Brasil-Europa: Notícias atuais da organização de estudos de processos culturais em relações internacionais - A.B.E.

Brasil-Europa
Notícias atuais
Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais
Academia Brasil-Europa (A.B.E.)
Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.e.V.)
 
 

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11.12.2015

Santos. Falecimento do Pe. Ximenes Coutinho (1925-2015), músico. A Ir. Miria Kolling comunida o falecimento do Pe. Joaquim Ximenes Coutinho, regente e músico sacro, no dia 18 de novembro, notícia que recebeu a caminho de uma reunião de compositores em Santos. Ela o tinha visitado no dia 27 de setembro, quando celebrava os seus 90 anos. Nascido de família humilde, no Piauí, foi coroinha e muito se esforçou para realizar estudos superiores. Entrou em 1943 no Seminário Diocesano de Teresina, onde cursou Filosofia entre 1947 e 1952. Recebeu a ordenação sacerdotal em Piracuruca, Piauí, em 1953. Cursou Teologia no Seminário Diocesano de São Luís/MA e no Seminário Diocesano de Fortaleza/CE, em 1955.  Entre 1955 e 1969, atuou em paróquias do Estado de São Paulo, em Cajuru, Cássia dos Coqueiros, Ribeirão Preto. As suas atividades na Diocese de Santos iniciaram-se na década de 60, atuando em Pariquera Açu, Eldorado Paulista, Sete Barras e Mongaguá. Foi chanceler do Bispado, administrador da Cúria, Pró-Vigário Geral. No âmbito da música religiosa distinguiu-se como  assessor eclesiástico da Comissão Diocesana de Liturgia e Música Sacra e regente do coral e da orquestra de Iguape.  Foi pároco de várias igrejas. Foi também coordenaor da Livraria Pastoral Sacra e Liturgia, e da Comissão de Catequese. Muito difundido é o seu canto „Senhor, vos ofertamos...“.




10.12.2015


Assembléia Geral e jantar de encerramento de ano do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Espaço de Língua Portuguesa. Realizou-se, no dia 5 de Dezembro, assemblélia geral do I.S.M.P.S. e.V. no Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E., na cidade de Gummersbach, Renânia o Norte, Vestfália. Para além dos trabalhos oficiais e encontro de conselheiros, a data foi comemorada com um jantar a membros da curadoria que mais intensamente apoiaram materialmente e possibilitaram a realização financeira dos trabalhos da instituição de 2015.
Em 2015, mesmo sem apoios de órgãos governamentais - que como sempre não foram requeridos - o instituto pôde desenvolver grandes e dispendiosos projetos graças ao empenho de beneméritos e curadores. Apenas alguns dos resultados das muitas viagens, ciclos de estudos e visitas a instituições puderam ser considerados nestas atualiades ou nas seis edições da revista eletrônica Brasil-Europa. Ainda que não financeiras, muitas foram as relações mantidas com instituições universitárias, de pesquisa e fundações de fomento científico e intercâmbio. Lembrou-se que os trabalhos em 2015 estiveram em geral sob o signo das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro. Como relatado no primeiro número da revista, o ano foi aberto lembrando a presença do Brasil em Bruxelas por ocasião da remodelação urbana da antiga capital do Brasil no período anterior à Guerra. Considerou-se, em particular, a personalidade do diplomata e erudito Manuel de Oliveira Lima. O papel representado pela cidade remodelada na representação do país como nação evoluída e de futuro foi considerado a partir da presença do país em congressos internacionais, em particular em Viena e Genebra. Também o início dos estudos brasileiros na Sorbonne foram alvo de particular consideração. Grande apoio foi dado aos trabalhos por instituições belgas, em particular pela Biblioteca Real em Bruxelas.


Uma área de estudos até então não-considerada foi aberta com a viagem de estudos pelo oceano Índico promovida pela A.B.E. e pelo I.S.M.P.S.. No arquivo das Seychelles foi possível, em colóquio com pesquisadores locais, obter uma visão geral da pesquisa e do trabalho cultural desde a de-colonização do país, assim como sobre as relações entre a herança britânica e a francesa na região.
Significativa é a valorização da cultura creola pelo Instituto Internacional de Estudos Criolos, que se compreene como um centro mundial para a criolidade, e assim também incluindo grupos populacionais de regiões limites entre a Guiana Francesa e o Brasil. Embora as Seychelles foram uma colonia britânica, o instituto é apoiado pela política francesa de La Réunion, o que demonstra o interesse da França na valorização do patrimônio cultural francofone. Nas Seychelles puderam ser registradas e analisadas várias tradições musicais que ainda vivem no Brasil, entre outras as tradicionais quadrilhas. Uma situação especial foi constataa no Madagáscar, onde até mesmo escolas e música e músicos são apoiados por instituições de La Réunion. Em relação ao Brasil, dedicou-se particular atenção à vida e obra da viajante austríaca Ida Pfeiffer, que deixou a primeira descrição mais pormenorizada da vida na Côrte malgache do século XIX, sendo o seu relato publicado postumamente pelo seu filho Oskar Pfeiffer no Rio de Janeiro. Considerou-se também o papel do Brasil na colonização francesa de Mauritius e La Réunion, uma vez que o governaor Mahé de La Bourdonnais - celebrado na França no corrente ano - introduziu no Índico a mandioca brasileira como alimento de escravos, o que levou a um fomento da agricultura, mas também da escravidão.


Outros resultados inéditos trouxeram os ciclos de estudos realizados em cidades do Canadá e do Alasca. Toronto adquire especial significado para o instituto devido à gerande colonia lusófona de Ontário, visitada anualmente pelo Vice-Presidente do ISMPS. Também no Conservatório de Toronto atuam músicos que se encontram em estreita ligação com meios brasileiros. As relações históricas de Toronto e outras cidades de Ontario com o Brasil explicam-se pelo fato de empresários, que alcançaram sucesso com o uso energético das quedas de Niagara, investiram no Brasil, em particular em usinas elétricas e em serviço de bondes. Muitos aspectos até hoje não considerados puderam ser levantados com base em documentação histórica da vida musical. O principal interesse em Toronto, Vancouver e Alasca concentrou-se nos museus de cultura indígena. Procurou-se constatar a situação da pesquisa e do cultivo de tradições e sua valorização atualizada, comparando-a com aquela do Brasil. Deu-se, assim, continuidade a projeto iniciado em 1992, realizado com o apoio do Ministério do Exterior da Alemanha. O Alasca e o Brasil permitem considerações em cotejos também e sobretudo relativamente à corrida do ouro. O Brasil experimentou a febre de ouro em Minas Gerais no século XVIII, assim como o boom da borracha no Amazonas, sendo que esta decorreu à mesma época daquele de Klondike. Ambos os desenvolvimentos revelam paralelos e relações. Relativamente à música, deu-se atenção às bandas de música, que em ambas as partes da América representaram o espírito de empreendedorismo, audácia e progresso aventureiro da época. Dos arquivos do ISMPS foi possivel apresentar, no Alasca, marcha dedicada ao território composta por imigrante italiano em São Paulo no início do século XX.


Os trabalhos de fim de ano do ISMPS foram marcados pelos acontecimentos atuais, a saber o movimento migratório, os atos de terror de Paris, as transformações políticas e instabilidades na Europa, assim como os atos de guerra no Oriente Próximo. Para tratar-se adequadamente essa problemática da perspectiva euro-brasileira sob o aspecto filosófico e psicológico-cultural, trouxe-se de novo à luz uma obra que como poucas outras trata de assuntos relativos à guerra, ao mêdo, à violência e à insegurança no sentido de processos humanizadores e desumanizadores: as „Meditações Sulamericanas“ do conde teuto-báltico Hermann Keyserling, hoje um filósofo e psicólogo cultural esquecido, mas que nos anos 20 foi influente e de renome na Europa e na América do Sul. As suas meditações surgem como a obra filosófica mais significativa e influente dedicada a países sulamericanos da epoca posterior à Primeira Guerra. A vivência do autor em países da América do Sul também foi de significado para a Europa;
Keyserling fundou uma Escola da Sabedoria em Darmstadt, frequentada por personalidades como Thomas Mann, Carl J. Jung e Leo Frobenius. Considerou-se os estreitos elos dessa corrente de pensamento e da Escola da Sabedoria com o mentor da A.B.E., Martin Braunwieser. Embora pouco compreendida por filósofos estabelecidos universitariamente na Europa - por desconhecerem a linguagem visual de formas de culto e expressões lúdicas da América Latina - e pouco lida por brasileiros devido ao fato de ser escrita em alemão, a obra de Keyserling abre perspectivas importantes para a compreensão do sistema cultural imagológico. Trabalhos realizados no Báltico, em particular em instituições de Tallin e Riga, assim como em Darmstadt puderam ser complementados com pormenorizados estudos de grande parte da literatura de Keyserling.


Durante 2015 foram tratados também outros complextos temáticos por pesquisadores do ISMPS e da ABE. Entre êles, cumpre salientar aqueles que preparam estudos que serão desenvolvidos em 2016, entre outros nas cidades de Meiningen e Coburg, na Baviera e na Austria.


Em sessões realizadas no centro de estudos do ISMPS no Brasil realizaram-se contatos pessoais e trocas de idéias com estudiosos relativamente a trabalhos que deverão ser desenvolvidos no próximo ano, procurando-se também uma renovação de círculos de participantes e colaboradores, que se torna cada vez mais necessária.


Para 2016, intensificar-se-ão os trabalhos em cooperação com o Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia.




06.12.2015

Estonia, Letonia, Alemanha, Brasil. A realidade crítica da Europa e das relações internacionais e os estudos de processos culturais - Leste/Oeste e Oriente/Ocidente. No dia 29 de novembro teve lugar a reunião de encerramento dos trabalhos para o atual número da Revista Brasil-Europa, que completa a série do corrente ano. (Veja)


A temática da edição e todos os trabalhos das últimas semanas dos pesquisadores da A.B.E. e do I.S.M.P.S. concentraram-se na discussão dos problemas que atingem a Europa e o mundo no presente: expansão do terrorismo islamista, combates e crimes no Oriente Próximo, migraçõess em extraordinárias dimensões aos países europeus, as demonstrações de apoio humanitário ou de preocupados com os desenvolvimentos, de nacionalistas e de extrema direita e, por fim, o ataque terrorista em Paris do dia 13 de novembro.


Discutiu-se a perspectiva com que essa situação deveria ser analisada, optando-se por tematizá-la sob a perspectiva de processos de humanização e desumanização, de confronto entre atos de terror conduzidos por ideologias de fundamentação religiosa sem escrúpulos emocionais e a reação do Ocidente que, paradoxalmente, ainda que sempre se compreendendo como representante da racionalidade, encontra-se hoje como defensor de princípios de humanidade.


Essa consideração de processualiades no homem e na sociedade nos conflitos atuais tornou oportuna a consideração de trabalhos que veem sendo realizados de Filosofia e Psicologia Cultural sobre o conde Hermann Keyserling (1880-1946), personalidade teuto-báltica que foi de grande influência na década de 20 na América do Sul e na Alemanha, aqui sobretudo através da sua „Escola da Sabedoria“ de Darmstadt, mas que é hoje caído em esquecimento e ignorado em círculos universitários. Keyserling tematizou como poucos questões psicológico-culturais hoje novamente atuais, tais como aquelas referentes ao mêdo, à guerra, ao sangue, à morte, considerando-as no contexto de relações entre uma „ordem do espírito“ e uma „ordem emocional“.


Ainda que esquecido e criticado hoje, Keyserling não pode deixar de ser considerado nos estudos voltados à América do Sul por ter sido aquele viajante que mais profunamente se dedicou a meditar sobre o subcontinente, influenciando com as suas experiências e concepções nele ganhas pensadores na Europa. Muitas de suas meditações não são lisongeiras, mas estudadas no seu conjunto, promissoras.


O seu pensamento é de particular interesse sob o aspecto antropológico-cultural relacionado com a música. Foi êle próprio musicista, relacionado sobretudo com o movimento Bach, desenvolvendo uma visão de vida em termos musicais, tratando-a ou como sequência desconexa de melodias de vida ou como uma espécie de poema sinfônico marcado por coerência interna. A sua crítica à América do Sul - e também ao Brasil, por êle visto como a nação mais hipersensível que conhecia - teve, assim, características músico-antropológicas.


Para a realização dos trabalhos, além dos estudos promovios no Báltico e em Hessen, Alemanha, locais de nascimento, formação e centro de atividades do filósofo, a A.B.E. pode adquirir grande número  de suas obras, hoje de difícil acesso e apenas encontráveis em antiquários dispersos por toda a Europa.


O encontro de encerramento foi fechado com a audição de um concerto de música vocal e instrumental da Renascença e do Barroco deicado ao tema „quem aprecia a música, ganha uma obra de espírito“. O programa contou com obras de D. Buxtehude (1637-1707), H. Schütz (1585-1672), A. Hammerschmidt (1611-1675), G.. Frescobaldi (1583-1643), Dario Castello (ca. 1600-1658), P. Quagliati (ca. 1555-1628), H. L. Hassler (1564-1612) e J. S. Bach (1685-1750).




06.12.2015

Friedberg, Baviera. Engenheiro Rainer Gerigk - membro correspondente da A.B.E.. Passa a participar dos trabalhos da Academia Brasil-Europa o Dipl.Ing. Rainer Gerigk. Nascido em São Paulo, ali viveu 22 anos. O seu pai emigrou ao Brasil em 1953. Já há 30 anos vive e atua em Friedberg, próximo a Augsburg.




30.11.2015

Lisboa. Filme sobre Macau do século XVII e lançamento do livro „Património Cultural Chinês em Portugal. Enio Souza, do Centro Científico e Cultural de Macau, Lisboal, salienta o significado de filme sobre Macau do século XVII para a divulgação da presença portuguesa no Oriente e da história de Macau.


Trata-se de filme com Liam Neeson e Andrew Garfield, com Leonardo DiCaprio, Robert De Niro e Martin Scorsese sobre os missionários jesuítas na Ásia. Em artigo publicado no Correio da Manhã (28.10.2015), de Sónia Dias, informa-se que o filme „Silêncio“, de Martin Scorsese, recria a história de dois jesuítas portugueses, Cristóvão Ferreira e Sebastião Rodrigues, que viajaram para o Japão no século XVII, época em que os cristãos eram perseguidos. O filme foi inspirado no romance de Shusaku Endo. As filmagens tiveram início em Taipé, recriando-se Macau de 1640, destacando-se a arquitetura o Macau antigo e o papel da religião nas relações entre o Ocidente e o Oriente.


Juntamente com o Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e a Fundação Jorge Álvares, lança-se livro sobre o patrimônio cultural chinês em Portugal no dia 2 e Dezembro, às 18h30. A obra será apresentada por Luís Filipe Barreto e Vítor Serrão. Nessa ocasião serão apresentadas as mais recentes peças da Coleção Fundação Jorge Álvares que integram a exposição permanente do Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, situado na Rua da Junqueira, 30, Lisboa.




30.11.2015

Brasília. Estudos do Magnificat. Felipe Bernardo, graduado em Composição, entra em contato com a A.B.E./I.S.M.P.S. a respeito de seu interesse em estudos do Magnificat, iniciando-se, assim uma cooperação sobre o tema, que é de grande significado para o estudo da música sacra e da teologia relacionada com a música.


Há uma literatura específica muito vasta, tanto musicológica quanto teológica, uma vez que o Magnificat é ponto de partida para considerações relacionadas com a música no Novo Testamento. O Magnificat foi um dos temas centrais em eventos da organização pontifícia de música sacra (CIMS), de congressos internacionais e de cursos no Pontificio Istituto di Musica Sacra em Roma em aulas, conferências e homilias por ocasião de missas solenes. Foi, assim, considerado com especial atenção no âmbito do Congresso de Música Sacra de 1985, dedicado ao tema Christus cantat in Ecclesia, tratado teologicamente pelo então Cardeal J. Ratzinger, posteriormente Papa Bento XVI. Sob o ponto de vista dos estudos culturais - independentes de preocupacões teológicas -, o canto do Magnificat tem sobretudo extraordinário significado para a consideração de concepções do homem e da alma. Sob este aspecto antropológico-cultural, a temática foi  considerada sob o aspecto da linguagem visual nas suas contextualizações em diferentes culturas.





20.11.2015

Bruxelas. Ano de Mons como Capital Européia da Cultura - apresentação inédita de ópera escrita em Mons, em 1719. A cidade de Mons é uma das capitais européias da cultura de 2015. No âmbito de sua vasta programação, apresentar-se-á, em Bruxelas, uma ópera ali criada, em 1719, para comemorar o retorno do Duque Leopold-Philippe von Arenberg (1690-1754) como governador militar do Hainaut, então parte dos Países Baixos austríacos. O militar participara da guerra austríaco-turca (1716-1718) na Hungria. Escrita por Gilles-Joseph de Boussu (1681-1755), a obra, de título „Le Retour des plaisirs“, foi dedicada ao Duque de Arenberg e colocada em música por André Vaillant, um músico da Capela Musical de Valenciennes, cidade norte-francesa de região fronteiriça. Pelo seu tema e pelas circunstâncias de sua criação, adquire significado para a história as relações européias.


Em Dezembro de 2013, a Biblioteca Real da Bélgica teve a ocasião de adquirir o manuscrito dessa ópera de um colecionador particular, a única conhecida do compositor. O manuscrito foi transcrito por Kris De Baerdemacker, colaborador do Departamento de Música da Biblioteca Real. Em colaboração com estudantes de ARTS2 (Conservatório de Mons), a Biblioteca preparou a sua realização para 2015.


A apresentação da ópera na série „concertos de meio-dia“, terá lugar no dia 11 de Dezembro. no Paleis van Karel van Lotharingen(Palais de Charles de Lorraine, no Museumplein/place du Musée, em Bruxelas. É dirigida por Guy Van Waas.





18.11.2015

Águas Mornas/SC. Contatos relativos a primórdios da história da colonização alemã. O Sr. Luis Silva, Diretor de Cultura da Prefeitura de Águas Mornas, Santa Catarina, entra em contato com a A.B.E. referindo-se a artigo publicado na Revista Brasil-Europa sobre o papel de missionários alemães na antiga Colonia Teresópolis. (Veja). Dedicando-se êle próprio à história da colonização, indagou a respeito dos nomes das pessoas retratadas em antigas fotografias incluidas no texto. De fato, esses nomes não foram indicados na publicação. A foto do título é da família de Albert Probst, de 1908, pai de numerosos filhos, gerador de uma das maiores famílias a história da colonização alemã. As fotos laterais, com exceção daquela que mostra de novo A. Probst, apresentam  W. v. Bömmel, H. Jasper, H. Hühlkamp e B. Koch, não sendo ainda possível identificações individuais mais precisas. Essas fotos foram publicadas no Gedenkbuch zur Jahrhundert-Feier deutscher Einwanderung in Santa Catharina, obra editada pela Livraria Central - Alberto Entres & Irmão e elaborada por Gottfried Entres em Florianópolis, em 1929.




17.11.2015

Hannover.Atuações e projetos do Axel La Deur no Brasil - obra de Sigismund von Neukomm. O organista da Kreuzkirche de Hannover, músico e arranjador Axel LaDeur entrou em contato com a A.B.E. informando a respeito de suas atividades no Brasil e de projeto que pretende realizar, de excepcional interesse músico-cultural e musicológico. Há 20 anos visita regularmente o Brasil por ser ligado ao país por laços familiares. O seu próximo programa tem como peça central uma composição de Sigismund Ritter von Neukomm: Grand dramatic fantasia „Konzert am See“ para órgão. O programa inclui também obras de Mendelssohn e outros compositores românticos, além de uma peça moderna de Z. Gardonyi „Mozart Changes“, uma vez que Neukomm foi um grande admirador de Mozart.


Após ter estudado com o Prof. Manfred Brandstetter, Hannover, e participado de vários cursos de especialização (e.o. em Kynaston/Londres, G. Kaunzinger/Würzburg, A. Pagenel/Bourges), La Deur assumiu em 1992 o cargo de organista na Kreuzkirche em Hannover. Nos anos seguintes, apresentou-se em numerosos concertos na Alemanha e no Exterior, por exemplo na Cidade do México, Rio de Janeiro - pela Festa Bach 2000 - em São Paulo e em Riga. Desde 1995 trabalha conjuntamente com o saxofonista Thomas Zander em produções de CD e em concertos internacionais. Atuou como organista acompanhador de coros de renome, entre outros com o coro de meninos de Hannover (CD Michaelisvesper), com o ensemble vocal juvenil de Hannover/coro de câmara de Antuérpia/rádiofilarmonia da Emissora Norte-Alemã NDR (Paulus, de F. Mendelssohn). De 1998 a 2006 foi diretor do teatro de Hannover, realizando musicais. Recentemente, dedicou-se a musicals de igreja e estórias de órgão para crianças. A sua obra para „Nosferatu“ foi apresentada em primeira audição em 2009 e, em 2011, para „Modern Times“, na Marktkirche de Hannover. Em 2010/11, atuou como organista na produção teatral „Trollmanns Kampf“ no teatro do Estado de Hannover, além de apresentar-se na Estação de Arte em Colonia e em Berlim.


Em 2012, realizou-se concerto gravado ao vivo sobre a sua obra no programa „Baixa Saxônia como terra musical“. Em 2013, apresentou-se em Curitiba a convite do Instituto Goethe e na catedral francesa de Berlim. Em 2014, co-atuou em ato de culto televisionado na Kreuzkirche de Hannover, além de realizar concerto na catedral de Magdeburg na solenidade do dia da união alemã. Em 2015, recebeu convites para a mesma catedral, realizando também uma intensa atividade de concertos no âmbito do projeto Charles Chaplin, co-atuando em serviço religioso transmitido pela televisão ao vivo em Hannover, em concertos com o coro figural Norte-Alemão sob a direção do Prof. Jörg Straube, assim como na organização de festival barroco com 60 participantes.


Espera-se que programa com a obra de Sigismund von Neukomm que Axel LaDeur pretende realizar no Brasil possa contar com o apoio de instituições e personalidades empenhadas no cultivo da música para órgão no país. Propostas de apoio poderão ser enviadas para a A.B.E., que serão comunicadas ao organista. (S.Hahne)




16.11.2015

Je suis Paris. Reflexões em retiro do Centro de Estudos Brasil-Europa/ABE. Desde o dia 12 de outubro do corrente ano foram suspensos diversos projetos e ciclos de estudos euro-brasileiros com a finalidade de concentrar as atenções nos desenvolvimentos presentes que vivencia a Europa nas suas consequências para os estudos de processos culturais.


Essa decisão foi tomada devido às proporções extraordinárias da corrente de refugiados que procuram asilo na Alemanha e que levantam questões múltiplas relativas a migrações e imigrações. Reações díspares de boas-vindas e de preocupações quanto a transformações culturais - também estas atingindo desconhecidas dimensões -, não podem deixar de ser consideradas em estudos globais e processos culturais. Revivificação de nacionalismos, fechamento de fronteiras e dúvidas quanto à solidariedade dos países europeus entre si revelam problemas em intensidade até então desconhecida. Conflitos entre a esfera emocional e a razão levantam questões teóricas que necessitam ser refletidas.


Os ataques ocorridos em Paris no dia 14 salientam a relevância do tratamento dessas questões. Embora não se podendo e devendo considerar conjuntamente questões de migração e de asilo e terrorismo, não se pode esquecer que a corrente migratória foi desencadeada pela situação de terror vigente nos países de origem. Os terroristas, utilizando-se de ideologias de fundamentação religiosa, perdem sentimentos e emoções, até mesmo instintos de auto-preservação. Trata-se de um processo desumanizador.


Todo o empenho da ABE das últimas semanas foi voltado ao tratamento de questões filosóficas relativas a desenvolvimentos humanizadores do homem e de sociedades, assim como a quedas e retrocessos. Problemas de evolução e involução, de esclarecimento e de relações entre a esfera das idéias e ideologias e a os sentimentos. Os resultados dos trabalhos serão publicados no próximo número da Revista Brasil-Europa.





11.10.2015

Engelskirchen e Manchester: Alemanha e Inglaterra na história da industrialização no seu significado para o estudo de processos em relações internacionais. Visita da A.B.E: à casa da família de Friedrich Engels (1820-1895). Os estudos euro-brasileiros vem sendo desenvolvidos há décadas a partir de regiões alemãs que foram de grande significado na história da industrialização. Estreitos contatos com a região do Ruhr, de Wuppertal e cidades da terra de Berg foram determinantes já no primeiro Forum Alemanha/Brasil de 1982.


Dos eventos realizados nessa região destacou-se concerto/conferência do I.S.M.P.S. relativa às dimensões e à problemática político-econômico-cultural do nacionalismo no Brasil no Castelo de Berg sob o patrocínio da Embaixada do Brasil, em 1988.


A sede atual do Centro de Estudos Brasil-Europa encontra-se instalada em residência de antigos fabricantes que, como outras de Gummersbach e do vale do Agger, são representativas da arquitetura e da cultura do apogeu industrial nessa região.


Essa localização favorece um permanente contato com a história fabril, técnica e de transportes no passado e as transformações por que passam antigas regiões industriais com a mudança de suas funções, com recuperações paisagísticas, urbanas e mudança de funções.


Toda essa vasta área da Renânia dispõe de vários museus e centros de estudos de trabalho rural anterior e posterior à era da industrialização, de museus técnicos e de engenharia de máquinas, o que permite estudos que superam limites convencionais de estudos da cultura popular, relacionando folclore, antiguidades populares, regionais e da vida de trabalho fabril.


Os estudos da cultura industrial ou da vida e expressões da era da industrialização não podem ser desenvolvidos sem a consideração da revolução industrial e dos centros industriais da Inglaterra. Sobretudo Manchester deve ser considerada neste contexto, a cidade inglesa que foi alvo de ciclo de estudos euro-brasileiros em 2012. Ali foi visitado, entre outros, o MOST - Museum of Science & Industry e o People‘s History Museum. (Veja)


O principal nome que representa os elos entre a região alemã em que se situa o Centro de Estudos Brasil-Europa e Manchester é o de Friedrich Engels, filósofo, historiador, teórico sócio-cultural e revolucionário nascido em Barmen/Wuppertal e que entrou na história devido ao papel fundamental que desempenhou na história do socialismo e do comunismo.


O que pouco se tem em mente, porém, é o fato de Friedrich Engels ter sido pessoa abastada, filho de fabricante de tecidos renano e êle próprio empresário de sucesso.


Essa pouco considerada discordância entre a ideologia crítica da situação capitalista da era industrial na sua interpretação segundo a luta de classes e o modo de vida de alta classe enriquecida do filósofo abre perspectivas para o estudo das relações entre a Alemanha e a Inglaterra á era industrial e suas implicações no mundo extra-europeu.


Se Engels cresceu e viveu em esfera familiar de grandes posses e cultura conservadora dos fabricantes alemães, teve contato com as condições desoladas dos trabalhadores e com o movimento trabalhista sobretudo em Manchester.


O seu pai  fundara com os irmãos Ermen, em Manchester, uma tecelagem de algodão e, ao mesmo tempo, adquiriu os direitos de uso
da força da água do rio Agger, na localidade de Engelskirchen na região de Berg.


Pai e filho diferenciavam-se quanto às suas posições e visões. Se Friedrich Engels pai era um empresário protestante de tradição pietista com espírito pioneiro que levantou uma mansão com os seus lucros, o filho viveu toda a vida no conflito entre o capitalismo e o comunismo.


Rebelde na juventude, passou a receber poucos recursos da família. Com Karl Marx, viveu no exílio, necessitando porém de meios
financeiros para a consecução de suas convicções comuns. Em 1851, ocorrendo irregularidades no empreendimento paterno em Manchester, Friedrich Engels, com a sua formação em comércio, para lá se dirigiu, destacando-se como empresário de sucesso. Como salientado hoje em Engelskirchen, esse visionário filósofo social viveu um papel duplo quase que esquisofrênico, uma vez que trabalhou ao mesmo tempo com Karl Marx na utopia comunista e alcançou um grande cabedal financeiro em Manchester segundo as regras do capitalismo da era industrial


As instalações da fábrica de Engelskirchen, cujos tecidos tornaram-se conhecidos também no Brasil através do emblema da firma em forma de anjo (Engel) são hoje utilizadas pelo Museu Industrial da Renana.


O principal monumento da arquitetura, da vida social e cultural e da história das mentalidades desses fabricantes de tecidos alemães é a residência ainda hoje existente dos Engels em Engelskirchen e cujo parque adquire significado para estudos de paisagismo.


Situada em grande proximidade ao Centro de Estudos Brasil-Europa, essa antiga propriedade dos Engels surge como local apropriado para estudos de processos culturais, da cultura burguesa nas suas tensões com movimentos ideológicos e, sob o aspecto da história da economia, do algodão e da indústria de tecidos no Brasil. Obras publicadas na Alemanha sobre o Brasil antes e depois da Primeira Guerra dedicaram particular atenção ao cultivo do algodão no país, suas potencialidades e possibilidades na intensificação do comércio entre os dois países.






09.10.2015

Roma. Brasil-Itália 2015. Problemas de chauvinismo e epigonalismo nacionalista na música, na vida musical e na pesquisa. 30 anos de reunião em Roma. No âmbito do VIII Congresso Internacional de Música realizado em Roma, em novembro de 1985, declarado „Ano Europeu da Música“, porém dele independente, teve lugar, no tradicional Hotel Colombo, reunião de membros do I.S.M.P.S., da Sociedade Brasileira de Musicologia (SBM) e do projeto „A música na vida do Homem“ do Conselho Internacional de Música da UNESCO.


É oportuno recordar alguns dos temas então tratados, pois muitas das questões nela levantadas não perderam a sua atualidade. A necessidade de realização da reunião e a sua pauta foram tratadas em encontros anteriores, no Brasil - em assembléia da SBM -, em Royaumont (França), na Universidade de Colonia e no Forum de Leichlingen, na Alemanha, sendo preparados através de intensa correspondência.


O principal objetivo era o de refletir sobre as possibilidades de realização adequada de um encontro regional para a América Latina e o Caribe do projeto „A música na vida do homem“ da UNESCO no Brasil.


O Congresso Internacional de Música Sacra de Roma surgiu como conveniente ocasião para a reunião, uma vez que se realizava no  „Ano Europeu da Música“, reunindo vários músicos e pesquisadores brasileiros e portugueses, assim como europeus e americanos interessados na cultura musical do Brasil. Como representante da Universidade Católica do Chile, estaria presente no Congresso o musicólogo chileno Prof. Dr. Samuel Claro-Valdés, responsável pela seção da América Latina do projeto.


A reunião, ocorrendo após o relato das atividades na pesquisa músico-antropológica/etnomusicológica realizada desde o Simpósio Internacional de São Paulo, de 1981, decorreu sob a impressão dos problemas teóricos que se apontaram quanto a concepções e práticas de inculturação na música em países que já possuiam patrimônio músico-cultural secular e diversificado como o Brasil.


A criação de música religiosa e de cantos comunitários sob a concepção da inculturação através do uso de elementos do folclore levava a uma retomada ou intensificação de correntes de composição e concepções estéticas já há muito ultrapassadas de décadas do nacionalismo político dos anos 20 e 30, fomentando criações epigonais, prejudicando esforços de reflexão teórico-cultural mais profunda, análises da criação musical nas suas inserções e implicações político-culturais e afastando países como Brasil das tendências mais progressistas nas artes.


Lembrou-se que seria impensável que na Alemanha se promovesse arte musical adjetivada como alemã através do uso de polcas, galopes, danças típicas das tradições regionais ou de bandas. No Brasil, porém, fomentava-se e valorizava-se a criação de obras com referências ecléticas e descontextualizadas a melodias, ritmos e outros elementos da linguagem musical sob o signo da inculturação.


Em Roma, o fato de que no Brasil ainda compositores atuais dedicavam-se ao cultivo de formas consideradas como clássicas ou históricas com referências descontextualizadas culturalmente a tradições populares,  trazia à lembrança até mesmo concepções estético-musicais que prepararam ou acompanharam o fascismo.


Assim, um intento pastoral em si progressista que se expressava no conceito da inculturação fomentava indiretamente modos de pensar e de criar segundo concepções ultrapassadas de categorização de objeto ou essencialistas, favorecendo de forma insuficientemente refletida posições e perspectivas político-culturais de décadas passadas e atitudes de extremado ufanismo ou chauvinismo de músicos, pesquisadores e mesmo religiosos.


A relevância dessa problemática, que já havia sido considerada no Simpósio realizado em 1981, em São Paulo, quando fundara-se a Sociedade Brasileira de Musicologia, fêz que surgisse como justificável que fosse retomada a sua discussão em evento com a participação tão ampla quanto possível de pesquisadores e músicos de várias regiões do Brasil e de diferentes áreas.


A passagem do centenário do nascimento de H. Villa-Lobos, em 1987, ofereceu-se como ocasião adequada para a realização desse intento, pois tematizava obrigatoriamente a questão do nacionalismo na música e suas suas inserções e implicações políticas.


Lançaram-se, assim, na reunião de Roma, os fundamentos para o Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia, no qual procurou-se ganhar um quadro tão amplo quanto possível da situação dos estudos e das pesquisas no Brasil, das tendências do pensamento e das perspectivas nas diferentes áreas. Esse Congresso poderia fornecer, assim, segundo as expectativas da reunião de Roma, o quadro adequado para a realização do Encontro Regional para a América Latina e o Caribe do projeto „A música na vida do homem“.


Foi assim a partir da reunião de Roma que deu-se início aos contatos com órgãos governamentais, universidades, instituições várias e pesquisadores que permitiram a concretização do Congresso de 1987 e, com êle, do Encontro do IMC/UNESCO.





08.10.2015

Roma. Itália-Brasil 2015: 30 anos do Congresso Internacional no „Ano Europeu da Música“ 1985. A atualidade de retomada de debates por motivo do Sínodo. Os trabalhos euro-brasileiros referentes à Itália do corrente ano são marcados pela passagem dos 30 anos do VIII Congresso Internacional de Música Sacra, em 1985, ano que fora declarado como „Ano da Música Européia“ pelas comissões européias. A realização dos trabalhos Itália-Brasil sob esse signo no corrente ano foi decidida em Roma, em 2014. Esse intento adquire particular atualidade no segundo semestre do corrente ano devido ao Sínodo que atualmente se realiza e que trata de questões controversas que ultrapassam de muito na sua relevância para o debate cultural problemas de família que tematiza.


O evento de 1985 contou como nenhum outro até então realizado com significativa presença brasileira e portuguesa.


A participação brasileira foi relevante na sua preparação, como já tinha sido o caso no congresso anterior, levado a efeito em Bonn, então capital da Alemanha, em 1979. (Veja)


Nesse VII Congresso, deparando-se com os problemas teórico-culturais que se colocavam com as concepções missionárias de fundamentação etnológica defendidas no caso de países que já contavam com uma história de séculos de contatos e interações, os delegados brasileiros propuseram a realização de um simpósio internacional que dirigisse a atenção à diversidade do patrimônio músico-cultural do Brasil e que exigia o reconhecimento de valores das diferentes expressões de todas as épocas e contextos.


Esse simpósio, possibilitado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, nas suas dimensões e variedade de questões tratadas, trouxe impulsos que determinaram estudos e atividades nos anos que se seguiram, representando, assim, pressuposto e oferecendo referenciais para muitos dos debates do congresso de 1985.


O Forum de estudos euro-brasileiros que desde 1982 se realizaram, deram prosseguimento às discussões sob a perspectiva dos estudos de processos culturais no seu sentido mais amplo, também e sobretudo na esfera secular. Os trabalhos foram desenvolvidos aqui em cooperação com o simpósio de influências recíprocas entre a América Latina e a Europa realizado sob a égida das Comissões Européias em Bruxelas e que contou com várias edições anuais. Encontros no centro de estudos de antropologia fundamental na ex-abadia de Royaumont, França, com Luís Heitor Correa de Azevedo, marcaram as preocupações à época da fundação do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.) em 1985. (Veja)


Esse instituto, que representou uma institucionalização internacional de centro de pesquisas em musicologia registrado em São Paulo, em 1968, possibilitou a participação de brasileiros e de participantes do Forum de estudos euro-brasileiros no Congresso de Roma, mesmo que vários deles não fossem músicos dedicados especialmente à música sacra, não fossem até mesmo católicos e mesmo não-religiosos. Desses participantes, salientaram-se Sueli Steden, presidente do I.S.M.P.S., Dr. A. Borges, vice-presidente,  Dr. H. Hülskath, diretor administrativo, M. Hafner, S. Schwedt. I. Hopstätter, G. Mühlbauer, e, como representante da entidade junto à Sociedade Brasileira de Musicologia, Dr. J. G. de Souza.


O desenvolvimento teórico-cultural das discussões por parte do I.S.M.P.S. inseria-se no movimento de promoção de uma renovação de perspectivas através de um direcionamento da atenção a processos, não a esferas categorizadas da cultura, uma preocupação que se fizera sentir no Brasil, em 1965, e que diferia sob certos aspectos fundamentais de concepções e propostas no âmbito da música sacra.


Para a abertura dos trabalhos Itália-Brasil de 2015, recordou-se o programa do Congresso de 1985, considerando-se com particular atenção a sua concepção que, pela sua coerência e significado das personalidades e instituições envolvidas, adquire hoje um significado histórico para o desenvolvimento das reflexões e iniciativas da época, oferecendo, ao mesmo tempo, ponto de partida para análises mais diferenciadas de sua problemática e para o reconhecimento de necessárias atualizações no presente.


Os participantes foram recebidos no dia 16 de novembro no Collegio di S. Monica (Augustinianum).


O domingo foi aberto com uma missa solene pontifical na Basilica di S. Maria Maggiore, com a participação do coro da catedral de Regensburg(Ratisbona, dirigido por Mons. G. Ratzinger.Seguiu-se missa solene na Basilica di S.- Andrea della Valle, celebrada pelo Cardeal Alfons Stickler, Bibliotecario e arquivário da Igreja, com a participação de corpos corais e orquestrais de Innsbruck e a Schola gregoriana do Instituto Ward de Roermond.


A abertura do congresso deu-se na Aula Magna do Collegio di S. Monica pelo Cardeal Agostino Mayer, Prefeito da Congregação do Culto Divino. O Dr. Walter Scheel, Presidente do Comitê organizador do Ano Europeu da Música, saudou os participantes. A parte musical ficou a cargo da Cappella Carolina, de Aachen(Aquisgrana).


O dia 18 foi aberto com missa solene na Basilica di San Pietro, celebrada pelo Cardeal Edouard Gagnon, então presidente do Pontificio Consiglio per la Famiglia. A parte musical ficou a cargo a Cappella Traiectina de Utrecht. Na Aula do Augustinianum, abriram-se as jornadas do simpósio com conferências sobre o Canto Gregoriano e a pastoral de hoje. Na Basilica di S. Maria sopra Minerva, realizou-se concerto da Cappella Triectina e do Studenten Gregoriaans Koor di Utrecht.


No dia 19, o tema discutido foi o da pedagogia do Canto Gregoriano segundo o métoo Ward. Na Chiesa di S. Maria in Vallicella, celebrou-se missa solene celebrada pelo Cardeal Bernard Law, Arcebispo de Boston. Na Chiesa di San Luigi dei Francesi, seguiu-se um concerto de órgão, com a participação da Schola Les Clercs de Saint-Benoit, de Bordeaux.


O dia 20 foi aberto com uma missa solene na Chiesa di S. Giovanni dei Fiorentini em memória de S. Gregorio Magno, com a participação da Cappella Carolina. Na Chiesa di S. Maria dell‘Anima, o Vicepresidente do Pontificio Consiglio Cor unum, Mons. Alois Wagner, celebrou missa com obras de Mozart executadas por coro e instrumentistas do Coro de Meninos Cantores de Salzburg.


A sessão final do evento deu-se no Augustinianum. Nesse auditório, apresentaram-se relatos sobre o desenvolvimento dos estudos e pesquisas nos últimos anos e as tendências do pensamento na atualidade. Considerou-se a integração da música das igrejas orientais nos programas de estudos (Dr. L. Hage, universidade do Espírito Santo de Kaslik, Líbano), dos projetos hinológicos (Dr. R. A. Skeris, Milwaukee) e dos trabalhos de pesquisa etnomusicológica e músico-antropológica referentes ao mundo extra-europeu desenvolvidos desde o simpósio de São Paulo (Dr. A.A.Bispo). Seguiu-se, como já acontecera em São Paulo, conferência sobre Direitos Autorais proferida pelo Prof. Dr. Erich Schulze, Presidente da GEMA e a Sociedade Internacional de Direitos Autorais INTERGU. O dia foi encerrado com concerto na Basilica di S. Maria sopra Minerva com repertório antigo siríaco-maronita pelo Coro do Instituto de Musicologia da Universidade do Espírito Santo de Kaslik, Líbano.


O dia 21 contou com liturgia oriental, liturgia bizantina em paleo-eslavo segundo o rito dos ucranianos, com cantos paleoeslavos pelo coro Hashirim. Paralelamente a esse concerto, realizou-se, extra-programa, colóquio sobre pesquisa etnomusicológica no âmbito oriental entre o Prof. Dr. J. Kuckertz do Instituto de Musicologia Comparada da Universidade Livre de Berlim e o Dr. A. A. Bispo. Na igreja de S. Maria in Campo Santo Teutonico celebrou-se missa pelo Presidente a Conferência Episcopal Austríaca, Mons. Karl Berg, com a participação do Coro da Catedral de Augsburg. Na Aula do Augustinianum, teve a seguir Assembleia Geral da organização pontifícia de música sacra.


Ponto alto do dia foi a inauguração da nova sede do Instituto Pontificio di Musica Sacra e do novo órgão da igreja de S. Girolamo com a presença do Papa João Paulo II. Na Chiesa i S. Apollinari, o Coro S. Agostino de Muri-Gries, Bolzano, ofereceu um concerto de obras polifônicas.


No recém inaugurado instituto, no dia 22, festa de Sta. Cecilia, o novo órgão da firma J. Klais foi apresentado em concerto do organista G. Parodi. Seguiu-se peregrinação ao túmulo de Santa Cecilia nas catacumbas de S. Callisto e à Basílica da santa em Trastevere. Vésperas solenes em sua honra foram celebradas na Chiesa di San Girolomo com o Palestrina Motettenchor Tegernsee. Na Basilica di S. Maria sopra Minerva, realizou-se concerto vocal e instrumental por coro e grupo instrumental de Salzburg.


No sábado, dia 23, os participantes dirigiram-se a Montecassino. Ali, no mosteiro beneditino, celebrou-se missa cantada em homenagem a S. Bento, Padroeiro da Europa, com a participação do Münsterchor Neuss, do Coro de Bolzano e do Coro da Catedral de Augsburg. Este último coro apresentou, a seguir, no claustro de Montecassino, a última obra de Hermann Schroeder, falecido no ano anterior. O congresso foi encerrado com concerto vocal e instrumental do Coro de Meninos Cantores da catedral de Salzburg.


Em próximas notícias dar-se-á continuidade aos estudos que agora se desenvolvem.




06.10.2015

Callenberg. A tradição dos atiradores no Brasil e a sua pesquisa histórica e cultural em contextos internacionais. O significado de costumes, práticas e festividades de atiradores na história de colonias de imigrantes de língua alemã no Brasil pode ser constatado de fontes documentais do século XIX e início o XX de várias regiões do país.


A permanência dessas práticas no presente foi tema tratado em sessão de Gramado do Forum Rio Grande do Sul do congresso de encerramento dos eventos científico-culturais pelos 500 anos do Brasil.


Embora estudado sobretudo sob a perspectiva do Folclore, essas práticas tradicionais merecem ser estudadas tanto do ponto de vista das suas relações históricas e atuais com a situação na Europa Central de língua alemã, como também nos seus fundamentos conceituais e na sua linguagem visual.


Desempenhando papel relevante no processo de integração - e diferenciação - de imigrantes no Brasil, exige sobretudo ser considerada nas suas implicações religiosas e políticas, em particular nos seus elos com movimentos nacional-democráticos na Alemanha do período entre o fim da era napoleônica e a Revolução de 1848, assim como as suas transformações e instrumentalizações em quadros políticos posteriores.


A importância das festas de atiradores, com competições, coroação de reis e rainhas, cortejos com trajes históricos, bailes, música de banda e de canto comunitário e coral em numerosas cidades e regiões da Alemanha na atualidade demonstra talvez o maior empenho em preservação de tradições no país e traz à consciência a necessidade de uma consideração mais aprofundada dos diferentes contextos em que se inserem, de suas associações e implicações político-culturais e religiosas.


Estas últimas têm chamado a atenção pública quanto a relações entre tradição e inovação devido à discussão atual se, em cortejos e outros atos festivos de irmandades católicas de atiradores, em geral referenciadas segundo S. Sebastião, o casal de reis também pode ser ou não também um casal de parceiros do mesmo sexo ou gays, o que vem ocorrendo em diferentes cidades.


É esse elo com a linguagem visual do culto de santos católicos que possibilita um maior aprofundamento dos estudos referentes à imagem do atirador, do arqueiro e flecheiro, do caçador e do guardião, o que leva tanto à Antiguidade Clássica como aos relatos bíblicos.


É nesse sentido que vêm sendo já há décadas realizados estudos que relacionam essa antiga imagem do edifício cultural com tradições brasileiras de antiga proveniência da colonização portuguesa e destas com práticas trazidas por imigrantes centro-europeus no século XIX. Esses estudos realizam-se de forma contextualizada em diferentes regiões da Áustria, Suiça e Alemanha, salientando-se aqui a Baviera. (Veja notícias anteriores)


O Museu Alemão de Atiradores (Deutsches Schützenmuseum) encontra-se instalado na asa noroeste do Palácio de Callenberg, próximo a Coburg. Foi instalado em 2004 pela Liga Alemã dos Atiradores (Deutscher Schützenbund), festejando, assim, os seus dez anos e existência. A escolha do local é representativa sob diferentes aspectos. Em primeiro lugar, por ter sido a Liga fundada no Ducado Gotha em 1861 pelo Duque Ernst II, personalidade que surge como de especial significado para os estudos histórico-culturais referentes ao Brasil. (Veja notícias anteriores)


Um aspecto que não pode deixar de ser considerado é o esportivo. Pocais e medalhas de vencedores em jogos olímpicos documentam a atualidade dessas relações entre práticas fundamentadas em antigas concepções nas suas múltiplas associações e transformações com práticas olímpicas da atualidade.


Também neste sentido adquirem interesse para o Brasil, uma vez que a figura do arqueiro, flecheiro ou atirador não só pertence ao imaginário do culto católico implantado, como também da cultura indígena e sua interpretação no decorrer da história. A referência às antigas amazonas na denominação da Amazônia pode ser lembrada neste contexto.O fato de ser S. Sebastião o padroeiro do Rio de Janeiro, cujos 450 anos são celebrados no corrente ano, assim como a realização dos jogos olímpicos em 2015 demonstram a atualidade desses estudos da linguagem visual, suas consequências e implicações.




04.10.2015

Berlim. 25 anos da unificação da Alemanha no seu significado para os estudos euro-brasileiros de processos culturais. Celebrou-se, no dia 3, na capital e em várias cidades da Alemanha, a passagem dos 25 anos da unificação da antiga Alemanha do Leste (República Democrática Alemã) com a Ocidental.


Solenidades, alocuções, concertos e festejos populares marcaram o ressurgimento da Alemanha unida e trouxeram à memória os desenvolvimentos históricos que a possibilitaram.


Uma das questões mais frequentemente levantadas de um processo unificador sentido em geral como bem sucedido é se este já foi completado em todas as suas dimensões, ou seja, se hoje existe realmente uma unidade cultural e mental.


Já em 1989/1990 - época do início da publicação da Correspondência Euro-Brasileira - a queda do muro de Berlim e o processo político unificador foram considerados nas suas consequências para os estudos euro-brasileiros.


Em ambas as partes da Alemanha existiam instituições, publicações, áreas de estudos estabelecidas, pesos quanto a interesses, perspectivas e mesmo fundamentações conceituais e ideológicas distintas, em muitos casos pouco consideradas ou mesmo desconhecidas mutuamente.


O caminho unificador representou também um caminho e intensificação de relações pessoais e institucionais, mudanças político- e científico-culturais em centros de estudos e de pesquisa, aberturas ou transformações de tradições de pensamento e práticas.


Na Alemanha do Leste, países lusófonos de orientação política afim, como Angola e Moçambique, tinham estado muito mais no centro dos interesses do que no Ocidente. Compreende-se, assim, que estudiosos e sociedades de pesquisa da África lusófona se empenhassem no reatamento de contatos e na intensificação de troca-de-idéias, o que também realizou-se em cooperações com o I.S.M.P.S. e.V. (Veja)


Sobretudo para os estudos euro-brasileiros da imigração e da colonização alemã no Brasil, a unificação das Alemanhas adquiriu extraordinário significado.


A história da imigração exige a consideração de regiões do Leste - como a Pomerânea - que desde a Segunda Guerra estiveram distantes ou mesmo de difícil alcance para pesquisaores ocidentais. (Veja)


A experiência de que os estudos culturais, nos seus enfoques e métodos, estavam estreitamente relacionados com as rêdes do trabalho científico nas duas partes, e que o reatamento de elos ou fortalecimento de interações nessas rêdes interagiam estreitamente no desenvolvimento dos estudos e das pesquisas muito contribuiu à convicção de que os estudos euro-brasileiros dirigidos a processos culturais necessitavam ser conduzidos conjuntamente com análises de rêdes do trabalho científico.


Significativamente, a Academia Brasil-Europa, revitalizada naquela época, passou a constituir de forma pioneira uma instituição que relaciona explicitamente a Ciência da Cultura/Culturologia com os Science Studies, Sociologia da Ciência ou Wissenschaftswissenschaft.


Outra questão que foi frequentemente tematizada nas comemorações dos 25 anos da Alemanha unificada foi aquela do desafio que representa a atual onda imigratória e de refugiados à procura de asilo nas suas extraordinárias dimensões e avassaladora rapidez.


Como formulado em pronunciamento presidencial, se, em 1990, uniu-se o que já pertencia a um todo pela língua, costumes e história, agora coloca-se o problema da integração numa unidade de populações não-co-pertencentes, com religião, línguas, costumes, modos de vida e mentalidades diferentes.


O sucesso do processo unificador do país alimenta a esperança de que também se alcance sucesso nesse novo desafio integrador.


Torna-se oportuno, neste sentido, considerar que a situação atual e o processo transformatório por que passa Alemanha como „país de imigração“ e os próprios refugiados e migrantes possuem relevância de primeiro plano para os estudos culturais em geral e, em particular, para aqueles voltados às relações Alemanha-Brasil.


Estes foram até hoje desenvolvidos sobretudo a partir dos estreitos elos fundamentados na imigração de países centro-europeus de língua e cultura alemãs e colonização de vastas regiões do Brasil no passado, assim como da atuação de intelectuais, artistas e músicos alemães e austríacos na história cultural do país.


Como salientado pelo então Ministro da Cultura do Brasil por ocasião do Congresso Internacional da A.B.E./I.S.M.P.S. pela abertura do triênio de eventos científico-culturais pelos 500 anos do Brasil em 1999 (Veja), a filosofia, a literatura, o pensamento, e não por último a música da Alemanha fundamentaram os estreitos elos que a unem ao Brasil.


Apesar de todas as diferenças quanto a contextos e épocas, que merecem ser estudadas, também nos seus aspectos negros, é à corrente histórica marcada por valores do Esclarecimento, do Humanismo, dos respeito aos Direitos Humanos, da tolerância e do respeito à mulher e às minorias, da proteção aos animais e à natureza de um Estado fundamentalmente secular que constitui as bases e a razão de ser de estudos de processos culturais que procuram agir de forma esclarecida e esclarecedora, analisando edifícios de concepções e imagens e suas transformações em relações internacionais.


Uma ainda maior presença do Islão na Alemanha exige a intensificação diferenciadora de trabalhos e esforços de intercâmbio que já vêm há muito sendo desenvolvidos no âmbito dos estudos euro-brasileiros, em países do Oriente ou em instituições de migrantes muçulmanos na Alemanha. (Veja


As coordenadas desse trabalhos, porém, definem-se através de um sistema referencial marcado pelos grandes pensadores e pela tradição do pensamento esclarecido de todas as épocas, e dentro do qual a Alemanha se sobressaiu. Também nesse sentido dos estudos euro-brasileiros valem as expectativas e as exigências formuladas por vários lados nas comemorações da unidade alemã: para além de todas as transformações e enriquecimentos mútuos, a Alemanha, nos seus fundamentos garantidos pela Constituição como estado secular não é aquela que deve ser modificada nas suas bases, mas sim as concepções religioso-morais não compativeis daqueles que nela se integram. O contrário representaria também uma perda que ultrapassaria as fronteiras da Alemanha, dizendo respeito à toda a Humanidade no caminho do Esclarecimento e dos Direitos.




03.10.2015

Lisboa. China/Macau: Tradução e Interpretação - Passado e Presente - Colóquio Internacional. Realiza-se, no Centro Científico e Cultural de Macau, nos dias 12, 13 e 14 de Outubro, um colóquio internacional dedicado ao tema China/Macau: Tradução e Interpretação - Passado e Presente. O evento é organizado pelo Centro Científico e Cultural de Macau, I.P. (Ministério da Educação e Ciência), pela Fundação Macau e pelo Instituto Politécnico de Macau, contando com o apoio da Fundação Jorge Álvares, da Liga dos Amigos do Centro Científico e Cultural de Macau e do Casino Estoril.


A Comissão Científica é composta pelos seguintes membros: Carlos Ascenso André, Juan Gil, Luis Filipe Barreto, Roderich Ptak e Wu Zhiliang.


Titulos do programa:


Chinese Rendering of Foreign Languages and Translation Prior to the 19th Century (G. Wade), Languages and translation in the Macau-Manila-Nagasaki triangle, 1640-1660 (R. M. Loureiro), Tradutor ou mediador? Sobre Athanasius Kircher, a „China ilustrada“ e a protosionologia na Alemanha do século XVII (M. dos Santos Lopes), Interpretation, Iberian expansion and the creation of a world-wide web (A. Giraldez), Humanismo Tardio no Sul da China: O papel do latim na História da Tradução em Macau (C. A. André), The Analects in-between Confucius und Father Joaquim Guerra S.J.: rethinking the translation of the Lunyu on the light oft the postcolonial discourse (E. Colla), The Legal translation Department of the Government of Macau, 1988-2000 (A. Barrento), Expelling or Accommodation: Internal Policy Debate at the Court and Early Macau (James K. Chin), Analysis of the texts and backgrounds of prayers among the Kirishitan in the Sotome region of Nagasaki (M. Oka), The Son of Macau and the Madarins‘s House (C. Miu Bing Cheng), Traduire et adapter: Le Chihui wenda (1680) du franciscain Pedro de la Piñuela (1650-1704), Traduzir é Identificar (Han Lili), A Tradução dos Documentos Chineses e o Estatuto de Macau (1749-1829) (T. Sena), Nomenclature of Macau Streetscape: A Study of Translation, Transliteration, and Imagination (V. Wai-Kit Ho), Um assalto e homicídio no alto mar do Século XIX e o papel de „línguas“ de Macau contemporâneo (Li Changsen), Birds of Prey in the Peregrinação by Fernão Mendes Pinto, Intérpretes en Filipinas (R. Ptak), China‘s regional trading networks and the emergence of endogenous financial institutions: The case of Shanxi piaohao, 19th-20th century (F. Gipouloux), The China mission (17th-18th cent.) as a multi-lingual milieu: the instruments of translation (N. Golvers), Nissuno fu inteso come Dio volesse: Interpreting, Translating, and the Multilingual Environment of the China Mission in the Seventeenth and Eighteenth Centuries (E. Menegon), Coining Modernity: Tapping Neologisms from Classical Chinese Texts (W. F. Vande Walle).




02.10.2015

Tirol/Áustria. Natureza encontra Cultura - Projeto Karwendel. O Parque Alpino Karwendel foi recentemente visitado sob a perspectiva  do programa euro-brasileiro „Cultura/Natureza“.
Realizando-se visitas em parques e reservas de diferentes países, procura-se tomar conhecimento de projetos e de soluções encontradas nos vários contextos para o desenvolvimento das reflexões na situação dramática da preservação do meio natural e das espécies na atualidade. (Veja notícias anteriores) O Parque Alpino Karwendel - „região prateada“ -tematiza a questão da natureza no seu encontro com terras cultivadas.


Quase todo a área das montanhas do Karwendel é tomada pelo Parque Alpino Karwendel (Alpenpark Karwendel) com a sua superfície de 727 quilômetros quadrados. É o maior território sob proteção do Tirol e o maior parque natural da Áustria. As condições climáticas e topográficas das montanhas Karwendel, com 340 fontes de água, possibilitam uma grande diferença de espaços de vida e de diversidade de espécies nas suas florestas e rios. Ali vivem muitas espécies de animais (2035) e plantas (1305) dos Alpes.


Nele encontram-se paisagens derivadas do uso ou ainda em cultivo - „Kulturlandschaften“ - e que são também de relevância ecológica e cultural.


O isolamento e a dificuldade de acesso à região, embora relativamente próxima a Munique na Alemanha e a Innsbrück na Áustria possibilitaram a conservação da natureza e de áreas há muito cultivadas e que são hoje de significado ambiental.


Estas são sobretudo os "Almens", a da „agricultura na verticalidade“. Trata-se aqui de grandes áreas de prados acima do limite de crescimento de árvores das altas regiões montanhosas e que sempre foram procuradas como pasto por animais selvagens. Com o uso econômico da terra, essas áreas passaram a servir a vacas, carneiros e cabras. Os prados mais suculentos são os de vacas leiteiras, também usados para porcos, bem mais acima situam-se os dos carneiros. Também houve e há „Almen“ para bois e cavalos. Como vacas, carneiros e cabras não comem plantas com espinhos ou venenosas, muitas dessas plantas, como a arnica, puderam sobreviver e se difundir, modificando a flora original.


O difícil tratamento das áreas através de retirada de pedras e arbustos no passado contribuiu a um uso moderado do solo. A intensificação do seu uso através da mecanização coloca hoje problemas ambientais.


Entretanto, o abandono total do uso das áreas não parece ser a solução, pois levaria à formação de áreas instáveis até que o reflorestamento se processe, com erosões e lavinas. Um uso controlado e responsável dos „Almen“ é visto assim como caminho mais adequado nas relações entre Natureza e Cultura, uma vez também que são fundamentos de práticas tradicionais, e representam locais de descanso e fruição natural dos habitantes e de turistas.


Se muitas áreas do parque Karwendel - as de mais fácil alcance .- são usadas para uso florestal, as reservas naturais permanecem intocáveis. Até hoje instituiram-se 9 reservas de mata natural com ca. de 474 ha, tendo-se a intenção de ampliar essa área para 700 ha.


As florestas apresentam diversidade de espécies, com considerável patrimônio de árvores seculares. Na atualidade, ca. de 50% das montanhas Karwendel é coberto de florestas, sendo a sua maior parte de propriedade do serviço florestal da Áustria.


No passado, o uso da madeira  para construções e e lenha para fornos na preparação do sal do subsolo levaram a delapidações das florestas tirolesas, em particular no sul do Karwendel. Apenas os vales mais isolados escaparam de cortes em grande escala. Hoje, mais de 60% do cobrimento vegetal encontra-se sob proteção. Uma vez também que a floresta protege contra lavinas, desbarrancamentos e erosões de toda a espécie, plantam-se florestas de estrutura graduada, que possibilitam rejuvenescimentos.


A proteção ambiental dos Alpes serve hoje à pesquisa, assim como à promoção de seu uso para aqueles que procuraram a proximidade com a natureza para recuperação de energias, para meditação e lazer. Esses visitantes são recebidos em centro de instalações modelares de avançada arquitetura, onde podem obter informações, publicações e visitar exposição sobre botânica e zoologia, assim como sobre a história das relações entre a natureza e a cultura nas regiões alpinas. Nesse centro realizam-se encontros e conferências.


Sob o ponto de vista dos estudos euro-brasileiros, o desenvolvimento histórico das relações entre Natureza e Cultura assume particular relevância devido à transplantação de práticas e métodos de trabalho a regiões colonizadas por tiroleses no Brasil, por exemplo no Espírito Santo (Veja).


Além do mais, tradições, costumes, música e dança dos „Almen“ tiroleses mantiveram-se ou foram adaptadas às novas circunstâncias no Brasil.


A visita recente ao centro do Parque Karwendel abre novas perspectivas para os estudos euro-brasileiros de relações Cultura/Natureza. Ali toma-se conhecimento que grandes áreas das montanhas Karwendel - 52.600 ha. - eram de propriedade de Ernst II de Sachsen-Coburg e Gotha (1818-1893), um dos principais vultos da Liga Alemã no século XIX, de relevância para os estudos euro-brasileiros devido aos elos entre Coburg, Portugal e Brasil. (Veja notícias anteriores). Ali é lembrada a atuação de varios membros da família até o último duque reinante, Carl Eduard (1884-1954).




01.10.2015

Meiningen/São Paulo. Arquivo de Max Reger (1873-1916) - a música de Reger na Sociedade Germania de São Paulo no ano da inauguração do „órgão Reger“ em Meiningen. Muito celebradas na sua época, a obra e a personalidade do organista, regente e compositor  alemão Max Reger despertam hoje crescente interesse também em grupos de câmara como o Quarteto Reger, que conta com a participação musical da violinista teuto-brasileira Yasmin Heider.


Há um Instituto Max Reger em Karsruhe, Jornadas de Max Reger em Weiden, cidade de sua juventude, e uma Escola de Música que traz o seu nome em Meiningen. O estudo e a difusão de sua obra são fomentados sobretudo pela Fundação Elsa Reger, criada por sua viúva (Elsa von Bercken), fundadora do instituto em Karsruhe e do arquivo de Meiningen, este instalado já em 1920.


Entretanto, a linguagem musical de muitas de suas obras, em geral de grande dificuldade técnica, continua a ser sentida como por demais elaborada, erudita e mesmo prolixa para vir de encontro a preferências de intérpretes e ouvintes brasileiros. A complexa polifonia cromática que caracteriza muitas de suas obras parece contrariar tendências ao predomínio da melodia e da clareza e simplicidade no tratamento harmônico de música em geral conotada como brasileira. Esses diferentes acentos e configurações nas interações entre harmonia e contraponto não podem ser vistas apenas como distinções técnicas, mas como sinais de diferenças mais amplas ou profundas.


Em visita promovida pela A.B.E. no museu estabelecido no palácio Elisabethenburg em Meiningen, foram tematizadas as dificuldades de recepção de determinados compositores alemães das primeiras décadas do século XX no mundo latino, procurando-se  explicações através dos contextos culturais das correntes de pensamento e estéticas em que se inseriram. Entre esses compositores de difícil recepção e praticamente desconhecidos no Brasil, encontram-se nomes de professores de Reger, como Hugo Riemann, e de seus alunos, como Joseph Haas, Hermann Grabner, Hermann Keller e Othmar Schoeck.


Levantada foi a questão de contatos entre brasileiros que realizaram estudos na Alemanha no início do século XX com Max Reger e seu círculo, uma vez que o compositor foi, a partir de 1907, professor do Conservatório de Leipzig, com intensa presença na vida musical alemã.


A importância de Meiningen para os estudos relacionados com Max Reger resulta do fato de ter sido mestre-de-capela da Capela Real dessa cidade-residência a partir de 1911. Na principal igreja local - um monumento da arquitetura sacra - encontra-se o órgão que traz o seu nome, de 1932, e no qual se executam as suas obras. Esse órgão, construido em 1889, foi restaurado pela firma Walcker, de Ludwisburg, uma empresa que produziu órgãos para o Brasil e que, em tempos mais recente, muito apoiou trabalhos euro-brasileiros. (Veja)


Nessa igreja, considerou-se que um dos fatores que explicam as dificuldades de recepção de Reger no Brasil reside na situação diversa da prática organística no Brasil à sua época. Com a sua tradição de música com acompanhamento orquestral nas igrejas, a aquisição de órgãos e o cultivo da música organística no Brasil desenvolveram-se mais intensamente apenas no contexto da restauração religiosa de fins do século XIX e início do XX.


Um outro fator reside no complexo relacionamento entre o Catolicismo e o Protestantismo que se manifesta em diferentes graus na obra do organista e compositor. Ainda que profundamente católico - embora excomungado pelo fato da sua esposa ser protestante - Reger foi um dos grandes representantes do culto a J. S. Bach e da prática dos Corais nas igrejas reformadas. A proximidade a Reger no Brasil deu-se significativamente em círculos de imigrantes alemães e austríacos que, a partir de fins da década de 20, passaram a promover a música de Bach e, nas igrejas evangélicas, a cultivar variações e fantasias sobre antigos corais e formas da música antiga em geral. O culto a Bach também na esfera católica - e que constitui um aspecto significativo na história das relações confessionais - torna-se particularmente compreensível em região de tal significado para a história da Reformação como a Saxônia e Turíngia, onde, porém, também atuaram personalidades católicas.


É significativo, assim, que no ano em que se inaugurou o órgão da igreja de Meiningen por Erhard Mauersberger (1903-1982), organista e regente estreitamente ligado ao Thomaschor de Leipzig e à igreja evangélico-luterana da Turíngia, tenha-se executado, em São Paulo, as Variações e fuga sobre um thema de Beethoven de Max Reger. A apresentação da obra deu-se em Sarau de dois pianos de Else Rösler e Tatiana Braunwieser no dia 17 de Junho de 1932 no Salão nobre da Sociedade Germania, então localizado na Rua D. José de Barros, 9. A obra de Reger encerrou um programa de altas ambições técnicas e artísticas constituido pela Fantasia para um rolo de órgão de W. A. Mozart-Busoni, do Duettino concertante segundo Mozart de F. Busoni e das Melodias Gregas N° 1 de M. Braunwieser. Para o recital, a pianofatura Nardelli colocou à disposição pianos Brasil. O concerto foi oferecido a ouvintes especialmente convidados através do envio do respectivo programa.


Essa obra - op. 86 - apresentada na colonia alemã por artistas que se empenhavam na divulgação da música de antigos mestres no Brasil era um exemplo do trabalho criativo de Reger sobre temas de compositores do passado e que se manifestou em vários ciclos de variações sobre temas de Bach, Mozart, Telemann e Hiller . No caso, o compositor escolheu um tema da última das Bagatelas op. 119. A obra foi criada em 1904, tendo sido concebida inicialmente para piano a quatro mãos. Tanto a composição original de Bethoven, como as variações de Reger possuiram sentido educativo, e também neste sentido foram ambas utilizadas por T. Braunwieser no ensino de sua aluna E. Rösler.


Os ouvintes da Sociedade Germania puderam assim não apenas constatar o alto nível da formação musical das pianistas que encerravam o seu programa com impressionante Fuga, como também testemunhar um empenho de círculos de liderança da vida musical alemã de São Paulo em cultivar e divulgar obras do passado mais remoto na criação musical do século XX, relacionando-o com uma procura de fundamentos culturais, inerentes a tradições populares, como manifestado nas Melodias Gregas de M. Braunwieser.


O concerto de 1932 documenta, assim, na sua programação, concepções músico-culturais e mesmo filosófico-culturais coerentes, cujas implicações ideológicas necessitam ser consideradas em contextos mais amplos, euro-brasileiros.





30.09.2015

Veneza. 90 anos: obra de H. Villa-Lobos (1887-1959) no Terzo Festival Internazionale di Musica Moderna da Camara em 1925 nas suas implicações político-culturais com o Fascismo. Lembrando Éva Gauthier (1885-1958). Como considerado em encontros da A.B.E., cumpre lembrar, no fim do corrente mês de setembro, um festival ocorrido no Gran Teatro La Fenice, em Veneza, de 3 a 8 de Setembro de 1925 e que representou não só importante momento na história da música do XX, como também das relações Itália-Brasil nas suas inserções em contextos político-culturais internacionais.


A publicação de textos referentes ao significado da ópera italiana e sobretudo de empresários italianos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro nas suas relações com movimentos sociais e políticos na Itália,em particular do sindicalismo no número 156 da Revista Brasil-Europa (Veja), motivou intensas participações e levou a diferentes posicionamentos na correspondência e em diálogos.


Entre os vários aspectos considerados, tratou-se de relações de italianos no Brasil com o socialismo na Itália no campo de tensões com o nacionalismo anti-socialista e dos desenvolvimentos que levaram ao fascismo de Benito Mussolini (1883-1945).


Trouxe-se à tona a necessidade de análises mais aprofundadas de elos entre a música brasileira dos anos 20 e 30 e o fascismo italiano, ao papel de fascistas italianos na vida musical e no ensino no Brasil e mesmo o de brasileiros na Itália de Mussolini.


O Terceiro Festival Internacional de Música Moderna de Câmara realizado da Sociedade Internacional de Música Contemporânea adquire neste contexto particular significado.


Organizado pela Corporazione Delle Nuove Musiche, sob o patrocínio de Benito Mussolini como Presidente do Conselho de Ministros, foi um dos primeiros grandes eventos internacionais daquele que, no mesmo ano, passara a ser Duce del Fascismo e Capo del Governo.


Como o nome Corporazione Delle Nuove Musiche sugere, vinha de encontro a concepções corporativistas que se opunham àquelas sindicalistas socialistas. A entidade tinha sido fundada em 1923 por Alfredo Casella (1883-1947) ao se separar da Società Italiana di Musica Moderna, de 1917.


O comitê patrocinador do festival foi presidido por Pietro Fedele, ministro da instrução pública da Itália. Era composto, entre outros, pelos ministros dos trabalhos públicos (G. Giurati), das finanças (G. Volpi), do conde E. S. Martino e Valperga, presidente a Academia de Santa Cecilia, Roma, do Admiral Mortola, dos prefeitos da Província e Veneza, do Comissário da cidade de Veneza, do diretor da Idea Nazional (R. F. Davanzati), do Augusteo de Roma (B. Molinari), do presidente do Liceo Musicale Benedetto Marcello (A. Casellati) e do seu diretor (M. Agostini), do diretor da Gazzetta di Venezia (G. Damerini), do presidente da Società Concerti Benedetto Marcello de Veneza (U. Levi), do secretário da Società del Quartetto de Veneza (A. Campione), do diretor geral da E.N.I.T. (Oro).


O festival de Veneza foi, assim, um dos marcos afirmadoras da importância política da recente Corporazione Delle Nuove Musiche de A. Casella, protegida por Mussolini, alcançando que o terceiro festival da Sociedade Internacional de Música Contemporânea fosse realizado em Veneza.


Esse fato traz implicações para o estudo do desenvolvimento da música contemporânea nas suas inserções políticas em geral e, possivelmente de mudanças de orientação do movimento inicial de promoção da música nova. A sociedade era dirigida pelo musicólogo Edward Dent (1876-1957), o seu primeiro presidente. Edward Dent atuava como presidente dos delegados nacionais, sendo o comitê internacional formado por André Caplet, Alfredo Casella, Zoltan Kodàly e Egon Wellesz.


Dava-se, em Veneza, continuidade à série de festivais internacionais estreitamente ligada com a vida musical de Salzburg, cidade na qual se realizaram os primeiros festivais de música de câmara (1923 e 1924) um de música orquestral em Praga (1923). O complexo contexto no qual estes se efetivaram exige a consideração diferenciada de desenvolvimentos do mundo centro-europeu após a Guerra que não se realizaram em quadro tão explicitamente marcado por um movimento político como o de 1925 sob o signo de Mussolini.


Em agosto de 1922, jovens compositores de Viena, liderados por Rudolf Reti (1885-1957), organizaram um festival de música moderna em Salzburg, convidando para o mesmo colegas de vários centros musicais, possibilitando um encontro de músicos de países que haviam sido inimigos durante a Guerra. A partir desse festival, decidiram formar uma sociedade internacional de promoção de festivais e, ao mesmo tempo, de fomento do interesse pela música contemporânea.


A sociedade foi constituida em Londres em janeiro de 1923, tendo seções em todos os países da Europa, nos Estados unidos e no Brasil. Essas seções eram independentes e autônomas.


É questão de estudos mais diferenciados verificar até que ponto os compositores corresponderam na sua convicção à política fascista ou foram por ela instrumentalizados. Foi durante o festival de música orquestral em Praga, em 1923, que a Sociedade foi convidada a realizar o festival de música de câmara em Veneza, sob os auspícios da Corporazione delle nuove Musiche, que era, ao mesmo tempo, a sua seção italiana.


Na programação do Festival de Veneza estiveram representados os seguintes compositores: Erwin Schulhoff, Gabriel Fauré, Hans Eisler, Henry Eicheim, Wilhelm Grosz, Heitor Villa-Lobos, Paul Hindemith, Gaspar Cassadò, Samuel Feinberg, Zoltan Szekely, Max Butting, Ladislav Vycpálek, Leos Janácek, Erich W. Korngold, Jacques Ibert, Arthur Honegger, Albert Roussel, Maurice Ravel, Vittorio Rieti, Mario Labroca, Arthur Schnabel, R. Vaugham Williams, Arnold Schönberg, Karol Szymanowsky, G. Francesco Malipiero, Carl Ruggles, Igor Strawinski e Louis Gruenberg.


O nome de Heitor Villa-Lobos, erroneamente nobilitado no programa como Heitor de Villa-Lobos já no primeiro concerto do festival, no dia 3 de Setembro, às 21 horas, merece particular atenção.


Apresentados foram os Quattro epigrammi ironici e sentimentali e a Historieta. Essas composições para canto e piano foram precedidas pelo Jazzband para violino e piano de Wilhelm Grosz e seguidas pelo Concerto para piano e orquestra de câmara de Paul Hindemith.


As obras foram interpretadas pela cantora Eva Gauthier (1885-1958), artista canadense estabelecida em Nova Iorque, sendo acompanhadas pelo próprio Alfredo Casella.


Os textos de Ronald de Carvalho e de Manuel Bandeira foram publicados em português e em tradução francesa de Ph. Lebesgue no programa do concerto.


Éva Gauthier era uma das mais celebradas artistas em meios da música contemporânea internacional. Em 1923 realizara um recital de música antiga e moderna para voz em New York, um intento que correspondeu a similares programas já efetuados no âmbito do Mozarteum de Salzburg. A sua atuação na divulgação da obra de Villa-Lobos foi considerada em diferentes ciclos de estudos realizados pela A.B.E. no Canadá (Veja).


A personalidade que merece ainda maior atenção relativamente à presença de Villa-Lobos no Festival de Veneza sob a égide fascista é a de Alfredo Casella, que nele atuou como pianista.


As relações entre a música antiga, o neoclassicismo e o folclorismo no intento de criação musical moderna tipicamente nacional podem ser analisadas na sua oposição relativamente à tradição operística remontante ao século XIX e mantida por estruturas da vida teatral marcada por sindicalismo socialista.


A procura de fundamentos mais profundos nos seus diferentes aspectos - tanto de formas e técnicas de composição do passado „clássico“ e das tradições populares - correspondeu àquele do entusiasmo nacionalista na música do Brasil e que se mantém singularmente ainda vivo ou que procura ser revivido.


Nos intentos dos estudos euro-brasileiros de conscientização de processualidades e de análise de processos históricos, a a-historicidade desses anelos, manifestada no uso de elementos e constantes do folclore desintegradas do seu contexto e de formas „clássicas“, exige porém reconsiderações.


Vale lembrar também, que no Festival de Veneza participou, entre outros músicos que atuaram no Brasil, Edoardo Guarnieri (1898-1968), membro do Il Quartetto Veneziano, o que traz à consciência a necessidade de considerações diferenciadas de desenvolvimentos, uma vez que a sua emigração sugere a problemática de músicos de orientação política antes vaga, ambivalente ou de esquerda.


Por outro lado, obras e orientações de compositores brasileiros descendentes de imigrantes italianos, mesmo não representados no Festival de Veneza de 1925, e que se salientaram pelo seu nacionalismo defendido de forma militante e mesmo agressiva exigem ser consideradas nas suas inserções em processos político-culturais globais. Relativam-se assim concepções estético-musicais consideradas de absoluta - a-histórica - validade de suas obras e de seus discípulos.




29.09.2015

Bulgária-Portugal-Brasil. Relações na História Político-Cultural e da Ecologia refletidas em Coburg: Czar Ferdinando I (1861-1948). Entre os jazigos de personalidades de significado para os estudos históricos euro-brasileiros que se encontram na cripta da igreja de Sto. Agostinho em Coburg, e dos quais salienta-se o da brasileira princesa Leopoldina (1847-1871), o do príncipe Ludwig August (1845-1907) com seus quatros filhos, deve-se considerar também aquele de Ferdinando I.  Czar da Bulgária até o fim da Primeira Guerra, Ferdinando I. foi um soberano que esteve no Brasil e se ocupou com a proteção da sua fauna e da flora.


O ciclo de estudos em Coburg promovido  pela A.B.E. em setembro serviu também para trazer de novo à consciência o significado da rêde de relações familiares dos Sachsen-Coburg e Gotha, em particular do ramo católico dos Sachsen-Coburg-Koháry para os estudos histórico-culturais em contextos internacionais e, em particular de diplomacia cultural.


Dando continuidade aos trabalhos realizados em 2014 em cidades da Bulgária e nos foram considerados instituições de significado científico-natural, em particular botânico (Veja notícias anteriores), releu-se o diário da viagem à América do Sul do Czar Ferdinando, realizada de dezembro de 1927 a abril de 1928 e que foi há décadas ponto de partida para a consideração da Bulgária nos estudos euro-brasileiros. (Veja)


Essa obra, na qual o Czar Ferdinando dedica, com referência à sua estadia no Brasil, capítulos ao Rio, Teresópolis, Copacabana e Bahia, é dedicada à Proteção à Natureza, o que a torna um marco nas história das preocupações ambientais e na defesa da vida animal no Brasil, adquirindo particular relevância atual. (Ernst Roselius, Der König reist, Munique/Berlim: Drei Masken Verlag, 1929).


Nessa obra tem-se registros das recepções do Czar búlgaro no Brasil e de seus contatos com personalidades das ciências, da cultura, da Igreja e da política, explicáveis em parte por elos já existentes e decorrentes de laços familiares. O pai do Czar Ferdinando, August de Sachsen Coburg e Gotha (1818-1881), o construtor da igreja de Sto. Agostinho, era irmão do rei Ferdinando II de Portugal (1816-1885) (Veja notícia anterior).


Essas relações parecem poder explicar o interesse pelos costumes da Bulgária em Portugal, como demonstrado na publicação de um artigo e uma imagem de aldeã búlgara na revista Occidente, em 1892 (Occidente, Revista Illustrada de Portugal e do Extrangeiro, 15 Anno/XV Volume, N° 493,  1 de Setembro de 1892,195ss.).


„Êle tinha, na Bulgária, florestado grandes áreas e as vivificado com o mundo animal adequado, e assim criado talvez a maior riqueza de formas botânico-zoológicas possível de ser alcançada. Na América do Sul, viu o oposto, a depredação do mundo animal e vegetal. Ainda que a natureza continue a ser aqui tão rica, que as perdas que nela se fazem quase não sejam percebidas, cortam-se e queimam-se florestas, sem que se cuide de replantá-las; animais são extintos, cujo extermínio apenas se percebe quando os museus encontram dificuldades para adquirir um exemplar da espécie. Um dia, porém, vai se sentir essa perda de modo doloroso; para que para isso não seja tarde demais, o rei se empenha com toda a sua personalidade“. (op.cit. 204)





28.09.2015

Londres/Meiningen/Coburg. „Very british“. Cultura, Natureza e Música em relações anglo-saxônicas,  Esclarecimento e vitorianismo no Brasil. Reflexões em parques ingleses de Meiningen e Coburg. Nos estudos euro-brasileiros desenvolvidos recentemente em Meiningen na Turíngia e em Coburg na Baviera francônica (Veja notícias precedentes), constatou-se com frequência a expressão „very british“ na representação cultural e turística dessas cidades alemãs.


Essa expressão ajuda a compreender aspectos da história e do presente dessas regiões de intensa vida artística e que se manifesta no teatro e na música, assim como também da vida social e do quotidiano em cidades continuamente confrontadas com títulos, nomes e formas de tratamento do passado ducal dos Sachsen-Coburg-Gotha e Sachsen-Meiningen.


A presença britânica manifesta-se da forma mais evidente no paisagismo inglês dos parques e jardins das duas cidades. Diferenciando-se da jardinagem francesa com a sua clareza e racionalidade de ordenações geométricas, esses parques se fundem com a natureza envolvente, trazendo-a para a cidade, não a obrigando a  ditames abstratos, mas tratando-a em atitude de receptiva e contemplativa sensibilidade.


O parque inglês de Meiningen envolve a urbe e a transpassa, sendo através dele que os viajantes, vindos de trem, entram na cidade que emerge e imerge no verde. Essa experiência faz o observador brasileiro lembrar do antigo tratamento da várzea do Carmo em São Paulo, posteriormente Parque D. Pedro II, lamentavelmente sacrificado por medidas „racionais“ de solução de problemas de tráfego, insensíveis à critérios e valores estéticos e de qualidade de vida.


Esse peso dado à sensibilidade nos jardins ingleses explicam o seu romantismo, no qual elementos arquitetônicos e mesmo edifícios da época do Historismo se inserem.


Esse jardim inglês de Meiningen foi instalado pelo duque Georg I de Sachsen-Meiningen (1761-1803), em 1782, um soberano da época do Iluminismo, sendo ampliado e reconfigurado na primeira metade do século XIX.


Lembrando muitos os jardins ingleses de Kent e Sussex visitados em 2014 (Veja notícias precedentes), nele se encontram ruínas artificiais, pontes e lagos, abrindo àquele que os frui constantemente novas perspectivas. Ao redor as águas se elevam edifícios representativos, e, em particular o Teatro de Meiningen, principal instituição cultural da cidade.


Acentuando o seu romantismo, nele se encontra uma capela neo-gótica com os mausoléus da família de Sachsen-Meiningen. Uma particular menção é a intensidade com que a música, a literatura e as artes se encontram presentes nessa obra paisagística. Ali se encontram monumentos aos grandes músicos que atuaram na cidade, entre êles de Johnnes Brahms (1833-1897), Hans von Bülow (1830-1894) e Max Reger (1873-1916), assim como dos escritores e poetas Jean Paul (1763-1825) e de Ludwig Bechstein (1801-1860), renomado pelas suas lendas. Esses vultos da música e das artes trazem à memória sobretudo a época do duque Georg II (1826-1914), grande cultivador e incentivador do teatro e da música. (Veja notícia anterior)


Os elos com a Grã-Bretanha são ainda mais evidentes em Coburg. Palácio, teatro e jardins marcam grande área do centro da cidade em unidade paisagística, sendo o palácio Ehrenburg uma das mais significativas construções do neo-gótico na Alemanha, assim reconfigurado sob o duque Ernst I (1784-1844) por um dos maiores arquitetos alemães, Karl Friedrich Schinkel (1781-1841. A principal razão dos estreitos elos com a Grã-Bretanha residiu no casamento do Príncipe Albert de Sachsen-Coburg e Gotha  (1819-1861) com Victoria (1819-1901), em 1840, a rainha que marcou o período áureo do Império Britânico.


O príncipe-consorte, cuja memória é perpetuada em grande monumento na praça principal da cidade, levou a que a rainha britânica visitasse várias vezes a cidade. Albert era irmão mais velho de Ernst II  (1818-1893) e, como este, dedicado aos estudos, à cultura e às artes - qualidades que o diferenciavam da rainha Vitória. Como presidente da Sociedade para a Extinção da Escravidão, destacou-se na campanha global britânica de combate ao tráfico.


A tradição do Esclarecimento, do liberalismo então progressista, da monarquia constitucional e democrática, do desejo de conhecimentos e do fomento do progresso da cultura, da literatura, da música e das artes da Alemanha uniu-se em ambos os contextos com o culto à sobriedade, austeridade e modéstia que caracterizou a época vitoriana em contraste com o espírito de tempo precedente na Grã-Bretanha.


Sabendo-se dos vínculos familiares de Coburg e Gotha com o Brasil, em particular devido ao casamento da princesa brasileira Dona Leopoldina (1847-1871) com o príncipe Ludwig August de Sachsen-Coburg e Gotha (1845-1907) (Veja notícia anterior), assim como dos elos de Dom Pedro II (1825-1891) com Ernst II e a vida cultural e artística de Coburg (Veja), compreende-se a concomitância da erudição e do desejo de fomento das ciências, da cultura e das artes do imperador brasileiro com a sua sobriedade, modéstia e simplicidade, liberalidade e aversão à escravidão.


Reconhece-se, mais uma vez, que Dom Pedro II foi figura modelar na história do Brasil, com estatura comparável àquelas das mais exemplares personalidades da vida política européia do século XIX, um fato que merece ser recordado em 2015 pela passagem dos 190 anos do seu nascimento no próximo 2 de Dezembro.




27.09.2015

Coburg-Lisboa. Relações entre Coburg, Brasil e Portugal na História das Artes: o pintor Gustav Müller (1828-1901) e o „rei artista“ Ferdinand II (1816-1885). Os elos entre a cidade-residência do Ducado de Sachsen-Coburg-Gotha e o Brasil, sobretudo sob o aspecto musical e político-cultural (Veja notícia anterior) cujos estudos , embora já iniciados em 1976 (Veja) ainda se encontram insuficientemente desenvolvidos, não podem deixar de considerar o contexto mais amplo, internacional possibilitado por laços familiares e políticos.


Entre estes, no recente ciclo de estudos promovido pela A.B.E. no sul da Turíngia e na Francônia/Baviera, deu-se particular atenção aos vínculos da vida cultural e artística da cidade com Portugal. Ponto de partida das considerações foi o portrait dos artistas gêmeos Johann Eduard Müller (1828-1895 ) e Gustav Adolf Müller, de 1861, este último lembrado como pintor da Côrte portuguesa e portador da comenda da Ordem de Cristo. Ambos os artistas, nomeados cidadãos honorários de Coburg já em 1880, são vultos de importância na história cultural do antigo Ducado.


Após ter estudado nas academias de Munique e Antuérpia, Gustav Müller aperfeiçoou-se em Paris com Charles Gleyre (1806-1874), um pintor e viajante que adquire particular significado nos estudos de História da Arte de orientação cultural do Romantismo pelo seu interesse pela vida popular, pela antiga mitologia e pelo Oriente, salientando-se na pintura de portraits e de gênero. Tendo vivido e atuado em Viena - foi membro da sociedade artística Eintracht, Gustav Müller passou a ser protegido pelo duque de Sachsen-Coburg-Gotha. Na sua região natal, desenvolveu intensa atividade como pintor de portraits.


De suas obras da década de 50, salientam-se o retrato de duas crianças com um cão (1854) e três obras apresentadas na Exposição de Arte de Munique em 1858: um portrait do rei Ferdinand de Portugal e outro do próprio Duque August, além de um menino da Sabóia. Essas obras pertenciam ao duque August von Sachsen-Coburg-Gotha (1818-1881), pai do príncipe August (1845-1907), que se casou com a princesa Dona Leopoldina (1847-1871), filha de Dom Pedro II (1825-1891), imperador do Brasil.


O convite a Portugal, em 1857, e a sua nomeação a pintor da Côrte, à primeira vista surpreendente, é explicável pelo interesse pelas artes e pela música do rei Ferdinand II. Este, nascido em Viena, filho de Ferdinand de Sachsen-Coburg-Saalfeld (1785-1851) e sua esposa húngara da família Koháry,  pertencia ao ramo católico da familia.


Casando-se com a rainha Dona Maria II, da Glória (1819-1853) - filha mais velha de Dom Pedro I (1798-1834) -, tornou-se Duque de Bragança, dando origem à dinastia de Saxe-Coburg-Bragança. Com a morte da rainha Dona Maria II, Ferdinand foi regente de Portugal até a maioridade de seu filho Dom Pedro de Alcantara/Pedro V (1837-1861).


Os estreitos vinculos de Ferdinand II com o duque Ernst II (1818-1893) (Veja notícia anterior) manifestaram-se quando do seu segundo casamento com a cantora Elise Friederike Hensler (1835-1929), apoiado que foi com a nobilitação da artista a „condessa de Edla“. Na reconstrução do Palácio Real da Pena, por êle fomentada, atuou um artista, cientista, militar e viajante que exemplifica os elos entre os estados centrais alemães, o Brasil e Portugal: Wilhelm Ludwig von Eschwege (1777-1855).


Foi em meados da década de 50 que Gustav Müller atingiu renome em Londres, passando a seguir a atuar em Roma, onde foi membro da Academia de San Luca. Aqui, a sua formação que relacionava a visão romântica do mundo antigo e as tradições levaram-no a criar obras inspiradas na vida popular romana. Juntamente com o seu irmão, que alcançou ainda maior renome como escultor, ali encontra-se sepultado.


Apesar de ter atuado internacionalmente, os elos do pintor da Côrte portuguesa com a sua região natal permaneceram de tal modo estreitos que Gustav Adolf Müller chegou a ser conhecido como Gustav Adolf Müller-Koburg.




26.09.2015

Coburg/Baviera. Andreas Späth (1790-1876: o compositor das exéquias da Princesa Dona Leopoldina (1847-1871). A visita de estudos promovida pela A.B.E. a Coburg, cidade de estreitos vínculos históricos com o Brasil por ter sido residência dos Duques de Saxe-Coburgo-Gotha (Veja notícia), teve como um dos objetivos aprofundar conhecimentos sobre o compositor das exéquias para a Princesa Dona Leopoldina, filha de Dom Pedro II.


Em 1873, o Imperador brasileiro deu ordem ao Enviado Extraordinário e Ministro Plenipotenciário do Brasil na França, visconde de Itajubá, (Conselheiro Marcos Antônio de Araújo), para que enviasse ao Ministro em Berlim, barão de Jauru (Conselheiro César Sauvanb Viana de Lima), a quantia de 700 francos que deveria ser entregue a Andreas Späth, diretor dos concertos do duque reinante de Saxe-Coburgo-Gotha como gratificação pela composição musical oferecida para as exéquias da Princesa D. Leopoldina. (Arquivo Nacional, Dom Pedro II e a cultura, Rio de Janeiro 1977, 6/6 p. 78 v., 63). Paralelamente, enviou ao barão de Jauru, em Berlim, ordem para que passasse 600 a 700 francos, o que julgasse razoável, como retribuição pela música oferecida por ocasião do oficío fúnebre da Princesa Dona Leopoldina (op.cit. 6/5 p.79, 63-64). Naquele mesmo ano, Dom Pedro II recebera catálogo de livros enviado pelo livreiro J. G. Riemann, de Coburgo, afirmando que o mesmo seria amplamente utilizado (op.cit. 25/4 p. 76v, 63).


Notícias sobre Andreas Späth, hoje compositor esquecido, podem ser obtidas, entre outras fontes, na Encyclopädie der gesammten musikalischen Wissenschaften: oder Universal-Lexicon der Tonkunst, red. Gustav Schilling, vol. 6, Stuttgart: F. H. Köhler 1838, 439). NAscido em Rosach bi Coburg, obteve a sua primeira formação musical com o professor de música da escola local, Walter. Já na infância mostrou tendências à composição, escrevendo cantatas, motetos fúnebres, cantos e danças. No início de 1810, entrou para a Capela da Corte de Coburg, aprendendo Baixo Contínuo no Seminário de formação de professores secundários com um músico de câmara de nome Gumlich.


Durante os combates de 1814 e 1815, dedicou-se à música militar. No inverno de 1816, foi levado pelo duque a Viena para que pudesse aprofundar-se no estudo da composição. Desde então, criou composições instrumentais que foram impressas pelo editor André em Offenbach, Schott na Mogúncia, Paccini em Paris e Knop na Basiléia. Dessa época, salientam-se as suas Variations pour clarinette, accompagnée de 2 violons, alto, violoncello et contrasse ad. lib, oeuvre 69.


No outono de 1822 - ou seja, no ano da Independência do Brasil -, foi chamado a Morges, na Suíça, para ocupar um cargo de organista. Nessa atividade, então nova para A. Späth, iniciou a sua carreira na música sacra. Criou uma sociedade musical que logo alcançou renome. Como o ambiente na pequena cidade provincial era restrito, passou em 1833 a Neuchatel, onde atuou até 1838 como diretor musical, professor de canto do colégio local e organista da cidade. Entre as suas obras que mais alcançaram sucesso, citam-se Die Heuernte  - Scène pastorale suise- e Serenade para banda completa. Das suas óperas, salientaram-se Ida von Rosenau, de 1821, Elisa, de 1833, e Der Astrolog, de 1837, todas elas encenadas em Coburg.


Com essas obras, André Späth tornou-se conhecido sobretudo na vida musical lírica da cidade residência dos duques de Saxe-Coburgo-Gotha, a sua região natal, onde passou a atuar.


Assim como a sua música para banda, as suas óperas foram elogiadas pelas suas melodias e pela qualidade da instrumentação. Segundo a Encyclopädie, em 1838 o compositor era um dos mais produtivos e afamados da sua época. Nesse ano, já tinha criado ca. de 110 obras, na sua maioria para piano, todas em estilo de fácil assimilação, entre elas uma sinfonia concertante para dois clarinetes com acompanhamento de orquestra. Várias de suas peças para piano eram especialmente adequadas para o ensino. Ainda que nada se conhecesse que demonstrasse um talento artístico especial, a sua escrita era considerada correta e o seu estilo agradável, demonstrando sólida formação. O compositor inseria-se pelo que tudo indica na tradição de W. A. Mozart, o que indica o fato de ter escrito fantasias e variações sobre obras mozartianas, como a Fantasie sur un air e Mozart por piano et clarinete (Mayence: Schott, 1828). Também compunha fantasias sobre temas de óperas, como a Troisième potpourri sur des motifs de Boieldieu. (Mayence: Schott, 1828).


Em Coburg, Späth foi mestre-de-concertos da Capela da Côrte e professor no seminário de formação de professores até a sua morte, em Gotha, poucos anos após o falecimento da Princesa Dona Leopoldina.


No âmbito da música sacra, menciona-se o seu Oratorium dramático em três partes Petrus (Nürnberg, 1851).


Algumas das obras de Späth estão sendo descobertas na atualidade. Em 1984, H. Rekeszus reeditou os 3 Nocturnes für Klarinete und Klavier, op. 175 (Mainz: Schott). Em 2004, publicou-se a Introduction and variations on a theme of Mozart, ed. para clarineta e piano (Wiesbaden: Breitkopf und Härtel), e o Alpenlied op. 167 n°7 para voz, clarinete e piano (Londres).. Em 2013, republicou-se, na Suiça, os seus Drei Nocturnes für Klarinette und Klavier, op. 175 (Winterthur, 2013).


As exéquias de Späth para a Princesa Leopoldina podem ser situadas assim em corrente sacro-musical com acompanhamento orquestral do Sul da Alemanha e Áustria em tradição clássica pós-mozartiana da época da Restauração, mantida viva por um compositor já em idade avançada




25.09.2015

Meiningen/Turíngia. „Saudades do Brasil“ pela Capela da Corte de Meiningen, uma das mais antigas orquestras da Europa. A cidade de Meiningen, no sul da Turíngia, visitada recentemente no âmbito dos trabalhos da A.B.E., é um dos mais tradicionais centros do teatro e da música na Alemanha, de extraordinário significado para a História da Música e do Teatro, fato que não se encontra suficientemente vivo na consciência daqueles que se dedicam a estudos culturais. Por ter pertencido à zona limítrofe entre as duas Alemanhas até décadas recentes, caiu em parte no esquecimento na parte ocidental do país.


A cidade, de importância econômica devido a suas indústrias de máquinas e na área da tecnologia avançada, possui um patrimônio arquitetônico de alto valor cultural-artístico. Para além de suas casas mais antigas de estrutura de madeira, possui um conjunto de grandes residências representativas do Classicismo e do Historismo romântico do século XIX.


O significado cultural-artístico dessa cidade relativamente pequena deriva do fato de ter sido cidade-residência do Ducado da Saxônia-Meiningen. Dessa época fala o principal monumento arquitetônico da cidade, o grande castelo Elizabethenburg. Um de seus soberanos, o Duque Georg II, foi um grande promotor do teatro e da música, reorganizou o primeiro, fundado em 1831 e levou a Capela da Côrte a uma fase de grande apogeu.


A reorganização do teatro e a sua repercussão internacional através de viagens a vários países europeus são consideradas em museu, onde pode-se tomar conhecimento em particular a técnica de cenografia e de representação romântica de panoramas em alta qualidade artística que deram impulsos à arte teatral mesmo nos grandes centros europeus.


O excepcional nível alcançado pela música em Meiningen deve-se à atuação de regentes, músicos e compositores de vulto, entre êles sobretudo
Hans von Bülow  (1830-1894) e Max Reger (1873-1916). A presença de J. Brahms (1833-1897) em Meiningen transformaram-na quase que em paralelo, sob outro signo estético, à Bayreuth como cidade de festivais de R. Wagner (1813-1883). O significado de Brahms na tradição de Meinigen segundo Fritz Steinbach (1855-1916), transmitidos através do seu aluno Walter Blume (1883-1933), e que oferecem novas perspectivas para a execução de suas obras, foi recentemente trazido à consciência através da edição de um escrito de 1933. (Brahms in der Meininger Tradition: Seine Sinfonien und Haydn-Variationen in der Bezeichnung von Fritz Steinbach. Ed. Walter Blume, 2014).


No corrente ano, o Brasil esteve presente na vida de concertos de Meiningen através da execução de „Le boeuf sur le toit“ e „Saudades do Brasil“ de Darius Milhaud (1892-1974) pela Meininger Hofkapelle. As "Saudades" estiveram no centro de atenções de jornais e da publicidade, assim como as referências aos bairros do Rio de Janeiro e à música popular brasileira na sua obra.


A execução deu-se no dia 27 de maio, em matinée para a juventude na sala de câmara do Teatro de Meiningen, apoiado pela sociedade Bronnbacher Klassik, tendo sido regido por Leo McFall. Às 18 horas, foram apresentadas no terceiro concerto Klassik-Extra, para o qual foram convidados „amigos de ritmos brasileiros“, salientando-se que o compositor francês celebrou com verve e energia o espírito do tango brasileiro. Lembrou-se que o título da canção brasileira „O boi sobre o telhado“ eu a Milhaud a idéia de uma fantasia cinematográfica, uma collage de melodias brasileiras que sempre desperta grande prazer como um fogo de artíficio de música brasileira leve e de fácil assimilação. Este concerto foi regido pelo segundo mestre-de-capela, o peruano Arturo Alvarado. Esses concertos procuram oferecer aos ouvintes, de todas as idades, uma aproximação mais fácil ao universo da música clássica. Histórias e contextos contribuem à fruição musical.


A „Saudades do Brasil“ foimúsica-símbolo da Academia fundada em 1919 em Salzburg, sempre introduzida em concertos participaram Martin e Tatiana Braunwieser na Áustria, nos países balcânicos, na Grécia e nos primeiros anos no Brasil, tendo desempenhado, assim, importante papel na tradição da A.B.E.. As dimensões mais amplas do significado da obra de Milhaud, tanto na sua inserção político-cultural dos anos posteriores à Primeira Guerra, como nas suas implicações quanto à visão do mundo, necessitam sempre ser salientadas, relativando a sua celebração apenas como música de fácil fruição.




24.09.2015

Manaus. Pesquisa referente ao amazonense Frederico José de Santa-Anna Nery (1848-1901). Entra em contato com a A.B.E. a pesquisadora Maria Eunice Ribeiro Teixeira, FAPEAM-Mestranda do Programa de Pós-Graduação Sociedade e Cultura na Amazônia-PPGSCA na Universidade Federal do Amazonas - UFAM. Comunica que realiza pesquisas sobre Frederico José de Santa-Anna Nery (Veja), tendo porém dificuldades em localizar as obras „Un Poète du XIX siècle: Gonçalves Dias“ e „Camões et son siècle et Literatura Brazileira“. Não se encontrando essas obras na biblioteca do Centro de Estudos Brasil-Europa, os pesquisadores ficarão atentos na procura de exemplares.




24.09.2015

Alemanha. Reflexões e conferências culturais motivadas pelas vinda de refugiados e migrantes. A última edição da Revista Brasil-Europa demonstra a preocupação que vem se acentuando nos últimos meses nos estudos euro-brasileiros por questões relativas a períodos de rush em processos sociais e culturais. (Veja)  No caso dos considerados paralelos Brasil e Alasca, a atenção foi dirigida sobretudo ao rush de ouro em diferentes fases da história nas duas latitudes ou de procura de riquezas, bem-estar e prosperidade em geral.


Essa consideração do conceito sob o aspecto econômico é unilateral, não correspondendo à complexidade do fenômeno. Como analisado nos dois contextos - do Alasca e do Brasil - a corrida a regiões que prometeram progresso em diferentes sentidos relacionaram-se com migrações internas e imigrações de outros países ou mesmo de outros continentes. Esses movimentos migratórios foram não só desencadeados por razões econômicas ou pela procura de trabalho, mas também por situações ameaçadoras causadas por  calamidades naturais, políticas e guerras.


A análise de motivos é extremamente complexa, não se podendo deixar de considerar fatores culturais, derivados do edifício de concepções e imagens, religiosos, de propaganda, aliciamento e sinergia. Distinções formais entre fugitivos de regiões abaladas por guerras da Ásia e da África e migrantes à procura de melhores condições econômicas - por ex. de países balcânicos - surgem como difíceis, exigindo diferenciações.


As dimensões concernentes à visão do mundo ou de edifícios religiosos que relativam concepções de nação como estabelecidas desde o século XIX em contextos migratórios foram consideradas recentemente em Toronto e na comunicade lusofona de Ontario (Veja) , por ocasião de grande concentração festiva dos Sikhs.As reflexões euro-brasileiras referentes aos problemáticos desenvolvimentos na Europa em paralelos com processos também constatados no presente no Brasil - por exemplo através de  vinda de haitianos - terão prosseguimento.




23.09.2015

Jaboatão dos Guararapes/PE e Florianópolis/SC. Interesse por estudos culturais judaicos. Rildson Alves dos Santos, vinculado com o SEE-SC e com a Universidade Federal de Santa Catarina, estudioso de História e Filosofia, entra em contato com a A.B.E. manifestando o seu interesse em estudos culturais judaicos como tratados em textos da Revista Brasil-Europa, em particular naqueles referentes à comunidade sefardita de Amsterdam do passado. (Veja) Nascido em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, o sobrenome da sua avó materna era Gomes. É judeu, não praticante, mas com interesse em aprofundar-se nos estudos respectivos. Uma sua participação nos trabalhos da A.B.E. é muito bem vinda. Não é o o primeiro estudioso brasileiro que, sabendo ou supondo uma ascendência judaica, em particular a partir de sobrenomes de família, procuram aprofundar conhecimentos genealógicos e alcançar esclarecimentos que possam contribuir à auto-consciência e identidade. Tratando-se de processos culturais extremamente complexos, os estudos nessa área devem ser conduzidos com particular cuidado diferenciador.




22.09.2015

São Paulo. Festival Eduardo Escalante. Realizou-se, no dia 19 de setembro, na Sala de Artes Paulistanas, concerto com obras para canto e piano, piano solo e piano a quatro mãos do pianista e compositor Eduardo Escalante, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. A Sala de Artes Paulistanas é coordenada pelo Mtro. Samuel Kerr.  O programa contou com a participação de Adriana Bernardes (canto), Sylvia Maltese (piano) e Sandra Abrão (piano) e incluiu as seguintes obras: Prelúdios 9, 10, 19, 21; Cantiga (da série Acrósticos); Solilóquio II; Pensando (Poemas da Ausência, N° 8); Trovas Populares (Cantiga, Galope, Modinha, Batuque); Cururu, Baião e Marcha Festiva.


Eduardo Escalante, professor aposentado da UNESP, nasceu em Buenos Aires, tendo-se naturalizado brasileiro. Realizou estudos com Francisco Júlio Conserino, Vera Del Nero Gomes, Souza Lima, Osvaldo Lacerda, Emmerich Csammer, Diogo Pacheco e Camargo Guarnieri. É mestre em artes pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Fundou a Associação de músicos e compositores do Estado de São Paulo, orquestras da ACM, Osvaldo Cruz, Folcloriana e Grupo Pesquisa. É Presidente da Comissão Estadual de Folclore da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Em 1974, inaugurou o Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, como diretor musical da peça  „O Homem de La Mancha“). Atuou como maestro-arranjador do Estúdio Eldorado, São Paulo, assessor do programa Folclore do Brasil, TV Cultura, sendo atual coordenador e apresentador do programa „Musicas que elevam“ da Boa Vontade TV (Sky - canal 20). É Presidente da Academia Paulistana da História e da Academia Paulistana de Música, além de ser membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Portador de vários prêmios e medalhas, foi professor de Folclore de conservatórios e escolas superiores de música, ministrando cursos e proferindo conferências em São Paulo e Minas Gerais, assim como na Argentina.


A soprano Adriana Bernardes é mestre em performance de música brasileira pela UNICAMP. Dedica-se à pesquisa e realização de composições brasileiras de diferentes épocas, tendo realizado primeiras audições e gravações de obras inéditas. No corrente ano, foi convidada do II Festival de Música Contemporânea Brasileira, onde, com o pianista Antonio Eduardo, apresentou em primeira audição canções de Gilberto Mendes.
Sandra Abrão, pianista e compositora, representa a escola pianística Luigi Chiaffarelli. Sylvia Maltese, pianista, professora e pesquisadora, é membro da Academia Nacional de Música e da Academia Brasil-Europa. Vem desenvolvendo intensa atividade de pesquisa, de realização de concertos e de gravações de relevância musicológica. O seu mais recente CD é „O piano religioso de Franz Liszt, de 2014. (Veja notícias anteriores)


O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo - IHGSP - fundado em 1894, é uma associação civil de caráter científico e cultural, sem fins lucrativos. Tem como finalidade promover a pesquisa, o estudo e a divulgação no âmbito da História, da Geografia, das Ciências e Artes correlatas, especialmente referentes ao município de São Paulo, defendendo e preservando a sua memória, tradições e patrimônio cultural. A sua próxima apresentação, no dia 26 de setembro, a de Passeios Culturais e Bandeiras, será dedicada ao „Centro Novo de São Paulo“, com ponto de encontro marcado para as 9:30 horas no Teatro Municipal. (S. Maltese)

 




20.09.2015

Alemanha-EUA-Brasil. Lançamento do N°. 157 da Revista Brasil-Europa: Alasca & Brasil. Com um encontro no Centro de Estudos Brasil-Europa e  jantar no tradicional Die Mühlenhelle, Oberberg, marcou-se, no dia 19 de setembro, o lançamento do quinto número da revista bimensal da A.B.E. e do I.S.M.P.S..(Veja) A presença de amigos da instituição latino-americanos e alemães residentes em Washington DC, onde atuam no Banco Mundial,  veio de encontro ao tema da edição, que, sob o título Alasca & Brasil, é dedicada a relatos de trabalhos promovidos pela A.B.E. naquela Estado dos Estados Unidos, assim como em cidades canadenses do Ontario e da British Columbia.


A visita recente do Presidente Barack Obama ao Alasca e o acento por êle dado a questões ambientais - sobretudo do aquecimento da atmosfera - demonstra a atualidade da iniciativa da A.B.E. em considerar relacionadamente o Alasca e o Brasil, e o significado dos trabalhos do programa Cultura/Natureza desenvolvido nos Estados Unidos e no Canadá. Entre os centros visitados, destacou-se neste sentido aquele do Tongass National Forest, - a maior floresta dos Estados Unidos -, em Ketschikan. (Veja)


No encontro, lembrou-se, com  gratidão, o apoio obtido de diferentes partes para a consecução dos contatos e observações, tanto pessoais, como institucionais. A University of Alaska, divulgano tradução inglesa de obra de G. H. von Langsdorff (1774-1852), cientista alemão que, a serviço da Rússia viveu e atuou no Brasil, coloca o Brasil - em particular Santa Catarina - do início do século XIX em relacionamento com a então América do Norte Russa. (Veja)


Entre os centros de estudos e museus que foram de fundamental significado para a consecução dos trabalhos, destacaram-se o Museum of Anthropology da University of British Columbia, Vancouver (Veja), e o Totem Heritage Center, Ketchikan (Veja). Questões de historiografia e museologia no contexto global dos estudos indígenas das Américas desenvolvidos no programa „Mundo indígena“ da A.B.E. foram tratadas no Royal Ontario Museum (Veja), em Toronto, no MOA da Universidade de Vancouver e, no Alasca, e.o. no Saxman Village‘s Totem Park, em Ketchikan.(Veja)


Os centenários de feitos da aviação no Brasil e no Alasca - o primeiro vôo sem escalas São Paulo-Rio, e o primeiro vôo em Fairbanks - deram origem a estudos de contextos e implicações culturais. No Brasil, a ligação São Paulo-Rio, pouco antes da Primeira Guerra, foi marcada pela „marcha two-step Edú“ de J. Antão Fernandes (Veja), publicada concomitantemente com a „marcha Alaska“, do paulista de ascendência italiana João Berti. No Alasca, o feito aéreo foi marcado por uma parada da banda de Ketchikan no Dia da Independência americana do mesmo ano. (Veja)


Pela passagem dos 100 anos de nascimento do historiador Manoel Rodrigues Ferreira (1914-2010), presidente da Academia Paulistana da História e da Ordem Nacional dos Bandeirantes, especialista nos estudos da ferrovia Madeira-Mamoré, deu-se particular atenção a estudos comparados dessa ferrovia com aquela do White Pass and Yukon, do Alasca. (Veja)


Esses paralelos foram analisados na concomitância temporal do boom da borracha no Brasil e do rush ao ouro de Klondike. Retomou-se, aqui, o complexo temático do Caminho do Ouro a Minas Gerais e da cultura do garimpo na atualidade no Mato Grosso tratado em colóquio internacional em 2002 em Parati. (Veja)


Entre os aspectos sociais e culturais desse periódo de rush nos dois contextos considerou-se a via mundana em cidades que então receberam homens de diferentes partes do mundo, tematizando-se também o tema da prostituição. (Veja) Também aspectos de sociedades secretas ou ordens criadas em regiões de homens de ação como obreiros nas suas dimensões filosófico-espirituais foram considerados no exemplo da „Fraternidade Ártica“ da Maçonaria na Amazônia. (Veja)


O primado da ação na sua inserção contextual no liberalismo econômico e no republicanismo da passagem dos séculos XIX ao XX e o conceito-condutor de „rush“ trazem à luz a necessidade de estudos de edifícios de visões do mundo e do homem e filosóficos, que terão continuidade nos trabalhos da A.B.E..(Veja)




15.09.2015

Coburg. Restauração da cripta com túmulos de príncipes brasileiros na igreja de Santo Agostinho. Por motivo das comemorações do 7 de setembro, a A.B.E. promoveu uma visita à cidade de Coburg, na Baviera, cidade estreitamente relacionada com a história do Brasil Império. (Veja notícia anterior)


Na igreja de Santo Agostinho, próxima ao centro da cidade e abaixo da montanha com o burgo fortificado, encontra-se a cripta onde jazem membros da linha católica Koháry da família de Sachsen-Coburg e Gotha. Entre êles encontra-se a princesa Dona Leopoldina (1847-1871), segunda filha de Dom Pedro II, que em 1864 casou-se com o príncipe Ludwig August von Sachsen-Coburg und Gotha (1845-1907), e que faleceu com apenas 23 anos, em 1871. Além de Ludwig August, Admiral da Marinha brasileira e ativo oficial na Guerra do Paraguai, ali também se encontram os restos mortais dos seus filhos, os príncipes brasileiros Dom Pedro Augusto de Sachsen-Coburg e Bragança (1866-1934),  Dom Augusto Leopoldo  (1867-1922), pretendente ao trono brasileiro, e Luís Gastão (1870-1942).


Esses príncipes foram criados no Brasil, sendo exilados por ocasião da proclamação da República no golpe militar de 1889. Dom Pedro Augusto é considerado como tendo sido o neto predileto de Dom Pedro II. Antes do nascimento do primeiro filho da Princesa Isabel, Pedro era o sucessor ao trono brasileiro. A sua história de vida é escurecida por problemas psíquicos que se manifestaram durante a viagem que trouxe a família imperial ao exílio.


Augusto, após estadia na França, serviu na Marinha austríaca. Em 1895, foi apoiado por aqueles que defendiam o reestabelecimento da monarquia no Brasil, assim como pelo Imperador alemão Guilherme II. Herdando o patrimônio dos Koháry, tornou-se importante proprietário na Hungria.

Na cripta encontram-se também, entre outros, August Clemens, filho de August Leopold, Luís Gastão e sua esposa Maria Anna de Trauttmanscorff-Weinsberg, assim como a filha de August Leopold, Maria Carolina.


A igreja com a cripta tão significativa para o Brasil foi dedicada a Santo Agostinho em homenagem ao príncipe Augusto, que apoiou de forma substanciosa a sua construção. A igreja foi construída em estilo neo-gótico, que marca a fisionomia da cidade de Coburg como possuidora de um dos maiores patrimônios arquitetônicos desse estilo do Historismo europeu do século do Romantismo. Foi edificada entre 1855 e 1860. A cripta foi ampliada em 1885 sob a direção de Georg Jonrad Rothbart (1817-1896), arquiteto a serviço do duque Ernst II (Veja notícia anterior). Trata-se de um espaço em três naves, com uma capela central, ladeada pelos sarcófagos dos membros da linha católica dos Koháry.


No presente, a igreja e a cripta encontram-se fechadas devido a trabalhos de restauração. O histórico local com os jazigos dos príncipes brasileiros está sendo recuperado com o apoio e.o. da Fundação de Proteção Patrimonial Alemã.




14.09.2015

Coburg. 7 de setembro de 2015 na Alemanha. Pelos 30 anos de Coburg nos estudos euro-brasileiros - Ordem da Rosa a Ernst II (1818-1893) na Veste Coburg. A cidade de Coburg, na região bávara da Francônia Superior, adquire especial relevância para estudos culturais relacionados com o Brasil.


Até 1918, a cidade foi residência dos duques de Sachsen-Coburg. Na Igreja de Sto. Agostinho, próxima a seu centro, jazem membros da família imperial.


Coburgo foi cidade-residência do ducado de Sachsen-Coburg nos séculos XVI/XVII, o que se manifesta na arquitetura renascentista da cidade. Foi posteriormente residência de duques da casa de Sachsen-Coburg-Saalfeld. Passou a ser residência do ramo de Sachsen-Coburg e Gotha à época dos primeiros anos do Brasil Independente.


Os elos com o Brasil chamaram a atenção a Coburg já no início do programa de estudos euro-brasileiros realizados a partir de 1974 na Alemanha. Em visita à cidade, em 1975, constatou-se que as dimensões do significado de Coburg para o Brasil são muito mais amplas do que parecem ser numa primeira aproximação. (Veja)


O principal vulto da história política de Coburg do século XIX, o Duque Ernst II, salientou-se pelos seus interesses e pelas suas atividades culturais.


O Teatro da Corte, por êle edificado, surge como monumento dessa época de florescimento da vida musical e artística em geral dos anos de 1840, sendo considerado um dos principais exemplos de arquitetura teatral da Europa do século XIX. As suas múltiplas atividades culturais assumem especial significado pelas suas dimensões políticas no movimento liberal-nacional e que tiveram a sua expressão máxima na revolução de 1848.


Entre as tradições que - então progressivas - tiveram consequências para o Brasil pode-se citar a dos Atiradores, até hoje viva em regiões de colonização alemã do sul do país e que é lembrada e estudada em museu a ela dedicada em Coburg.  Também a instituição das „buchas“ estudantís implantada na Faculdade de Direito de São Paulo indica elos com Coburg.


Já em 1975 considerou-se a ida ao Brasil e a atuação de músicos relacionados com a vida político-cultural de Coburg após a fracassada revolução de 48 e a sua influência no movimento da música nacional desencadeao em meados do século XIX no Rio de Janeiro. (Veja


Em visita efetuada no dia 7 de setembro último por motivo do dia da Independência do Brasil, constatou-se o significado muito mais amplo das relações político-culturais entre o movimento político-cultural que teve um de seus centros principais na cidade-residência de Ernst II e o Império brasileiro sob Dom Pedro II.


No museu instalado na Veste Coburg, um dos maiores burgos da Alemanha e que domina a cidade, encontra-se, entre as condecorações de Ernst II, a Ordem da Rosa do Império Brasileiro. Esta ordem, instituída em 1829 por ocasião do casamento de Pedro I e Dona Amélia de Leuchtenberg, e que esteve sob o lema de fidelidade a D. Pedro I - e a suas tendências políticas liberais - foi concedida a personalidades militares e civís, brasileiras e estrangeiras, entre elas a vultos da cultura, das artes, da música e das ciências.


A presença do Brasil através dessa ordem exposta no museu da Veste Coburg documenta o reconhecimento por parte de Dom Pedro II de Ernst II. Sugere, assim, uma proximidade do Imperador brasileiro às tendências político-culturais do movimento liberal nacional vinculado com Coburg, o que merece análises mais aprofundadas devido as suas consequências para a historiografia brasileira do século XIX.




13.09.2015

Maderalizinho/Mindelo/São Vicente/Cabo Verde. Trabalhos de Vicente Ricalo - Cubanos em Cabo Verde e Chineses em Cuba e Mindelo.Vicente Ricalo, que passa a participar dos trabalhos da A.B.E. como membro correspondente, faz parte da Universidade Lusófona de Cabo Verde/Universidade de Cabo Verde. As suas áreas de trabalho são língua inglesa, línguas em contato, comunicação intercultural e comunicação não-verbal. No momento dedica-se a estudos de contactos do espanhol com o crioulo e o português por parte dos cubanos residentes na cidade de Mindelo. Também desenvolve trabalhos em áreas referentes à imigração chinesa, comparativamente, nas cidades de Santiago de Cuba e Mindelo.




04.09.2015

Heidelberg. Alemães do Bósporo e as Américas: Friedrich Schrader e a família Lange. O Dr. Jochem Schrader, entra em contato com a A.B.E./I.S:M.P.S. a respeito de artigo publicado na Revista Brasil-Europa 144 de título „Alemães no ensino e na vida musical do Império Osmano e a emigração de "alemães do Bósporo" ao Novo Mundo: Paul Lange (1857-1919), Hans Lange (1884-1960) e Guiomar Novaes (1895-1979). (Veja)


J. Schrader gradece o fato de ter-se aqui lembrando não só a família Lange, mas também o seu bisavô Dr. Friedrich Schrader. Lembra que, como salientado em vários artigos da Revista, as conexões com a América Latina, ainda que surpreendentes à primeira vista, relacionam-se com o mundo multicultural levantino no espaço oriental do Mediterrâneo destruído pela expulsão de milhões de pessoas, que emigraram para a América do Norte e do Sul, não apenas pertencentes a minorias como cristãos libaneses e sírios, gregos, judeus, armênios, curdos e assírios, mas também europeus, que foram expulsos após a Primeira Guerra, entre êles a família Lange e Schrader.


O seu bisavô, Wolfgang Schrader, um engenheiro de jardins, obteve à época propostas concretas para sadministrar plantações na América do Sul. Se não tivesse escolhido Quedlinburg, seria hoje um latino com raízes alemãs. A respeito de Hans Lange, acha surpreendente que este tenha executado a Afro-American Symphony de Grant Still em 1935, repetida pela New York Philharmonic Orchestra em Chicago, em 1937. Lange continua a ser pouco conhecido, tendo dirigido até 1960 a NMSO em New Mexico.


O seu pai, Professor Bernhard Schrader (1931-2012), professor de Química em Essen, escreveu um texto de significado para a história das relações teuto-brasileiras na sua área: a da Química fisica. Com um colega de Düsseldorf, entrevistou a viúva de um pioneiro da Espectroscopia Raman, Hans Stammreich, professor da Universidade de São Paulo, publicando a sua biografia.




03.09.2015

Belém/Pará. Encenação da ópera A Ceia dos Cardeais, de Arthur Iberê de Lemos (1901-1967). Pela primeira vez, foi encenada a ópera A ceia dos cardeais, de Arthur Iberê de Lemos, na terra natal do compositor, Belém, capital do Pará. O Prof. Dr. Mauro Chantal, da Universidade Federal de Minas Gerais, foi convidado para apresentar breve palestra sobre a vida e obra do compositor, antes da primeira récita. No dia seguinte, antes de voltar para Minas Gerais, foi convidado, pelo secretário de cultura, Dr. Paulo Chaves, a repetir a palestra, que contou com a presença do governador do estado, Simão Jatene.


A direção cênica foi do maestro Mauro Wrona, digna da obra do compositor. Esse diretor escolheu a Igreja de Santo Alexandre como cenário para a representação da ópera, que contou com o apoio do governo do Estado, via Secretaria do Estado de Cultura - SECULT, e ainda com o apoio da Academia Paraense de Música. Todas as récitas seguiram com a Igreja de Santo Alexandre lotada. Só houve espaço para a música.


Nas três récitas realizadas, os cardeais ganharam voz através dos consagrados cantores brasileiros: Paulo Mandarino, Inácio de Nonno e Carlos Eduardo Marcos, sendo a orquestra regida por Carlos Moreno.


O XIV Festival de ópera do Theatro da Paz apresentará ainda a ópera O Pescador de Pérolas, de Bizet,  sob direção cênica do cineasta Fernando Meirelles. O festival é um evento sólido no país, representando esse gênero, a ópera, que a cada vez ganha mais admiradores no Brasil. (M. Chantal)




02.09.2015

Rio de Janeiro. Falecimento de Mercedes Reis Pequeno (1921-2015) - personalidade-modêlo de competência, integridade e distinção. A Academia Brasil-Europa e o ISMPS registram, com pesar, o falecimento da professora Mercedes Reis Pequeno, ocorrido no dia 3 de agosto próximo passado. Como membro do Conselho das instituições, contribuiu de forma decisiva a muitas iniciativas, a estudos e a eventos, colaborando com programas de pesquisas, com a orientação bibliográfica e com informações relativas a desenvolvimentos dos estudos referentes à música no Brasil.


Ao lado de Cleofe Person de Mattos e Dulce Lamas, Mercedes Reis Pequeno pertenceu ao grupo de leais e competentes personalidades que tiveram Luís Heitor Correa de Azevedo como mentor e amigo. Formada na Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, tendo-se graduado também na área de biblioteconomia em 1942, tornou-se de fato sucessora de Luís Heitor como especialista na área de bibliotecas e arquivos musicais.


O seu renome internacional alcançou como assistente do musicólogo Charles Seeger, diretor da divisão de música a União Pan-Americana, posteriormente Organização dos Estados Americanos. Em 1952, organizou a Seção, posteriormente Divisão de Música e Arquivo Sonoro da Biblioteca Nacional, entidade que dirigiu até 1990.


Dirigiu dezenas de exposições, preparando e editando catálogos. Entre estes, pode-se lembrar pelo seu caráter pioneiro aquele sobre „A Música Militar no Brasil no Século XIX“ realizada para a Primeira Exposição Geral do Exército do Ministério da Guerra (Imprensa Militar 1952). No seu texto, de 1950, menciona que os recursos bibliográficos na área musical eram limitados no Rio de Janeiro, o que tornava  qualquer estudo ou trabalho de pesquisa sobre o assunto tarefa árdua e quase impraticável. Os estudiosos, na maior parte das vezes tinham que recorrer às bibliotecas particulares, como aquela de Abrahão de Carvalho que, porém, não se encontrava então ao alcance dos estudiosos. Do material considerado, particular interesse apresentavam hinos e marchas em manuscrito ou impressos da Coleção Teresa Cristina Maria, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Teve a oportunidade de tombar todo o conteúdo dessa coleção.


Nesse seu trabalho, consultou, entre outros, o Arquivo Agostinho Dias Nunes D‘Almeida, o Arquivo Nacional, os acervos da Banda do Corpo de Bombeiros, da Banda dos Dragões da Independência, da Banda da Polícia Militar, da Biblioteca Militar, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, do Museu da Cidade, do Museu Histórico e do Museu Imperial de Petrópolis. Como primeira tentativa, o seu trabalho procurava reunir o que se achava esparso em diferentes bibliotecas, arquivos e museus.


Como a maior especialista em bibliotecas e arquivos musicais do Brasil, representou o pais em congressos da Associação Internacional de Bibliotecas de Música, da qual foi vice-presidente (1965-1974).


Colaborou de forma relevante a projetos internacionais de fontes musicais, entre êles o Repertório Internacional de Fontes Musicais (RISM) e o Repertório Internacional de Literatura Musical (RILM).


Mercedes Reis Pequeno foi conselheira da Sociedade Brasileira de Musicologia desde a sua constituição em 1981, e do Instituto de Estudos da Cultura Musical da Esfera de Língua Portuguesa (ISMPS) desde 1985, colaborando de forma decisiva ao II Congresso Brasileiro de Musicologia levado a efeito no Rio de Janeiro em 1992, ano dos 500 anos do Descobrimento da América, possibilitando o apoio e a participação da Biblioteca Nacional.


Sendo desde 1994 membro da Academia Brasileira de Música, para a qual coordenou uma Bibliografia Musical Brasileira, possibilitou e co-presidiu o encontro com a Academia Brasil-Europa/ISMPS em cooperação com as universidades de Bonn, Colonia e instituições portuguesas na Fundação Rui Barbosa, em 2004.




01.09.2015

Koblenz. 85 anos do Professor Dr. Hans Schmidt. Comemora-se, na presente data, a passagem dos 85 anos do Prof. Dr. Hans Schmidt, professor emérito do Instituto de Musicologia da Universidade de Colonia, relevante personalidade nos trabalhos euro-brasileiros referentes à música no Brasil das últimas décadas.


Hans Schmidt acompanhou de perto o desenvolvimento dos trabalhos do intercâmbio e interações internacionais relacionados com Portugal e com o Brasil desde meados da década de 70.


Participou ativamente em encontros, colóquios e congressos. Com a sua particular dedicação a pesquisadores de regiões extra-européias, apoiou e aconselhou brasileiros em estudos ou em visitas à Alemanha. Acompanhou de perto, entre outros eventos, a estadia e os trabalhos da delegação de pesquisadores brasileiros no simpósio internacional realizado em várias cidades da Alemanha em 1989. (Veja)


Ponto alto desse seu empenho deu-.se com a sua participação no II Congresso Brasileiro de Musicologia e III Simpósio Internacional „Música Sacra e Cultura Brasileira“, realizado no Rio de Janeiro, em 1992.


Nessa ocasião, no auditório do Mosteiro de São Bento, proferiu uma conferência dedicada ao estudo e à pesquisa do Canto Gregoriano nas universidades alemãs, salientando em particular os desenvolvimentos da pesquisa paleográfica e considerando o seu significado para a prática. (Veja) A sua autoridade na área fundamenta-se na sua formação musicológica, lembrando-se que o seu trabalho de doutoramento, apresentado em 1954 à Rheinische Friedrich-Wilhelms-Universität Bonn, tratou de análises do Tractus do segundo modo do Codex St. Gal 359.


Durante a sua estadia no Rio, Hans Schmidt lembrou do papel relevante desempenhado pelo Prof. Dr. Karl Gustav Fellerer (1902-1984) no desenvolvimento dos trabalhos euro-brasileiros.


Como um dos principais vultos da história da implantação universitária da musicologia nas universidades alemãs, K.G. Fellerer - e na sua tradição de pensamento H. Hüschen - Hans Schmidt apoiou os anelos brasileiros de implantação dos estudos musicológicos no seu contexto adequado em faculdades de Filosofia no Brasil - e não em escolas de Comunicações e Artes. 


Hans Schmidt é sobretudo um dos mais renomados estudiosos da obra de Beethoven. Nessa sua especialização, dá continuidade à obra de seu pai, Joseph Schmidt-Görg, que dirigiu a Casa Beethoven em Bonn entre 1945 e 1972. Publicou, juntamente com o seu pai, livro sobre Ludwig van Beethoven, em Bonn, em 1970. Editou os manuscritos de Beethoven ali conservados em 1971 e publicou livro sobre a Casa Beethoven, em 1977. Também coligiu documentação sobre o Instituto de Música de Koblenz, publicando-a em 1983.


Compreende-se, assim, que o Hans Schmidt tenha acompanhado de perto atividades relacionadas com o Brasil que tiveram lugar na Universidade de Bonn. (Veja)  A Casa Beethoven em Bonn foi repetidamente visitada por pesquisadores brasileiros que participaram de encontros realizados na Alemanha.


Também na sua histórica residência em Koblenz, Hans Schmidt recebeu em diversas ocasiões pesquisadores brasileiros em encontros sempre marcados por extraordinária simpatia, cordialidade e vivo interesse pelo fomento de relações de amizades e cooperações entre o Brasil e a Alemanha.






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