmbio Itália-Brasil e da obra de Carlos Gomes, assim como dos 40 anos do início do programa euro-brasileiro em Milão e dos 30 anos do „Ano Carlos Gomes“ de 1986..


Este último contou com palestras e exposições em diferentes países da Europa, sobretudo na Itália, aqui em especial em Milão e Lecco, assim como no Brasil, em particular em Campinas e em Belém do Pará.


Essas comemorações foram preparadas no ano anterior, declarado „Ano Europeu da Música“ pelas comunidades européias, sendo o compositor considerado no âmbito de encontros realizados pela fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (ISMPS. e.V.).


Esses empreendimentos do passado foram lembrados nas trocas-de-idéias com a direção e professores da escola de música que hoje se encontra instalada na Villa Gomes e que guarda materiais das exposições realizadas em Milão em 1986. Esse Civico Istituto Musicale, que traz o nome do organista e compositor de música sacra G. Zelioli, foi visitado sob a condução de seu diretor, que elucidou as circunstâncias de sua fundação à época da restauração da Villa Gomes e de sua denominação.


O nome do instituto, lembrando personalidade da música sacra do século XX, que hoje é celebrado em festivais, coros e concertos de órgão, motivou a meditação sobre as diferenças de concepções da tradição por êle representada e a visão do mundo do círculo em que se inseriu Carlos Gomes.


Consequentemente, a principal atenção das reflexões encetadas durante o encontro foi dirigida à corrente de pensamento e de criação artística em que se inseriu o compositor brasileiro: a Scapigliatura. Além de considerar-se os pressupostos culturais trazidos por Carlos Gomes do Brasil que favoreceram a sua aproximação e integração nesse grupo de intelectuais e artistas, tratou-se dos fundamentos de visão do mundo da confraternização que possibilitou cooperações e sinergias entre tão importantes representantes da história cultural italiana e o compositor brasileiro.


Considerações mais pormenorizadas dos sentidos e da programática da arquitetura da Villa Brasilia, do seu grande parque - o maior hoje de Lecco - e da sua pintura de interiores possibilitou que se reconhecesse um edifício de concepções e imagens que abre novas e até hoje não percebidas perspectivas para a leitura desse monumento arquitetônico-paisagístico e para os próprios estudos de Carlos Gomes e sua obra.


Esse programa foi marcado pelas suas relações com a Divina Commedia de Dante Alighiere, obra máxima da literatura italiana, fundamental à época político-cultural da Itália à época. Visões da vida do homem na terra e do seu aperfeiçoamento interior, de sua metamorfose e ascensão através da cultura e das artes, de remotas origens, interagiram na linguagem simbólica que se revela na Villa Brasilia com o brasão do Brasil Imperial, no qual a esfera armilar é substituída pela lira.


Esse emblema foi, assim alvo de particular atenção, procurando-se reconhecer os seus múltiplos sentidos e suas implicações para a vida e obra do compositor e para a imagem do Brasil. Os estudos de Carlos Gomes assumiram assim um direcionamento músico-antropológico, prisma sob o qual deverão ter prosseguimento.


Essa linguagem visual, considerada no contexto da época de Umberto I na Itália, do Liberalismo do reino nacional, marcado pelo grande desenvolvimento de cidades como Milão e por problemas sociais, traz novos subsídios para a discussão do nacional e do nacionalismo na obra de Carlos Gomes, pois revela complexas relações entre concepções universais do Humano e desenvolvimentos políticos da sua época. Assim considerando, os estudos surgem como de particular atualidade em época na qual, na Europa, se constata um recrudescimento do nacional e do nacionalismo.




24.06.2016

Glentleiten, Baviera. 40 anos do museu ao ar-livre de Glentleiten e 40 anos dos estudos museológicos de cultura tradicional em relações Brasil/Alemanha. A necessidade de apresentação de objetos, trajes, instrumentos e outros materiais que documentam a vida e a cultura populares através de ambientações e encenações museológicas que favoreçam o interesse e a empatia de visitantes e pesquisadores sempre foi considerada nos meios de estudos de Folclore do Brasil.


Em particular o antigo Museu de Artes e Técnicas Populares (Museu do Folclore) da Associação Brasileira de Folclore, no passado instalado no Pavilhão L. Moreira Garcez no Parque Ibirapuera, distinguiu-se por exemplares amostras de modos de viver e de expressões culturais, sendo que as revivificações de ambientes tradicionais surgiam em expressivo contraste com a modernidade da arquitetura, incentivando reflexões.


Uma outra problemática sempre considerada foi a dos museus ao ar-livre, presentes e de significado sobretudo em regiões coloniais de imigrantes. No decorrer das últimas décadas, vários desses museus foram visitados, salientando-se os de Joinvillie, Santa Catarina e o de Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul.


Em 1976, deu-se o primeiro encontro entre pesquisadores europeus e brasileiros, „Volkskundler“, folcloristas e etnólogos em no museu ao ar livre de Kommern, Reno do Norte/Vestfália. Em 1989, esse museu foi novamente visitado por um grupo de pesquisadores vindos do Brasil.


Vários museus de cultura tradicional, rural ou ecológico-culturais foram visitados em diferentes países europeus, americanos e do Pacífico, como relatado em várias edições da Revista Brasil-Europa.


Para comemorar a passagem dos 40 anos da primeira vista de museu de cultura tradicional na Alemanha no âmbito dos estudos euro-brasileiros, decidiu-se visitar um dos mais importantes e belos museus desse gênero e que também celebra no corrente ano os seus 40 anos de fundação.


Trata-se do Freilichtmuseum Glentleiten, em Kochel am See, cidade da Baviera Superior. Por motivo do ano comemorativo, esse museu apresenta um programa denominado de „atrás dos bastidores“ (Hinter den Kulissen). Nele apresenta-se o trabalho da coleta, da conservação, da pesquisa e da apresentação da cultura do quotidiano rural que, em geral, passa despercebido dos visitantes e que constitui pressuposto para um museu de cunho científico.


Com esse intento, apresentam-se os métodos de determinação da idade de um edifício quando não se tem dados escritos sobre o mesmo; explicam-se técnicas de trabalho artesanal de reconstrução de casas e outros edifícios históricos; revelam-se métodos de conservação de objetos das coleções do museu.


Assim procedendo, traz.-se à consciência como objetos do quotidiano ganham valor cultural através de cuidadosa documentação. Sob o ponto de vista da arquitetura tradicional, ganha interesse o tratamento de partes de uma construção de Sulzrain (Dachau), das quais se apresenta uma parte do reboque.


Nele, pode-se perceber as diversas pinturas que sofreu com o decorrer do tempo. Aqui, aplica-se o método da estatigrafia, com o qual se estuda a sequência das pinturas de exteriores e interiores. Em muitos casos, a pintura permite aproximações quanto à época da construção, assim como ao uso do espaço.


O grande patrimônio do museu consiste sobretudo em moveis, ferramentas e máquinas agrícolas que são conservados como objetos para estudos científico-culturais. Dá-se atenção à conservação de vestígios do seu uso, por exemplo conservando-os em parte com cera, em parte deixando-os entregues ao processo natural de deterioração.


De interesse é o cuidado em estudar pinturas de interiores e processos decorativos que, em geral, não recebem atenção de historiadores da arte. Entre elas, destaca-se a pintura com moldes, uma técnica de ornamentar paredes, popular o início do século XX. Esses moldes, produzidos em série em fábricas, são em geral menosprezados. Os artesãos do museu dominam essa técnica e podem assim, reconstruir interiores das casas conservadas.


Uma particularidade que merece atenção também no caso do Brasil é a conservação de „paisagens de cultivo“. A paisagem de cultivo da área do museu compreende casas e jardins de ervas, campos, pastos e prados de diferentes usos e caminhos do trabalho agrícola. Os especialistas do museu estabeleceram, para estudar essa paisagem de uso, um projeto de cultivo da paisagem. Segundo esse plano, procura-se uma utilização agrícola e florestal segundo modêlos históricos. Assim, surge um panorama ambiental global. Também plantas de uso históricas e espécies animais do passado relacionam-se estreitamente com esse tipo de paisagem. Assim, várias raças de animais domésticos já quase extintas vivem na área do museu.


No museu de Glentleiten, transmite-se de forma diversificada e fundamentada um quadro da vida rural. Para classes de jardins de infância, escolares, famílias, visitantes individuais, jovens e grupos de terceira idade proporcionam-se atividades especiais. Além do mais, existe uma „casa de descobrir“, que incentiva a participação e ao manuseio de objetos, o que é de especial relevância para visitantes cegos.


Um dos principais eventos do programa anual é o dia da música folclórica (Tag der Volksmusik).


Os objetos apresentados no museu permitem conhecimentos importantes para estudos de materiais trazidos ao Brasil por imigrantes alemães e integrados na vida colonial. Cruzeiros, nichos e altares de estradas permitem além do mais comparações com aqueles existentes no Brasil mesmo fora de regiões de imigrantes.


Do ponto de vista da arte popular, destacam-se extraordinários exemplos de pinturas de interiores de casas rurais de séculos passados e que abrem novas perspectivas para o reconhecimento da dimensão histórica da assim-chamada pintura ingênua ou das bases populares da arte pictórica em igrejas brasileiras do período colonial.


Ainda que essas pinturas em paredes de madeira perderam-se com o tempo, na sua maioria, algumas se conservaram. Sobre uma superfície preparada com cal e barro sobre as tábuas, ou mesmo diretamente sobre a madeira, pintavam-se nos séculos XVI e XVII salas de maior representatividade.


Os pintores, anônimos, eram em geral pintores de altares de igrejas.


As partes superiores das paredes eram ornamentaas em geral com ramagens de folhas, flores e frutos, reconhecendo-se claramente traços renascentistas e barrocos, assim como elementos arquitetônicos e figuras religiosas.


Essa pintura popular de interiores, ainda pouco estudada, foi mapeada por especialistas do museu, compreendendo uma região ampla da Baviera e da Áustria, em particular da área de Salzburg.


A visita de pesquisadores da A.B.E. foi encerrada com uma audição de conjunto de sôpros de música da tradição popular bávara.




20.06.2016

Drabenderhöhe/Wiehl. Imigrações interno-européias rumeno-alemãs e emigração ao Brasil. 50 anos da emigração da Rumênia dos Saxões de Siebenbürgen. Celebrou-se, no dia 19 do corrente mês, os 50 anos da comunidade de Siebenbürger Sachsen nessa estância climática da região de Oberberg da Reno do Norte/Vestfália. Essa comunidade é constituída por alemães expulsos de regiões colonizadas da Rumênia após a Segunda Guerra Mundial.


Os imigrantes, a partir de 1964, auxiliaram a reconstrução da cidade destruída e contribuiram ao desenvolvimento econômico e cultural regional. A cidade tornou-se um centro da imigração dos ex-patriados que, de mais de 190 colonias da Rumenia, transferiram-se para a Alemanha, fazendo da cidade a maior de todos os povoados dos saxões de Siebenbürgen fora da Rumênia.


A região tornou-se um centro do encontro de culturas que, embora de origem alemã, possuiam características próprias, decorrentes de séculos da colonização de distantes regiões. Os descendentes dos primeiros colonos, em parte já de longínquo passado, continuaram a manter dialetos e trajes regionais, possibilitando assim, a permanência de tradições coloniais através de gerações.


Significativamente, a comunidade foi considerada, em 1991, modêlo de integração de estrangeiros. Na Casa da Cultura de Drabenderhöhe mantém-se, desde 1989, um museu da imigração, o mais importante do gênero fora da Rumênia. Sob o ponto de vista do folclore comparado e dos estudos a imigração em dimensões gerais, esse museu adquire importância, pois contém valiosos acervos de objetos e documentos de cultura imaterial que, em parte, são de mais de 800 anos.


Devido à proximidade com o centro de estudos euro-brasileiros da A.B.E., mantém-se contatos estreitos com Drabenderhöhe. Esses contatos contribuiram à primeira viagem de estudos à Rumênia para estudos de imigração relacionados com o Brasil, quando realizaram-se encontros em diversas cidades e instituições. (Veja)


Nessa ocasião, considerou-se a ida de saxões de Siebenbürgen também ao Brasil, dando-se  o peso principal a questões comparativas de processos e teóricas de imigração interno-européia e ao Exterior.


Em visitas a museus, tratou-se em particular da questão da definição de cultura imaterial, então atual devido a programas da UNESCO.


Em encontros em comunidades de cultura alemã, em particular em seus grandes centros, como a antiga Hermannstadt, teve-se a oportunidade de consulta de materiais do século XIX de relevância para a história global da imigração e colonial nas várias regiões do mundo e mesmo de aquisição de publicações raras para o arquivo da A.B.E..


Deu-se, em particular, atenção a procedimentos similares quanto à educação, à prática religiosa e ao cultivo da música e da dança em comunidades coloniais da Rumênia e do Brasil.


Nessas ocasiões, aqueles que ainda permaneciam na Rumênia dos antigos colonos de origem alemã salientaram- a importância da comunidade de Drabenderhöhe para os estudos da própria cultura.


Uma colonia assim de ex-patriados, já há séculos enraizada na Rumênia, vistos por alguns como de „retornados“, torna-se, após séculos, posto avançado da conservação de identidade cultural e de tradições.


Esse fenômeno não pode deixar de ser considerado com atenção nos estudos de processos culturais, também e sobretudo em situações como a de regiões colonizadas no passado por alemães no Brasil.


Esses estudos possuem assim uma história já longa de trabalhos e iniciativas, encontros e colonos, tendo sido desenvolvidos por pesquisadores devidamente formados em Folclore e Etnologia (Volkskunde, Völkerkunde), com especializações em outras disciplinas.


A problemática brasileira foi tratada sob diversos aspectos por especialistas em diferentes áreas e continua a ser desenvolvida em viagens a regiões coloniais de diversas partes do mundo, assim como na participação em eventos como em Drabenderhöhe. Os estudos imigratórios, altamente especializados, não podem ser tratados adequadamente por jornalistas sem legitimação e competência adquiridas através de formação universitária específica.




12.06.2016

Baden-Baden/Alemanha. Civitas Aquensis: a imagem de ninfas ou da virgem das águas na tradição popular do Brasil e da Floresta Negra e sua valorização no século XIX. A publicação do atual número da Revista Brasil-Europa trouxe novamente à discussão a imagem da ninfa, da sereia e da mãe d‘água.(Veja)


Essa imagem, considerada por folcloristas há muito devido a seu significado nas tradições populares em diversos contextos e origens, assim como em expressões de cultos (Iemanjá, Oxum), foi reconhecida nos estudos euro-brasileiros voltados aos fundamentos do edifício imagológico como de funamental relevância em antigas concepções filosófico-naturais nas suas relações com a mitologia e a tradição bíblica, o que se manifestou sobretudo na Gnosis da Antiguidade tardia.


Essa imagem voltou a ser considerada na atual edição da revista sob aspectos até então não tratados, ou seja, a sua função na formação musical feminina no Brasil a partir de obras de um compositor que realizou estudos na Itália e foi um profundo conhecedor de tradições italianas. Esses estudos revelam os elos com a tradição popular de Nápoles, na qual imagens marítimas, entre elas as da sereia e das ninfas do mar desempenham um papel de fundamental importância.


Apesar desses estreitos elos com o golfo de Nápoles, remontantes à Antiguidade, a imagem surge também em outras regiões da Europa, indicando uma vigência abrangedora, apenas explicável pela generalidade de uma visão do mundo baseada em similares concepções filosófico-naturais. Também essa problemática da existência de similares imagens em contextos não greco-romanos, e que explica harmonizações e sincretismos nos primeiros séculos da presente era, tem sido tratada em eventos vários, cursos e conferências.


Uma questão que agora se levanta é a do redescobrimento e revalorização dessa imagem no âmbito do despertar de interesses por tradições populares no século do Romantismo e Historismo, ou seja, na fase inicial da área de estudos respectivos, correspondente àquela conhecida no Brasil como a da ciência do Folclore.


Esse significado da imagem se evidencia também em obras de arte, em particular da pintura. Também aqui revela-se influência italiana através de artistas que realizaram estudos na Itália.


Entre as mais significativas representações pictóricas de ninfas e outros seres femininos aquáticos na tradição oral alemã encontram-se os grandes painéis murais do edifício da fonte d‘água da cidade balneária de Baden-Baden.


Já habitada talvez pelos celtas antes da chegada dos romanos devido às suas fontes, a cidade, fundada no ano 80, ganhou sob o domínio de Roma renome pelas suas águas quentes. Esse significado de Baden-Baden como cidade das águas manteve-se através dos séculos.


A atual fisionomia arquitetônica da cidade é marcada por representativas construções do século XIX, entre outras a sala de bebida de água, a Trinhalle. Construída por Friedrich Weinbrenner entre 1839-1842 com base em planos do renomado arquiteto Heinrich Hübsch (1795-1863), o edifício se distingue pela Loggia marcada por 16 colunas de ordem coríntia e que era destinada ao passeio meditativo daqueles que tinham bebido da fonte.


Nela perambulando, os que procuravam saúde e bem-estar podiam contemplar 14 paineis murais que, em grandes dimensões, tratavam de episódios da tradição oral alemã, de mitos e lendas da região da Floresta Negra. As obras são de autoria de Jakob Götzenberger (1802-1866). O pintor, formado na Academia de Düsseldorf, realizou viagens de estudos pela Itália entre 1828 e 1832.


Entre os motivos, encontra-se o da representação de ninfas no lago Mummel. Segundo a tradição, em noites de luar de verão, esses seres surgiam do fundo das águas e dançavam em roda.. Ao soar a primeira hora após a meia-noite, o rei do mar levantvaa a sua cabeça das águas e levava de novo as suas filhas às profundezas.


Motivo similar é tratado no painél dedicado à estória da ninfa do mar selvagem. Nela, tematiza-se as relações da imagem da bela jovem das águas com a música. Com canto encantador e música fascinante, a ninfa Merline atrai um jovem pastor às margens do mar selvagem. Apesar de avisado, o jovem não consegue resistir e é levado para o fundo do mar. Essa lenda corresponde à tradição conhecida em diferentes versões e contextos no Brasil.




11.06.2016

Trento/Itália. Música sacra no passado recente e no presente em contextos Brasil-Europa. 45.Festival Musica sacra/Geistliche Musik 2016. Em encontros realizados em cidades alemãs, austríacas e italianas do norte em maio do corrente ano, tratou-se com especial atenção da prática musical nas igrejas, do repertório de concertos de música sacra e religiosa com especial consideração das concepções, orientações e tendências teológico-musicais.


O objetivo dessa iniciativa da A.B.E. foi constatar na prática a continuidade e as mudanças de correntes de pensamento e da praxis sob o signo do atual pontificado.


Nas décadas passadas, a música sacra constituiu importante complexo temático dos trabalhos euro-brasileiros, levando à série de simpósios internacionais „Música Sacra e Cultura Brasileira“, realizados a partir de 1981 em várias edições no Brasil e na Europa.


O caminho das reflexões e das iniciativas teológico-musicais e musicológicas foi estreitamente co-percorrido pelo programa de estudos euro-brasileiros iniciado em 1974. A música sacra do Brasil foi objeto de atenção em colóquios, simpósios e congressos internacionais levados a efeito em diferentes países.


Entre as preocupações que mais marcaram o início desses trabalhos encontrou-se aquela do risco visto por muitos na perda do patrimônio musical histórico latino, do Gregoriano, da polifonia e da música para órgão devido às reformas litúrgicas em decorrência do Concílio Vaticano II. Discutiu-se, sob diversos aspectos, possibilidades de um equilíbrio entre a conservação desse patrimônio, também no culto, e o fomento de práticas musicais voltadas à participação ativa comunitária e desenvolvimento de linguagem musical apropriada às diferentes culturas.


Dependendo do espírito, das orientações e legislações nos vários pontificados, as reflexões e as iniciativas prático-musicais tiveram diferentes pêsos. Sob Bento XVI, sentiram-se fortalecidos em particular aqueles empenhados na conservação do patrimônio e de concepções teológicas que acentuam conceitos de sacralidade em continuidade a correntes de pensamento e da legislação sacro-musical que remontam ao Concílio de Trento, no século XVI.


Sob o atual pontífice, com base nos seus ensinamentos orais e escritos, constatam-se mudanças de focos de atenções que, se forem seguidas, terão consequências significativas para as reflexões e a prática. Devido ao significado do Catolicismo na  formação cultural do Brasil, essa problemática não pode deixar de ser considerada com especial atenção.


Para a abertura dos trabalhos respectivos que serão promovidos em 2016 e 2017 pelo ISMPS e pela ABE, escolheu-se a cidade de Trento devido à importância que lhe cabe na história da música sacra.


O Concílio de Trento, que encerrou-se em 1563, foi alvo de repetidas considerações, sob diversos aspectos, em cursos, seminários e eventos na Europa e no Brasil. A sua importância para a história da polifonia foi salientada já no simpósio internacional de São Paulo, em 1981. Sob uma perspectiva  abrangente, tratou-se da questão da autonomia da obra de arte sacro-musical relativamente à sua função no culto e das interações com a música profana, criticadas pelo Concílio de Triento e que se repetem e são promovidas na atualidade. Em ambos os casos, porém, registra-se a preocupação pelo entendimento do texto - no passado em latim, no presente em vernáculo.


Esse questionamento relaciona-se estreitamente com concepções relativas à prioridade do texto e ao Humanismo.Uma reconsideração da situação do século XVI sob o signo das preocupações atuais adquire neste sentido relevante atualidade.


O fomento e o desenvolvimento da homofonia no período posterior ao Concílio marcaram o caminho histórico da prática musical no Brasil. No decurso da história da música sacra sob o signo da restauração litúrgica dos séculos XIX e XX, vários compositores brasileiros procuraram orientar-se segundo o assim-chamado „estilo de Palestrina“.


Em Trento, em maio do corrente, procurou-se comparar atuais expressões das solenidades de Corpus Christi na Basílica de S. Vigilio com aquelas observadas na Baviera (Veja notícias anteriores).


A intensidade da prática sacro-musical em Triento na atualidade manifestou-se no 45. Festival de Música Sacra 2016, e que incluiu concertos em diferentes igrejas da cidade e de outras localidades, do Tirol e sobretudo em Bolzano. Os programas incluiram repertórios de diferentes épocas e contextos, do passado e do presente.


Salienta-se a colaboração do Südtiroler Künstlerbund e da Brixner Iniative Musik und Kirche. Uma particular menção merece o evento „Cantar la notte...“, encontro na escuridão como momento de espiritualidade do Cântico dos Canticos em textos modernos, levado a efeito na Igreja do Sufrágio, no dia 15 de maio. Essa iniciativa lembrou similar intento, sob o aspecto visual, de exposição de artista brasileiro na segunda edição do Simpósio Internacional „Música Sacra e Cultura Brasileira“ levado a efeito em Bonn, em 1989, com o apoio de ADVENIAT e sob o patrocínio da Embaixada do Brasil na Alemanha.




06.06..2016
Krün/Alemanha. Vestuário, identidade e memória. Trajes tradicionais no Brasil e na Alemanha  e formação de novas gerações. A pequena cidade de Krün, na Baviera Superior, adquiriu nos últimos anos repercussão internacional devido a relativamente recente encontro entre a chanceler alemã e o presidente dos Estados Unidos.


A localidade se salienta pela sua situação paisagística privilegiada e pelas suas casas com fachadas pintadas com representações bíblicas e de santos, assim como da vida festiva e de trabalho do povo. Pouco conhecido é, porém, o significado de Krün como centro de cultivo de tradições populares.


A história e o presente do extraordinário empenho local de cultivo de música, dança e outras expressões da cultura tradicional foram alvo de recente evento de „terra natal“ realizado por grupos da associação local. Nessa ocasião, apresentaram-se os vários grupos de crianças e jovens que aprendem as antigas danças na escola mantida pela associação.


Trouxe-se  à discussão, que a permanência de expressões tradicionais em toda a região bávara, que tanto impressiona visitantes, não é fato inconsciente e por assim dizer automático, mas consciente e preparado, resultado de esforços múltiplos de idealistas e estudiosos, assim como do ensino.


As elucidações fornecidas em palestra do responsável pela associação regional permitiram retomar muitas questões de um debate que vem sendo conduzido há décadas no âmbito dos estudos do Folclore e daqueles relacionados com a imigração e colonização centro-européia no Brasil.


Em primeiro lugar, relativou a distinção feita por muitos estudiosos brasileiros entre expressões espontâneas, informais, transmitidas e cultivadas sem ação de agentes formadores, e um folclore aplicado, resultado de intentos tradicionalistas, escolares, político-culturais ou de turismo, e que sugere uma distinção entre o autêntico e o artificial, com correspondente desvalorização de empenhos daqueles que procuram manter e reviver danças e músicas tradicionais, fato que se observa em algumas localidades no Brasil, como em Joanópolis/SP (Veja notícias anteriores)..


Em segundo lugar, a palestra trouxe à luz o significado dos trajes na revitalização e permanência de expressões culturais. As próprias associações de cultivo de danças, de música e de outras práticas tradicionais são primordialmente associações de trajes antigos regionais e locais.


As elucidações de instrumentos musicais, de passos de danças ou outros elementos da tradição partem dos trajes, de calçados, penteados, chapéus e outros atributos.


Essa situação difere consideravelmente daquela conhecida dos estudos de folclore do Brasil, onde questões relativas a trajes ocupam antes posição secundária. Com algumas exceções - trajes de „baiana“, de vaqueiros, de danças folclóricas de regiões amazônicas e outros -  vestimentas tradicionais não desempenham, no Brasil, papel similar daquele desempenhado na Baviera.


Um caso especial é o de grupos de danças de descendentes de colonos alemães no sul do Brasil, onde, como na Alemanha, a recuperação, confecção e cultivo de trajes tradicionais constitui importante foco de atenções.


A questão do abandono do uso de trajes das regiões natais pelos imigrantes que chegaram no Brasil - usados até que se desgastassem, não sendo em geral substituídos - foi uma das principais do encontro de pesquisadores culturais europeus na sessão dedicada à problemática pós-colonial em Nova Petrópolis, em 2002. Com base no observado e considerado em sessão festiva no clube da Amizade, assim como nos exemplares expostos no museu do parque colonial, discutiram-se as razões desse abandono sob a perspectiva de processos culturais de integração.


A revitalização dos usos dos trajes regionais também foi objeto de atenção especial, pois a procura de fontes e informações, assim como de modêlos para a confecção das vestimentas constitui uma das áreas onde se evidencia a utilidade de cooperações internacionais.


Uma das questões levantadas foi a da perda de vínculos com contextos culturais, uma vez que o cultivo de tradições de diferentes regiões da Alemanha passa a ser feita por descendentes de colonos que não necessariamente procedem das respectivas regiões, evidenciando-se assim um aspecto antes encenatório folclórisco de mostragem de tradições regionais.


O responsável pelos grupos que se apresentaram em Krün, deixou claro na sua exposição que já na primeira metade do século XIX deu-se início a esforços de manutenção de trajes tradicionais por habitantes preocupados com o seu desaparecimento. Tratou-se, assim, de uma expressão do sentido histórico e romântico do século.


Essas intenções e as conotações político-culturais modificaram-se com o decorrer dos tempos, assumindo características questionáveis nos anos nacional-socialistas quando, se por um lado tolerados, por outro também foram reconhecidos como não totalmente compatíveis com a ideologia, pois acentuavam a diferenciação, não a unidade do corpo social nacional.


Um dos principais acentos da sessão foi o do renovado interesse por essas tradições no presente, fato também possivelmente explicado pelas tendências político-culturais da atualidade.


Compreende-se, assim, a intensidade com que crianças e jovens são socializadas em diferentes grupos da associação de trajes tradicionais, aprendendo danças e instrumentos. Centenas de crianças e jovens divididas em diversos grupos por idade apresentaram as danças aprendidas, assim como práticas como a dos Schuhplatter, de canto em conjunto feminino e masculino, assim como músicas executadas em instrumentos como a cítara, a lira, sendo que se procura salvar este último instrumento da sua extinção. Uma prática particularmente singular é a do toque de colheres, que atinge, em Krün, nível de virtuosismo.


O significado dos trajes para a identidade comunitária que se manifesta na associação foi salientado, lembrando-se também que a sua confecção exige grandes esforços e despesas para os habitantes. Algumas de suas peças e elementos - como os pelos de bode selvagem ou pena de água real para os chapéus -, devido à dificuldade de sua obtenção, atingem altíssimos preços. A aquisição de um traje regional é, assim, um investimento de vida, compreendendo-se que sejam tratados com particular cuidado e passados de geração em geração.


Essa situação na Baviera foi comparada com aquela de comunidades de descendentes de alemães no Brasil, procurando-se aqui explicações para o abandono de trajes da terra natal nas primeiras gerações e as dificuldades para a sua obtenção em gerações posteriores.


Por fim, o conferencista tratou das muitas ocasiões que se oferecem para a apresentação dos grupos de crianças e jovens que aprendem danças e instrumentos na associação. Essas ocasiões relacionam-se estreitamente com o calendário anual religioso, com as grandes datas, salientando-se aqui aquelas do mês de maio, ou seja, a da primavera no hemisfério norte.




04.06.2016

Partenkirchen/Baviera. História cultural dos esportes no ano das olimíadas no Rio de Janeiro e arquitetura. A realização dos jogos olímpicos no Rio vem sendo acompanhada por estudos euro-brasileiros da história cultural dos esportes. O objetivo principal desses trabalhos promovidos pela A.B.E. é inscrever o evento que se realiza no Brasil em processos históricos e político-culturais, assim como de contribuir a seu tratamento sob perspectivas de relevância no debate teórico-cultural e dos movimentos relacionados com Direitos Humanos da atualidade.


Nos trabalhos realizados em maio do corrente ano, e que foram abertos em Baden-Baden no Estado alemão de Baden-Württenberg e encerrados em St. Moritz, Suíça (Veja notícias anteriores), incluiu-se uma visita ao histórico estádio e museu esportivo de Partenkirchen. Ali se realiza atualmente uma exposição relativa aos Jogos Olímpicos de Inverno de 1936 e a sua „face negra“ por realizar-se em época nacional-socialista da Alemanha.


É significativo que a tradição de esportes da montanha local de Gudiberg relaciona-se estreitamente com a história acadêmica universitária. Já em 1902, o clube de esquiação acadêmico de Munique ali realizava a sua festa de esportes de inverno. Para isso, construiu-se uma primeira pista. A partir e 1907, construiu-se uma cabana e outras instalações para a prática de trenós e patinação. No local onde hoje se encontra o estádio de esqui de Olympia de Partenkirchen realizou-se já em 1922 um internacional salto de esqui de Ano Novo.


Uma consideração especial merece a questão da arquitetura e engenharia de esportes como parte da história cultural. As grandes áreas históricas para a prátida de esportes na Alemanha exemplificam a instrumentalização de esportes para fins políticos. A linguagem visual de construções e de plásticas que as ornamentam manifestam relações entre o esporte e concepções do homem na ideologia do estado totalitário.


Ao lado do areal de Berlim, considerado em estudos promovidos pela A.B.E. por ocasião da Copa do Mundo realizada no Brasil (Veja notícias anteriores), o de Partenkirchen destaca-se como testemunho da linguagem visual nacional-socialista nas suas relações com a cultura física. Figuras de grandes dimensões em torres que ladeiam o portão monumental de entrada do estádio e que mostram um atleta desnudo com a tocha olímpica e uma alegoria da vitória revelam da forma mais evidente desejadas associações com a cultura antiga.


Em 1933, como preparação dos IV. Jogos de Inverno Olímpicos, deu-se início à construção da pista elevada para saltos. Em 1934, reformou-se o antigo trampolim olímpico de 1922 e foram construídas arquibancadas e uma casa de esportes. O estádio no local onde hoje se encontra foi construído para os Jogos de Inverno Olímpicos de 1940. Com a Segunda Guerra, os Jogos não foram realizados na Alemanha. Em 1950, levantou-se a primeira instalação para saltos em aço do mundo, onde passou-se a realizar os saltos de Ano Novo até que, em 2007/8, foi ela substituída pela nova construção.



02.06.2016

Como/Itália. A memória de Chico Mendes em parques italianos: o parque infantil no centro de Como. No âmbito dos estudos e reflexões sobre relações Cultura/Natureza, vem-se considerando, em vários contextos questões de paisagismo, de parques e jardins, de configuração ambiental, de transplantes de plantas e sua aclimatação, assim como, entre muitos outros, problemas ecológicos, de degradação e destruição ambiental.


Relatos sobre trabalhos euro-brasileiros realizados em diferentes contextos foram publicados neste noticíario ou em várias edições da Revista Brasil-Europa.


Também institutos e jardins botânicos, assim como parques em cidades italianas foram visitados em diferentes ocasiões. Uma atenção especial merece porém a frequente lembrança da problemática ambiental do Brasil em logradouros italianos.


Parques e instituições de várias cidades da Itália trazem o nome de Chico Mendes (1944-1988), o seringueiro assassinado cuja memória é lembrada também em outros países como um ícone ou mesmo mártir do protecionismo da natureza e do homem que vive na e da floresta.


O nome de Chico Mendes surge frequentemente em instituições e iniciativas eclesiásticas - como na cidade alemã de Aachen - ou de organizações ambientalísticas. Na Itália, entre os muitos parques que trazem o nome do seringueiro acreano destacam-se aqueles de pequenos logradouros, onde a lembrança do seu nome, pelas dimensões locais, assume compreensivelmente particular relevância.


Entre êles, citam-se os parques, jardins ou outros espaços designados de Chico Mendes em San Donnino, Giarre,  Pantigliate, Reggiolo, Rezzato, Borgaro, Giulianova, Isola Vicentina, Terni, Spoleto, Perugia, Porto Torres, Riccione, Cusano Milanino, Borgo Valsugana, Romano di Lombardia, Berceto, Ravenna e Castegnato.


Uma particular importância é o Parco ou Parchetto Chico Mendes em Como, uma vez que se encontra em local privilegiado no centro histórico de uma cidade que é procurada não só pelos seus monumentos históricos e artísticos como pelas suas belezas naturais e pelos seus jardins.


Como principal cidade do lago de Como, a cidade encontra-se em região das mais admiradas, visitadas e celebradas da Europa pelos seus bens paisagísticos, assim como pelos parques e jardins de residências de alto significado arquitetônico e histórico das suas encostas.


O Parco Chico Mendes em Como ocupa uma área adjunta a uma das principais igrejas históricas da cidade, tendo, na sua entrada, placa que indica ter sido instalado em memória do seringueiro a 18 de março de 1989 em trabalho conjunto do WWF e da Amnesty International.


Embora com algumas árvores, essa área Chico Mendes não representa um parque ou jardim no sentido paisagístico do termo, mas sim um parque infantil ou jardim de crianças, um playground. Esse fato desperta múltiplas associações, pois traz à consciência relações entre conceitos de parque natural e parque infantil ou parquinho, de jardim e jardim da infância, de proteção à natureza e de formação e educação da criança, de natureza e cultura.





01.06..2016

Wackersberg/Baviera. A festa de Corpus Christi no Brasil e na Alemanha. A festa de Corpus Christi é uma das mais importantes do calendário religioso e fundamental para o estudo de expressões culturais tradicionais e da linguagem visual de países de formação católica. Compreensivelmente, vem sendo há muito considerada em muitas de suas manifestações por folcloristas e pesquisadores culturais em geral.


Muitos são os trabalhos publicados relativos à festa e à procissão de Corpus Christi em cidades brasileiras, sobretudo daquelas conhecidas pela confecção de tapetes florais, de grãos ou outros materiais multicoloridos nas ruas percorridas.


Em trabalhos desenvolvidos nos anos 70 e 80, em estreita cooperação com teólogos e estudiosos da história eclesiástica de Roma, considerou-se a história da procissão de Corpus Christi em Portugal e nos paísess descobertos, colonizados ou marcados culturalmente pelos portugueses no contexto geral das origens e da difusão da festa na Europa e seus fundamentos teológicos.


Considerar esses fundamentos é de importância para os estudos culturais, uma vez que várias expressões tradicionais, danças e representações simbólicas ainda hoje praticadas encontram-se nas práticas das corporações de ofícios e outros grupos participantes das procissões medievais.


Nela participando os diferentes grupos constituintes das comunidades, o conceito de „corpo“ da procissão de Corpus Christi merece ser também estudado sob a perspectiva da história de concepções de Ecclesia, de Estado e de sociedade.


A observação das práticas tradicionais em diferentes países oferece subsídios para o aprofundamento desses estudos e o esclarecimento do significado de práticas e expressões cultivadas de forma puntual em diferentes contextos, assim como de suas transformações.


É extraordinária a importância da festa de Corpus Christi nas regiões católicas da Alemanha. Correspondentemente, essa festa vem sendo alvo de atenções nos estudos euro-brasileiros, partindo-se aqui sobretudo das grandes solenidades de Colonia e que incluem procissão marítima pelo Reno.


A festa de Corpus Christi e sua procissão são também intensamente celebradas em outras regiões católicas da Alemanha, salientando-se aqui em particular a Baviera, onde a primeira procissão ocorreu em Benediktbeuren, em 1264.


Em cidades de grande passado histórico-religioso e de importância eclesiáastica na atualidade, como Bamberg, a data é marcada ainda hoje pela participação de extraordinária multidão de fiéís.


Para os estudos de tradições culturais, porém, assumem maior relevância as procissões nas pequenas localidades de regiões rurais.


Destaca-se aqui a pequena aldeia de Wackersberg, próxima a Bad Tölz, na Baviera Superior, revisitada por pesquisadores da A.B.E. no corrente ano. Ali se realiza uma das mais tradicionais procissões de Corpus Christi que percorrem os campos, percorrendo não só ruas do povoado como também os prados e as terras de plantação.


Em caminho especialmente aberto através dos campos, ornamentados com galhos florescentes e com oratórios para as paradas do cortejo com o ostensório, a procissão revela os elos entre o ano religioso e o ano natural do hemisfério norte. Pede-se proteção divina aos frutos da terra e do trabalho do homem, para a germinação dos grãos plantados que fornecerão o pão que alimenta a comunidade e que, assim, também pede e espera proteção.


Os vínculos com o ano natural evidencia-se também na linguagem visual dos costumes tradicionais e das ornamentações de andores e de ruas, com profusão de flores e ramos verdejantes próprios da época primaveril.


A espetacularidade festiva da linguagem simbólica da procissão corresponde assim àquela do mundo envolvente, uma situação diferente daquela do hemisfério sul e que abre assim perspectivas para a compreensão de elementos da linguagem visual. Se no Brasil - e em outros países - cobrem-se as ruas com tapetes florais, na pequena aldeia bávara são meninas que, com cestos de flores, atiram pétalas para a passagem do ostensório sob o baldaquim.


A participação de guildas, corporações e dos diferentes grupos do corpo da comunidade também é o elemento estruturador fundamental da procissão nessa zona rural. Não só grupos de ofícios mais tradicionais, artesãos e profissionais das diversas áreas, mas também aqueles mais recentes, como os de bombeiros, tomam parte no cortejo, assim como representantes de atividades e do trabalho doméstico, explicando-se o grande número de mulheres com trajes tradicionais.


Em região montanhosa pré-alpina, com florestas e fauna silvestre, os grupos de atiradores adquirem excepcional significado. Compreende-se, assim, o grande número de atiradores que, em trajes tradicionais, organizados paramilitarmente e portando armas, participam na missa solene e na procissão. À hora da elevação, executam toques de caixa, na apresentação do ostensório durante as estações da procissão atiram para o alto e, terminados os atos, realizam estrepitosos tiros em cervejaria local.


Devido às dimensões reduzidas do povoado, o excepcional número de participantes dessa principal festa local evidencia o envolvimento da grande maioria da comunidade e o empenho coletivo de conservação de tradições. Em poucas outras ocasiões festivas da Alemanha pode-se observar tão grande número de mulheres e homes usando trajes tradicionais, muitos deles transmitidos através de gerações, cuidadosamente conservados.


A festa de Corpus Christi surge como a data máxima de uma época do ano que é marcada por apresentações de grupos de cultivo e fruição da vida tradicional em festas populares, hotéis e albergues, hoje de particular atualidade devido ao recrudescimento de sentimentos patrióticos na crise política e social por que passa a Alemanha e a Europa em geral.




30.05.2016

St. Moritz/Suíça. Marcos da história olímpica n Europa no ano da Olimpíadas no Rio - S.Mauricio como protetor. A realização dos jogos olímpicos no Brasil, em agosto do corrente ano, vem sendo acompanhada por estudos da história dos esportes e do ideal olímpico em diferentes contextos europeus. Como no caso do Campeonato Mundial de Futebol, de 2014, surge como oportuno considerar o evento no Brasil nas suas inscrições na história e em processos político-culturais em relações internacionais.

Tendo sido o atual ciclo de estudos aberto em Baden-Baden, na Alemanha, cidade que cultiva a memória de Pierre de Coubertin, celebrado como renovador dos jogos olímpicos (Veja notícia anterior), incluiu como uma de suas principais etapas St. Moritz, na Suíça. Situada na circunscrição de Engadin do cantão de Graubinden, em paisagem privilegiada pelas suas montanhas e belezas naturais, a cidade goza mundialmente o renome de centro privilegiado de esportes de inverno, possuidora de excelentes estádios e instalações.


Marcos da história esportiva local foi o primeiro campeonato de golfo dos Alpes, realizado em 1889, assim como os campeonatos de esquiação alpina de 1934, 1974 e 2003, ali devendo realizar-se o de 2017. O papel de St. Moritz na história olímpica moderna foi determinado pelo fato de ter sido local de realização dos jogos olímpicos de inverno de 1928 e 1948, respectivamente o segundo e o quinto da série. No lago do balneário realizou-se, em 1994, o primeiro campeonato mundial de Windsurf. A consciência de ser um centro esportivo por excelência levou a que St. Moritz se candidatasse para o Campeonato Mundial para 2013.


Para os estudos culturais referenciados segundo o Brasil, St. Moritz adquire significado sobretudo pelo fato de ali haver uma grande comunidade de moradores de língua portuguesa, sobretudo portugueses, mas também brasileiros. Devido à proximidade do idioma, constata-se uma maior integração desses muitos habitantes lusófonos na população de língua italiana da sociedade cosmopolita da cidade suíça.


Entre os aspectos considerados sob o aspecto cultural, salienta-se aqueles referentes à linguagem visual representada pelo mártir que dá nome a St. Moritz e se encontra representado nas suas armas. Trata-se de S. Maurício, morto ao redor de 290 em Wallis, cantão suíço, participante da Legião Tebana e assim cultuado como legionário, sendo invocado em lutas e combates. Segundo a tradição de origem africana, proveniente de Tebas, no Egito, é representado em geral como sendo negro ou „mouro“ na iconografia e em emblemas de muitas cidades européias. A lembrança desse santo, relacionado simbolicamente com o africano e a cor preta nas muitas áreas colocadas sob a sua proteção, adquire um significado especial nas reflexões que acompanham a realização das olímpiadas no Brasil.




29.05.2013

Baden-Baden. Crises político-sociais e mudanças culturais - abertura de ciclo sobre problemas de estudos de relações entre países de língua alemã e o Brasil no presente. Iniciou-se, em Baden-Baden, no dia 16 de maio, a série de jornadas dedicadas a análises de desenvolvimentos político-culturais críticos do presente na Europa e no Brasil que se realizaram na Alemanha, Áustria, Suíça e norte da Itália.


A Europa vivencia um período de tensões, conflitos e crises sociais e políticas que, em particular devido a problemas de imigração e confronto entre religiões, de normas e formas de vida, adquire amplas e transcedentes dimensões culturais. A crítica a instituições européias, a intensificação de tendências nacionais e o receio de uma „islamização do Ocidente cristão“, tem a sua expressão em debates e manifestações, trazendo novamente ao debate conceitos e pensamentos que pareciam pertencer há muito ao passado.


Por outro lado, a crise econômica e política no Brasil, assim como a crítica a instituições e pessoas da vida pública tem repercussões na recepção do país no Exterior, com graves consequências para a sua imagem. Também aqui diferentes tendências e posições nos desenvolvimentos encontram correspondência em diferentes perspectivas e avaliações.


A análise diferenciada dos processos que se desenvolvem presentemente na Europa e no Brasil, assim como de suas interações surge torna-se uma exigência para os estudos euro-brasileiros, confrontados que se encontram com necessários reconsiderações e possíveis reajustes de premissas, de aproximações e de visões para uma apreciação adequada das decorrências.


Baden-Baden ofereceu-se para a abertura das jornadas pela internacionalidade que a marcou no passado como uma espécie de Paris de verão europeu e, no presente, como centro de mídia, arte e de festivais internacionais. A Filarmonia de Baden-Baden, remontante à antiga capela da Côrte Ducal, fundada em 1460, é uma das principais orquestras da Alemanha. Entre os regentes e músicos que nela atuaram pode-se mencionar Luise Adolpha Le Beau, musicista que possuiu coleção de modinhas brasileiras que. hoje conservadas na Biblioteca Estatal da Baviera, foram primeiramente publicadas e consideradas no Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia, em 1987.


No verão, realiza-se em Baden-Baden a academia Carl Flesch, com cursos avançados para instrumentos de cordas. Também tem ali lugar o Festival de Pentecostes Herbert von Karajan, quando então se concede o prêmio de mesmo nome. Nas circunvizinhanças encontra-se a casa de Brahms.


A internacionalidade de Baden-Baden possui remotas origens, uma vez que já os romanos se utilizavam das fontes termais da região (Civitas Aquensis). Na Idade Média, foi residência dos marqueses de Baden. No século XIX, tornou-se um dos mais importantes balneários europeus, visitado por representantes da aristocracia, da cultura e das artes de muitos países, em particular da Rússia, mas também do Brasil. Foi essa época que marcou a fisionomia urbana de Baden-Baden, hoje cidade que se distingue pelo seu patrimônio arquitetônico e paisagístico. Significativamente., a cidade foi sede, em 1981, da segunda Mostra de Jardinagem e Parques de Baen-Württemberg..


Após a Segunda Guerra, Baden-Baden tornou-se sede da Rádio do Sudoeste, sendo que ainda hoje ali se produzem grande parte da programação. Em Baden-Baden é concedido o Prêmio de Mídia alemã. .A Rádio organizaça em setembro um New Pop Festival.


A cidade oferece-se também para ciclos de estudos relacionados com o Brasil no ano da Olimpiada pelo seu significado como „cidade olímpica“, um título que lhe foi concedido em 1996 pela sua função no movimento olímpico.


No mês de junho do corrente ano, o Brasil estará presente com uma obra de Villa-Lobos em concerto do violonista Ulrich Singer, que se apresentará na Spitalkirche no dia 5.


Alguns dos aspectos da jornarda seram relatados neste noticiário.




28.05.2013

São Paulo. Pontifícia Universidade Católica: história da alimentação, de gestos e de medicina folclórica. O Prof. Dr. J. Gerardo M. Guimarães comunica que oferecerá, no segundo semestre do corrente ano, os cursos de História da Alimentação no Brasil, História dos nossos gestos e insetos na Medicina Folclórica. Trata-se de uma iniciativa com a finalidade de incentivar novas pesquisas e homenagear trabalhos de estudiosos da cultura brasileira.




13.05.2016

Windeck. Museus da imigração alemã ou coloniais no Brasil e Heimatmuseen na Alemanha: estudos em AltWindeck - a tradição do badalar de sinos fixos (beiern). Questões da museologia no contexto da imigração vêm sendo consideradas no âmbito da ABE em colóquios, conferências e cursos por especialistas devidamente formados em ciências culturais desde meados da década de 70 do século XX.


A cooperação internacional de especialistas é particularmente necessária tanto para as comunidades decorrentes da imigração no Brasil como para os museus regionais, de vida tradicional da sociedade pré-industrial na Alemanha.


Os objetos colecionados e conservados, assim como as reconstruções da vida do dia a dia, do lazer e do trabalho na regiões coloniais do passado exigem ser considerados a partir dos objetos e das pesquisas correspondentes nas regiões de origem. Reciprocamente, as iniciativas de reconstrução, acervo e estudos nessas regiões podem ser complementadas com objetos, fatos, usos e práticas conservados em regiões em geral mais isoladas da imigração.


Os museus ao ar-livre, nos quais se conservam construções do passado e, nelas, expõe-se modos de vida e de trabalho, usos e costumes, revelam-se como de particular relevância nesses trabalhos comparativos e interrelacionados. Compreensivelmente, a visita de museus ao ar-livre e a cooperação com aqueles que neles trabalham tem constituido importante tarefa para a ABE, em particular no âmbito do programa Cultura/Natureza. Notícias anteriores e textos na Revista Brasil-Europa apresentam relatos de alguns desses trabalhos desenvolvidos pela ABE no Brasil e em vários países da Europa e de outros continentes.


Esses trabalhos tiveram a sua continuidade no corrente ano no museu de cultura local ou regional de Altwindeck, localidade da comunidade de Windeck, na circunscrição do Reno-Sieg, no sul do Estado do Reno do Norte/Vestfália.


A localidade adquire interesse especial para os estudos de museologia regional por ser o museu, com as suas antigas construções, integrado na própria aldeia, esta mesmo com características tradicionais. A área museal não é, assim separada, criada do nada, mas sim inserida na vida comunitária. Essa aldeia, com as suas casas tradicionais, aos pés das ruínas de um antigo burgo, já foi qualificada como uma das mais belas de região e da qual muitos emigrantes partiram no século XIX.


O museu de Altwindeck, criado e mantido por particulares, é, na extraordinária quantidade dos objetos colecionados um testemunho do empenho idealista de moradores de décadas passadas. Esse trabalho dos antigos é reconhecido pelos atuais moradores, que procuram mantê-lo altruisticamente. O próprio museu, assim, pode ser estudado como expressão de processos sociais e culturais da comunidade.


Uma das questões levantadas no encontro foi o dos fundamentos mais profundos desse sentido de conservação e de apego para uma vida que foi ou que teve conotações de estabilidade e tranquilidade, guiada pelo rítmo da natureza, dos ciclos do ano e da via do homem. Sugeriu-se que esses fundamentos podem ser encontrados em antigas concepções de retiro, refúgio ou de vida contemplativa, uma vez que, segundo a tradição, na localidade cultuava-se S. Paulo de Tebas, o primeiro eremita.


O acervo de Altwindeck inclui sobretudo objetos do século XIX de vários contextos da vida de comunidade rural, sendo assim de relevância para cotejos com objetos levados pelos emigrados para o Novo Mundo.


Uma das práticas estudadas foi a do „beiern“, a do badalar. No „beiern“, sinos imóveis, pendentes de uma moldura são percutidos por dentro segundo rítmos determinados pela tradição local. Essa prática encontra-se no Noroeste da Europa - Dinamarca, Suécia do Sul, Noruega, Inglaterra, Países Baixos, Bélgica e parte da França), mas também em países do sudeste europeu e em Israel. Na Alemanha, essa tradição manteve-se na Renânia e na Vestfália, antigamente também na Frísia do Leste e em regiões do nordeste. Na Renânia, tem-se testemunho de ter sido praticada desde o século XIV.


Os sinos são tocados em geral por ocasião das festas mais importantes, na Páscoa, na Ascensão e Pentecostes, ou para o acompanhamento festivo de procissões, sobretudo a de Corpus Christi. Existem três técnicas para os toques: 1) o báculo é movido com a mão; 2) o báculo é movido com a ajuda de cordas; 3) o toque efetua-se por tração elétrica.


No encontro, tratou-se de questões de linguagem simbólico-organológica e da sua transformação no decorrer dos tempos e dos materiais disponíveis. Considerou-se possíveis permanências de sentidos do „beiern“ sob outras formas de aparência e outras práticas em regiões de antigo passado imigratório colonial.




12.05.2016

Arcen/Países Baixos. A Casa Verde do parque do castelo de Arcen e instrumentos musicais. Muitos são os parques e jardins botânicos europeus que possuem espécimes vegetais de regiões tropicais e subtropicais. Estes são em grande parte conservados em estufas constituindo espaços que transportam os visitantes a países distantes, evocados pelas plantas, suas denominações e dados oferecios.


Em vários parques e jardins, essas plantas são, na medida do possível, inseridas na configuração externa da paisagem.


A visita a esses parques e jardins tem sido promovida nos trabalhos brasileiros, uma vez que adquirem interesse científico-botânico e também paisagístico. Não só a influência do paisagismo europeu nos parques, jardins e na natureza do Brasil é objeto de estudos arquitetônico-paisagísticos nos seus contextos globais, mas sim também a presença de espécimes do Brasil e de outros países extra-europeus na Europa. Em notícias anteriores e em várias edições da Revista Brasil-Europa tem-se publicado relatos sobre essas visitas de estudos em institutos botânicos e em jardins de diferentes países.


Um dos parques recentemente visitados no âmbito do programa Cultura/Natureza da A.B.E. foi o do palácio de Arcen, cidade próxima a Venlo, nos Países Baixos, região fronteiriça com a Alemanha. Arcen encontra-se nesta época do ano no centro de atenções do país e da região vizinha da Alemanha pela sua profusão de flores que despontam na primavera e que é denominada de „explosão“. Também o interior do palácio, que abriga um museu e exposições, e decorado com flores e motivos florais. Entre as mostras, destaca-se aquela de instrumentos musicais e que apresenta sobretudo pianos usados na região e difundidos em regiões coloniais.


A história dessa propriedade e da localidade vizinha, remontante à Idade Média, é marcada pela alternância de períodos de pertencimento à Alemanha ou aos Países Baixos. A história da região é estreitamente relacionada com a presença ibérica nos Países Baixos. O palácio, remontante ao século XVII, foi construído sobre ruínas de burgos mais antigos por ordem dos duques de Geldern. Em 1976, a propriedade passou a ser administrada e restaurada pela fundação de proteção patrimonial da região de Limburg.


O jardim criado segundo projeto do arquiteto-paisagista Niek Roozen, inaugurado pelo príncipe Bernhard em 1988, tornou-se uma das  atrações paisagístico-culturais dos Países Baixos, sendo procurado por grande número de visitantes.
A configuração do parque atual caracteriza-se pela interelação de diferentes concepções. Correspondendo à representatividade arquitetônica do palácio salienta-se o jardim de rosas na sua disposição marcada por simetrias e pátios fechados, famoso em todo o país.


Grande parte do parque, porém, destinada ao lazer associado com a vivência lúdica de contextos culturais foi estruturada segundo espaços temáticos de sugestões geográfico-culturais. Aqui se distingue sobretudo a área dedicada à antiga esfera colonial neerlandesa da Ásia, em especial da antiga Batávia, com construções segundo tradições locais e plásticas em meio à vegetação.


Para os estudos relacionados com o Brasil, assume particular interesse a „Casa Verde“, denominação em português para a estufa com grande variedade de expécimes sub-tropicais e tropicais, uma grande construção de estrutura metálica e vidro, com ca. de 3200 metros quadrados. Ali se encontram bananeiras, palmeiras, samambaias e grande número de espécimes do Brasil ao lado e em meio de vegetação do Mediterrâneo, como oliveiras, figueiras, assim como de regiões áridas. A construção foi concebido de tal forma a dar a oportunidade aos visitantes de transportarem-se a regiões sub-tropicais e tropicais, com terraços e café. Na Casa Verde realizam-se encontros, conferências e eventos festivos.




10.05.2016

Bruxelas.Vida Musical na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial. Anuncia-se a publicação das atas do colóquio internacional „Musical Life in Belgium during the Second World War, que teve lugar na Biblioteca Real da Bélgica, em 2013. Trata-se de um volume trilingue de 310 páginas, com 17 artigos agrupados tematicamente: Política e vida musical; Compositores e Identidade Nacional; Música Sinfônica; Opera, Jazz e Cabaret; Pianistas; e The Royal Conservatory of Bruxeles. O artigo sobre o Conservatório é da bibliotecária Olivia Wahnon de Oliveira. Entre os temas tratados, menciona-se estudo de F. Latino sobre Walter Gieseking na Bélgica, 1938-1944 nas suas apresentações controversas como pianista alemã prominente, os estudos de E. Buffel sobre o Jazz como protesto e o de I. Dobbelaere e H. Rodrigzez sobre os cabarets de Montmartre ou cabarets de chansonniers em Bruxelas, o de E. Baeck sobre o culto de Wagner e o de E. Derom sobre o papel das sociedades de música que simpatizavam com os alemães durante a Guerra. Dentre os temas que permitem paralelos com a situação na vida musical do Brasil da época salienta-se o de M.-H. Benoit-Otis e C. Quesney sobre Mozart como vetor da propaganda nazista. Na atualidade de questões sobre o jornalismo na Europa, surge como particularmente significativo o texto de J., de Kloe, que trata de conflitos ideológicos entre jornalistas musicais durante a Segunda Guerra.


A obra é editada por Christopher Brent Murray, com a colaboração de Valérie Dufour e Marie Cornaz, conservadora da seção de música da Biblioteca. Aqueles que recebem a Revue belge de Musicologie receberão automaticamente a edição, que perfaz o volume LXIX da revista de 2015.. Pode-se, porém encomendá-lo diretamente à Société belge de Musicologia: Rue de la Régence 30, 1000 Brussels.




04.05.2016

São Paulo. Museu da história de São Paulo nas antigas instalações do Gasômetro. Um dos projetos que merecem atenção do Govêrno de São Paulo é o da criação do Museu da História do Estado de São Paulo a ser instalado na Casa das Retortas, local do antigo gasômetro da capital paulista.


Até o início dos anos 70, a área em questão era marcada pelas nuvens de fumaça e vapores de carvão, assim como pela movimentação de veículos de trabalho e maquinários, constituindo um dos fatores da poluição do Parque Dom Pedro II. Com edifícios remontantes a cem anos antes de sua desativação em 1972, e inaugurado em 1890, o gasômetro fêz parte da vida, da história e da cultura popular da cidade durante décadas.  Sobretudo a antiga iluminação a gás por êle possibilitado marcou imagens nostálgicas e sentimentos da velha urbe, como decantado em difundida canção pela cantora e folclorista Inezita Barroso. Segundo informações orais, chegava a ser procurado para questões de tratamento de problemas de vias respiratórias (sic!).


O gasômetro era um dos vários empreendimentos inglêses em São Paulo - a The São Paulo Gas Company e merece ser estudado na história das relações técnicas e industriais do Brasil com a Grã-Bretanha. Nele, a hulha, vinda da Inglaterra, era queimada e o gás transportado pelas canalizações.


Foi o conjunto de construções dessa usina e dos seus depósitos, tombados já há anos pelo seu interesse histórico, que foi escolhido para abrigar o Museu da História do Estado. Respeitando a autenticidade dos edifícios, soluções arquitetônicas avançadas deverão vincular a casa das retortas e o depósito, possibilitando no todo vasto e diferenciado espaço para exposições e para o acervo de materiais.


O museu assim instalado em construções fabris e também considerando o desenvolvimento industrial do estado e trabalho de imigrantes que o possibilitaram vem de encontro de forma coerente ao já existente uso para fins técnicos e científicos do Palácio das Indústrias (Veja notícia anterior). Com este „Catavento cultural“, localizado defronte do complexo do gasômetro, o novo também pretende unir ciência, cultura, educação e lazer.


Também êle  contribuirá à recuperação paisagística do Parque Dom Pedro II, desfigurado por intervenções insensíveis tais como a forma como foi feita a canalização do rio Tamanduateí, como foram construídas vias e viadutos de trafégo, assim como a estação rodoviária urbana que consomiu grande área.


O complexo poderá tornar-se, assim uma correspondência brasileira à altura dos grandes projetos de recuperação de áreas industriais ou portuárias de várias cidades européias. Digno de nota, porém, é o fato de não se tratar de um museu industrial ou fabril, como aqueles que hoje ocupam antigas usinas desativadas de extração de minérios de regiões como o do Ruhr na Alemanha ou industriais como Manchester, no Reino Unido.


O Museu não é apenas fabril ou industrial, mas deseja fazer jus à memória do patrimônio cultural paulista, desde os primeiros séculos até o presente.


Aqui, porém, é que se colocaram questões na consideração do projeto in loco promovida pela ABE. Por mais importante que tenha sido o processo industrializador de São Paulo, o tratamento da história do Estado de São Paulo a partir da visão industrial favorecida pelo espaço traz em si o risco de projeções anacrônicas no passado. Esse risco diz respeito a processos anteriores à industrialização, não podendo a problemática do contato com indígenas, a missionação e sobretudo as entradas e bandeiras com todos os aspectos questionáveis humanos e ecológicos serem tratados apenas sob o signo de um empreendorismo técnico-industrial que teve a sua expressão nas construções históricas que abrigam o museu.




03.05.2016

Spandau/Berlim. Torneios de cavaleiros em encenações medievais pela festa de Páscoa e „Cavalhadas“ no Brasil. No âmbito da abertura dos preparativos para a passagem dos 500 anos da Reformação nas suas consequências para o Brasil na igreja-símbolo de S. Nicolau em Spandau/Berlim (Veja notícia anterior), salientou-se a necessidade de considerar-se os pressupostos históricos da Reforma, ainda que digam respeito a séculos anteriores ao Descobrimento do Brasil.


Lembrou-se que estudos medievais devem ser - e vem sendo há muito - desenvolvidos sob a perspectiva dos estudos brasileiros, ainda que o país tenha o início de sua história na era moderna.


Muitas das tradições brasileiras relacionadas com o calendário religioso foram transplantadas pelos colonizadores e missionários e mantém-se vivas no presente, ainda que defasadas nas suas relações com o ano natural do hemisfério norte.


Entender os seus sentidos, ler adequadamente a linguagem visual de encenações, de folguedos, cortejos, danças e outras expressões exigem o conhecimento de correspondentes tradições em contextos do Velho Mundo no passado. Considerar as suas permanências na tradição ou reconstruções no presente permitem comparações com situações no Brasil.


Também a cultura do quotidiano transplantada para as regiões descobertas no século XVI, apesar de todas as adaptações e mudanças, apenas pode ser estudada apropriadamente a partir da consideração de modos de vida e de trabalho no passado anterior ao próprio Descobrimento.


Essas colocações foram favorecidas em Spandau pelo fato de realizar-se, na fortaleza local - um dos monumentos históricos mais importantes de Berlim - a décima edição da festa de cavaleiros de Páscoa.


Em muitas outras localidades da Alemanha e de outros países europeus, em particular em burgos e outros espaços históricos, realizam-se festas e mercados medievais nessa época primaveril do ano, com participantes vestidos com trajes históricos, revivendo e demonstrando modos de vida da Idade Média, formas de alimentação, de trabalho e de lazer.


Esses eventos oferecem o ambiente adequado para apresentações musicais, teatrais, de dança e para a realização de jogos e práticas esportivas do passado.


A festa de cavaleiros de Spandau adquire um significado especial para pesquisadores de tradições brasileiras pelo fato de apresentar muitos traços comuns com as cavalhadas ou outras formas de embates a cavalos do complexo simbólico de lutas de cristãos e mouros.


O torneio de cavaleiros, denomido de Arturius, representa a libertação do castelo fortificado de Spandau. Entre os pontos altos das representações contam-se a luta com o „Midgards Feuerbund“, assim como cenas de lutas de espadas. Na feira histórica no pátio da cidadela, apresentaram-se grupos de música medieval e de folguedos tradicionais, com palhaços, cantadores e acrobatas, também aqui em muitos casos apresentando similaridades com expressões brasileiras. Mesmo para as crianças representa-se a tomada do burgo, a vitória sobre o inimigo e a sua conquista ou conversão. O fato de tratar-se de uma reconstrução, não de tradição contínua, trouxe à consciência que também no Brasil, em muitos casos, representações festivas foram revividas no decorrer da história.




01.05.2015

Berlim Spandau. Preparações para os 500 anos da Reformação no âmbito dos estudos euro-brasileiros. Em círculos protestantes de todo o mundo, em particular naturalmente nas cidades alemãs mais relacionadas com a história de Marinho Lutero, preparam-se em estudos, conferências e outros eventos a passagem dos 500 anos da publicação das 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, o que ocorrerá no dia 31 de outubro de 2017.


Esses 500 anos tmbém devem ser considerados nos trabalhos euro-brasileiros, uma vez que a história da Reformação no Brasil é secular, tendo extensões e consequências diretas e indiretas para a formação e o desenvolvimento do país.


Sobretudo sob o aspecto dos estudos de processos culturais da imigração e da expansão atual de igrejas evangélicas de diferentes denominações, essa data não pode deixar de ser considerada.


Para tratá-la convenientemente, tornam-se necessários estudos interdisciplinares, não-confessionais de história religiosa e do pensamento. A abertura esses trabalhos preparatórios em contexto Brasil-Europa deu-se pela Páscoa de 2016 com uma visita à igreja de S. Nicolau em Spandau, uma das circunscrições de Berim.


Essa igreja, um dos principais monumentos do centro velho de Spandau, dedicada a S. Nicolau de Mira, possuiu uma longa e significativa história pré-reformatória medieval, estreitamente vinculada à Ordem Beneditina.


Já o fato de documentar a veneração de S. Nicolau de Mira, padroeiro de navegadores e comerciantes viajantes, a igreja testemunha o significado de Spandau como localidade portuária na história das navegações e do comércio nessa região da Europa Central.


A atual igreja, terminada em fins do século XIV, impõe-se pela sua arquitetura gótica tardia. Foi dessa igreja que partiu, segundo a tradição, o movimento reformatório em Brandenburg e em Berlim.


A estátua do Príncipe Eleitor Joaquim II (1505-1571) à frente da igreja lembra a sua passagem ao protestantismo no dia 1 de novembro de 1539. Já a sua mãe, Elisabeth, assumira anos antes a causa da Reformação, vendo-se assim o ano de 1527 como marco inicial da história protestante de Brandenburg. Implantada a doutrina luterana, retornou a Spandau do seu exílio, passando a residir na fortaleza de Spandau, hoje o principal monumento histórico-arquitetônico da localidade.


Esses trabalhos retomaram aqueles desenvolvidos pela A.B.E. em anos anteriores em cidades alemãs marcadas pela história de Martinho Lutero e do Protestantismo. (Veja relatos na Revista Brasil-Europa)





30.04.2015

Salvador/BA. Academia de Letras da Bahia. No dia 12 de maio, às 17 horas, a Academia de Letras da Bahia (ALB) realizará uma sessão em comemoração ao centenário do Monsenhor Gaspar Sadoc da Natividade. O sacerdote, que ocupa a Cadeira n" 10 da entidade, completou 100 anos no dia 20 de março. Na ocasião, Edivaldo M. Boaventura preferirá a homenagem.

Em seguida, às 18:30 horas, haverá o lançamento do livro biográfico 100 anos de Padre Sadoc, da autora Cristina Ramos. A obra relembra as grandes ações socioeducativas, religiosas e culturais desenvolvidas por Sadoc na Igreja da Vitória. (C. Ramos).




29.04.2015

Bonn. Fundação Alexander von Humboldt: Prêmio Sofja Kovalevskaja. Com esse prêmio, a Fundação Alexander von Humboldt oferece uma possibilidade a personalidades jovens de pesquisadores de todo mundo de realização de carreira na Alemanha. Talentos promissores de todas as áreas disciplinares têm a oportunidade de se estabelecerem com um próprio grupo de trabalho em instituições de pesquisa alemãs. As condições são as melhores. Com um prêmio de até 1,65 milhões de euros, os cientistas podem alcançar um capital inicial valioso para o trabalho de cinco anos em instituto de sua escolha. A criação de um próprio grupo de trabalho possibilita aos premiados lançar as bases para uma carreira promissora na ciência já nos primeiros anos de suas atividades. Para o prêmio podem-se candidatar cientistas de todas as disciplinas do Exterior, desde que o seu doutoramento não se tenha realizado há mais de seis anos. Está prevista a concessão de seis prêmios. O prazo de candidatura termina no dia 31 de Julho de 2016. Maiores informações podem ser obtias no Website da fundação: humboldt-foundation.de/skp.




23.04.2016

São Paulo. Catavento Cultural no Palácio das Indústrias. Museu de ciências, técnicas e transportes em São Paulo comparado com museus industriais da Alemanha. O Palácio das Indústrias no Parque Dom Pedro II da capital paulista, com a sua arquitetura eclética, revelando modêlos italianos que orientaram o projeto de Domiziano Rossi e Ramos de Azevedo, é um monumento histórico merecedor de atenção sob muitos aspectos.


Construído para abrigar exposições a partir de 1911 - inaugurado apenas em 1924 -, correspondeu quanto a funções, estilo e situação urbana a outros burgos e palácios levantados por ocasião de exposições nacionais e internacionais italianas nos anos anteriores à Primeira Guerra. É, assim, um edifício de significado não só histórico para a arquitetura e o urbanismo de uma cidade que se transformava com o crescimento econômico devido ao café, com a industrialização e com a imigração, sobretudo italiana. É um edifício também de significado para estudos da arquitetura de exposições em geral e da irradiação dessas feiras no mundo, não só econômica, mas também cultural.
É um edifício de interesse em particular para os estudos italianos de arquitetura, pois permite que nela se reconheça e se analise a recepção de impulsos, estilos e concepções de construções monumentais italianas. No caso, tem-se lembrado de edifícios de Gênova, os castelos Mackenzie e o D‘Albertis, outros nele reconhecem traços do historismo florentino. Em estudos euro-brasileiros realizados em Turim, salientou-se, em especial, que para além de meros estudos estilísticos da arquitetura, é sobretudo a concepção do burgo ali levantado e a sua implantação em amplo parque que merecem ser particularmente considerados.


Para além do seu interesse sob a perspectiva da arquitetura e do urbanismo de orientação cultural, o Palácio das Indústrias foi alvo há muito da atenção de estudos de difusão cultural e musical, pois ali esteve instalada a Rádio Educadora Paulista, emissora que determinou desenvolvimentos e não pode deixar de ser considerada em estudos do rádio e da história da música popular. Atenção especial foi sempre dada ao papel nela desempenhado por Martin Braunwieser (1901-1991), sendo os programas emitidos no início da década de 30 alvo de pormenorizadas análises. Foi, assim, considerada em seminários, salientando-se o colóquio Brasil 2001 de abertura dos trabalhos euro-brasileiros do corrente século na Alemanha.


O edifício, que foi utilizado como sede da Prefeitura Municipal de São Paulo, a Assembléia Legislativa do Estado e a Secretaria de Segurança Pública, abriga, desde 2009, um museu que corresponde muito mais proximamente à sua destinação original. Trata-se do projeto Catavento Cultural, que levou ao uso dos espaços internos e externos do Palácio para fins de exposições de ciência, técnica e da história de transportes.


A partir dos textos publicados na Revista Brasil-Europa 159, a primeira do corrente ano (Veja), a A.B.E. promoveu uma visita ao museu hoje instalado no Palácio das Indústrias. A temática dos estudos relacionados com as exposições de indústria e trabalho italianas, significativos para a consideração da arquitetura e do paisagismo, associou-se agora àquela da museologia industrial. Esta tem sido alvo de estudos sobretudo na Alemanha, onde existem muitos museus de história industrial e, sobretudo, de transportes. Em diversas ocasiões a ABE tem realizado encontros nesses museus, em particular ferroviarios, salientando aqueles de Dieringhausen na região de Oberberg e, recentemente, o de Meiningen, na Turíngia. O tratamento dado às antigas máquinas e aparelhos ferroviários expostos e em parte em funcionamento nesses museus pôde ser assim comparado com aquele das locomotivas e outros meios de transportes expostos na área externa do museu no Palácio das Indústrias. Os muitos e valiosos exemplos de veículos e máquinas ali apresentados fazem parte do acervo do FMTSP, Fundação Museu de Tecnologia de São Paulo.


Sob o aspecto da história ferroviária, destaca-se a „locomotiva jiboia, importada da Alemanha pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro, em 1937. O seu apelido deriva do fato de puxar composições muito longas. Muito potente, foi um marco no desenvolvimento das locomotivas a vapor. Entre as locomotivas elétricas, destaca-se uma fabricada na Inglaterra, em 1926, introduzida no Brasil em fins da década de 1940.


De outros aparelhos, pode-se citar uma máquina de perfuração do solo para a construção de poços artesianos e a fixacão de postes; no passado, essas máquinas eram a vapor de caldeiras a lenha. Em fazendas, serrarias e em localidades menores, existiam locomóveis, máquinas a vapor para geração de energia.


Entre os veículos e máquinas apresentados, destaca-se, sob a perspectiva do estudo do quotidiano, o conjunto de limpeza urbana do início do século XX em São Paulo. Até 1870, não havia coleta de lixo em São Paulo. A limpeza das ruas era feita com veículos de tração animal. Uma carroça pipa jogava água para baixar a poeira; a varredeira juntava o lixo; a coletora armazenava detritos numa caçamba. Com o crescimento da cidade, as ruas de terra foram calçadas com paralelepípedos e os meios de limpeza foram adaptados, tendo as rodas de ferro substituidas por de borranha. A varredeira ganhou um reservatório de água, a coletora um sistema basculante.


De meios de transporte aéreo, destaca-se um DC3, o avião mais fabricado em todos os tempos, usado para guerra e em tempos de paz. Lançado em 1936, podia pousar em pistas precárias, de terra, tendo sido muito empregado durante a II Guerra. O exemplar apresentado, da VASP, esteve em serviço até 1972. Especial atenção merece o avião bandeirante cedido pela EMBRAER, o primeiro fabricado no Brasil, do qual se fabricram 498 aeronaves, das quais 245 foram vendidas para o Exterior. O seu primeiro voo foi realizado em 1972.




16.04.2016

Lisboa. Centro Cultural de Belém: Concerto „Música sem fronteiras“. Em iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com o Ministério da Cultura, o Gabinete do Ministro Adjunto e a Plataforma de Apoio aos Refugiados, realiza-se, no dia 18 de Abril, às 21.00 horas, no Centro Cultural de Belém, concerto em solidariedade com os fugitivos que procuram asilo na Europa. Também incluirá uma recolha de fundos a favor dos refugiados. O evento, que reune cerca de 200 artistas, agrega orquestras e coros de várias instituições superiores. Está sob a direção de Joana Carneiro, assim como do Mtro. Kodo Yamaguishi. Orquestras, coros participantes e regentes: Orquestra da Universidade do Minho,Ângelo Martingo; Coro da Universidade Nova de Lisboa, João Valeriano; Orquestra Clássica da Faculdade de Engenharia da Universidade de Porto,  José EduardoGomes; Orquestra da Universidade de Évora, sob Kodo Yamaguishi; Orquestra Sinfónica da Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco (ESART/IPCB), Augusto Trindade e Orquestra Sinfónica da Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo (ESMAE/IPP), António Saiote. (Enio Souza)




10.04.2016

Lisboa. Fundação Oriente: Conferência-demonstração de shamisen de Tsugaru. No Museu da Fundação Oriente, no dia 17 de abril, realiza-se uma conferência-demonstração de shamisen com Kenichi Yoshida. Em viagem artística pela Europa, apresenta-se pela primeira vez em Portugal como enviado cultural da Agência para os Assuntos Culturais do Japão. O intérprete discorre sobre a história do shamisen de Tsugaru, um instrumento que surge como emblemático do país. Trata-se de uma variante local de um dos instrumentos de cordas mais significativos da música japonesa. O som característico do instrumento é atribuído à tradição local de artistas itinerantes, sendo usado até meados do século XIX para o acompanhamento de cantores populares. O intérprete, que ganhou vários concursos, alcançou renome com uma apresentação com o seu irmão, em 1999. A partir de uma apresentação nos EUA, em 2003, empenha-se na promoção de trabalhos conjuntos com artistas japoneses e internacionais.




05.04.2016

São Paulo: Capital de arte urbana? - obras de arte e/ou lixo visual em problemáticas relações: enriquecimento ou poluição. Nos trabalhos levados a efeito em São Paulo pela A.B.E., em março do corrente (Veja notícias), deu-se especial atenção a questões estéticas de orientação teórico-cultural relativas à configuração visual e espacial da cidade, à sua vivência pelos habitantes e suas relações com as demais artes, em particular com a música.


Esse complexo temático foi tratado sob diferentes aspectos, partindo-se da leitura cultural da cidade através de edifícios e monumentos do espaço dominado pela Biblioteca Pública Municipal de São Paulo. Condicionada por essa localização, a discussão partiu sobretudo do Modernismo nas suas relações com a identidade paulista e a colaboração das diferentes colonias estrangeiras ali representadas em monumentos. O âmbito do espaço e das questões tratadas ampliaram-se com a consideração de outros logradouros, em particular com o da Ladeira da Memória, local onde se eleva o obelisco, monumento histórico fundamental para a discussão do tema, o que levou ao problema do historismo representado no neocolonial da configuração arquitetônico-artística do local.


A seguir, os trabalhos retomaram questões sempre discutidas relativas à encenação lírica dos jardins da Praça Ramos de Azevedo, -uma obra única de paisagismo nas suas relações com o melodrama - considerando-se projetos originais.


Em circuito cultural, confrontou-se, no Vale do Anhangabaú, em localização nobre de esquina com a Av. São João, com representações murais que trouxeram à tona uma problemática que surge como de grande atualidade no que se refere a expressões visuais em geral praticadas de forma espontânea na cidade.


A cidade de São Paulo apresenta-se a turistas que chegam no Aeroporto de Guarulhos singularmente como sendo uma cidade que fomenta a contemplação e que é marcada pela arte urbana. De fato, a pintura mural que se contempla nesse local central da capital motiva reflexões com a sua mensagem e características pictóricas. A sua mensagem encontra-se explicitamente declarada em dizeres. Ela lembra a ocupação cultural de terras indígenas, referindo-se a dois grupos particularmente atingidos, a tribo Akuntsu, da Rondônia, e a Avá Canoeiro, de Goiás.


Essa obra, que trata de forma ilustrativa povos indígenas através de ornamentos, atributos e instrumentos musicais, representa porém apenas uma das formas de manifestação - talvez uma das mais justificáveis pelo seu conteúdo - e mais fácil de ser lida no seu sentido e na sua estética quase que infantil na complexa diversidade de produções murais que preenchem muros, espaços vazios e paredes de edifícios em São Paulo.


Essas pinturas são intervenções no visual urbano que modificam, reinterpretam, instrumentalizam e mesmo mascaram  de forma mais ou menos aleatória configurações estilísticas de construções e planos urbanos. A problemática acentua-se devido à profusão de pichações de todo o tipo em paredes de edifícios de vários andares, em postes e parapeitos de pontes, fazendo da cidade de São Paulo uma das mais poluídas visualmente do mundo e exigindo grandes somas da administração e de particulares no encontro com essa degradação patrimonial.


Os estudos culturais possuem uma porcentagem de culpa nesse desenvolvimento, uma vez que as tentativas de extensão do conceito de folclore a todas as formas de cultura espontânea obscureceram por vezes critérios e perspectivas de outras áreas disciplinares, entre elas da arquitetura e do urbanismo. A discussão, que não é livre de polêmicas, possui dimensões teóricas que deverão ser alvo de consideração em outras oportunidades.




05.04.2016

Lisboa. Mercado de trabalho na China para as relações internacionais. Promoveu-se, no dia 17 de Março, na Fundação Casa de Macau, Praça Príncipe Real, Lisboa, conferência de título „Um futuro profissional na China: O mercado de trabalho na China para as Relações Internacionais. A oradora foi a Prof. Doutora Fernanda Ilhéu, ISEG - ULisboa.




05.04.2016

Porto Alegre. „Simpósio de Estética e Filosofia da Música“ UFRGS.A organização do II Simpósio de Estética e Filosofia da Música – SEFiM/UFRGS convida pesquisadores, professores, profissionais em geral e estudantes da graduação e pós-graduação da área da Música, Educação e Filosofia para submeterem propostas de trabalhos para o evento. As propostas de trabalho deverão se encaixar em um dos eixos temáticos abaixo: 

•Estética e Filosofia da Música.

•Estéticas, arranjos e composições.

•Experiências estéticas e Educação Musical.

•Educação, arte e formação estética.

•Filosofia e Educação: desafios teóricos e práticos.

Os trabalhos poderão ser submetidos apenas na modalidade Resumo Expandido. Todos os resumos expandidos aprovados serão publicados. Serão publicados na modalidade Trabalho Completo, em um número especial dos Anais, os resumos indicados pelos avaliadores durante o processo de avaliação.






« Notícias anteriores               Notícias mais recentes »


























































































































 


para comunicados: Contato

coordenação e redação: Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E.
Direção geral: Professor Dr. Antonio Alexandre Bispo, Universidade de Colonia, Alemanha





« Notícias anteriores               Notícias mais recentes »