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BRASIL-EUROPA

Organização de estudos de processos culturais em relações internacionais
Academia Brasil-Europa (A.B.E.)
e institutos integrados de pesquisas. Editor: Arquiteto Professor Dr.phil. A. A. Bispo

 

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Notícias

para comunicados: Contato

coordenação e redação: secretariado da A.B.E.



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28.09.2012

Senador Camará RJ. Estudos genealógicos: imigrantes judeus franceses. Raphael Levy Neto, estudioso de imigrações, comunica estar desenvolvendo pesquisa a respeito de seu avô, Raphael Mordo Levy, comerciário imigrado da França e que trabalhou junto ao Cortume Franco-Brasileiro. Entra em contato com a A.B.E. por ter tomado conhecimento de texto referente a Luís Henrique Levy publicado na Revista Brasil-Europa  http://www.revista.brasil-europa.eu/120/LuisHenriqueLevy.html). O pai do pesquisador, Marion Levy, pianista e arquiteto, nascido no Brasil, atuou em São Paulo. Os estudos referentes à emigração de judeus da França no século XIX exigem a consideração de outros contextos do que aqueles referentes aos sefarditas de língua portuguesa ou espanhola remontantes às perseguições no século XVI e que levaram à constituição da grande comunidade lusófona de Amsterdam, com consequências para a história colonial, como tratado em recente ciclo de estudos nos Países Baixos (Vide notícias).



27.09.2012

Buenos Aires. Luis Mucillo na Biblioteca Nacional. O compositor e pianista Luis Mucillo (*1956) apresentará várias de suas obras em recital na Biblioteca Nacional argentina, Agüero 2502, no dia 29 de setembro: El Ciervo Blanco (2008); "A True Lover‘s Knot" (Variantes de „Barbara Allen“, 2010); Seis Preludios del Ciclo „La manta Estrellada“ (2008-2012) - Introito para la Navidad (Viderunt Omnes), Epifanía (Orienti Oriens), Fuegos para la Candelaria, Luna llena en marzo (Pascua), La salida del caballero errante, La Dama de Mayo. Do programa constam também obras de K. Szymanowski (1882-1937), Gerardo Gandini (1936-) e Toru Takemitsu (1930-1996).



26.09.2012

Ratekau, Schleswig-Holstein. „O caminho ao Brasil“ e „Lembranças da floresta brasileira“. Horst Missfeld comunica a realização de estudos a respeito de elos teuto-dinamarqueses na história imigratória de sua familia (Veja notícia) a serem considerados no próximo número da Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira.



23.09.2012

Juiz de Fora. Palestra sobre o Latim Científico na obra de Carl F. P. von Martius. O Prof. Dr. Leonardo F. Kaltner, da Universidade Federal Fluminense, membro da A.B.E., conferiu palestra intitulada Cultura Clássica e Natureza: desdobramentos da obra de Plinius maior no Brasil contemporâneo, cujo tema se vincula ao estudo das obras escritas em Latim pelo naturalista alemão Carl F. P. von Martius. A palestra ocorreu no dia 12 de setembro na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora, durante a XXII Semana de Estudos Clássicos desta instituição.



23.09.2012

São Paulo. Hibridismo, assimilação da cultura popular em Valsas de Camargo Guarnieri. Nina Rosa de Almeida Lopes Fernandes comunica que, como mestranda em Estudos Culturais na Escola de Artesm Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo - EACH, realiza uma pesquisa sôbre hibridismo e a assimilação da cultura popular, estudando um processo de  aquisição e troca  encontrado na composição das Valsas do compositor Camargo Guarnieri. Considera a assimilação da modinha, moda caipira ou moda de viola, cuja característica é o canto a duas vozes em terças.



21.09.2012

João Pessoa. Mostra de Música Instrumental Maestro José Theódulo Fernandes- Pérolas do Seridó. O Café Cultura Santa Luzia realizou na cidade de Santa Luzia-PB, no período de 22 a 25 de agosto p.p. a 1.ª Mostra de Música Instrumental Maestro José Theódulo Fernandes - Pérolas do Seridó e Outros Convidados, sob o patrocínio da FUNARTE/Ministério da  Cultura através do Prêmio Procultura de Apoio a Festivais e Mostras de Música 2010.  O evento reuniu sete Bandas de Música e treze grupos musicais incluindo uma orquestra de violões, uma orquestra de sanfona e grupos de sax, trombone, etc., Foram realizadas sete oficinas para músicos e uma oficina de canto coral. (M. de F. Medeiros Fernandes, SEBRAE-PB)



18.09.2012

Mudança de marés: um Atlântico global. A Casa da América e a Fundação Otto Wolff promovem, no dia 15 de outubro, na Sala da Câmara de Colonia, uma conferência de John Kornblum, ex-embaixador dos EUA na Alemanha (1997-2001). A sessão será moderada pelo Prof. Dr.Dr. Hermann Simon, fundador e presidente de Simon-Kucher & Partners.



16.09.2012

25 anos do Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia: releituras à luz de desenvolvimentos posteriores como impulsos para o presente. Pela passagem de um quarto de século do Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia, realizado em 1987, ano do Centenário de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa (I.S.M.P.S.) decidiu promover uma série de trabalhos na Europa para a releitura das comunicações e das discussões do Congresso sob a perspectiva do desenvolvimento posterior das reflexões e das pesquisas. O evento, então realizado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e sob o patrocínio do Ministro da Cultura Celso Furtado, foi promovido pela Sociedade Brasileira de Musicologia em colaboração com o I.S.M.P.S. e com o apoio de várias universidades, museus, fundações e sociedades do Brasil e do Exterior. Esse primeiro congresso procurou constatar e discutir a situação dos estudos e da pesquisa em música no Brasil. Considerando os novos conhecimentos e as transformações quanto a tendências de pensamento na Musicologia e nos Estudos Culturais em âmbito internacional, surge como de significado tomar as proposições e o debate de então como pontos de partida para comentários
atualizadores. Essa necessidade impõe-se também pela limitada divulgação dos anais do Congresso. Os trabalhos para a discussão de conferências selecionadas das diversas áreas então tratadas serão comentados em notícias nesta página. A abertura simbólica dos trabalhos deu-se no âmbito do ciclo de estudos euro-brasileiros realizados na Noruega, quando lembrou-se de Alberto Nepomuceno (1864-1920), de seus elos com a cultura norueguesa e do seu significado para a pesquisa musical no Brasil.



15.09.2012

Hino Nacional Brasileiro na prática musical doméstica do piano na Europa no século XIX. Encerrando a semana de estudos pelo 7 de setembro que,  por seguir-se a trabalhos realizados em Amsterdam considerou em particular a região alemã de Hessen-Nassau, origem da família real dos Países Baixos e de significado para estudos do passado holandês no Brasil (Veja notícia), tratou-se do conhecimento e da prática do Hino Nacional Brasileiro na Europa do século XIX. Essa questão foi uma decorrência da atenção emprestada à execução do Hino da Independência de Pedro I° em Baden-Baden em 1887, por ocasião de uma estadia de tratamento balneário de Pedro II°. (Veja notícia) O significado para os estudos culturais que adquirem hinos e música de conotações patrióticas em geral no Brasil do século XIX já foi há muito reconhecido. O período da Guerra do Paraguai e a época a que ela se seguiu foram particularmente consideradas nesses trabalhos, pois foram acompanhadas por uma intensificação da prática musical militar, de bandas de música e de repertório de cunho patriótico para piano. Obras de estrangeiros que viviam no Brasil foram lembradas em especial, pois oferecem possibilidades para estudos de processos de integração no país hospedeiro e o reconhecimento de elos com situações políticas da Europa. ( http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/CM06-03.htm) A intensificação de sentimentos patrióticos no Brasil à época da Guerra do Paraguai correspondeu a um similar desenvolvimento na Europa marcada pela Guerra Franco-Prussiana e pela fundação do Império Alemão. Também na Alemanha esse período caracterizou-se por um florescimento da prática da música de banda e do cultivo de um repertório de conotações nacional-patrióticas. Através das intensas atividades
editoriais alemãs, esse desenvolvimento foi também recebido por outros países. Nos trabalhos desenvolvidos em Amsterdam, constatou-se, por exemplo, que ali era conhecida a Collection de Chants Patriotiques (Vaterlands-Lieder) pour le Piano (Mayence, B. Schott‘s Söhne) de Ferdinand Beyer (1803-1863), pianista e compositor que faleceu na Mogúncia/Mainz e cujo método de ensino do piano foi largamente utilizado no Brasil. A página-rosto dessa edição, uma coroa ou brasão de bandeiras unidas pela imagem da música, revela a noção de uma união de nações, apresentando, em tamanho maior, entrelaçadas, as bandeiras dos EUA e outra negro-ouro, cores provavelmente representativas de Würtemberg/Hohenzollern e Baden. Anterior à Guerra Franco-Prussiana, essa coleção indica que a intensificação de sentimentos patrióticos expressos musicalmente deve ser considerada nas suas inserções em movimento já de décadas, em particular de aspirações políticas alemãs. Dos 66 hinos e cantos patrióticos que a coleção inclui, aberta pela Marseillaise, cumpre salientar o Hymne constitutionelle portugaise/Portugiesische Constitutionshymne de Pedro I°, mencionado explicitamente como Kaiser von Brasilien, e o Hymne nationale de Brésil/Brasilianische Nationalhymne. A América do Sul encontra-se representada com cantos e marchas nacionais do Chile, da Bolívia, do Perú, da República Argentina, de Buenos Aires e do Uruguai. Ferdinand Beyer oferece, sob o título eem português de Hymno Brasileiro Nacional, a composição de Francisco Manoel da Silva (1795-1865) sem menção de autor, em versão facilitada.



14.09.2012

Tromsø, Noruega. Seminário „Povos Indígenas e Indústrias Extrativas“. No âmbito do ciclo de estudos euro-brasileiros realizados na Noruega em agosto (Veja notícia), deu-se especial atenção a questões culturais relativas aos saami (lapões), em particular a processos de reconscientização da própria cultura, de revitalização do idioma e de defesa de direitos, comparando-os com a situação de grupos indígenas do continente americano. Na presidência do Conselho Euro-Ártico Barent, a Noruega procura dar especial atenção a questões indígenas, uma vez que a extração de minerais na região deve considerar a ecologia e a cultura tradicional dos povos. Discutem-se caminhos para assegurar direitos de povos indígenas e possibilitar colaborações entre esses povos, o Govêrno e grupos econômicos. O interesse do Govêrno é o de prevenir conflitos e possibilitar um desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, a Universidade de Tromsø promoveu, no dia 10 de setembro de 2012, um seminário dedicado ao tema „Indústrias Extrativas e Povos Indígenas“. O evento teve como base o UN Guiding Principles on Human Rights and Business, assim como no Guidelines for Multinational Enterprises OECD e no trabalho em andamento do UN Special Rapporteur on the Rights of Indigenous Peoples. Para a abertura, escolheu-se simbolicamente a casa da cultura saami da Universidade em Árdna. O seminário previu uma sessão dedicada ao contexto internacional e a standards aplicáveis no caso particular da Noruega. Outra sessão foi programada para tratar de regulamentações ou criação de pré-condições por parte do Govêrno para a interação entre povos indígenas e a indústria. Para essas discussões, ao lado de autoridades ministeriais e de assuntos eclesiásticos da Noruega, convidaram-se secretários de Estado e conselheiros legais do Ministério do Comércio e Indústria da Noruega, responsável pela regulamentação de atividades de mineração em áreas saami e de órgãos de inspeção de minas da Suécia. A sessão dedicada à interação entre a indústria e povos indígenas foi planejada para incluir relatos de cooperações similares no Canadá por parte de representante da Universidade de Saskatchewan, seguidos por relatos de experiências na Suécia e na Noruega. Para o painel de discussões, convidaram-se representantes de empresas, representantes da associação saami na Suécia e da associação russa de povos indígenas do Norte, da Sibéria e do
Extremo Leste (RAIPON). O tema para a discussão plenária final foi o do delineamento de caminhos para o futuro, levantando-se a questão da estabilidadede parcerias.



13.09.2012

Pelo término dos jogos paraolímpicos: estudos culturais do esporte em relações Brasil/Europa. Revendo Los Angeles 1932 e lembrando Cardoso. O encerramento dos jogos paraolímpicos em Londres, que pelo seu sucesso e pela forma com que foram realizados obtiveram extraordinária repercussão internacional, sendo por muitos considerados como expressão máxima de um „sonho de verão de Londres“ e de uma cultura celebrativa britânica que tem marcado o ano de 2012 , traz à consciência o significado de dimensões mais profundas e diferenciadas da cultura física e do lúdico, o seu sentido cultural, humanístico, esclarecedor e anti-discriminatório, assim como o progresso que se pode registrar neste sentido na transformação de perspectivas através dos tempos. Como considerado em entrevista publicada no atual número da Revista Brasil-Europa (http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Maissa-Zanetti-Barboza.html), a próxima realização dos jogos no Brasil deve ser acompanhada por reflexões e estudos das práticas e dos sentidos sociais e culturais do esporte e da Educação Física em geral, pois o contexto brasileiro, resultado de processos históricos em que se insere, levanta questões e exige análises que adquirem relevância global. Estudos históricos convencionais das Olimpíadas e de sua revitalização no século XX aqui não bastam. Estudos culturais do esporte sob a perspectiva de questionamentos mais recentes exigem um direcionamento da atenção a processos, e estes devem incluir também aqueles a serviço do Esclarecimento, da superação de barreiras e obstáculos discriminatórios e da  inclusividade de todos os grupos sociais. Esse direcionamento da atenção exige reconsideração de normas e mesmo de práticas, possuindo dimensões culturais amplas, ainda não de todo compreendidas nos seus pressupostos, nas suas implicações e consequências. Revendo-se a literatura referente aos jogos olímpicos do século XX, registra-se que, no referente ao Brasil, o indígena e a sua culltura deveriam constituir particular alvo de atenção, de respeito e consideração. Como ponto de partida para reflexões neste sentido, pode-se citar a crônica da X Olimpíada da era moderna efetuada em Los Angeles, em 1932, e que se seguiram aos jogos de Paris (1924) e Amsterdam (1928), antecedendo aos de Berlim (1936). Passados 80 anos, o leitor atual pode perceber, nos textos, a inserção dos jogos em tendências do pensamento político-cultural da época, sensibilizando-o para uma maior acuidade de observação no presente. A publicação alemã da crônica  acentuou que esses jogos em Los Angeles mostraram que o desenvolvimento extraordinário do esporte em outros países desde as competições em Amsterdam davam prova do sucesso do treinamento sistemático e do apoio ao movimento esportivo que tinham sido postos em ação. Desses jogos nos EUA, a Alemanha devia tirar lições para a preparação do evento em Berlim, e para isso tornava-se necessária a consideração sistemática das tendências observadas em Los Angeles à luz das experiências específicas alemãs. Nessa publicação, o Brasil, embora pouco mencionado, surge no âmbito de considerações da falta de sucesso de indígenas. Sob o título „Nicht viel los mit Naturvölkern“, a crônica testemunha problemas resultantes da visão de mundo e de concepções culturais dos cronistas, ao mesmo tempo, porém, o reconhecimento da potencialidade e da força de vontade de indígenas que, apesar de todos os obstáculos, poderiam ser até mesmo exemplos para
esportistas alemães: „Completamente isentos de cultura e civilização, são (os indígenas) certamente mais saudáveis e fortes, de mais resistência e fibra do que nós. Na competição esportista, os representantes das antigas culturas superam, porém, sem exceção, aqueles dos assim-chamados povos naturais. Os americanos tentaram  exercitar índios Hopi - ou o que deles deixaram que restassem - para maratonas ou corrida a longa distância. Não deu em nada. (...) Os índios brasileiros e mexicanos correram descalços e com garra, chegaram, porém, em geral, por último. Mostraram espírito esportista e responsabilidade. Talvez a civilização faça neles o que a falta de cultura deles tiraram. O índio Charles, quarto em luta, foi o representante de um „povo original“ que teve mais sucesso. Sem meias e sem sapato, Cardoso, do Brasil, correu os 10000 metros. E êle tinha viajado toda a noite e todo um dia, levado gratuitamente por caminhões, de São Francisco a Los Angeles, pois os brasileiros não tinham mais meios para apoiá-lo. Um quarto de hora antes do início, Cardoso entrou no estádio e correu. Os representantes dos povos naturais têm uma chance perante os nossos atletas. Estes poderiam deles tirar uma lição de perseverança e autenticidade.“ (W. Meisl et alii, Die Olympischen Spiele in Los Angeles 1932, Altona-Bahrenfeld: Reemtsma Cigarettenfabriken, 14)



12.09.2012

Bad Ems. Renânia-Palatinado. Estudos pela semana do 7 de setembro. 10 anos da sessão de Diplomacia Cultural no Museu de História Diplomática do Itamaraty. 125 da comemoração do 7 de setembro em Baden Baden com a presença de Pedro II°. O presente ano marca a passagem dos dez anos da sessão realizada na Sala do Índio do Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro pelo encerramento do triênio de eventos científico-culturais pelos 500 anos do Brasil (http://www.academia.brasil-europa.eu/). A recepção por parte do Museu de História Diplomática do Itamaraty de pesquisadores que se dedicam a estudos de processos culturais em relações internacionais da Academia Brasil-Europa trouxe à consciência trabalhos até então realizados e marcou o início de nova fase de estudos voltados à Diplomacia Cultural sob a perspectiva teórico-cultural. Os trabalhos desde então desenvolvidos em diferentes contextos corresponderam ao escopo da organização, ou seja, procuraram conduzir a análise de processos culturais em estreito relacionamento com estudos da própria produção de saber, sobretudo de rêdes sociais e de cooperações (science studies). Neste sentido, surge como significativo relembrar que, há 125 anos, o 7 de setembro foi comemorado em Baden-Baden com a presença do imperador, da imperatriz do Brasil e seus acompanhantes. Esse fato, mais do que uma simples curiosidade histórica, merece ser considerado com atenção sob a perspectiva das interações entre cultura e diplomacia. Êle traz mais uma vez à consciência o significado desempenhado no século XIX dos balneários europeus como centros de aproximação e intercâmbio entre políticos, intelectuais e artistas, de vida social e cultural internacional e cosmopolita. O 7 de setembro de 1887 caiu em época em que Pedro II° realizava um tratamento balneário no Friedrichsbad. Como levantado por D. Kerkhoff (Veja notícia), aproveitou também essa estadia para entrar em contato com artistas, cientistas, visitar museus e fundos arqueológicos das antigas termas romanas ali existentes. A família imperial assistia com frequência aos concertos vespertinos no balneário. A execução do Hino da Independência de
Pedro I°, apresentado como sendo em primeira audição, adquire significado para estudos histórico-musicais. O fato demonstra que Pedro II° trazia consigo a obra e que promoveu a sua execução instrumental. Essa referência adquire interesse nos estudos relativos a esse hino e que se deparam com questões pouco esclarecidas. O hino do primeiro imperador passou a substituir aquele de Marcos Antonio da Fonseca Portugal (1762-1830), o maior compositor português de então, até a abdicação de Pedro I°, o que chama a atenção a  implicações políticas das composições, estando o de Pedro I° associado a ideais constitucionais e liberais. A sua última execução ter-se-ia dado pelo aniversário de Pedro I°, em 1830. Por ocasião do debate a respeito da ereção de um monumento a Pedro I°, em 1856, já não se sabia do paradeiro da música (Ayres de Andrade, Francisco Manuel da Silva e seu Tempo (...) I, Rio de Janeiro 1967, 156); um debate na imprensa ocorreu quando da inauguração da estátua equestre do imperador, em 1862, cujos 150 anos são comemorados no corrente ano. Nas considerações do hino na literatura específica, devido aos pontos obscuros de sua história no século XIX, a atenção tem sido dedicada ao desenvolvimento que levou à sua revitalização no século XX a partir das comemorações do Centenário da Independência em 1822 e, a seguir, em época marcada por impulsos nacionalistas, pelos trabalhos de uma comissão instituida oficialmente e composta por vultos de renome da vida musical, entre êles Villa-Lobos e Luis Heitor Correa de Azevedo. A execução em Baden-Baden do Hino da Independência de D. Pedro I° por ação de Pedro II° e que teria sido em primeira audição, modifica o estado dos conhecimentos, as perspectivas e as inserções político-culturais da obra. Recua a sua revitalização para a comemoração do 7 de setembro de 1887, 65 anos da Independência e 35 anos antes do seu centenário, situando-a nos últimos anos da monarquia e no ambiente de concertos de uma estância balneária européia. Foi, assim, conhecido por músicos e por círculos sociais da intelectualidade e da aristocracia que frequentavam Baden-Baden. D. Pedro I°, como compositor, não era desconhecido nessa região da Europa. Como revelado em 1975 e reconsiderado por ocasião das comemorações do 7 de setembro em 1990 em Bonn, o seu Hino Constitucional - então Hino de Portugal -, fora publicado há muito pela editora B. Schotts Söhne da Mogúncia (e Paris), associado a A. Schott (Antuérpia e à K.B.Hof-Musikalien-und Musik-Instrumenten Handlung von Falter u. Sohn de Munique. (http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/CM03-03.htm)



11.09.2012

Bad Ems, Renânia-Palatinado. Estudos pela semana do 7 de setembro. 125 anos da execução do Hino da Independência de Pedro I° em Baden-Baden. Relendo pesquisa de Dieter Kerkhoff sôbre a segunda estadia de Pedro II na Europa, 1875-77. Dando continuidade à releitura de textos com pesquisas referentes ao Brasil de Dieter Kerkhoff à luz de questionamentos relativos a processos culturais, considerou-se no contexto comemorativo da data da Independência do Brasil o seu texto referente à segunda viagem de Pedro II à Europa, de 1875 a 1877, assim como a sua última estadia em Baden-Baden nos anos de 1887 e 1890. („Die zweite Reise Dom Pedro II nach Europa, 1875-1877, und seine letzten Aufenthalte in Baden-Baden in den Jahren 1887 und 1890“, ArGe Brasilien e.V. Forschungsbericht 52, 07/2002, 3-16). Nessa segunda viagem, de quase dois anos, o imperador esteve nos Estados Unidos, Canadá, na Europa, na Ásia Menor e no Oriente. Na Europa, visitou a Inglaterra, Portugal, Espanha, França, Suiça, Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Rússia, e, após ter estado na Turquia, Jerusalem e Egito, a Grécia, Itália, Áustria, Alemanha e França. O autor procurou levantar o percurso cronológico da estadia de Pedro II° na Alemanha, o que foi mais difícil do que na primeira viagem, uma vez que os jornais apresentam apenas breves notícias da sua presença. Com o auxílio de arquivos em Weimar e Bayreuth, do Arquivo Krupp e da consulta de microfilmes da imprensa de língua alemã em Dortmund, Kerkhoff pôde reconstruir as estações da viagem: Bayreuth, Coburg, Köln, Essen e, após o seu retorno à Alemanha, Berlin, Weimar, Berlin e Essen. No seu estudo da estadia de Pedro II° no balneário de Baden-Baden em 1887 e 1890, registra a execução do Hino da Independência de Pedro I° no 7 de setembro de 1887, noticiado pelo Badeblatt. (op.cit. pág. 13)



10.09.2012

Diez, Renânia-Palatinado. Semana do 7 de setembro. Palácio Oranienstein e Fürstengruft dos Oranier - situação da pesquisa genelógico-cultural em contexto Países Baixos/Brasil. No prosseguimento da nova fase de estudos do programa Países Baixos/Brasil na região de Hessen-Nassau, realizou-se uma visita à cidade de Diez que, em 2011, foi marcada pela celebração do „ano Oranien“ pelos 300 anos do Príncipe Johann Wilhelm Friso von Nassau-Oranien (1687-1711), raíz da casa real dos Países Baixos. De remotas origens, já documentada com o nome de Theodissa à época carolíngea, centro religioso através do convento colegiado na Idade Média, elevada a cidade no século XIV, a localidade passou, na segunda metade do século XV, à propriedade do conde de Hessen. Tornando-se sede da família dos condes de Nassau-Diez, que serviram como governadores nos Países Baixos nos séculos XVII e XVIII, adquire significado para os estudos euro-brasileiros. A história posterior de Diez é marcada pela batalha de 1796 no contexto do conflito entre austríacos e franceses e pela passagem à soberania francesa em fins do século XVIII, surgindo o principado de Oranien. Em 1806, o condado Nassau-Diez passou para o ducado de Nassau que, em 1866 passou a ser prussiano. Principal objeto das atenções é o palácio Oranienstein, construído entre 1672 e 1681 sobre fundamentos de uma antiga abadia beneditina e que se tornou um dos palácios-sede da família real dos Países Baixos. Na sua arquitetura exterior e interior, revela elos artísticos com a França, Itália e Holanda. A partir de 1743, perdeu o seu significado dinástico para a residência em Dillenburg, cidade de nascimento do Johann Moritz von Nassau-Siegen (1604-1679), o governador que atuou no Brasil holandês, e que já foi sede de trabalhos da A.B.E.. A partir do início do século XIX, Oranienstein passou a ser usado por Wilhelm V de Oranien; já em 1811, porém, sob Napoileão, perdeu o seu mobiliário e, na Restauração, foi integrado ao Ducado de Nassau. Sob a Prússia, em 1866, foi usado como quartel militar. Restaurado em 1929, ali foi instalado um museu regional, abrigando no Nacionalsocialismo uma instituição de
formação política. O Museu Oranien-Nassau foi inaugurado em 1962. No centro de Diez, a igreja conventual de Santa Maria e São João Batista, medieval, abriga a „Fürstengruft“ com o sarcófago da princesa Amalie von Nassau-Diez-Oranien, objeto de excepcional valor artístico.



10.09.2012

Bad Ems, Renânia-Palatinado. Estudos pela semana do 7 de setembro. Relendo pesquisa de Dieter Kerkhoff sôbre a primeira viagem de D. Pedro II à Europa (1871). No ambiente histórico-cultural significativo de Bad Ems, foram relidos e discutidos trabalhos de pesquisas de Dieter Kerkhoff relativos ao Brasil que, embora já há muito publicados, não têm sido suficientemente considerados. Uma especial atenção foi dada ao artigo em que Kerkhoff publicou resultados de suas pesquisas a respeito da primeira viagem de D. Pedro II à Europa, em 1871 („Die erste Europareise Dom Pedro II. im Jahre 1871", ArGe Brasilien e.V.-Forschungsbericht 50, 3 ss.) Tendo atingido Lisboa em junho de 1871, Pedro II viajou pela Espanha, França, Inglaterra e Escócia. Em meados de julho passando para o continente, o imperador participou de um congresso geográfico em Bruxelas. De particular interesse é a menção de Kerkhoff da viagem pela Alemanha, que iniciou-se em Aachan, passando por Colonia, Düsseldorf e incluindo uma viagem pelo Reno até Rolandseck. No Reno a êle juntou-se o Príncipe Ludwig August Maria Eudes de Sachsen-Coburg-Kohary, marido da sua falecida filha Leopoldina. Kerkhoff não encontrou nem em Aachen nem em Colonia notícias na imprensa referentes à visita, ainda que existam microfilmes; pelos altos custos, não realizou pesquisa nos arquivos estatais de Düsseldorf. A partir de 22 de agosto de 1871, o autor conseguiu documentos pormenorizados de estadias em outras cidades alemãs, a saber Hamburg, Dresden, Coburg, Munique, Berlin, Leipzig e Karlsbad. Segundo informações que obteve, e contrariando menções na literatura, não pôde documentar a sua passagem por Eisenach. Particularmente bem documentada é a estadia de Pedro II e comitiva em Hamburgo. Fontes de interesse pôde o autor revelar para Berlin, Dresden, Leipzig, Munique. Apenas mencionada é a continuação da viagem a partir de Munique, que levou a Salzburg, Ischl, Aussee, Linz, Viena, Trieste, Veneza, Milão e Nápoles, com uma visita de Pedro II ao Papa Pius IX, e daí ao Egito, Grécia, França e Portugal.



09.09.2012

Bad Ems, Renânia-Palatinado. Estudos pela semana do 7 de setembro. O „Balneário do Mundo“ e o significado de estâncias européias na história cultural Brasil/Europa. A cidade de águas termais Bad Ems, situada às margens do rio Lahn, entre as florestas do Taunus e do Westerwald, em região de parque natural, foi e é um dos mais renomados balneários da Alemanha. Visitado no século XIX pela aristocracia, intelectuais e artistas da Europa, vários dos quais ali tinham a sua residência de verão, tornou-se um „balneário do mundo“, um centro de relações internacionais, de intensificação de laços, troca de idéias e conhecimento de tendências no pensamento e nas artes. Para os estudos relacionados com o Brasil, Bad Ems é de relevância devido ao significado para estudos de relações internacionais da presença de brasileiros em balneários europeus, tema que vem sendo considerado em diversos contextos.(http://www.revista.brasil-europa.eu/133/Goncalves-Dias-na-Europa-Central.html). Ainda que do ponto de vista histórico-arqueológico a importância da região resida sobretudo nos traços da presença romana, por ali passando os limites do antigo império (Limes), sob o aspecto da história cultural a atenção dirige-se sobretudo à tradição balneária e seu desenvolvimento internacional no século XIX. Já na Idade Média era visitado pelas suas águas termais, alcançou, porém fama supra-regional nos séculos XVII e XVIII,  época na qual se encontrava conjuntamente sob a soberania de Hessen-Darmstadt e da família Oranien-Nassau, a partir de 1806 do ducado de Nassau. A fase histórica de maior interesse para o Brasil é aquela iniciada em 1866, quando Nassau foi integrado na Prússia e o balneário elevado a cidade. A presença prussiana na cidade ficou vinculada à memória do Imperador Guilherme I (1870), cujo monumento marca o parque balneário. Favorecido por elos familiares de dinastias, Bad Ems tornou-se um dos principais centros
visitados por russos. A irmã do imperador alemão Guilherme I, Alexandra, era esposa do Czar Nicolau I, e em sua memória levantou-se ali uma igreja ortodoxa russa, que até hoje é um dos monumentos da cidade. O balneário foi frequentado não apenas por Alexandra Fjodorowna, mas sim também pelo Czar Alexandre II e por vários intelectuais russos, entre êles Gogol, Dostojewski e o compositor Nicolai Rimskij-Korsakov. Entre os soberanos europeus, ali estiveram Frederico Guilherme IV da Prússia, Luís I da Baviera, Carlos I de Württemberg, Leopoldo II da Bélgica, Oscar II da Suécia e Noruega, Alberto da Saxônia, príncipe Friedrich, mais tarde imperador, o rei Alberto da Saxônia e o rei Oscar II da Suécia e Noruega. Grande é o número de nomes da história da literatura que frequentaram Bad Ems, entre êles Goethe, Victor Hugo e Bettina von Armim, entre os compositores e músicos, Carl Maria von Weber, Charles de Beriot, Clara Schumann, Richard Wagner e Jacques Offenbach. Tratou-se, em particular, a partir da semelhança de localização paisagística e arquitetônica de Bad Ems com Petrópolis, de influências quanto a imagens e concepções de vida social e cultural no Brasil, fazendo com que a residência de verão de Petrópolis se tornasse uma espécie de Bad Ems brasileiro.



09.09.2012

Nassau, Renânia-Palatinado. Continuidade dos estudos Países Baixos/Brasil na região-sede da dinastia Nassau. Estabelecendo uma ponte com o ciclo de estudos desenvolvido em Amsterdam, realizam-se jornadas que, motivadas pelo 7 de setembro, consideram elos entre o Brasil, os Países Baixos e a Alemanha na região que dá nome à casa real dos Países Baixos e do Grão-Ducado do Luxemburgo. Visitou-se o Burg Nassau, construído ao redor de 1100. Desde 1806, a cidade pertenceu ao Ducado Nassau, integrado na Prússia em 1866. Os trabalhos realizaram-se no dia dedicado à música religiosa da Igreja evangélica em Hessen e Nassau (EKHN), um dos membros da Igreja Evangélica na Alemanha (EKAD), da qual a cidade é importante centro, abrigando institutos de formação e estudos. Nessa igreja unem-se correntes reformadas na tradição de Lutero e Melanchthon de Hessen-Darmstadt e de Zwingli e Calvino de Nassau. O dia „Igreja é música“ considerou, em seminários e serviços religiosos, diversas formas atuais de canto comunitário,
tornando evidente relações entre práticas americanas e desenvolvimentos europeus. Foi, assim, de significado para estudos hinológicos de orientação cultural. (http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/Internet-Corres3/CM80-Index.htm)



08.09.2012

Salvador. Pesquisa local de Itapuã e biográfica do Barão de Villa Viçosa  e do orador Mons. Gaspar Sadoc da Natividade. Maria Cristina Pires Silva Ramos, escritora e graduada em Administração de Empresas, entra em contato com a A.B.E. comunicando dedicar-se à pesquisa da vida do Barão de Vila Viçosa, seu bisavô, do orador Mons. Gaspar Sadoc da Natividade, hoje com 96 anos, e do artista plástico Sante Scaldaferri. Também dedica-se à pesquisa da história local de Itapuã, em particular do seu clube de esportes, fundado em 1899, e de expressões populares de samba-de-roda, chula e carnaval.



08.09.2012

Oeiras, Portugal. Intelectuais de Goa tratados em trabalho de doutoramento e referências a Bernhard Schädel (1878-1926) na Revista Brasil-Europa. Sandra Maria Calvinho Ataíde Lobo entra em contato com a A.B.E. manifestando o seu interesse em aceder a materiais concernentes a Bernhard Schädel, o „Apóstolo de Portugal na Alemanha“, referido em texto da Revista Brasil-Europa Nr. 130.(http://www.revista.brasil-europa.eu/130/Luise_Ey.html). Comunica estar em vésperas de concluir o doutoramento dedicado à história de Goa nos séculos XIX e XX e à intelectualidade goesa. Em mais de uma situação cruzou-se com Providência da Costa e os Cursos de Verão ligados a intelectuais goeses, nomeadamente J. de Siqueira Coutinho, que foi professor em Georgetown.



07.09.2012

Amsterdam. Multiculturalismo: estado atual do debate em diferentes situações na perspectiva do estudo de processos culturais. O ciclo de estudos desenvolvidos a partir de enfoques das relações Países Baixos/Brasil (veja notícias anteriores) diz respeito a processos globais, procedendo assim do particular ao geral. Corresponde, nesse sentido, ao escopo  da Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais, instituição pioneira no fomento de estudos com esse direcionamento teórico. Sob essa orientação, a questão do multiculturalismo tem sido discutida há muito em várias ocasiões e contextos, por último em Marselha, Lisboa e Berlim. Amsterdam surge como cidade particularmente adequada para o desenvolvimento do debate, uma vez que é marcada por situações multiculturais, pela sua imagem de cidade aberta e orgulhosa de sua tradição voltada à diversidade, mas, ao mesmo tempo, pelas tendências críticas mais recentes relativas a problemas resultantes de situações multiculturais e que apresentam consideráveis dimensões políticas. Os debates consideraram experiências e posições de várias regiões do globo. Entre os vários pontos discutidos, salientaram-se as bases epistemológicas da discussão, em particular na diferenciação de conceitos, o desenvolvimento e tendências do pensamento nas últimas décadas, a consideração de contextos a partir da análise de processos, a função de discursos de diversidade cultural nas ciências, na política e na diplomacia cultural, assim como as dimensões políticas atuais da discussão, em particular sob o aspecto da intensificação de movimentos nacionalistas em alguns países. Salientou-se aqui a necessidade de uma maior diferenciação dos argumentos à luz da atenção dada no corrente ano aos elos entre os Estudos Culturais nas suas relações com o Esclarecimento, tendo-se em vista a intensificação de correntes obscurantistas de fundamentação religiosa em várias partes do globo. (http://www.revista.brasil-europa.eu/138/Estudos-e-Esclarecimento.html) Nesse sentido, considerou-se que progressos sociais e a liberdade alcançados com tantos esforços e mesmo derramamento de sangue no decorrer dos séculos não podem ser postos em risco por tendências que os combatem, o que exige sobretudo uma democracia que saiba se defender, não permitindo a sua auto-destruição em nome de um ideal de liberdade religiosa. Nesse sentido, salientou-se a necessidade de uma diferenciação maior de conceitos e aproximações, evitando-se o uso placativo de termos e acentuando-se a necessidade de uma perspectiva científica na análise de processos culturais que considere não apenas tradições e expressões culturais na sua diversidade como também o desenvolvimento da Humanidade a caminho do esclarecimento e da iluminação de mentes como um patrimônio
cultural da Homem. Para além de questões relacionadas com o problema de tendências obscurantistas de fundamentação religiosa, a atenção foi dirigida a outros complexos temáticos, entre outros a processos culturais e de identidade de latino-americanos e africanos no caso de Amsterdam. Essa preocupação mostrou-se atual pelo interesse que se observa em meios da pesquisa e de difusão de conhecimentos culturais relativo ao Brasil e a culturas africanas. O Tropenmuseum, que possui valiosas coleções de objetos de culturas tradicionais da África, ampliadas nas últimas décadas com materiais da arte e da cultura popular, promoveu, em 2011, importante simpósio relativo a esse patrimônio de título „Popular Imagination: fiction with a message“. Um de seus principais conferencistas foi Johannes Fabian, Professor emérito de Antropologia Cultural da Universidade de Amsterdam. Os debates relativos ao complexo temático do „multiculturalismo“ terão prosseguimento em outros centros.



07.09.2012

Amsterdam. Na data da Independência. Liberdade e justiça como valores nos Estudos Culturais conscientes de sua função esclarecedora. Homomonument. No âmbito do encerramento ciclo de estudos Países Baixos/Brasil realizado em Amsterdam visitou-se o „Homomonument“ situado ao lado da igreja Westerkerk e não distante da Casa de Anne Frank. Esta casa, onde a menina judia se escondeu, antes de ser descoberta e morta pelos nazistas, é  hoje museu e centro de documentação contra o extremismo, intolerância e discriminação racial. Inaugurado em 1987, centenário de fundação do Comité Científico-Humanitário, o monumento foi criado pela artista Karin Dean, sendo dedicado tanto a aqueles que pela sua orientação sexual sofreram perseguições e foram mortos, assim como àqueles que se empenham pela superação do ódio e da opressão, pelo esclarecimento e liberdade. Dois modêlos menores do monumento encontram-se no Rijksmuseum e no Madurodam em Haia. Os dois objetivos do monumento dizem respeito a questões culturais e não podem deixar de ser considerados nos Estudos Culturais em contextos globais. O monumento é alvo anual de atos pelo dia memorial dos mortos pelo Nacionalsocialismo, com a participação de autoridades políticas e representantes de diversos círculos da sociedade e da cultura, assim como de festividades no dia da Libertação e no Koninginnedag. A linguagem visual da obra é marcada pelo símbolo do triângulo rosa, usado no período nazista como sinal para a marcar jovens e homens condenados, dos quais ca. de 10.000 a 15.000 foram internados em campos de concentração, onde mais da metade desse número encontrou a morte. O monumento é  constituído por três grandes triângulos de granito rosa polido que, tendo os seus ângulos unidos por linhas de piso, criam um triângulo maior. Um dos ângulos possibilita atingir uma plataforma sôbre o canal Keizersgracht. A sua configuração sugere que o memorial deve ser lido nos seus sentidos dirigidos ao passado, ao presente e ao futuro. A obra traz à consciência que o passado não pode repetir-se, devendo a sociedade, os políticos e sobretudo também aqueles que se dedicam à cultura e aos estudos culturais
manter-se atentos, defendendo progressos sociais e de esclarecimento de mentes alcançados com tanto esforço pela Humanidade. Os degraus no canal simbolizam o presente e dirigem-se ao monumento nacional no centro de Amsterdam, dedicado à libertação e à paz, lembrando dos sacrificados à época da ocupação nazista. O tablado simboliza o futuro e é orientado à sede da organização LGBT que se empenha pela emancipação, liberdade e justiça na Holanda. O terceiro ângulo, simbolizando o passado, dirige a atenção à casa de Anne-Frank. Uma inscrição reproduz versos de uma poesia de Jacob Israil de Haan (1881-1924), que lembra o conceito da Amizade, mola propulsora das relações humanas e da cultura, conceito de alta relevância na história do pensamento desde a Antiguidade. Lembrou-se, no ato, daqueles que, em Portugal e no Brasil, sofreram no passado e sofrem no presente com perseguições, injustiças, ódios e violências, salientando-se a exigência aos Estudos Culturais de considerar o problema aprofundadamente e de modo diferenciado, trazendo à luz a contribuição ao desenvolvimento da cultura e das artes daqueles que foram silenciados por instituições e apagados da história, recordando-se o papel esclarecedor que a ciência deve desempenhar, sobretudo em atualidade marcada por uma intensificação de tendências obscurantistas de fundamentação religiosa.



07.09.2012

Rio de Janeiro. Instituto Cultural D. Isabel I: reconhecimento da Princesa Isabel no programa „O maior brasileiro de todos os tempois“ e o ideal neoabolicionista. O IDII comunica o seu contentamento pela escolha da princesa Isabel em programa de televisão de tema „O maior brasileiro de todos os tempos“ e pela perspectiva de vir a tornar-se crime hediondo, no próximo Código Penal Brasileiro, de práticas de condições de trabalho análogas às de trabalho escravo. A instituição lembra do abolicionismo nabuquiano e rebouciano, segundo o qual acabar com a escravidão não bastava, devendo incluir a abolição da miséria, aqui incluindo-se a miséria da falta de instrução educacional.



06.09.2012.

Amsterdam. Pontes nos estudos culturais, Simpósio Colonial Nostalgia e MixMax Brasil - Tropenmuseum. No âmbito do ciclo de estudos euro-brasileiros do programa de pesquisas „Países Baixos-Brasil“ da A.B.E. em andamento, considerou-se o Tropenmuseum em Amsterdam, discutindo-se as atividades científicas e de difusão de conhecimentos ali desenvolvidas à luz dos questionamentos que vem sendo tratados pela A.B.E. e divulgados na Revista Brasil-Europa. O Tropenmuseum é instalado num dos mais monumentais edifícios de Amsterdam, situado nas proximidades de parques e do bairro Plantage, um dos setores da cidade mais privilegiados pela sua natureza e vitais do ponto de vista cultural e de lazer, contando com vários museus, centro científico, jardim botânico e jardim zoológico. O edifício apresenta, na programática decorativa de sua arquitetura e plásticas, referências às diversas culturas do mundo, em particular aquelas com os quais os Países Baixos tiveram contatos coloniais mais estreitos. A instituição, uma das mais relevantes dos estudos etnológicos, em particular tropicais do mundo, conserva preciosos materiais de valor histórico e cultural de diferentes culturas, de arte tradicional, popular e de arte contemporânea. Na sua orientação museológica, para além dos trabalhos científicos, procura difundir conhecimentos, dando particular atenção à pedagogia infanto-juvenil, tendo como lema a „celebração colorida da diversidade da Humanidade.“ O tema „Pontes“, já por várias vezes considerado nos trabalhos euro-brasileiros da A.B.E. também pelo seu sentido figurado no sentido de pontes entre povos (http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Jose_Carlos_Rodrigues_e_Jornal_do_Comercio.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/124/Ponte_para_o_Ocidente.html), pôde ser retomado à luz da exposição (13 de Julho a 11 de Novembro) de fotografias de pontes à cura de Hans Aarsman,com base no arquivo fotográfico da instituição. Esse arquivo contém mais de 500.000 imagens, na sua maior parte das antigas Índias Orientais Holandesas. Com base nesses materiais, pôde-se retomar também os trabalhos euro-brasileiros relativos a interações entre esferas coloniais portuguesas e holandesas na Ásia (http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Emmarentia-Anna-Peter-Van-der-Hoeven.html). Essa exposição de fotografias e o interesse que desperta traz à consciência um fenômeno que também tem sido considerado no contexto euro-brasileiro há anos, ou seja o da Nostalgia Colonial, que leva a uma iluminação do passado colonial sob vários aspectos e em vários contextos, ainda que, paradoxalmente, o discurso nas áreas históricas e sociológicas seja voltado à superação do colonialismo e, mais recentemente, a tendências pós-coloniais.(http://akademiebrasileuropa.de/Chroniken/1970-Barock-als-Problem.html)  Significativamente, o Tropenmuseum deu início a uma série de simpósios inaugurada a 17 de março de 2011 com um evento dedicado à Colonial Nostalgia. Vários especialistas trataram, entre outros temas, de questões relativas ao trabalho museológico, em particular do Tropenmuseum, no contexto da história colonial holandesa e da história pós-colonial em geral. Entre os conferencistas, pronunciaram-se o diretor do museu, Lejo Schenk, o chefe do departamento curatorial da instituição, Wayne Modest, o ex-curador das coleções da Oceania, David van Duuren, a ex-curadora de Fotografia e cultura escultorial Janneke van Dijk, além dos professores Henk Schulte Nordholt (Estudos do Sudeste Asiático da Universidade Livre de Amsterdam), Pamela Pattynam, professora extraordinária de Literatura e História Colonial e Post-Colonial da Universidade de Amsterdam e Susan Legène, Professora de História Política na
Universidade Livre de Amsterdam. À luz dessa preocupação pela „Nostalgia Colonial“, o significado das coleções do museu referentes à Oceania pôde ser considerado no ciclo de estudos em andamento com referência aos trabalhos euro-brasileiros realizados pela A.B.E.. na região (http://www.revista.brasil-europa.eu/136/Indice_136.html). O primeiro dos dois volumes de dez livros que consideram as coleções das Índias Orientais Holandesas e da Oceania no Tropenmuseum acaba de ser publicado. Considera-se, aqui a transformação ocorrida nos últimos séculos na cultura da Oceania e da forma de tratamento de objetos conservados no museu. Para outubro de 2012, planeja-se a realização da exibição MixMax Brasil In the Land of the Emperor no Tropenmuseum Junior sob o lema „Crianças fazem Música no Brasil“. O museu deverá ser transformado em quarteirão Brasil de imaginação artística, com portas e janelas, assim como um tunel em floresta oferecendo vistas diversas, um atelier de dança e um estúdio musical. Mais de 30 artistas e artesãos de Pernambuco contribuem à exibição. Esse evento segue à exposição do Tropenmuseum Junior dedicada à China‘s Qie, que também veio de encontro a trabalhos recentes da A.B.E. na China. (http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Indice_137.html)



05.09.2012

Universidade Federal do Rio de Janeiro. Escola de Música da UFRJ apresenta Série Talentos UFRJ. Mestres e seus mestres: Música sacra da Renascença ao Barroco. A Série Talentos UFRJ, que se realiza de setembro a dezembro do corrente ano, apresenta no dia 5 de setembro, às 18:30 horas, na Sala da Congregação da Escola de Música da UFRJ, Rua do Passeio 98, o concerto „Mestres e seus mestres: Música sacra da Renascença ao Barroco“ a cargo do Conjunto Sacra Vox & Conjunto Música Antiga da UFF sob a regência de Valéria Matos. Participam os solistas Sophia Otero, Marcelo Sader e Edvan Moraes. O programa inclui obras de Orlando di Lassus, Giovanni Gabrielli, Heinrich Schütz, Johann Schein e Johann Sebastian Bach.





05.09.2012

Amsterdam. „Até a cortina cair“. Memorial no Joodsche Schouwburg: judeus de sobrenomes portugueses deportados para campos de concentração. O ciclo de estudos Países Baixos/Brasil em andamento, que dedica especial atenção aos judeus de ascendência portuguesa na história de processos culturais internacionais, analisando ao mesmo tempo a manutenção ou a perda da lusofonia, assim como as transformações culturais da comunidade sefardita na própria Holanda, salientou a necessidade de considerar-se a tragédia da deportação no período nazista e do holocausto, insuficientemente lembrada nos Estudos Culturais referentes a Portugal e ao Brasil. Memorial da deportação de judeus de Amsterdam aos campos de concentração é o teatro Joodsche Schouwburg que, em 1942 e 1943, serviu de centro de reunião de homens, mulheres e crianças que foram enviados por trem a Westerbork e, dali, à morte nos campos de concentração e dos quais poucos retornaram. O teatro, construído em 1892, havia sido até então centro de cultura popular e de diversões da comunidade judaica, tornando-se então símbolo de angústia. Em exposição na parte frontal do edifício, apresentam-se documentos que testemunham a vitalidade artístico-cultural dos judeus holandeses e seu trágico fim. Um video (Until the curtain falls) oferece um panorama histórico da multifacetada programação do teatro, lembrando, entre outros, de Op Hoop van Zegen (A boa esperança),  por Herman Heijerman, de 1900, e a atriz Esther de Boer-van Rijk. Nos anos trinta, antes do seu fim, o teatro alcançou o seu apogeu, apresentando operetas, revistas e obras teatrais. Foi um centro da canção popular e do teatro musical. Em fins da década, muitos artistas da Alemanha passaram a fugir para os Países Baixos, alguns deles pertencentes à companhia alemã de operetas dirigida por Fritz Hirsch. Com a ocupação, proibiu-se que judeus se apresentassem a não-judeus. No teatro apresentava-se a Orquestra Sinfônica Judaica, tendo Sam Swaap como spalla. Ponto alto foi a opereta The Czardas Princess, pouco
antes do edifício ser requisitado pelos nazistas. No memorial, que registra os deportados e mortos, eternizam-se obrenomes em português, entre êles: Álvares Correa, Baruch Henriques, Henriques de Castro e Henriques de Souza.



04.09.2012

Amsterdam. Judeus lusófonos e o Brasil no Joods Historisch Museum- 25 anos na „Grande Sinagoga“. O principal centro de estudos para a consideração do papel desempenhado pelos judeus de ascendência portuguesa e para processos de manutenção e perda da lusofonia em contextos globais é o Museu da História do Judaísmo em Amsterdam. Consequentemente, esse museu foi visitado e os seus materiais estudados no âmbito do ciclo de estudos euro-brasileiros em andamento na nova fase dos trabalhos do programa Países Baixos/Brasil da A.B.E.(http://www.brasil-europa.eu/Paises/Paises_Baixos.html). Há 25 anos encontra-se esse museu instalado na antiga „Sinagoga Grade“ de Amsterdam, próxima do ex-bairro judeu Waterlooplein. É agora a partir do edifício das antigas comunidades de língua alemã que se processa a consideração do passado da comunidade judaica nas suas dimensões locais e mundiais, sendo ponto de partida também para a sinagoga da comunidade sefardita de ascendência portuguesa, não distante desse local mas que, pela história, deveria antes representar o início de todos os estudos em Amsterdam (Veja notícia). A preocupação museológica de conservação do patrimônio e da memória levou à comunidade judaica já em 1932 à fundação do Stichting Joods Historisch Museum. Este, porém, alguns anos depois, com a ocupação nazista, foi fechado e em grande parte dilapidado. Partes salvas do acervo possibilitaram, porém, a sua reabertura em 1955, e, agora, a trágica história da deportação a campos de concentração d do holocausto pôde ser também considerada.Hoje, o papel dos judeus na vida econômica, social e cultural de Amsterdam no século XX constitui importante parte da exposição. Para os estudos euro-brasileiros, a atenção dirige-se sobretudo aos materiais mais antigos. Essa parte da exposição inicia-se lembrando a expulsão, a conversão compelida e as atrocidades vivenciadas pelos judeus sefarditas na Espanha e em Portugal a partir de 1492 e 1497. Lembra-se que, se a cultura judaica existira em meio dos muçulmanos na península ibérica, chegou a seu fim com a expulsão e a conversão forçada. Entretanto, a Inquisição continuou a perseguir judeus que haviam sido forçados ao Cristianismo. Muitos foram queimados vivos, publicamente, como o demonstram materiais expostos de Portugal. Torturas públicas e execuções levaram a uma corrente de exílio para o Império Otomano no Leste, para a África do Norte, para regiões católicas do Sul da França e Itália. Ao norte, os principais refúgios foram as cidades portuárias, em particular Antuérpia, assim como o centro comercial de Amsterdam. Aqui, os conversos tiveram a oportunidade de recuperar a sua identidade e tornar-se novamente judeus, ainda que mantendo contatos com conversos que permaneceram em Portugal, um processo cultural de recuperação e reconstrução de alto interesse para estudos culturais e que tem sido até hoje pouco considerado nos estudos euro-brasileiros. Dentre os documentos de maior interesse neste sentido salientam-se aqueles referentes a Ephraim Bueno (1599-1665) e Juda Henriques (1695). Valioso objeto é  um prato trazido de Lisboa do século XVI provavelmente por Abraham Cohen de Ereira (1570-1639), usado pela comunidade no ritual do lavar mãos dos kohanim. Fugido de Portugal, A. C. de Ereira alcançou Amsterdam via Itália, Maroco e Londres; na tradição
cabalística, escreveu Puerto del Cielo. Outro objeto de excepcional valor histórico é uma placa de Tora presenteada em 1606 por Jacob e Rachel Tirado à primeira comunidade de Amsterdam. Famosa tornou-se a coleção de livros e desenhos de Aaron de Pinto (1710-1758). O poeta Daniel Levi de Barrios (1635-1701) escreveu a história da comunidade lusófona de Amsterdam e, com a sua mulher Abigail de Lima, foi representado por Aron de Chaves no livro Imperio de Dios en la Harmonia del Mundo (1673). O médico Samuel de Leão Benavente retratou-se a si próprio em tratado publicado em 1699. A exposição considera a colonização holandesa e as comunidades judaicas no Brasil, Suriname, Curação e New Amsterdam (New York), assim como os seus elos comerciais com os sefarditas de Amsterdam. Judeus pobres procuraram fortuna nas colonias, considerando-se aqui particularmente Suriname, para onde também fugiram judeus brasileiros após a retomada portuguesa do Nordeste (1654). Isaac Aboab da Fonseca (1605-1793), vindo de Portugal a Amsterdam, tornou-se o primeiro rabino do hemisfério ocidental no Brasil;  retornando a Amsterdam em 1654, foi um dos que pronunciaram o banimento de Spinoza (Veja notícia). O rabino David Cohen d‘Azevedo (?-1792) foi um dos judeus que mais apoiaram a Casa de Orange. A exposição salienta sobretudo o papel das famílias sefarditas dos De Pinto, em Haia, assim como de Lopes Suasso em Amsterdam, nobilitados, assim como as suas uniões, como aquela de Sarah Lopes Suasso com Mozes Salvador (1773). De período posterior, salienta-se David Henriques de Castro (1776-1844), casado com Rachel da Costa Gomes de la Penha (1778-1838), membro do conselho municipal de Amsterdam a partir de 1842, assim como vários outros membros dessa influente família Henriques de Castro.



03.09.2012

Amsterdam. Relações Países Baixos/Brasil no contexto histórico-político: da República "Senhora dos Mares" à Monarquia - reflexões no Palácio real. A nova fase do programa de estudos euro-brasileiros dedicado aos Países Baixos dirige a atenção a processos em contextos globais, em particular aqueles relacionados com o comércio e com o papel nele desempenhado pelos judeus portugueses, orientação necessária para uma consideração adequada da época da presença holandesa no Brasil no século XVII e suas consequências. O tratamento do período de apogeu econômico de Amsterdam nesse século recebeu impulsos de uma visita ao Palácio real, o edifício mais representativo dessa fase de ouro da história dos Países Baixos. Construído entre 1648 e 1665, o edifício assume um significado arquitetônico especial por ter sido uma construção de grandes dimensões de pedras construída sobre fundamentos de madeira no terreno aquoso de Amsterdam. Na época, período no qual a política dos Países Baixos era a de uma república pouco centralizada e dominada por grandes comerciantes e homens de finanças, o edifício serviu de Prefeitura. O modêlo que guiou as classes comerciais e financeiras no desejo de ereção de um palácio era o da república de Veneza com o seu palácio dos doges. O seu friso principal apresenta significativamente uma alegoria de Amsterdam como „Senhora dos Mares“. Uma nova fase histórica iniciou-se no período napoleônico, quando o palácio foi transformado em residência do rei Louis Bonaparte (1778-1846) em 1808. No edifício, pode-se ler as transformações por que passou com a mudança de funções ao tornar-se palácio real. No mesmo ano em que o Brasil, recebendo a família real portuguesa, fugindo da invasão napoleônica, conheceu a „abertura dos portos às nações amigas“, os Países Baixos, sob o signo da contrária política, vivenciou a introdução da monarquia.  A comparação entre as duas situações abre novas perspectivas para estudos mais diferenciados da situação portuguesa e brasileira, assim como aquela da política bonapartista. O pesquisador, acostumado à perspectiva dos fatos a partir de Portugal e do Brasil, surpreende-se ao constatar o teor positivo da imagem de Louis Bonaparte nas exposições holandesas, tomando consciência da necessidade de estudos mais pormenorizados da época napoleônica. (http://www.revista.brasil-europa.eu/111/Chegada-Corte-Portuguesa.htm) Louis Bonaparte, que procurou, no seu breve reinado (1806-1810) integrar-se e desenvolver uma política segundo interesses locais, em parte em conflito com o seu irmão imperador, entrou na história por medidas progressistas para a época, criando arquivo e museus que lançaram os fundamentos para importantes instituições do presente, entre elas do Rijksmuseum. Com a coroação de Willem I em 1814 e após o
Congresso de Viena, o edifício serviu como prefeitura e palácio da família real. Com os seus afrescos, plásticas e mobílias, o edifício propicia estudos das transformações político-culturais dos Países Baixos através dos séculos nas suas consequências para as regiões extra-européias, também para o Brasil.



02.09.2012

Amsterdam. „Irmãos“ de ascendência portuguesa na biblioteca da „Árvore da vida“ (Ets Haim) - papel dos judeus lusófonos na história do pensamento e de processos culturais. No âmbito dos estudos euro-brasileiros relativos aos Países Baixos na sua nova fase, dedica-se particular atenção à biblioteca Ets Haim/Livraria Montezinos. Os „cristãos novos“ ibéricos que, perseguidos, procuraram abrigo em Amsterdam, inseridos em complexos processos de identidade causados pela cristianização e premidos a recuperar e aprofundar-se nas próprias tradições, dedicaram-se já no início do século XVII ao fomento dos estudos hebraicos e da educação religiosa. Em 1637, fundou-se a sociedade Ets Haim para possibilitar o financiamento da formação de estudantes, dos quais um deles foi o pai do filósofo Baruch Spinoza (Veja notícia). A cultura escrita, própria da tradição hebraica, levou a uma valorização dos livros e à formação de uma biblioteca. Amsterdam tornou-se um centro de impressão e comércio de livros. No século XIX, as aulas passaram também a compreender línguas modernas, geografia, história e matemática; um de seus mestres da época foi da família Vaz Dias.  Um dos maiores doadores de livros foi David Montezinos (1828-19169), também formado na escola judaico-portuguesa, fato registrado em quadros pintados por J. Sequeira, instalados na livraria. A esse bibliotecário seguiu-se o erudito escritor Jacob da Silva Rosa (1886-1943), morto em campo de concentração. Durante o período nazista, muitas obras raras foram levadas ao Instituto Alfred Rosenberg de Pesquisa da Questão Judaica, de Frankfurt a.M.. Em parte recuperados após o término da Guerra, a Biblioteca foi
reaberta em 1947. A maior sala de aula da escola passou a servir como sinagoga de inverno, por ser menor e mais aquecida. Através dela atinge-se a biblioteca, que contém ca. de 20.000 obras divididas nas categorias de estudos hebraicos e sefarditas. Esta última inclui valiosas obras dos judeus de ascendência portuguesa. Na sala que abriga a „sinagoga de inverno“, encontram-se tábuas com nomes dos „Irmãos da Irmandade de T.T. e Ets Haum" e de „Senhores e Senhoras que deixàrão legados à santa irmandade Ets Haim“, podendo-se ler muitos nomes de famílias de ascendência portuguesa, entre êles: Soto, Farro, de Mattos, Pereira, Navaro Nunes, de Chaves, Cardozo, Maestro, Vaz, Bueno, Pereira Chusao, Pereira, da Costa, Henriques, Gemes, Franco, de Mercado,  Espinosa, Leão, da Silva, A. Mendes, Pessoa, Caminha, de Lima, Mendes Penha, Pimentel, Mendes da Silva, da Veiga, Gomes de Sossa, Touro, Pereira Coutinho, Alvares, Mesquita, Barboza, de Pinto, Abenecar da Costa, Rodrigues, Henriques Teixeira, Crasto de Paz, Penso Felix, Henriques de Mesquita, Henriques de Souza, Dias Fernandes, de Prado, Teixeira de Andrade, de Pinto, da Cunha, Belmonte, Gomes da Costa, Silva de Castro, Mendes da Silva, Pinto Ximenes, Nunes Henriques, Medina, Franco Mendes, Delmonte, Curiel, Azevedo, Manrique. Lumbroso de Mattos, Ximenes, Suasso, Lopez Salzedo, Abenatar Bravo, Calaço Ozorio, Mendes Chumaceiro, Leão Laguna, Lopes Cardoso, Paraira, Silva Rosa, Moreno, Lopes Pacheco, Saportas, Alvares Correa ou Nunes Garcia. Esses registros oferecem subsídios para o reconhecimento das famílias mais influentes na comunidade lusófona judaica de Amsterdam e para estudos genealógicos e de rêdes em contextos globais. Com a consideração de nomes conservados em fontes e instituições de diversos países, como já realizado pela A.B.E. em Curaçao, pode-se procurar reconstruir contextos e processos históricos e fazer jus a personalidades que atuaram na vida cultural e intelectual e que se encontram esquecidas.



01.09.2012

Amsterdam. A Esnoga judaico-portuguesa como monumento de processos culturais de dimensões globais. O principal foco de atenção dos estudos atuais que abrem uma nova fase do programa euro-brasileiro dedicado aos Países Baixos é a Esnoga de Amsterdam, agora revisitada após a grande restauração por que passou na década de noventa e no contexto das comemorações dos seus 325 anos no ano 2000. Os trabalhos foram precedidos pelo estudo da obra The Esnoga (...), de J. C.E.Belinfante e outros (Amsterdam: D‘Arts 1991). Os „cristãos novos“ que chegaram pela passagem do século XVI ao XVII em Amsterdam vindos de Portugal e da Espanha realizaram os seus atos religiosos primeiramente em casas de comerciantes, em especial portugueses. Assim, em 1618, armazens adquiridos por José Pinto serviram à congregação sefardita. O desenvolvimento da comunidade judaica em Amsterdam é marcado por complexos processos culturais, apresentando problemas de tendências messiânicas (Sabbatai Zvi) e de tensões internas da cultura judaica com a vida de judeus Ashkenazi da Alemanha e do Leste. Os sefarditas portugueses, de mais posses financeiras, deles se distinguiram com a construção de uma monumental sinagoga. Vários sobrenomes de rabinos e de outros judeus que se empenharam no projeto são conhecidos, entre êles das famílias Pinto, Vaz, Azevedo, da Veiga, Ozorio, Pereira e Henriques Coutinho. A sinagoga - de dimensões quase que catedralícias - assume particular interesse para análises estilístico-culturais comparativas com a arquitetura de igrejas católicas e evangélicas. O seu arquiteto, Elias Bauman, embora não-judeu, mantinha contato estreito com círculos judaicos, entre êles das famílias Cardoso e Osório. A construção foi financiada sobretudo por membros das famílias de Pinto e Nunes da Costa/Alvares. Sob o ponto de vista de análises arquitetônicas de orientação cultural, o edifício apresenta particular significado por testemunhar interações de concepções clássicas - orientadas segundo a tradição greco-romana - e a simbólica de fundamentação bíblica, em particular do Tempo de Salomão, sobretudo através de referências numerológicas. A sinagoga portuguesa de Amsterdam tornou-se modêlo para várias outras dos sefarditas na Europa e no Novo Mundo, entre estas em Willemstad (http://www.revista.brasil-europa.eu/94/Judeus-Curacao.htm), Paramaribo e Surinam, além de outras nos EUA. Com as renovações mais recentes, a entrada do complexo dá-se pela casa de
Mendes Coutinho, nome que lembra vulto da resistência no período nazista, quando a sinagoga foi fechada. A sinagoga impressiona pelo seu magnífico interior, marcado pela grandiosidade do seu espaço livre, centralizado, pela magestade de suas colunas de pedra, das galerias laterais superiores destinadas às mulheres e por valioso mobiliário de jacarandá do Brasil, presenteado por Mozes Curiel.



31.08.2012

Amsterdam. "O objetivo do Estado é a Liberdade". Estudos euro-brasileiros nos Países Baixos e atualidade de Baruch de Spinoza (Bento de Espinosa) (1632-1677). A nova fase dos estudos Países Baixos/Brasil da A.B.E. foi inaugurada em Amsterdam com uma visita ao monumento dedicado a esse filósofo sefárdico de ascendência portuguesa e lusófono. Esse monumento encontra-se próximo do antigo bairro judaico de Amsterdam Waterlooplein e é marcado por palavras de grande atualidade do filósofo: "O objetivo do Estado é a liberdade". Esse gesto de abertura do ciclo de estudos justificou-se por dois motivos. Em primeiro lugar, pelo papel privilegiado a ser concedido aos estudos dos exilados judaicos ibéricos, em particular portugueses, nos Estudos Culturais em dimensões globais. Surge como singular e questionável o fato de pouco se lembrar, nos estudos lusófonos, que um dos grandes filósofos europeus foi de ascendência hispano-portuguesa, tendo o português como língua materna. Considerado na Filosofia em geral sob o nome Baruch, poucos estudiosos têm a consciência de Bento de Espinosa pertencer ao trágico contexto da perseguição e da diáspora dos judeus ibéricos, com todas as suas consequências para o mundo extra-europeu, inclusive para o Brasil. Em segundo lugar, pelo fato do ciclo de estudos realizar-se em ano no qual a atenção é voltada a questões do Conhecimento nas suas relações com o Esclarecimento, preocupação de atualidade devido à intensificação de correntes obscurantistas de fundamentação religiosa no presente. Spinoza, inserindo-se em processos de transformação cultural na diáspora, marcado por movimentos migratórios e elos com as regiões extra-européias, entrou em contato com determinadas correntes de pensamento judaico, do Cristianismo, da filosofia contemporânea, em particular de Descartes e dos livre-pensadores imigrados, p.e. Manuel Ribeira. Desenvolvendo concepções de crítica bíblica e religiosa, contrário a imposições fundamentalistas tanto cristãs ou judaicas de coibição da liberdade do pensar, foi combatido tanto por judeus como por cristãos, sendo excluído da sinagoga portuguesa. Sobretudo o seu Tractatus Theologico-politicus, reconhecido por pensadores como Leibnitz, foi alvo de repressões por parte da Igreja. O significado da Ética no pensamento de Spinoza merece particular atenção, assim como a sua recepção por pensadores alemães. O ato de abertura dos estudos terá prosseguimento com estudos do pensamento de Spinoza à luz de questionamentos atuais.



30.08.2012

Amsterdam. Países-Baixos e estudos euro-brasileiros: nova fase. Com trabalhos realizados por seus pesquisadores em instituições em Amsterdam, a A.B.E. dá continuidade ao desenvolvimento do seu programa dedicado a complexos temáticos referentes aos Países Baixos de relevância para os estudos concernentes ao Brasil, a Portugal e a outros países marcados pela ação dos portugueses (http://www.brasil-europa.eu/Paises/Paises_Baixos.html). As atividades de pesquisa e de reflexões da A.B.E. distinguem-se já há décadas pela sua orientação teórica, que dirige a atenção a processos em contextos internacionais no passado e no presente, procurando analisá-los nos seus pressupostos e considerar a sua vigência e consequências. Essa visão ampla, fundamentalmente dirigida a configurações globais, contribui à atualização teórica dos estudos que, no Brasil, surgem como excessivamente restritos à época histórica sob o signo de „holandeses no Brasil“, „holandeses no Nordeste“.ou „holandeses em Pernambuco“. (http://www.revista.brasil-europa.eu/107/Joao-Mauricio-de-Nassau.htm) Essa preocupação em considerar as decorrências brasileiras nas suas inserções em desenvolvimentos mundiais, sobretudo de natureza político-econômica e religioso-cultural, tem levado à realização de estudos não só nos Países Baixos como também em outras regiões do mundo marcadas pela presença dos holandeses na sua história e no presente. Este foi o caso, assim, dos trabalhos desenvolvidos no Caribe, mais particularmente em Curacao (http://www.revista.brasil-europa.eu/94/Judeus-Curacao.htm), e, em 2010, em Cochim, na Índia (http://www.brasil-europa.eu/Paises/Paises_Baixos.html). Esses estudos têm chamado à atenção sobretudo às estreitas relações entre os estudos de relações entre os Países Baixos e regiões do mundo extra-europeu com a história dos judeus, em particular dos judeus ibéricos perseguidos e expulsos da Espanha e Portugal à época dos Descobrimentos. Os estudos agora desenvolvidos, preparados em colóquios em 2011, foram sobretudo dedicados aos processos culturais e de identidade vivenciados pela comunidade judaica de língua portuguesa em Amsterdam no decorrer dos séculos nas suas relações com desenvolvimentos extra-europeus. Se em ciclos anteriores em instituições da história dessa comunidade sefardita a atenção fora dirigida sobretudo  a séculos anteriores ao XIX, considerou-se
agora em particular desenvolvimentos impulsionados à época bonapartista e que intensificaram processos de integração, de transformação de identidades e perda da lusofonia. A consideração da tragédia do transporte de judeus dos Países Baixos aos campos de concentração e a seu holocausto no século XX, levando ao término de uma fase histórica iniciada com a perseguição católica dos judeus espanhóis e portugueses, aguça a sensibilidade para a percepção das dimensões, da atualidade e mesmo da necessidade de estudos que atentem privilegiadamente à história dos portugueses judeus e judeus de ascendência portuguesa e brasileira nos Estudos Culturais.



28.08.2012
15 anos do Centro de Estudos Brasil-Europa/A.B.E.. Reunião final para a publicação da Revista 138 (2012:4). Devido às férias de verão da administração da A.B.E. e da participação de pesquisadores no ciclo de estudos nórdicos, atrasou-se a edição do quarto número da revista eletrônica da organização. Esse número oferece relatos de trabalhos realizados no primeiro semestre do corrente ano na Itália, França, Espanha e Portugal por motivo dos 500 anos de Amerigo Vespucci e dos 15 anos de fundação do Centro de Estudos Brasil-Europa na Alemanha. O tema condutor dos trabalhos foi o do estudo de fundamentos culturais de processos mediterrâneo-atlânticos com o objetivo de trazer à consciência o significado da perspectiva científica nos estudos culturais em vista do crescente obscurantismo de fundamentação
religiosa que se observa na Europa e em outras partes do mundo na atualidade. Entre as instituições visitadas, salienta-se a Universidade de Santiago de Compostela. A edição inclui textos com depoimentos de brasileiros que atuam no Exterior.



27.08.2012
Reinício dos trabalhos do Centro de Estudos Brasil-Europa: Balanço do ciclo de estudos na Noruega. Após a interrupção dos trabalhos do secretariado do centro da A.B.E. pelas férias européias de verão, foram estes retomados com um balanço inicial do ciclo de estudos nórdicos realizados concomitantemente por pesquisadores da organização. O objetivo do ciclo foi primordialmente o de atualizar conhecimentos e contatos no âmbito do programa de estudos bi-laterais Noruega-Brasil (  ). Com o escopo de observar tendências dos estudos culturais foram visitadas universidades e instituições várias, em particular em Tromso, Trondheim e Stavanger. Entre os complexos temáticos particularmente considerados salientou-se aquele relativo a movimentos culturais e de identidade de lapões à luz da discussão de processos de reconscientização indígena e de outros povos endógenos em situações similares. Deu-se início à sistematização e discussão dos materiais, das notícias e informações, um trabalho que terá prosseguimento nos próximos dias
e que é pressuposto para a preparação dos relatos a serem publicados na Revista Brasil-Europa.



10.08.2012

Início do ciclo de estudos nórdicos da A.B.E. . Por motivo do início de mais um ciclo de estudos euro-brasileiros dedicado a temas relacionados com os países nórdicos, preparado  em Kiel (veja notícia), o Centro de Estudos Brasil-Europa, a sua biblioteca e secretariado permanecerão fechados até o dia 25 de agosto, período em que também não será atualizado o noticiário.



10.08.2012

500 anos de morte Amerigo Vespucci (ca. 1451-1512). Eventos na Itália. Rememora-se no corrente ano, a morte de Amerigo Vespucci, comerciante, navegador e vulto da história dos Descobrimentos que emprestou o seu nome às Américas a marcou o conceito de „Novo Mundo“. Transferindo-se a serviço da família Medici a Sevilha em 1491, tomou parte da sociedade que financiou a primeira viagem dos navios de Colombo, assumindo posteriormente a direção da sucursal bancária florentina. Participou provavelmente em 1497 de uma viagem ào novo continente, e em outra de 1499 a 1500. Para os estudos brasileiros, assume particular significado a sua participação na viagem portuguesa de exploração sob Gonçalo Coelho de 1502, à qual se refere na sua obra Mundus Novus (Florença e Paris 1502/3, Augsburg 1504) -  tendo registrado o nome Rio de Janeiro -, assim como a sua viagem de 1504. Amerigo Vespucci adquire significado na história das ciência sobretudo pelos seus trabalhos cartográficos e pela sua contribuição ao desenvolvimento científico da geografia, 
reconhecendo ser a nova terra um continente, não apenas ilhas. Ainda que tenha sido visto no século XVI como o principal descobridor da América e tenha o seu nome perenizado, Amerigo Vespucci não se encontra suficientemente presente nos estudos dos Descobrimentos, sobretudo na literatura de língua portuguesa. A revalorização do seu nome e dos seus feitos é dificultada por problemas de fontes. A consideração do seu nome é de particular significado para os estudos da recepção da América na Europa, como o demonstra a Cosmographia de Martin Waldseemüller, de 1507. O seu nome mantém-se presente sobretudo na Itália, onde designa famoso veleiro de formação de marinheiros, sediado em Livorno. Em Florença realizam-se vários eventos pelos 500 anos, dando-se particular atenção às relações Itália-USA, mencionando-se a a exposição Amerigo‘s America 1512-2012 - „Florença e os mercadores do Novo Mundo“ no Palazzo Rosselli del Turco, a conferência "Vespucci e o espaço ptolomaico", a exposição Il Nuovo Nuovo Mondo, que procura ser uma prova que italianos e estrangeiros podem viver juntos, e o projeto „Exploração, de Vespucci até hoje“ na Biblioteca delle Oblate. Nos ciclos de estudos euro-brasileiros dedicados às relações Mediterrâneo/Atlântico e realizados pelos 500 anos de sua morte (Veja notícia), considerou-se que uma orientação teórico-cultural da pesquisa histórica poderá contribuir a um redescobrimento de Vespucci e à consideração adequada de seus feitos.



07.08.2012

Festival des Arts Ephémères e sonoridades brasileiras em peça de coreógrafo japonês do Ballet National de Marseille. Entre os muitos eventos dedicados a artes efêmeras na França, destaca-se o festival de Marselha, que, na sua  quarta edição do corrente ano (24 de maio a 3 de junho), adquiriu significado especial pelos preparativos à capital européia da cultura 2013. Esse festival se caracteriza pela ação conjunta de artistas profissionais e estudantes de arte e música. O escopo é abrir a arte contemporânea a um público maior, de todas as idades, incentivando reflexões através da visão de artistas e o descobrimento de universos individuais. O evento conta com a orientação do Museu de Arte Contemporânea de Marselha. Assim, estudantes da École Supérieur d‘Art et de Design Marseille-Méditerranée compartilharam da experiência de 15 artistas plásticos no jardim da Maison Blanche. A música esteve presente com alunos da Cité de la Musique de Marseille. Menção especial deve ser feita ao Ballet National de Marseille. Uma das obras do seu repertório, a „Mayday...“ do coreógrafo Yasuyuki Endo, assistente de Frédéric Flamand, inclui sonoridades brasileiras, em particular de rodas de capoeira.



07.08.2012

Necessária especificação: A.B.E. - academia de pós-graduados. A A.B.E. é a entidade pela qual atua a Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais (1968), realizando seminários, colóquios e ciclos de estudos. Ela dá continuidade, de forma atualizada teoricamente, a tradição que remonta a 1919 e que justifica a sua designação de academia. Os seus membros e os participantes de trabalhos e ciclos de estudos são exclusivamente pesquisadores devidamente habilitados, com formação universitária nas diversas áreas. Ainda que explicitamente mencionada nos sites, torna-se necessário salientar essa característica da instituição, uma vez que se registra a existência de numerosas entidades designadas como academias que admitem membros sem formação superior e que se caracterizam por atividades antes de cunho social e de reconhecimento de méritos através da outorga de títulos, diplomas e medalhas. Por essa razão e para evitar-se mal-entendidos, decidiu-se, em reunião no seu centro de estudos, que a
denominação da A.B.E. deverá incluir, nos sites, a menção explícita de que se trata de uma academia de pós-graduados. As modificações serão feitas gradualmente.http://akademiebrasileuropa.de/Akademiebrasileuropa/Akademie.html



07.08.2012

Madrid. Pedro Nhacota Jr. - Diplomacia Cultural com enfoque em Moçambique. Terminando o seu mestrado em política internacional em Madrid, o moçambique Pedro Nhacota Jr. escreve uma dissertação sôbre Diplomacia Cultural e seu papel na política exterior, com um enfoque especial no potencial da temática no caso de Moçambique. Como a A.B.E. já promoveu vários ciclos de estudos sôbre vários aspectos da Diplomacia Cultural, entra em contato com a organização. Os trabalhos da A.B.E. mais recentes relativos ao tema, realizados em vários contextos, baseiam-se na sessão levada a efeito no Museu de História Diplomática do Itamaraty, no Rio de Janeiro, em 2002. Naquela ocasião distinguiu-se entre o papel da Cultura na Diplomacia (oficial) e Diplomacia Cultural (inoficial, informal) propriamente dita, refletindo-se sobre os seus elos, suas relações e a necessidade de um trabalho em conjunto. A primeira é objeto de estudos de pesquisadores e historiadores com formação específica vindos da área da diplomacia e política, o segundo de pesquisadores de áreas de estudos culturais. Essa distinção tem um sentido sobretudo pragmático, pois a formação, as perspectivas, as rêdes de contatos, as fontes bibliográficas e os procedimentos são diferentes nos dois casos. No primeiro caso, há bibliotecas e arquivos já muito bem organizados em Ministérios, Institutos de Formação de Diplomatas, organizações internacionais (UNO, UNESCO, e.o.) e outros. Questões de natureza cultural desempenharam em determinadas fases da história política um papel muito relevante, sobretudo em épocas nacionalistas e em contextos de migrações, colonizações e representações nacionais em exposições internacionais. Trata-se sobretudo de artigos em revistas, anuários e outros periódicos, e somente bibliotecas especializadas possuem coleções dos mesmos. No segundo caso, a aproximação é totalmente diferente e marcada pela orientação disciplinar do pesquisador. A atenção é dirigida a artistas, intelectuais, curadores de exposições, cientistas e agentes culturais em geral, também institutos, fundações, sociedades e companhias, que, de forma não-oficial, informal, contribuem à formação de imagens, ao intercâmbio e à compreensão entre povos.  No primeiro caso, o método é sobretudo o de fontes, histórico, no segundo, a pesquisa empírica - consistente em entrevistas, observações e estudo de rêdes - desempenha papel particularmente importante. Ambos se relacionam, pois não é raro que compositores, artistas, esportistas e outras personalidades que alcançaram renome sejam nomeados
para cargos de representação; os próprios adidos culturais dedicam parte do seu trabalho à coleta de recortes de jornais sobre artistas e intelectuais que despertam atenção no Exterior para o envio aos respectivos Ministérios ou para o suporte de embaixadores. Mais recentemente, dá-se particular atenção à preparação intercultural no âmbito de firmas, fato muitas vezes apoiado por departamentos comerciais de embaixadas. Para um trabalho acadêmico, sugere-se como o método mais efetivo para a ordenação de materiais o histórico ou cronológico, não o sistemático. Este pressupõe aquele, pois somente um levantamento amplo de dados e sua contextualização permite o reconhecimento de correntes de pensamento e de ação, tendências e fases político-culturais. Para isso, torna-se necessário considerar tanto contextos internacionais, por ex. europeus e, no caso inter-africanos, como nacionais. Não se pode esquecer que a Cultura desempenhou e desempenha papel de primeira grandeza em discursos sobre a Africanidade, Autenticidade, Négritude e outros, no passado, assim como, hoje, em discursos políticos de alguns países que falam de colonialismo cultural quando se coloca em questão problemas de direitos humanos e de moral que contrariam normas introduzidas pelas missões religiosas no passado, mas que são agora apresentadas como genuinamente africanas. Se o interesse for dirigido decididamente ao presente, sugere-se que se tenha cuidado especial na formulação do tema, deixando claro tratar-se de uma aproximação antes empírica e delimitada a aspectos. Residindo na Europa, haveria muitas possibilidades e interesse se fosse desenvolvido um trabalho junto a moçambicanos em situação de migração, considerando a sua contribuição para a imagem do país em estreito relacionamento com os processos de transformação cultural e de afirmação de identidades por que passam no Exterior. No caso de Moçambique, há um campo extraordinário de estudos. Basta lembrar, quanto ao passado, do papel desempenhado pela cultura tanto do lado dos colonizadores - realçando para o exterior e para a Metrópole a vida musical e artística por ex. de Lourenço Marques - como na formação do movimento de conscientização nacional e emancipador. Isso sem falar na projeção que hoje a música - sobretudo a popular - possibilita a Moçambique, contribuindo a uma imagem do país no Exterior extremamente atraente e rica. http://ismps.de/Mocambique_ISMPS.html



06.08.2012

Pontes na análise urbana em contextos internacionais. 50 anos do início da ponte „25 de abril“ (Salazar) sobre o Tejo. Em estudos de urbanismo de orientação teórico-cultural e de imagens de cidades, pontes desempenham importante papel. (http://www.arquitetura.brasil-europa.eu/) Longe de constituirem apenas obras de interesse técnico e viário, marcam de forma relevante fisionomias urbanas, determinam reestruturações, novas relações entre bairros e zonas e mudança de significados. Se muitas cidades apresentam monumentos como emblemas, em outras são pontes que assumem em parte essa função, tornando-se elementos de significado para a identidade da coletividade e de sua representação. Entre as muitas pontes que se transformaram em monumentos históricos de primeira grandeza pode-se lembrar da de Rialto, em Veneza, da Tower Bridge, em Londres, da Karlsbrücke, em Praga, da Pont Neuf, em Paris, e da ponte D. Luis I do Porto. Com o desenvolvimento técnico desde o século XIX, ponteis pênseis passaram a desempenhar papel preponderante na caracterização de cidades, podendo-se lembrar da Brooklyn Bridge, em New York. da Golden Gate, em San Francisco. Hoje, pontes da China salientam-se sob o aspecto técnico, em particular em comprimento, ao lado de algumas dos EUA e mesmo da Arábia Saudita. A maior em comprimento da Europa é a Ponte Vasco da Gama sobre o Tejo, construída em 1998 por ocasião da EXPO. Também a Ponte Rio-Niterói inclui-se entre as particularmente longas. Uma história cultural de pontes no mundo de língua portuguesa encontra-se em desenvolvimento, lembrando-se para o Brasil da ponte Hercílio Luz de Florianópolis e da ponte de São Vicente. Um papel significativo sob o ponto de vista político-cultural desempenhou a Ponte Salazar sôbre o Tejo, a segunda ponte pênsil para tráfego viário e ferroviário em comprimento, inaugurada em 1966 e redenominada em 25 de Abril após a Revolução de 1974. Ligando os bairros de Alcântara e Almada, deixando ver a imagem de Cristo Rei, tem sido comparada na sua aparência com a de San Francisco, dando margens ao estabelecimento de relações técnicas com outras pontes. No ciclo de estudos realizado na Cidade das Ciências e das Artes de Valencia, obra de Santiago Calatrava, engenheiro que adquiriu renome também pelas suas pontes (e.o. Lusitania, Guadiana,
Mérida 1991), discutiu-se dimensões simbólicas de pontes na sua inserção na linguagem visual de remotas origens, salientando-se aqui imagens da lira e de instrumentos de corda em geral. Essa aproximação abre perspectivas para estudos das relações entre a música, a arquitetura e urbanismo, permitindo tentativas de estudos de natureza musical no sentido figurado de paisagens urbanas, também no caso de Lisboa.



05.08.2012

Kiel. Universidade Christian Albrecht - internacionalidade acadêmica em Schleswig-Holstein: Pax optima rerum. Nas preparatórias para novo ciclo de estudos euro-brasileiros dedicados aos países do Norte da Europa (Veja notícia), uma particular atenção merece a universidade de Kiel que, pela sua localização e história, mantém relações estreitas com universidades e institutos de pesquisas de países nórdicos. Significativamente, ela é sede do Centro de Estudos Alemão-Norueguês, que, entre as suas atividades, hospeda estudantes da Noruega e oferece cursos de idioma. No rol de suas parcerias internacionais encontram-se também várias universidades do Brasil -  a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal Fluminense, a Universidade Federal do Paraná, a Fundação Universidade do Rio Grande e a Universidade Vale do Itajaí. De Portugal, mantém relações com a Universidade de Coimbra. Dando sequência aos trabalhos da A.B.E. voltados à consideração de universidades como objeto de estudos culturais em si, tarefa fundamentada no escopo de considerar os estudos culturais em estreito relacionamento com os estudos da própria ciência (science studies), dirigiu-se a atenção à sua inserção em processos históricos da região e o seu presente no seu significado para a orientação de pesquisa e de ensino, assim como para a vida cultural universitária e da sociedade. A universidade surgiu em estreito relacionamento com a Reforma Protestante e o seu significado foi resultado de ser a universidade alemã mais ao Norte e a mais ao Sul das universidades nórdicas, tornando-se centro acadêmico para a Dinamarca e da Noruega. Foi precedida por um Paedagogicum em Schleswig e, em 1566, o convento Bordeshol foi transformado em instituição similar. Inaugurada em 1665, instalada no antigo convento franciscano, a universidade foi criada para fomentar o desenvolvimento da cidade, vindo de encontro à necessidade de formação de pastores e de funcionários públicos advindos da burguesia. Como os professores tiveram de ser convidados de outras regiões e países, da Dinamarca, de cidades de língua alemã como Grefswald e Rostock ou mesmo dos Países Baixos (Leiden), de Paris ou Bologna, a instituição foi marcada desde o início por internacionalidade, possuindo grande autonomia e até mesmo direitos próprios de jurisdição. Uma das medidas que possibilitaram mais tarde o desenvolvimento da universidade foi o da obrigatoriedade de estudo de pelo menos dois anos a funcionários públicos. Um apogeu da universidade deu-se com a fundação do Império Alemão, acompanhando o significado de Kiel como centro da marinha. O
edifício principal, inaugurado em 1876, projeto de M. Gropius e H. Schmieden, era marcado por grandes esculturas de filósofos da Antiguidade, indicando a orientação universal do estudo humanístico que devia predominar nas várias áreas. Na década de 30 do século XX, tornou-se uma instituição marcadamente nacionalsocialista, com a exclusão de professores e estudantes judeus, um passado que até hoje pesa na história da universidade. A sua grande biblioteca e seus institutos foram bombardeados durante a guerra, assim como foi destruída grande parte da  cidade de Kiel. O reinício das atividades deu-se em 1945, seguindo-se uma época de expansão. Desde a década de 70 é uma „universidade de massas“, adquirindo porém grande renome pela excelência de sua pesquisa e docência; entre os seus professores contam-se vários portadores do Prêmio Nobel, sobretudo nas áreas da Física e da Química. Na atualidade, constata-se uma extraordinária vitalidade da vida universitária, salientando-se também eventos de natureza teórico-cultural. Assim, de 6 a 10 de Agosto de 2012 realiza-se um simpósio internacional sobre o tema „A Ceia do Senhor“ no qual se trata dos fundamentos do fenômeno da alimentação ritual em comum da perspectiva de diferentes disciplinas, em particular da Teologia, das Ciências Comparadas da Religião, das Ciências da Cultura e da Antiguidade, da Arqueologia e da História da Arte. O encontro, promovido pelo Instituto de Ciência Novo-Testamentária e Judaística, corresponde a um projeto interdisciplinar do qual participam mais de 70 pesquisadores dos Estados Unidos, da Austrália e de vários países europeus. De 3 a 7 de Setembro, realiza-se uma Summer School dedicada ao desenvolvimento de métodos de pesquisa e de trabalho orientados para a Gestaltung, assim como à pesquisa de fenômenos configurativos no contexto do projeto ERASMUS „Criando Conhecimento através do Design e da inovação de concepções“. O evento, que trata das relações entre a Ciência e a ação configuradora, é organizado pelo Departamento de Pedagogia de Midia e Informática de Formação do Instittuto de Pedagogia em cooperação com a Universidade de Ciências Aplicadas Metropolia da Finlândia e da Escola Técnica a Áustria Superior. O Curso de Verão, que se realiza já há mais de cinco décadas, reune estudantes de mais de 20 países. Da Universidade de Utah/EUA, participam anualmente 35 estudantes em cursos da universidade de línguas e de estudos internacionais.



04.08.2012

Kiel. Ciclos de estudos culturais euro-brasileiros do Norte da Europa. Realizam-se trabalhos preparatórios para a consecução de ciclos de estudos dedicados a países nórdicos da Europa em continuidade a eventos anteriores da A.B.E.. Estudos nórdico-brasileiros foram por último levados a efeito na Islândia (http://www.revista.brasil-europa.eu/132/Indice_132.html ). Centro das atenções deverá ser agora a Noruega, atualizando-se conhecimentos com o objetivo de desenvolver o programa respectivo de estudos (http://www.brasil-europa.eu/Paises/Noruega.html ). A realização do ciclo foi decidida em Kiel, em junho, quando se discutiu os principais complexos a serem considerados. A visita a Kiel deu-se por ocasião da exposição „Boa Sociedade - Lotte Hegewisch e a instituição do Mecenato“ na Kunsthalle da universidade Christian-Albrecht (18.02-24.06), realizada pelos 190 anos de nascimento da doadora da Kunsthalle. O tema da exposição, que focalizou o engajamento cultural da burguesia na cultura e nas artes, deu ensejo a reflexões sob a perspectiva do Brasil, lembrando-se do significado de mecenas no passado e no presente brasileiro. Salientou-se a necessidade de uma consideração do mecenato sob perspectivas mais recentes dos estudos culturais voltados a processos em contextos internacionais.



04.08.2012

Kiel. Kieler Woche 2012, 130 anos e 125 anos do Yacht-Club  - Esporte, Ciência e Cultura na maior festa internacional de verão do Norte da Europa. A tradicional Kieler Woche, que dá continuidade a uma tradição iniciada no século XIX e se realiza anualmente em fins de junho, além de ser o maior evento esportivo de regatas a vela do mundo, inclui uma grande festa de verão, considerada como a maior do Norte europeu. O evento termina com um espetáculo de fogos de artifício. O Brasil ocupa um papel significativo na história do evento pela participação de destaque de premiados esportistas, entre êles Torben Grael (1989), Marcelo Ferreira (1995, 2001), Bruno Prada (2010) e Robert Scheidt, de São Paulo, vencedor em 1999, 2000 e 2004. O programa cultural do corrente ano (16 a 24 de Junho) contou com a participação de ca. de 300 grupos, entre eles conjuntos musicais, comediantes e artistas, que se apresentam em palco central e outros palcos menores mantidos por emissoras, entre elas a NDR de Schleswig-Holstein, Delta-Radio e Radio Nora. O objetivo do Mercado Internacional que se realiza na praça da Prefeitura é a de oferecer aos participantes uma viagem pelo mundo e contribuir ao entendimento dos povos. A cidade de Kiel aproveita essa oportunidade para intensificar os seus contatos com cidades geminadas, entre as quais se encontram várias cidades nórdicas, da Escandinávia, Islândia e Rússia, além de várias outras, parceiras, por ex. da Turquia e Tansania. Com isso, oferece ocasiões para o estabelecimento de contatos entre os países extra-europeus representados e os países nórdicos. Ca. de 30 nações estiveram representadas no corrente ano, salientando-se a presença africana. O Brasil, que esteve representado nas semanas anteriores com grupos de percussão, capoeira, dança e música popular que despertaram atenção, como registrado na imprensa, esteve também presente com um stand que se transformou no ponto de encontro do mercado. Questionável foi o pêso excessivo dado à culinária na representação dos vários países. A programação inclui um Classic-Open-Air com a participação de músicos de renome. A Semana de Kiel oferece ocasião para congressos, conferências e debates. No seu âmbito dá-se a entrega do Prêmio de Economia Mundial do Instituto de Economia Global de Kiel, da Câmara de Indústria e Comércio de Schleswig-Holstein e da cidade de Kiel, com a participação do corpo diplomático. As Escolas Superiores de Kiel, os institutos de pesquisa e a Universidade Christian-Albrecht oferecem conferências, cursos intensivos de idioma e eventos científicos. Neles tomaram parte cientistas dos Estados Unidos, da Inglaterra e do Japão. Evento de importância foi o Cluster de excelência „Oceano do Futuro“ no Centro Helmholtz. Para além da Ecologia e Desenvolvimento Sustentável, sobretudo dos mares, a programação incluiu temas sociais, por exemplo dedicados à inclusividade, em especial de deficientes no trabalho.



04.08.2012

Vila Velha. Thiago Félix Pereira, correspondência. Dedicando-se ao estudo de Relações Internacionais no âmbito de seus estudos na Universidade de Vila Velha, Thiago Félix Pereira entra em contato com a A.B.E., manifestando o seu interesse em participar das atividades da organização, adquirindo experiência e estabelecendo contatos. A Universidade Vila Velha é a primeira universidade particular do Espírito Santo, com 53 cursos superiores, 36 de graduação, 15 de gradução tecnológica e dois cursos sequenciais. Na sua concepção, dá particular atenção ao empreendedorismo.



04.08.2012
Bussy Saint Martin, França. Heloiza de Aquino Azevedo, correspondência. Escritora, biógrafa e produtora cultural, residente na França desde dezembro de 2008, comunica à A.B.E., em matéria publicitária virtual, entrevista dada à Associação Brasileira de Arte, na qual expões o seu trabalho relativo a artistas brasileiros e seus projetos. Entre as suas qualificações, menciona especialização em Arte Contemporânea Portuguesa pelo Instituto Camões e Universidade Aberta de Portugal. É membro da Academia Feminina de Letras e Artes de Jundiai e da Sociedade de Amigos e Curadores da Sociedade de Araripe.


03.08.2012

Bertrand Russell /1872-1970) e a Perspectiva Científica - 45 anos como texto básico no Brasil. Reflexões euro-brasileiras em Cambridge. Os trabalhos da A.B.E. de 2012 desenvolvem-se em grande parte à luz das preocupações pela necessária perspectiva científica nos Estudos Culturais a serviço do esclarecimento de mentes perante a intensificação de tendências obscurantistas de fundamentação religiosa na Europa, no Brasil e em outros países. Inicialmente motivadas pela atenção despertada pelo Iluminismo devido à passagem dos 300 anos de Friedrich II da Prússia (Veja notícia), as reflexões tiveram desenvolvimento de forma contextualizada em vários países da Europa. Em Cambridge, as atenções foram dirigidas a um dos mais renomados alunos da Universidade e professores do Trinity College, ao filósofo e matemático Bertrand Russell. Recordou-se, ali, que a sua The Scientific Outlook (London: George Allen & Unwin, 1931), na versão em português sob o título de A Perspectiva Científica, foi texto de base de Lógica e Ciências Sociais em cursos científicos de colégios brasileiros na década de sessenta, entre êles o do Colégio Bandeirantes (São Paulo), servindo também como fundamento às discussões que levaram à fundação, em 1968, da entidade que hoje é a Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais e da A.B.E.. Bertrand Russell demonstra de forma exemplar que estudos culturais devem ser conduzidos de forma estreitamente relacionada com estudos da própria ciência e de suas instituições e rêdes (science studies), como defendidos pela A.B.E..Para além de sua obra matemática e filosófica, assim como a de suas atividades de professor em várias instituições (London, Harvard, Peking, New York), Bertrand Russell foi homem político de tendências anti-militaristas, defensor de direitos femininos, atuante em questões sociais e combatido por círculos fundamentalistas pelas suas concepções relativas à moral sexual. Para êle, a religião, também o Cristianismo, era um grande mal, uma doença nascida do mêdo, sendo a Igreja a principal inimiga do progresso moral; religião e crueldade dão-se as mãos. O mundo necessitaria segundo Russell de conhecimentos, do bem e de coragem, de uma visão corajosa dirigida ao futuro e uma inteligência livre  (Why I Am Not a Christian,1927). Na sua
Filosofia do Ocidente em contexto com o desenvolvimento político e social (A History of Western Philosophy, London: G. Allen & Unwin 1945), Russel termina a sua exposição com as palavras: „No caos das convicções fanáticas contraditórias, uma das poucas forças que unem é o amor científico pela verdade. Entendo aqui o procedimento de apoiar a nossa crença em observações e deduções, que devem ser na medida do possível independentes da influência das nossas tendências e do meio. (...) O costume de estrita veracidade ganho do emprego desse método filosófico extende-se a todas as esferas da ação humana; ela atua por todo o lado de forma a fazer diminuir o fanatismo e crescer a disposição de ver o outro com simpatia e compreensão“. Refletiu-se, em Cambridge, que muitas das considerações de Russell necessitam ser retomadas de forma diferenciada a partir dos resultados dos trabalhos desenvolvidos nos ciclos de estudos e que serão relatados no próximo número da Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira.



02.08.2012

Internacionalidade na Escola de Verão de Cambridge e cultura estudantil em universidade-elite. Na visita de membros da A.B.E. à Universidade de Cambridge deu-se particular atenção à instituição dos International Summer Schools devido à internacionalidade manifestada no seu escopo de deixar „que o mundo participe de Cambridge“. Correspondentemente, grande é o número de estudantes estrangeiros que participam dos cursos; em 2011, 59 nações estiveram representadas, várias do continente americano. As observações feitas inseriram-se no objetivo da A.B.E. em considerar as próprias universidades como objeto de estudos culturais. Os estudantes dedicam-se a unidades de estudos que duram duas, quatro ou seis semanas. Os programas da Escola de Verão compreendem Literatura, Impérios Antigos, Ciência, História, Shakespeare, Estudos Medievais e um Curso de Preparação IELTS. Constata-se um grande interesse pelos estudos clássicos, história antiga e arqueologia. Os jovens têm a possibilidade de participar em várias excursões. De julho a Setembro de 2012, a América Latina será tratada no âmbito do curso de título „Revolution and dictatorship in Latin America, 1956-1978“. Na Interdisciplinary Summer School, o estudante tem a oportunidade de tomar contato com diferentes áreas de conhecimento. Na Specialist Summer Schools, a atenção é dirigida mais aprofundadamente a um tema especial. Para estrangeiros que desejam aperfeiçoar os seus conhecimentos de inglês, a Universidade oferece o curso English for Academic Purposes (EAP) e o English Legal Methods and Coaching Summer School (IELTS) para estudantes que desejam dedicar-se mais intensivamente ao idioma. Essa Escola de Verão possibilita ao estrangeiro aproximar-se da cultura dessa antiga universidade e que contrasta com a de Oxford, com a qual há uma rivalidade, assim como com as grandes universidades americanas, por exemplo a de Harvard. Em Cambridge, o brasileiro surpreende-se com um estilo de vida universitária marcado por aristocratismo, esnobismo e grande liberalidade de costumes, até mesmo frivolidade. Com as expressões de nobilitação, os estudantes adquirem a consciência de pertencer a uma universidade de elite, à qual devem fazer jus. Estudantes de países latino-americanos necessitam acostumar-se com o uso de trajes de gala para as muitas solenidades, entre elas a da matrícula, a do jantar de fim de semestre, de meio de ano, de graduação e de término de curso, assim como da ceia em homenagem ao escocês Robert Bums (Noite de Burns). Entre os muitos bailes, salientam-se os bailes de Maio e, em brilho, o tradicional do Trinity Collegy e do St. John‘s College, sendo surpreendente a diversidade musical, incluindo aqui danças latino-americanas. Em número e diversidade de eventos
esportivos e culturais dificilmente outra universidade compete com Cambridge e muitos dos estudantes atuam paralelamente a seus estudos em competições e atividades artísticas, o que confere à universidade uma grande vitalidade. Nessa liberdade, difere de grande parte de universidades no continente, que cada vez mais desde a Reforma de Bologna se tornam escolarizadas, com prejuízo da liberdade de estudos e do desenvolvimento livre da personalidade dos estudantes.



01.08.2012

Lembrando Brasílio Itiberê da Cunha (1846-1913) no seu aniversário. Preparando a passagem dos 100 anos de morte do compositor e diplomata Brasílio Itiberê da Cunha, em 2013, teceram-se reflexões a respeito do significado de seu vulto nos estudos culturais em contextos internacionais, motivadas pelo seu aniversário no dia 1 de agosto. Para os estudos voltados ao Brasil na Alemanha, esse diplomata-compositor assume particular significado, uma vez que atuou em Berlim, ali falecendo um ano antes da Primeira Guerra. Brasílio Itiberê da Cunha viveu e atuou na Alemanha em época marcada por significativos desenvolvimentos econômicos, culturais e científicos, anos de brilho do Império guilhermino que tiveram o seu fim com a Guerra. Nascido em Paranaguá, onde recebeu também a sua formação musical como pianista, estudou na Faculdade de Direito de São Paulo em época que por ali passaram várias personalidades que desempenharam importantes papéis na política, na cultura e nas artes do Brasil. O significado que tem sido concedido a Brasílio Itiberê da Cunha na história da música brasileira tem-se baseado sobretudo no fato de ter escrito A sertaneja, peça na qual utilizou de melodia popular do „balaio, meu bem, balaio“. A atenção quase que exclusivamente dirigida a essa utilização de motivo popular na apreciação do compositor explica-se pela orientação nacionalista de historiadores da música do passado e da recepção de suas valorações em estudos posteriores. Considerou-se, agora, que o significado de Brasílio Itiberê da Cunha apenas pode ser avaliado adequadamente sob uma perspectiva teórico-cultural que considere processos em contextos internacionais. O seu nome não pode deixar de ser considerado pelos estudos de história diplomática nas suas relações com a cultura e, em particular com a diplomacia cultural. Entrando na carreira diplomática à época do Império, viveu e atuou em vários países europeus. A sempre lembrada reunião de grandes vultos da música européia em sua residência na Itália - Anton Rubinstein (1829-1894), Franz Liszt (1811-1886) e Giovanni Sgambati (1841-1914)  indica a projeção de sua personalidade. A sempre mencionada execução de A sertaneja por Liszt surge como de especial significado para estudos de recepção do Brasil e de sua imagem na Europa. Os seus contatos com meios artísticos e musicais da época não têm sido suficientemente considerados de uma perspectiva que atente mais diferenciadamente às suas inserções em tendências e movimentos estéticos e culturais. Obras de sugestões orientais, tais como os noturnos Nuits orientales, entre êles Le jardin des tropiques op. 27, indicam o fascínio romântico pelo exótico, o que faz com que
conotaçõres brasileiras em suas obras - como nas Rhapsodies brésiliennes - surjam sob outra luz. A sua Gavotte sur l‘air célèbre de Louis XIII opus 23 e o seu Étude de concert d‘après E. Bach opus 33 indicam o seu interesse pelo movimento de revitalização da música antiga em determinados círculos do século XIX que precedeu e preparou desenvolvimentos do século XX. Brasílio Itiberê da Cunha surge como um vulto de grande expressividade para a musicologia de orientação cultural e para a história cultural da própria Europa, fato salientado em sessão a êle dedicada na Universidade de Bonn, em 2003. A sua imagem surge como uma das mais brilhantes do mundo diplomático do Segundo Império e dos primeiros anos da República. O quadro que se obtém é o de uma personalidade de acentuada consciência de si própria, de marcada vontade de auto-afirmação e de projeção. Procurava rodear-se de personalidades de projeção na vida social e cultural e era aceito naturalmente como personalidade de relêvo pela sua irradiação pessoal, entusiasmo e magnanimidade. Soube emoldurar a sua própria figura e ação, inclusive artística, subindo degraus da escala social.



31.07.2012

Estudantes de países latino-americanos na vida cultural de Cambridge. Na visita efetuada à universidade de Cambridge por membros da A.B.E., procurou-se comparar a vida estudantil nessa tradicional cidade universitária inglesa com aquela de universidades em grandes cidades do continente, observando a integração  de estudantes de países latino-americanos na vida acadêmica e a sua participação na vida cultural. Constatou-se, em Cambridge, uma extraordinária intensidade da presença estudantil nas ruas, praças e na vida cultural da cidade em contraste com a situação em universidades situadas em grandes centros urbanos e capitais da Europa, nas quais a tendência à dispersão é maior. Registrou-se também uma grande vitalidade cultural dessa presença, com manifestações musicais e artísticas em logradouros públicos. Ao cosmopolitismo que ali se observa contribuem os numerosos estudantes de países extra-europeus e de ascendência imigratória. Essa intensa vida juvenil e a liberdade de suas expressões criam um aparente contraste com a forte consciência de tradição que emana dos edifícios e das instituições. A presença latino-americana é intensa. Estudantes brasileiros salientaram sobretudo a ampla programação aberta ao público de conferências e concertos. Considerou-se, em particular, atividades da Cambridge Natural History Society, entidade fundada em 1857 como Cambridge Entomological Society, e que oferece grande número de eventos abertos a todos que se interessem por História Natural, Botânica, Entomologia, Zoologia, Paleontologia, Ecologia e Conservação, e nos quais o Brasil é considerado com frequência, ainda que se dedique especial atenção a estudos de campo na própria área. Conferências abertas ao público são oferecidas, entre outros, pelo Madingley Hall, Institute of Continuing Education. Assim, no dia 20 de junho, William Brown, Professor de Relações Industriais, tratou do tema „How might we protect the wages of the weak?“. A integração de estudantes dá-se também através da sua participação em serviços religiosos e em eventos abertos ao público em geral. Um desses é o Forum da Igreja Wesleyana de título „Science meets Faith“, onde, entre outros temas, tratou-se da questão da possibilidade ou da impossibilidade de milagres. Um dos pontos altos da vida religioso-cultural universitária foi o Service of Thanksgiving for the Diamond Jubilee of Her Majesty The Queen, no dia 3 de junho,  na Grande Igreja Universitária de Santa Maria de Cambridge, tendo como pregador John Beer, arquidiácono de Cambridge. O Centre for the Study of Jewish-Christian Relations (CJCR) promoveu um colóquio no dia 27 de junho, de título "Regarding the Other in Modern Jewish Thought" no Lucy Cavendish Collegy. Nesse evento, Melissa Raphael, da Universidade de Gloucestershire, tratou do tema „O Outro como uma encarnação do divino: moderna teologia judaica e imagens contra-idólatras do humano“; Aaron Rosen, do CJCR, tratou do tema „Emmanuel Levinas e a hospitalidade de imagens“ e Agata Bielik-Robson, da Universidade de Nottingham, do conceito de vizinhança no Star of Redemption de Rosenzweig. A atenção dada ao estudo das imagens veio aqui de encontro à orientação nos estudos euro-brasileiros como desenvolvidos pela A.B.E..Na área da História da Cultura, Steven Shapin, Professor de História da Ciência da Harvard University proferiu uma palestra sobre a história cultural da degustação do vinho e de como se descreve esses
paladares, o que testemunha o interesse atual para estudos pela cultura do quotidiano. Da intensa vida musical, merece ser salientado um concerto na Great St Mary‘s Church da Universidade no dia 9 de junho, com obras de Brahms, Strawinsky e Bruckner, e, no âmbito da Sessão de Concertos Clássicos de Cambridge, um concerto da Berlin Symphony Orchestra. A prática musical de banda é intensa, salientando-se a Cambridge Symphonic Winds, com um programa de música para orquestra sinfônica de sôpros na St Giles‘Church, Castle Hill, com arranjos de obras contemporâneas, música de filmes e popular sob a direção de Richard Hull.



30.07.2012

Pelos Jogos Olímpicos em Londres. Estudos Latino-Americanos e Culturais em Cambridge. Como associado a instituto de Cambridge, o Prof. Dr. A.A.Bispo efetuou, com outros membros da A.B.E. uma visita a instituições dessa universidade inglesa em maio/junho do corrente ano. O principal objetivo dessa nova visita à universidade foi o de atualizar conhecimentos das tendências de ensino e pesquisa em áreas de interesse aos estudos euro-brasileiros. Procurou-se comparar compreensões e metodologias nos diferentes campos dos estudos culturais nessa tradicional cidade universitária com os Cultural Studies desenvolvidos no centro industrial de Manchester, marcados por diferente contextualização cultural e cujas instituições foram visitadas em abril. (Veja notícia) Em Cambridge, salientam-se em particular a School of Arts and Humanities e a School of the Humanities and Social Sciences. Essa última instituição abriga vários centros, entre êles o Centre of Latin American Studies, o Centre of International Studies, o Centre for Research in the Arts, Social Sciences and Humanities (CRASSH).



29.07.2012
Pelos Jogos Olímpicos em Londres. A cultura esportiva popular de brasileiros na Inglaterra - Capoeira. Realizou-se, nos dias 28 e 29 de julho, por motivo da abertura dos Jogos Olímpicos em Londres, balanço dos trabalhos da A.B.E. efetivados na Inglaterra em maio e junho do corrente ano. Uma atenção especial foi dada à prática esportivo-cultural de brasileiros residentes em cidades da Grã-Bretanha, em particular da capoeira,  que serve ao mesmo tempo à integração de brasileiros na sociedade, de afirmação de identidade e de divulgação de expressões tradicionais, marcando a imagem do Brasil. Esse significado de tradições culturais e em especial da prática da capoeira na vida de euro-brasileiros no Exterior pode ser constatado em cidades de diversos países e é fenômeno de particular interesse sob a perspectiva dos Cultural Studies. Na Inglaterra, a capoeira é praticada compreensivelmente sobretudo em cidades universitárias, onde se encontra concentração de jovens. Este é o caso de Cambridge, onde se salienta o Group Senzala Capoeira, sob a ação do „Mestre Gato“ e „Mestre Pedro“, e que apresenta shows, workshops e aulas, assim como oferece ensino de instrumentos. A capoeira é apresentada como „The Brazilian martial art combining music, dance and acrobatics“, adequada para a melhoria das condições físicas, o balanço e a flexibilidade para todas as idades, como um „great workout“. No primeiro semestre de 2012, as
sessões de capoeira realizaram-se em escolas (St Lukes Primary School Hall), em espaços comunitários de multi-artes, com classes infantís (Multi Arts Community Space), em igrejas (Sturton St Methodist Church) e no centro de artes marciais de Cambridge (Cambridge Combat Centre).



27.07.2012
Lisboa. Estudos portugueses de Patrimônio no debate teórico-cultural euro-brasileiro referente a questões patrimoniais. Na sessão de Parati do congresso de encerramento do triênio pelos 500 anos do Brasil, em 2002, realizada pela A.B.E. com o apoio do Serviço do Patriimônio Histórico e Artístico Nacional, discutiram-se questões patrimoniais nas suas relações com a memória e na sua orientação dirigida ao futuro. Essa sessão representou um marco nos trabalhos euro-brasileiros que procuram tratar questões patrimoniais sob perspectivas teórico-culturais. Em ciclos de estudos levados a efeitos em vários países, considerou-se, entre outros aspectos, relações entre a arqueologia e a arqueologia cultural e do saber, problemas referentes a museus ao ar-livre de arquiteturas e culturas tradicionais (http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/Internet-Corres3/CM91-04.htm; http://www.revista.brasil-europa.eu/132/Skogar.html) e, mais recentemente, sobretudo de reconsiderações de concepções de patrimônio material e imaterial ou intangível (http://www.revista.brasil-europa.eu/134/Romenia-Brasil.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/134/Teuto-Romenos-Minorias-Educacao.html). No desenvolvimento dos debates, não se pode deixar de considerar com particular atenção a ampla literatura portuguesa sobre questões patrimoniais. Deu-se início, assim, durante o ciclo de estudos realizado em Lisboa no corrente ano, ao estudo e à discussão de trabalhos selecionados mais recentes de autores portugueses. Um ponto de partida constituiu a publicação 100 anos de património: memória e identidade. Portugal 1910-2010, um conjunto de ensaios preparado por ocasião do Centenário da República 2010 e reeditado em novembro de 2011 (Lisboa: IGESPAR, IP,Palácio Nacional da Ajuda). A obra inclui as seguintes partes: I) Fundamentos; II) A República e a Criação do Património (1910-1932); III) Os Monumentos da Nação: Restaurar, Restaurar, Restaurar...(1932-1964); IV) Depois da Carta de Veneza (1964-1980); V) Sociedade, Cidadania e Modernização das Políticas do Património (1980-2010), com a inclusão de numerosas biografias nos respectivos capítulos, além de uma Cronologia Histórica, uma Cronologia de congressos e organizações internacionais e Bibliografia. Uma particular atenção merecem alguns ítens do capítulo referente à atualidade, entre outros „Os museus portugueses perante a sociomuseologia“; „Património inclusivo“; „Património rural“,
„Globalização e património nacional“; „Reabilitação urbana em Portugal“; „Conservação de jardins e sítios com valor cultural no século XX em Portugal“; „Os institutos do património cultural e seus desafios“.



26.07.2012
Hamburgo e Berlim. Música brasileira no Festival Duckstein no Palácio Charlotenburg. A Alemanha possui uma antiga tradição de música ao ar-livre em parques. As numerosas estâncias balneáreas e as festividades em parques das grandes cidades proporcionam possibilidades de apresentação a muitas orquestras de música ligeira, em grande parte constituídas por músicos estrangeiros, muitos deles do Leste europeu. A função das bandas de música em praças do interior do Brasil é sob muitos aspectos desempenhada na Alemanha por orquestras. Se o repertório em estâncias balneáreas é por vezes ainda conservador, incluindo aberturas, fantasias e trechos de operetas, cada vez mais amplia-se com a execução de música de filmes e de arranjos de música popular. Nos parques das grandes cidades, por ocasião de festas populares, sobretudo no verão, os programas constam sobretudo de arranjos de peças de repertório popular mais recente, registrando-se uma tendência à ampliação criativa das tendências musicais, sobretudo também através da presença musical de países latino-americanos e da World-music em geral.. Poucos são os países mais representados do que o Brasil. Há peças que podem ser ouvidas com grande frequência, sobretudo aquelas que ainda marcam a imagem do Brasil, como aquelas de Ary Barroso. A execução dessas peças dá oportunidade aos regentes de tecer comentários sôbre o Brasil, em geral acompanhados por expressões de alegria e aplausos do público, demonstrando a surpreendente simpatia pelo país na Alemanha. O estudo da presença do Brasil nesses concertos populares assume assim interesse para os estudos de recepção e difusão, assim como de processos globalizadores. Um dos trabalhos realizados por participantes de grupos da A.B.E. voltados aos estudos da música popular e World music concentrou-se no exemplo oferecido pela primeira realização do Duckstein-Festival nos
jardins do Palácio Charlotenburg in Berlim, de 20 a 29 de julho. Esse Festival, que se realiza já há 15 anos em Hamburgo, é promovido pelas cervejas Duckstein. O evento em Berlim inclui música ao vivo, teatro de rua, acrobática e feira de design segundo o lema „Arte, Cultura e Culinária“. A Helmut Jederknüller com o seu super Stereo à Gogo Orchestra, no dia 21, procurou transportar o público aos anos sessenta e ao início da década de setenta, incluindo várias composições latino-americanas, em particular também do Brasil. O grupo é liderado por Helmut Jederknüller, seu fundador, juntamente com Günter Terhog, responsável pelos arranjos, entre êles de música popular brasileira (A banda, Brasilia, Brazil, Tico-tico nu fubá, Aquarela do Brasil, e outras).



23.07.2012

Berlim. Walter Burle-Marx (1902-1990) em configurações político-culturais Europa-Brasil-Estados Unidos. Nascido em São Paulo há 110 anos, a 23 de julho de 1902, Walter Burle-Marx surge como personalidade que, na sua vida e obra, evidencia de forma relevante processos culturais em relações internacionais na história da música do século XX. A necessidade de uma maior valorização de Burle-Marx na pesquisa foi salientada por ocasião do Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia, realizado há 25 anos em São Paulo, ano do Centenário de Heitor Villa-Lobos (1987), quando lembrou-se do papel que desempenhou na difusão da obra de Villa-Lobos. Nessa ocasião, relembrou-se, com base em palestra proferida por Burle-Marx, em 1975 („Recordações de Villa-Lobos“, Presença de Villa-Lobos 10, 1977, 179ss) a formação de Burle-Marx com Luigi Chiaffarelli (1856-1923), em São Paulo, e, no Rio de Janeiro, sobretudo com Henrique Oswald (1852-1931), professores que preparam caminhos para a sua especialização na Alemanha, considerando-se concomitantemente o papel do ambiente musical paulistano na trajetória de Villa-Lobos. Os estudos e as atividades de Burle-Marx na Alemanha, a partir de 1921, foram objeto de atenções na sessão dedicada às relações Brasil-Alemanha na música contemporânea realizada no auditório da Universidade de Colonia por ocasião do Congresso „Música e Visões“, em 1999, por motivo dos 500 Anos do Descobrimento do Brasil. Para além de estudos na Inglaterra e na Suíça, recebeu orientação em regência de Felix Weingartner (1863-1942), especializando-se na execução de obras de Beethoven e dos clássicos em geral. A sua atuação no Brasil, em particular à frente da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro, por êle fundada em 1931, com os Concertos da Juventude, a partir de 1932, não pode ser avaliada adequadamente sem a consideração dessa formação e dos estreitos contatos que manteve com determinadas esferas do meio alemão. A transferência de Burle-Marx aos Estados Unidos exige a consideração dos desenvolvimentos político-culturais alemães da década de 30. (http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Brasil-EUA.html) Tornou-se um dos grandes promotores da música brasileira nos EUA desde a época das crescentes tensões internacionais que levaram à Segunda Guerra, tendo dirigido o pavilhão brasileiro na Feira Mundial de New York, em 1939, assim como de concertos de música de compositores brasileiros em Washington, contribuindo à projeção de compositores e artistas brasileiros como Villa-Lobos e Bidu Saião. Entre outros trabalhos a favor da obra de VIlla-Lobos, pode-se citar a redução para voz e piano das Bachianas Brasileiras N° 5.  Após a Guerra, foi diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, retornando aos EUA em
1949, estabelecendo-se em Filadélfia. Nesse ano, compôs a sua Primeira sinfonia em homenagem a Bach e, no ano seguinda, a sua segunda sinfonia, Brasiliana ou Alma brasilensis. Ainda que integrado nos EUA, a sua obra continuou a refletir os seus elos culturais com o Brasil, por exemplo a sua Terceira sinfonia e um Samba concertante, de 1960. As inserções de Burle-Marx na vida musical de Berlim dos anos 20 e 30 foram agora objeto de estudos, dedicando-se particular atenção a seu professor Friedrich Koch (1862-1927).



20.07.2012

Ivoti, Rio Grande do Sul. Resgate de cantos de imigrantes. Daniel von Hohendorff, membro do Rotary Club e colaborador da Camerata de Ivoti, dirige-se à A.B.E. para solicitar auxílio na procura  da melodia de canção de imigrantes alemães que inicia com as palavras „Wir treten jetzt die Reise nach Brasilien an“/“Iniciamos, agora, a viagem ao Brasil“, pretendendo arranjá-lo para coro, viola, violoncelo ou, possivelmente, acordeão. O texto da canção encontra-se publicado no livro: São Pedro de Alcântara: a primeira colonia alemã de Santa Catarina, de Aderbal João Philippi (Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1995, 19-20).



20.07.2012
Bruchersee/ Marienheide. Encerramento da Semana e início de ciclo de estudos. Com uma excursão à represa de Bruchersee na Renânia do Norte/Vestfália, encerrou-se a Semana motivada pela passagem dos 75 anos Congresso de Língua Nacional Cantada realizado em 1937 em São Paulo. Esse congresso é não apenas de significado para estudos histórico-culturais paulistas e brasileiros em geral, mas sim também de relevância para o debate teórico-cultural da atualidade pelas questões teóricas que levanta e por possibilitar o seu tratamento político-cultural contextualizado. Consideraram-se, entre outros temas, o papel desempenhado pelos imigrantes de língua alemã no fomento do uso do português no canto coral e no ensino, relações e paralelos entre a tradição do canto popular alemão, a Volkschorbewegung e o movimento coral em língua portuguesa, a função do Coral Paulistano nas suas inserções político-culturais e os elos entre o fomento do canto em português, concepções étnicas e culturais, emprestando-se particular atenção a construções teóricas voltadas à miscigenação nos seus elos com ideologias raciais. Foram discutidas as consequências de posicionamentos teórico-culturais na Educação Musical, no desenvolvimento da disciplina Folclore e na Poltica Cultural. Os temas foram tratados sob a perspectiva das suas inserções em processos políticos em contextos
internacionais, em particular portugueses e alemães. Os trabalhos terão prosseguimento no âmbito de um ciclo de estudos de longa duração dedicado à crítica de construções teóricas essencialistas baseadas, entre outros, em critérios de lusofonia e étnicos nos Estudos Culturais.



19.07.2012
Santos Dumont (1873-1932) sob a perspectiva dos Estudos Culturais. No dia 19 de julho de 1906 deu-se o primeiro vôo do „14-bis“, ainda que apoiado pela nave aérea N° 14. Lembrando essa data que surge como marco na história da aviação, pesquisadores que se dedicam a estudos da vida e da atuação de brasileiros em Paris e de brasileiros com ascendência francesa salientaram necessidade de estudos relativos a Alberto Santos Dumont a partir da perspectiva dos estudos culturais, oportunos no ano em que se rememora os 80 anos de sua morte.(http://www.revista.brasil-europa.eu/121/Brasil_em_Paris.html) Como poucos outros brasileiros, Santos Dumont oferece possibilidades de análises sob o aspecto de questões de identidade e de integração na vida social e cultural parisiense.
Apresentaram-se resultados de levantamento de fontes de significado para o estudo do meio brasileiro na França de 1906.(http://www.revista.brasil-europa.eu/121/Deolindo-Froes.html) Com base em materiais do acervo do Centro de Estudos Brasil-Europa, tratou-se de Santos Dumont na história das manifestações cívicas no Brasil sob especial consideração do repertório hínico na Educação.


19.07.2012

Problemas de sexismo e discriminações em apologias do melanismo de construções de identidade transnacional lusófona. Nos trabalhos desenvolvidos durante a Semana motivada pelos 75 anos do Congresso de Língua Nacional Cantada (Veja notícia) tratou-se dos problemas de orientações essencialistas de estudos segundo categorizações dos objetos de estudos, no caso a lusofonia. Mostrou-se que esses intentos foram estreitamente relacionados com questões raciais. A passagem dos 25 anos da morte de Gilberto Freyre dirigiu a atenção às suas concepções do luso-tropicalismo, onde, diferentemente de certas tendências constatadas no Congresso de 1937, fêz uma apologia do melanismo. Com a sensibilidade atual aguçada a questões de Direitos Humanos e de Cidadania de minorias quanto à identificação de Gênero (Veja notícia), a releitura da teoria luso-tropicalista revelou graves problemas de sexismo e discriminações. Na sua obra Um Brasileiro em Terras Portuguêsas (Veja notícia), G. Freyre, tratando dos lançados em terras tropicais pelos europeus, estabelece uma diferença entre nórdicos e portugueses: „Curioso é o contraste entre lançados nórdicos em terras tropicais e lançados lusitanos. Estes quase sempre avantajaram-se àqueles na capacidade de multiplicarem-se em filhos mestiços e de espalharem rudimentos de fala portuguesa e de religião cristã (...) misturando os seus valores europeus de cultura com os da gente dos trópicos, juntando na maior das intimidades, que é a do amor, seus corpos de brancos puros aos corpos pardos, avermelhados, roxos, pretos, morenos, dos tropicais“ (pag. 182). Para G. Freyre, os europeus do norte não teriam capacidade similar de integração na cultura dos tropicais, com exceção dos santos ou grandes pecadores. Referindo-se a estes, trata de homossexuais nórdicos como „individuos excêntricos, excepcionais, anormais.“ „(...) nórdicos ou norte-europeus com a capacidade, tão aguda no homossexual, de compreensão súbita do exótico, do estranho, do diferente, mas com a incapacidade, igualmente característica do homossexual, para fecundar gostosamente mulheres de côr, para multiplicar-se em filhos numerosos, para perpetuar-
se em descendência multicor. Capacidade tão do português nos trópicos. Capacidade de multiplicação em filhos semilusitanos e de perpetuação de valores lusitanos e cristãos em áreas tropicais (...).“ (op.cit. 182) Dessa celebração da virilidade do português na formação de sociedades miscigenadas, o autor passa a tecer considerações relativas à língua, referindo-se àqueles imigrantes portugueses que, em clima frio, deixavam de falar o português, levando à dissolução da identidade. Essas frases, que não apenas não correspondem a fatos, como também refletem pontos de vista sexistas e concepções discriminatórias e ofensivas sob diversos aspectos, chamam a atenção aos graves problemas de Gênero e de Direitos Humanos e de Cidadania que resultam de construções teóricas marcadas pela categorização de complexos culturais da lusofonia nas suas relações com miscigenações. Como a A.B.E. defende, a atenção deve ser dirigida a processos culturais, não essencialisticamente a categorizações de esferas ou complexos culturais.



18.07.2012

25 anos da morte de Gilberto Freyre (1900-1987). No dia 18 de julho de 1987 faleceu Gilberto Freyre, vulto da história dos estudos sociológicos e antropológico-culturais do Brasil, que como pouco alcançou projeção internacional e marcou os estudos culturais referentes ao país. A sua obra, as suas concepções, visões e procedimentos merecem ser estudados diferenciadamente e também reconsiderados criticamente à luz do desenvolvimento dos estudos e das reflexões nos Estudos Culturais. No âmbito da Semana de Estudos motivada pela passagem dos 75 anos do Congresso de Língua Nacional Cantada (Veja notícia), tratou-se das inserções de sua tragetória na história político-cultural. Uma atenção especial foi dada à releitura da obra  Um Brasileiro em Terras Portuguesas (José Olympio 1953, Coleção Documentos Brasileiros), que reúne conferências e discursos do autor proferidos em Portugal e em antigas colonias portuguesas em 1951/52 e que, precedido pelo livro Aventura e Rotina, expressa a sua convicção de que existe no mundo um complexo social, ecológico e de cultura que pode ser caracterizado como luso-tropical e que seria um complexo em „triunfal expansão.“ Para tanto, seria preciso que nem os portuguêses nem os brasileiros se deixassem „envolver por alguma retardatária ou arcaica mística arianista, antes se entreguem com uma audácia cada dia maior à aventura de se desenvolverem em povos de côr, para neles e em gentes mestiças, e não apenas em brancas, sobreviverem os melhores valores portuguêses e cristãos de cultura num
mundo porventura mais livre de preconceitos (...)“ (Prefácio). Independentemente da simpatia que essas palavras despertam, cumpre examinar mais aprofundadamente as concepções a elas subjacentes. A sua frase do mesmo Prefácio sôbre a vitória do melanismo „sôbre o albinismo anglo-saxônico e dos alemães e dos holandeses, hoje só rasgadamente defendido pelos sul-africanos de origem boer: último reduto de uma mística de que os próprios alemães nazistas parecem vir se libertando com relação a ameríndios, africanos e asiáticos; e guardando-a só contra os israelitas endogâmicos“, surge como questionável sob diversos aspectos. Ela coloca sob outra luz o decurso real do desenvolvimento do pensamento relativo à miscigenação no campo de relações entre a Alemanha nacionalsocialista e o Estado autoritário português, época de fomento dos estudos portugueses e brasileiros na Alemanha. Estudos mais pormenorizados de fontes demonstram que a própria atenção dada à miscigenação foi uma decorrência do pensamento antropológico-biológico e da necessidade de adaptá-lo à realidade de situações de países de similar orientação política. O principal problema da argumentação do luso-tropicalismo pode ser visto nas concepções básicas do português como "povo luso-tropical" de "vocação transeuropéia" por serem fundamentadas em imagens não suficientemente analisadas e interpretadas, sobretudo naquelas de Ulisses. O desenvolvimento de estudos culturais que dedicam particular atenção a sistemas de ordenação de edifícios de visão do mundo e do homem, como praticado pela A.B.E. surge assim como de fundamental importância não apenas para releituras de obras do passado, mas sim para que se evitem ressurgimentos de discursos ultrapassados sob novas roupagens.



18.07.2012

Eslováquia. Janaina Vieira como colaboradora da A.B.E.. A Sra. Janaina Vieira passa a colaborar com a A.B.E. em questões relativas à Eslováquia. Dedica-se à área de informática e computação. Sendo o seu marido eslovaco, residindo no país e preparando-se para retornar ao Brasil, encontra-se em condições particularmente favoráveis de colaborar com os estudos bi-laterais.http://www.brasil-europa.eu/Paises/Eslovaquia.html



17.07.2012

Salvador, Bonfim. Gersica Alves Sanches, correspondente da A.B.E.. A pesquisadora Gersica Alves Sanches centra suas atividades acadêmicas no âmbito da Filologia Textual, sendo estudante do Curso de Mestrado em Letras e Linguística pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Bahia. É bacharel e licenciada em Letras Vernáculas (2010), além de ser bacharelanda no Curso de Letras Clássicas (Grego e Latim) pela mesma instituição. Ela integra o grupo de pesquisa do Arquivo Histórico do Mosteiro de São Bento da Bahia e o Grupo de Trabalho de Crítica Textual da Universidade Federal da Bahia. Desenvolvendo pesquisas no âmbito da Filologia Textual, já tem dois livros publicados, artigos e comunicações em revistas científicas e em anais de congressos, além de várias apresentações orais proferidas acerca das pesquisas desenvolvidas no âmbito da Filologia e da Crítica Textual.



17.07.2012
Düsseldorf-Lisboa. Memória da princesa-pianista Stephanie Hohenzollern-Sigmaringen (1837-1859), rainha de Portugal, e de D. Pedro V (1837-1861). Passados 10 anos do Colóquio Internacional dedicado às dimensões européias da música de Portugal no Centro de Estudos da Academia Brasil-Europa, realizado sob o patrocínio do Embaixador de Portugal na Alemanha e do Consulado Português de Düsseldorf, cumpre trazer à lembrança um vulto caído no esquecimento no mundo de língua portuguesa, mas que permanece vivo na memória de Düsseldorf: o da Princesa Stephanie von Hohenzollern-Sigmaringen, rainha de Portugal, falecida muito cedo, no dia 17 de julho de 1859. Na capital da Renânia do Norte/Vestfália encontra-se um monumento de mármore com o seu busto e uma rua com o seu nome, sendo os sinais de sua presença na cidade considerados no dia 15 de julho último, data do seu nascimento há 175 anos. Anualmente, a sua memória é celebrada por Sociedade de Atiradores, no dia 2 de maio, provavelmente e a única tradição popular alemã viva dedicada a um vulto relacionado com o mundo de língua portuguesa. Tendo sido o seu noivado com D. Pedro V  celebrado em Düsseldorf, em 1858, o casamento solenizou-se em Portugal, em maio de 1858. A manutenção da memória da rainha de Portugal na Alemanha explica-se pela sua imagem, que a apresenta como exemplo de personalidade guiada por sentimentos de compaixão e de empenho social. Nessas ocasiões, relembra-se também D. Pedro V como personalidade exemplar sob muitos aspectos, não apenas pela sua elevada formação cultural e erudição, obtida sob a orientação de Alexandre Herculano (1810-1877), pelos desenvolvimentos técnicos ocorridos no seu curto reinado, mas também pelas suas qualidades de caráter e sentimentos, que se manifestavam no seu empenho a favor da abolição da escravatura. No ciclo de estudos do Instituto de Estudos da Cultura Musical do Mundo de Língua Portuguesa ISMPS realizado por ocasião do Bicentenário de Robert Schumann (1810-1856), em 2010, lembrou-se de Stephanie como pianista, formada sob Clara Schumann (1819-1896), merecedora de ser considerada em estudos dedicados ao papel da mulher na música. (http://www.revista.brasil-europa.eu/127/Duesseldorf-Schumann-Brasil-Alemanha.html) Os túmulos da rainha Stephanie e de D. Pedro V foram visitados no Panteão dos Braganças, em Lisboa, em maio do corrente ano, no âmbito de ciclos de estudos da A.B.E..(Veja notícia)



16.07.2012
Vigo. Casa das Palavras Verbum. Lembrando as Cantigas de Amigo de Martín Codax e a imigração galega às Américas. A cidade galega de Vigo, ainda que pouco lembrada nos estudos relativos ao Brasil, é de relevância para a consideração de elos entre a Península Ibérica e as Américas. Para estudos de fundamentos culturais de processos mediterrâneos e atlânticos, tema de ciclo de estudos euro-brasileiros da A.B.E., o pesquisador ali encontra importantes fundos arqueológicos e históricos que testemunham ter sido a região habitada desde o Paleolítico. Entre êles, salientam-se gravações rupestres e relitos de povoados castrenhos. Vigo foi porto de importância na época romana e o significado do seu comércio marítimo manteve-se na Idade Média. A cidade impressiona primeiramente pelas suas qualidades urbanísticas e arquitetônicas, possuindo um valioso patrimônio de edifícios representativos de tendências estéticas do ecleticismo e modernismo, com uma configuração que lhe confere posição de relêvo entre as cidades ibéricas voltadas ao Atlântico. Uma particular atenção merece as relações entre essa região e Portugal. À época da Restauração portuguesa, a cidade fornou-se bastião militar. Com a abertura de portos para o comércio com as Américas, em 1778, os elos transatlânticos intensificaram-se e contribuiram para o desenvolvimento da cidade. A imigração galega marcou a história cultural de vários países das Américas e do Caribe, entre êles a Argentina, Cuba e Puerto Rico. Em colóquios levados a efeito pela A.B.E. em Cuba (1999, 2002) e em Puerto Rico (2005), esses elos foram considerados sob a perspectiva ampla de processos emigratórios europeus e da imigração no Brasil. Vigo assume importância para estudos culturais também pela sua universidade, pelos seus museus e centro culturais. Salienta-se, entre estes, o Verbum - Casa das Palavras. Trata-se não de um museu exclusivamente dedicado à lingua, mas sim de um centro dedicado à comunicação e a linguagens no sentido amplo do termo, incluindo linguagem visual e sonora, conferindo particular atenção a sinais, signos e símbolos. Como o nome indica, a palavra, no sentido de elemento mínimo de sentido, surge como ponto de partida para o tratamento  da linguagem, da literatura, da ciência e da tecnologia. O museu foi concebido como um espaço cultural onde a
divulgação e o lúdico se interagem, instalado em edifício que procura corresponder à concepção do Verbum na vivência do espaço, um projeto do Arqto. César Portela, enriquecido visualmente com obras de pintura e plásticas. Nesse relacionamento entre o idioma, a comunicação e a linguagem espacial e visual, o centro adquire particular significado para reflexões relativas à lusofonia e estudos culturais, atualmente tratadas por ensejo dos 75 anos do Congresso da Língua Nacional Cantada  (Veja notícias)



15.07.2012
Santiago de Compostela: 175 anos de nascimento de Rosalía de Castro - processos culturais galegos e estudos euro-brasileiros. Rememora-se, no dia 15 de julho, a morte da escritora e poetisa Rosalía de Castro (1837-1885),  principal vulto do movimento de Ressurgimento do idioma galego no século XIX e personalidade emblemática noa estudos culturais da Galícia e das comunidades da imigração galega no continente americano. O significado de processos culturais relacionados com a Galícia no Novo Mundo foi considerado em encontros da A.B.E. com pesquisadores de órgãos ministeriais de Puerto Rico e da Universidade de Puerto Rico em 2005 (http://www.revista.brasil-europa.eu/94/Caribe-Brasil.html), quando então desenvolveram-se projetos de cooperação no programa dedicado a interações entre processos atlânticos e interamericanos (http://www.academia.brasil-europa.eu/ProcessosTransatlanticos.htm ). Por motivo dos 175 anos de seu nascimento, visitou-se no corrente ano o seu monumento em Compostela, cidade onde se comemora anualmente, no dia 17 de maio, o „Dia das Letras Galegas“. Salientou-se, nessa ocasião, que o significado da obra de R. de Castro não se limita à história literária no contexto ibérico, espanhola e galega, transcendendo limites geográficos e disciplinares. Esse significado interdisciplinar revela-se já na reconhecida importância de sua obra para movimentos de identidade, de diferenciação cultural e de reconscientização histórica na Galícia. Para ser reconhecido nas suas dimensões mais amplas, tornam-se necessários enfoques dirigidos a processos culturais que ultrapassam fronteiras e mesmo discursos de nacionalidade. Lembrou-se, como exemplo, do significado da „saudade“ nos seus Cantares Gallegos (1863), sentimento de tanto significado para Portugal e o Brasil, onde é decantado e tem sido alvo de estudos e reflexões demo-psicológicas e cujo tratamento adequado exige análises de complexos histórico-culturais e sistemáticos de visão do mundo e do homem de remotas proveniências. Nessa ocasião, salientou-se que já o significado do galaico-português na Idade Média, reconhecido na literatura, deve chamar a atenção para a necessidade de reconsiderações de perspectivas relativas à lusofonia, procurando caminhos para a auto-reflexão no debate cultural referenciado pelo idioma, ainda marcado por atitudes e enfoques político-culturais da história mais recente de Portugal e
do Brasil. Nessa ocasião, propôs-se que a passagem dos 75 anos do Congresso de Língua Nacional Cantada, realizado em São Paulo, em 1937, podia oferecer uma ocasião adequada para a realização de uma semana de estudos teórico-críticos sobre essas questões, o que foi programado para os dias de 7 a 14 de julho do corrente ano. (Veja outras notícias)



14.07.2012

Mémorial de la Marseillaise: museu do hino nacional francês em Marselha em enfoques euro-brasileiros. O ano de 2012 é marcado pelos 300 anos de Frederico II e J.-J. Rousseau, o que suscita reflexões relativas ao Iluminismo, a suas repercussões no continente americano e à necessidade de reconscentizações do patrimônio representado pelo Esclarecimento no presente, marcado que é por crescentes tendências obscurantistas de fundamentação religiosa (veja notícias). Essa reconscientização, porém, tem como pressuposto estudos diferenciados de processos históricos, de correntes de pensamento e de circunstâncias e contextos que também levaram a acontecimentos questionáveis e mesmo trágicos no passado. Um centro adequado para essas reflexões é o Mémorial de la Marseillaise, em Marselha, considerado no ciclo de estudos desenvolvido pela A.B.E. em maio do corrente ano. Esse primeiro museu do hino nacional francês, situado no bairro popular de Belsunce, abriu as suas portas no dia 8 de março de  2011, sendo inaugurado com a presença do Ministro da Educação. O museu foi instalado no antigo clube dos Jacobinos, local de partida dos marselheses para Paris, em 1792, onde, na Sala do Jeu de Paume, ouviram o canto e adaptaram-no. O arquiteto responsável procurou respeitar a história do prédio, que se encontrava degradado. Nele se apresenta exposição multimedial, que apresenta o vir-a-ser do canto de guerra para a armada do Reno de Rouget de Lisle, originado em Estrasburgo, inserindo-o no contexto dos acontecimentos que levaram à convocação dos Estados Gerais, em 1789. Do ponto de vista pedagógico, procura inserir o visitante que percorre as três salas do museu na vida de Marselha da época. Uma das preocupações principais é a de trazer à consciência o significado emblemático do hino para a França e a atualidade de sua simbólica, que é relacionada com movimentos revolucionários da atualidade em diferentes regiões do mundo e mesmo com o movimento feminino, como exemplificado na „Marseillaise des Femmes“. Considerou-se, no ciclo, as repercussões do hino francês e de seu significado simbólico no Brasil. Lembrou-se, entre outros, da citação da Marseillaise na Valse des Alliées do brasileiro Louis Henri Levy, considerado em estudos levados a efeito na Alsácia, em 2009. (http://www.revista.brasil-europa.eu/120/LuisHenriqueLevy.html) Nas discussões, salientou-se a necessidade de, no estudo do significado emblemático e simbólico do hino e à luz das comemorações de vultos do Iluminismo do corrente ano, distinguir-se entre tendências especificamente esclarecedoras e que levaram ao estabelecimento da monarquia constitucional, e os desenvolvimentos posteriores com as suas trágicos acontecimentos e que foram, sob vários aspectos, reações aos problemas e riscos representados por ações contra-esclarecedoras do clero, fomentadas por Roma. Considerações mais diferenciadas tornam-se assim necessárias no estudo da carga simbólica da Marseillaise a partir de distinções mais precisas entre correntes esclarecedoras de pensamento e formas de govêrno, tornando-o assim produtivo para o presente, entre outros sob o aspecto de Direitos Humanos e de Cidadania.



13. 07.2012
CLNC 75anos: Não ao retorno de discursos de miscigenação e identidade lusófona nos Estudos Culturais! Por motivo da passagem dos 75 anos do Congresso de Língua Nacional Cantada, levado a efeito em São Paulo, de 7 a 14 de julho de 1937, desenvolve-se, de 7 a 14 de julho de 2012, no Centro Brasil-Europa, na Alemanha, uma semana de estudos dedicados a questões tematizadas naquele evento e que surgem como de atualidade no presente. (Veja notícia) Com esse evento, inicia-se uma série de trabalhos de crítica teórico-cultural no âmbito do programa „Mundo de língua alemã/mundo de língua portuguesa“ da A.B.E. ( http://www.academia.brasil-europa.eu/Mundo-de-lingua-alema.html).  Um dos problemas que vem sendo tratados criticamente é o da atenção dada à miscigenação valorizada no congresso de 37 nos seus elos com a questão de uma identidade fundamentada na língua e que, embora sendo idioma nacional do Brasil, a ser aprendido pelos imigrantes, surgia como internacional por atravessar fronteiras no contexto global da lusofonia. Um comentário publicado no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro (28.07.37), descrevendo um dos eventos, testemunha essa visão: „(...uma prodigiosa mistura de raças. Viam-se todos os graus do caldeamento ethnico, que se processa naquelle grande Estado brasileiro: filhos de italianos, filhos de japonezes, filhos de allemães, filhos de outras nacionalidades, e, ainda mais, filhos de brasileiros e estranjeiros, e dos differentes estranjeiros entre elles.(...) Sentia-se naquella variedade de traços ethnicos o trabalho unificador das reacções psychologicas (...).“ À luz dos desenvolvimentos dos estudos portugueses e brasileiros na Alemanha na mesma época com base na documentação dos acervos da A.B.E., pode-se constatar paralelos de concepções nacional-socialistas, luso-totalitárias e brasileiras e, ao mesmo tempo, posições e tendências que se diferenciavam e que devem hoje ser percebidas e reconhecidas. (http://www.revista.brasil-europa.eu/124/Indice_124.html) A estreita amizade e cooperação entre o regime de Hitler e Portugal, e que levou ao fomento do idioma português e dos estudos relativos a Portugal e ao Brasil na Alemanha, eram fundamentadas na proximidade política dos dois países, várias vezes salientada em pronunciamentos oficiais e no intercâmbio internacional. (http://www.revista.brasil-europa.eu/130/Hitler_e_jornalistas_portugueses.html). A Weltanschauung nacional-socialista,
porém, tinha como fundamental elemento concepções biológico-culturais de suposta superioridade e pureza racial, o que criava problemas para a fundamentação da amizade e do reconhecimento de uma „unidade de destinos“ com Portugal e o Brasil. Um dos caminhos para o contorno desses problemas foi o de dar especial atenção ao processo de miscigenação, passando alguns a nele ver um caminho de formação de uma raça futura, sendo o idioma comum testemunho e garantia de uma unidade que superava fronteiras. A orientação das atenções a miscigenações numa antropologia e etnologia compreendidas sobretudo sob o aspecto biológico e racial levou a posições similares no Brasil e em Portugal. Em conferência no Congresso Luso-Brasileiro de História, em 1940, o Prof. A.A.Mendes Corrêa emitiu a opinião de que a „arianização“ poderia mesmo ser um „reaportuguesamento“ no sentido estritamente bio-étnico e espiritual, reaportuguesamento que não queria dizer o regresso a uma identidade original portuguesa, o que seria impossível, mas a uma nova. (As tendências bio-étnicas do Brasil contemporâneo, Porto 1944, 8, Separata). A atualidade da discussão sôbre tendências políticas radicais e do recrudescimento de concepções nacionalsocialistas na Alemanha no presente traz à consciência o cuidado que se deve ter quanto a revitalizações de vocabulários e discursos do passado nos Estudos Culturais em Portugal e no Brasil.



12.07.2012

Buenos Aires. Victor Torres e Luis Mucillo em três concertos no Centro de Experimentación del Teatro Colón (CETC). Anuncia-se o Integral das Canções Folclóricas de Benjamin Britten e obras de Luis Mucillo em concertos que serão realizados no CETC nos dias 19, 20 e 21 de julho de 2012. No primeiro concerto, dar-se-ão as estréias das obras de Mucillo The Salley Gardens (2012) e Cinco Canciones Folklóricas Francesas (2012); no segundo, também em primeira audição, a sua La Dama Azul (2012) e A true lover‘s knot (variantes de Barbara Allen) (2010), no terceiro, a estréia dos 6 Preludios do ciclo La Manta estrellada (2008-2012), ao lado do seu El ciervo blanco (2008). Essas apresentações são intercaladas com as Folk Songs de Britten. O compositor inglês é alvo de crescente atenção na atualidade, uma vez que se prepara a comemoração dos 100 anos do seu nascimento para 2013. Mucillo viveu e atuou 14 anos em Brasília, onde desenvolveu intensa atividadea como professor de Composição e Análise Musical na UNB e como conferencista nas áreas de música e literatura. Nascido em Rosario (1956), tendo tido a sua formação com A. Antognazzi e G. Gandini (piano), J. Rotter e F. Kröpfl (composição, análise), viveu e atuou durante cinco anos em Colonia como bolsista do DAAD, tendo trabalhado no Estúdio de Música Electroacústica da Escola Superior de Música da Renânia do Norte/Vestfália. Em 1987, foi vencedor
do Concurso Internacional de Composição de Trieste. Foi Compositor em residência na Academia Musical de Villecroze, Fundação Les Treilles, França, em 1989. Em 1999, ofereceu-se uma retrospectiva de sua obra de câmara no Teatro Colón; em 2000 e 2001, as suas obras Notturno e Concerto para piano e orquestra foram apresentadas em primeira audição pela Orquestra Filarmônica de Buenos Aires. Uma versão para piano do concerto foi apresentada em 2001, em New York. Em 200 deu-se a estréia de seu ciclo Entre la luna y la sombra pela Orquestra Sinfônica Nacional da Argentina, em 2003 deu-se a apresentação do poema sinfônico Broceliande pela Orquestra Sinfônica de Rosario, e, em 2004, pela Orquestra Estável do Teatro Colón. Em 2008,  realizou-se a estréia do ciclo pianístico Aus Märchenzeit. Entre as suas muitas apresentações, mencionam-se aquelas realizadas no âmbito de conferências da musicóloga Dra. Cintia Cristá sôbre relações entre música, texto e artes plásticas na sua obra, levadas a efeito no Centro de Estudos Latinoamericanos de Londres, na Universidade de Londres-Roehampton, na Sorbonne de Paris e nas Jornadas Santafesinas de Música Contemporânea. Nas suas reflexões e no seu processo criador desempenham papel importante os seus estudos literário-culturais, como aqueles da literatura medieval, das sagas islandesas, da poesia do Extremo Oriente, da lenda arturiana, Novalis, Nerval, Rilke Joyce, Yeats e Borges.



11.07.2012
75 anos do Congresso da Língua Nacional Cantada. Não a instrumentalizações da Lusofonia nos Estudos Culturais! Comemora-se a passagem dos 75 anos do Congresso Nacional da Língua Nacional Cantada, realizado pelo Departamento de Cultura de São Paulo, de 7 a 14 de julho de 1937. O congresso incluiu pioneiramente uma sessão musicológica, na qual participou, entre outros, Luís Heitor Correa de Azevedo. Os trabalhos foram abertos no dia 7 daquele ano, com um grande concerto inaugural, quando foram apresentadas composições corais em português de L. Gallet, A. Pereira, C. Guarnieri, H. Villa-Lobos e M. Braunwieser, interpretadas pelo Coral Paulistano. Com orquestra, executou-se o Actus Tragicus da Cantata N° 106 de J. S. Bach, em primeira audição e em tradução portuguesa. No dia 11 de julho, realizou-se a apresentação do auto da Nau Catarineta pelas crianças do Parque Infantil Pedro II, sobretudo filhos de imigrantes, sob a direção de M. Braunwieser e com base em materiais colhidos no Nordeste do Brasil. Com essa iniciativa, M. Braunwieser chamou a atenção dos congressistas para o significado primordial das imagens subjacentes às expressões culturais para os estudos e a prática cultural e educativa, em particular em processos de integração dos vários grupos populacionais e sociais em situações metropolitanas. Para isso, utilizou-se de folguedo marcado pela imagem da Barca e do homem como navegante que, apesar de ter sido recebido através de Portugal, possui remotas origens no mundo antigo. Andrade Muricy percebeu e salientou o significado dessa posição, dizendo ter sido uma lição e uma advertência indireta aos cultores extremados de concepções então defendidas febrilmente no Brasil e em vários países da Europa. Eram anos marcados pela intensificação do nacionalismo totalitário, do fascismo italiano, do nazismo e do Estado Novo português. Ainda que fosse um profundo admirador da língua portuguesa e promotor do seu cultivo e difusão, Braunwieser não podia aceitar que o idioma fosse utilizado como veículo para fins políticos e de poder de grupos. Tinha-se conhecimento do que ocorria na Europa, em particular entre a Alemanha e Portugal, onde a glorificação dos idiomas levava não apenas a um desenvolvimento politizado no sentido totalitário dos estudos luso-brasileiros em universidades alemãs e ao fortalecimento de grupos unidos por elos ideológicos, de interesses, de projeção e poder, como servia a fins políticos neo-coloniais de reforçamento de identidades de imigrantes e seus descendentes segundo concepções étnicas, no intuito de reintegrá-los em impérios acima de fronteiras.(http://www.revista.brasil-europa.eu/124/Berlim_ano_2010.html) A A.B.E., que conserva nos seus acervos tanto documentos do Congresso brasileiro como de institutos alemães de estudos portugueses
e brasileiros então fundados, tem salientado em diversas ocasiões a relevância e a atualidade das questões então tratadas e a necessidade de estudos e reflexões para que tendências similares não voltem, ainda que sob outras roupagens, a determinar os caminhos dos estudos e da cooperação internacional. O cuidado diferenciador no tratamento da Lusofonia foi discutido na época do processo decolonizador português nos primeiros anos da entidade que hoje constitui a Organização Brasil-Europa de Estudos de Processos Culturais, em 1972, foi debatido em forum internacional quando da oficialização do Instituto de Estudos Músico-Culturais do Mundo de Língua Portuguesa, no Ano Europeu de 1985, foi tratado na abertura do Primeiro Congresso Brasileiro de Musicologia e do Encontro Regional para a América Latina e Caribe da UNESCO, em 1987, no congresso dedicado aos fundamentos culturais e epistemológicos no Rio de Janeiro, em 1992, nos congressos de abertura (1999) e de encerramento (2002)  do triênio pelos 500 anos do Descobrimento do Brasil e, em particular, no colóquio sobre as Dimensões Européias da Cultura Portuguesa realizado na Alemanha, em 2002, com o apoio da Embaixada de Portugal. Participantes portugueses salientaram o sensível da questão sobretudo para Portugal, cabendo aos estudiosos portugueses particular cuidado nos seus discursos lusofonófilos para que não despertem ressentimentos e suspeitas de neo-colonialismo e desejos de recuperação de dominância. Em encontros e estudos desenvolvidos pela A.B.E. em comunidades de descendentes de portugueses e brasileiros de várias partes do mundo constatou-se que comunidades que já não falam o português mantém valores culturais e mesmo consciência histórica, identidades diferenciadores e laços afetivos com os países de seus antepassados. (http://www.revista.brasil-europa.eu/126/Havai-Portugal-Brasil.html) Somente uma orientação culturológica dos estudos - em distância a discursos glorificadores da lusofonia - surge como adequada para a consideração desses processos, abrindo até mesmo novos caminhos para a percepção das possibilidades de desenvolvimento de uma filosofia de orientação intercultural nas relações entre as nações. (http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Camoes-na-Filosofia-Intercultural.html) Esses estudos devem ser acompanhados por análises das próprias rêdes (science studies). Pelo significado da temática, a A.B.E. desenvolve no corrente ano um programa especial de estudos dedicado ao tema. Tudo deve ser feito pelo estudo e valorização do português como idioma e meio de comunicação no trabalho acadêmico em correspondência a seu significado em contextos globais, combatida deve ser porém a sua instrumentalização em concepção ideológica da Lusofonia, que é acompanhada pelo ranço de intuitos neo-coloniais e de afirmação de poder, projeção e domínio de grupos e instituições.



10.07.2012
Rio de Janeiro na lista do World Heritage da UNESCO e Estudos Culturais. O Comitê do Patrimônio Mundial inscreveu, na sua recente reunião do corrente ano, o Rio de Janeiro sob a qualificação de „paisagens cariocas entre a montanha e o mar“ na lista de sítios culturais do mundo. Entre os locais reconhecidos de patrimônio natural para o mundo foram incluidos os lagos de Ounianga no Tchad, o Sangha entre as três nações Camarões, República Centro-Africana e Congo, a região arqueológica de Chengjiang na China, os Ghats ocidentais na Índia e o parque natural Lena na Federação Russa. Na lista de sítios culturais, ao lado do Rio de Janeiro, incluiram-se locais em Bahrain, na Valonia (Bélgica), no Canada, Xanadu na China, cidade histórica na Costa do Marfim, o passo norte de Calais, na França, a antiga casa de ópera de Bayreuth, dois complexos no Irã, sítios da evolução humana no Monte Carmelo em Israel, bens arqueológicos na Malásia, Rabat no Marroco, o local de nascimento de Jesus em Belém, torres de Elvas e suas fortificações em Portugal, paisagens culturais no Senegal, bens na Eslovênia e Espanha, casas rurais da Suécia e fundo arqueológico na Turquia. Vários sítios foram registrados como encontrando-se em risco, entre êles em Mali, na Grã-Bretanha e no Panamá. Dessa lista foram retirados bens já não mais em perigo no Paquistão e nas Filipinas. As elucidações a respeito dos critérios da inclusão da paisagem entre montanha e mar no Rio de Janeiro trazem à consciência, na Europa, de relações entre Cultura e Natureza no exemplo do Rio de Janeiro. Essas relações são objeto de um programa específico da Academia Brasil-Europa, que vem sendo desenvolvido há décadas e que incluiu sessões no Rio de Janeiro. (http://www.akademie-brasil-europa.org/Cultura-Natureza-Musica/index.html) Por ocasião de congressos e simpósios internacionais, assim como em cursos em universidades européias, o Rio de Janeiro foi frequentemente considerado nas suas qualidades paisagístico-culturais. Salientam-se, aqui, visitas de grupos de estudiosos de diferentes nações levados a efeito em Santa Teresa e na floresta da Tijuca, sendo as impressões acompanhadas por estudos históricos e reflexões discutidas em seminários. Os valores paisagístico-culturais do Rio de Janeiro foram salientados em sessão específica do congresso internacional de encerramento do triênio científico-cultural pelos 500 anos do Brasil, em 2002. Em 2004, realizou-se, com o apoio do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, colóquio internacional dedicado às relações entre Cultura e Natureza no Sítio Burle Marx, no Rio de Janeiro. (http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/Internet-Corres3/CM90-02.html) As relações com a música - e também a questão da musicalidade da paisagem do Rio de Janeiro - foram particularmente consideradas. Em 2007, grupo de pesquisadores da França, da Alemanha e do Brasil realizou nova visita a locais e instituições do Rio de Janeiro de interesse para questões do tratamento culturológico da natureza e para o desenvolvimento de estudos ambientais de orientação cultural. (http://www.revista.brasil-europa.eu/105/Santa-Teresa_Corcovado.html) Em empreendimentos da A.B.E., tratou-se do Rio de Janeiro comparativamente a paisagens de outras regiões, em particular a Morea, na Polinésia Francesa, incluindo estudos da história de sua recepção na Europa. (http://www.revista.brasil-europa.eu/125/Taiti_e_Humboldt.html). No corrente
ano, estabeleceram-se relações entre o Rio de Janeiro e a Austrália e a Oceania pela passagem dos 20 anos do Congresso Internacional realizado no Rio de Janeiro sobre fundamentos de processos culturais e de bases epistemológicas dos estudos respectivos.(http://www.revista.brasil-europa.eu/136/Australia-Melanesia-Brasil.html) Os trabalhos da A.B.E. que valorizam o Rio de Janeiro sob o aspecto das relações entre Cultura e Natureza foram assim desenvolvidos no decorrer das décadas sob diferentes aspectos e encontram-se em estágio já avançado de diferenciação.



10.07.2012
Aix de Provence - cidade universitária. Cultura provençal e Brasil: Darius Milhaud (1892-1974) à luz das relações França/Alemanha. No ano da comemoração dos 50 anos de amizade entre a França e Alemanha (veja notícia), deve-se recordar os elos do compositor Darius Milhaud com o Brasil e com a tradição da Academia Brasil-Europa. Após o seu retorno do Rio de Janeiro, onde esteve à época da Primeira Guerra Mundial como attaché, e trazendo impressões da música popular que marcaram a sua obra, Darius Milhaud tornou-se importante elo de reaproximação ao mundo ocidental de cultura francesa por parte da academia de renovação da cultura e das artes fundada por artistas e intelectuais de língua alemã em 1919 em Salzburg ao redor de Martin Braunwieser (1901-1991), mentor da A.B.E.. A sua obra „Saudades do Brasil“ tornou-se emblema da academia, sendo executada então pela primeira vez em vários países europeus. (http://www.revista.brasil-europa.eu/107/Dornach-Saudades-do-Brasil.htm) Correspondentemente, Milhaud vem sendo considerado em eventos da A.B.E. sob diferentes aspectos. Em colóquio internacional realizado em Guaratuba/Rio de Janeiro, em 2004, considerou-se aspectos do seu processo criador até então ainda não revelados pela musicologia européia e norte-americana. (http://www.revista.akademie-brasil-europa.org/Internet-Corres3/CM90-03.htm) De tradicional família provençal judaica de Marseille, Milhaud cresceu em Aix de Provence, cidade que marcou a sua vida. O Conservatório Darius Milhaud, instalado no histórico Hôtel de Caumont, documenta o significado do compositor para Aix de Provence. Como cidade universitária de antiga tradição, Aix é marcada pela vida estudantil e pelas atividades de suas muitas instituições culturais e artísticas. O cosmopolitismo de Aix é hoje acentuado pelo multiculturalismo derivado da imigração norte-africana.O significado de Aix para a história mais remota das relações franco-alemãs reside no fato de ter sido a primeira cidade romana em terra gálica, a Colonia Aquae Sextiae Salluviorum, e por ter sido palco da batalha do Mont St. Victoire em 102 A.C., quando foram vencidos os teutões. Aix adquire no
presente particular significado devido aos preparativos da Capital Européia da Cultura Marseille-Provence em 2013 (Veja notícia).



09.07.2012
Reims. 50 anos da amizade França-Alemanha e os estudos euro-brasileiros. A celebração dos 50 anos do restabelecimento da amizade entre a França e a Alemanha em Reims no dia 8 de julho trouxe à consciência não apenas o significado das relações entre as duas nações para a Europa e o papel da Europa no mundo, como também a necessidade e a atualidade da atenção que deve ser dada a processos franco-alemães nos estudos culturais, também relativamente ao Brasil. O significado dessas relações foi reconhecido à época inicial da orientação dos estudos brasileiros às novas condições criadas pelo processo de união européia. Por ocasião dos 40 anos da amizade franco-alemã, em 1982, planejou-se a realização de uma Semana França-Alemanha com a colaboração de diversas instituições brasileiras, francesas e alemãs e que incluiu concertos, conferências e exposições. O evento realizou-se em 1983 em cooperação com cidades francesas, em particular Marly-Le-Roi. Entre os colaboradores, salientaram-se o Prof. Dr. Roger Victor Cotte da Universidade de Reims e atuante em São Paulo, o Prof. Luis Heitor Correa de Azevedo (UNESCO), Paris, e a  cravista Maria de Lourdes Cutolo, atualmente em Buenos Aires. As tensões e os conflitos entre a Alemanha e a França marcaram a história política européia e influenciaram correntes de pensamento e de artes, levaram a imigrações e a formação e a atuação de brasileiros na Europa. Muitos desses aspectos foram considerados em eventos posteriores da A.B.E. levados a efeito em várias cidades francesas. (http://www.revista.brasil-europa.eu/096/Indice096.htm)  Considerou-se, entre outros aspectos, as repercussões desse campo de tensões na vida cultural e musical de cidades brasileiras, na formação de círculos e na própria criação artística. (http://www.revista.brasil-europa.eu/121/Indice_121.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/93/Teoria-da-Arte-Coloquio.html) Uma particular atenção vem sendo dada a esferas coloniais francesas, no Caribe, no Pacífico e na Ásia, estabelecendo-se elos e paralelos com o Brasil. (http://www.revista.brasil-europa.eu/94/St.Maarten-Patrimonio.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/125/Polinesia.html;
http://www.revista.brasil-europa.eu/135/Catedral-de-Saigon.html) No corrente ano, esses estudos têm prosseguimento em trabalhos desenvolvidos no Sul da França sob a perspectiva do estudo de fundamentos de processos euro-mediterrâneos e atlânticos.



09.07.2012
Balanço e previsões dos trabalhos internacionais da Organização Brasil-Europa. A mantenedora da Organização de Estudos de Processos Culturais em Relações Internacionais, da Academia Brasil-Europa e de seus institutos realizou o balanço dos empreendimentos realizados em países dos vários continentes no último ano, mostrando que, de forma gratificante, as viagens e eventos, apesar de suas extraordinárias dimensões, puderam ser realizados com meios próprios. O fato da organização não precisar procurar apoios junto a órgãos e outras instituições garante-lhe liberdade de ação e independência. Diretores e a administração atuam de forma honorária. Outras participações foram recompensadas. Apoios a viagens, pesquisas e à participação em eventos ficam à decisão de comissão da fundação. Não apenas a qualificação como também a ética profissional são consideradas; plágios ou apropriações de complexos temáticos por parte de pesquisadores e instituições são critérios excludentes de cooperações. Também a realização de trabalhos previstos para o ano vindouro encontra-se assegurada. Mantidos são também os
centros de estudos, os ciclos, arquivos e biblioteca, encontros e conferências, trabalhos de grupos, assim como os sites na Internet, sem anúncios comerciais, podendo-se oferecer gratuitamente aos leitores resultados de trabalhos a serviço do escopo de democratização do saber.



08.07.2012
Colonia. Brasil e Portugal nas manifestações pela tolerância e igualdade de Direitos humanos e civís em cidades européias. No âmbito do Cultural Studies voltados primordialmente a processos culturais no presente de contextos internacionais e em situações de interações de grupos populacionais surge como objeto de atenções a crescente presença do Brasil em manifestações de cunho festivo e celebrações coletivas em cidades européias. Essa presença difere sob muitos aspectos daquela de Portugal, analisada já há muito em encontros e seminários da A.B.E.. Com considerada na sessão de Colonia do congresso sôbre questões de identidades em comunidades lusófonas de 1989, a presença de Portugal em cidades européias evidencia-se sobretudo na existência restaurantes, casas comerciais do tipo de mercearias e empórios, empresas de transportes, ou seja, de firmas e atividades familiares e empresariais médias estabelecidas, assim como de grupos de trajes típicos que se apresentam por ocasião de procissões e de danças folclóricas em encontros de comunidades sob a liderança de padres e agentes de missões. Registra-se, no presente, tendências à modificação desse quadro originado das atividades dos primeiros migrantes lusos. A presença do Brasil mostra-se, diferentemente, sobretudo na área de espetáculos, onde também se constatam estruturas de cunho empresarial e que atuam mais especificamente em shows, festas particulares e festividades públicas. Em cidades de tradição de carnaval, como Colonia, a presença do Brasil tem sido marcante já há muitos anos. Mais recentemente, a atuação de grupos brasileiros e de amigos do Brasil tem-se acentuado em outras festas públicas, sobretudo aquelas que fomentam a tolêrancia e a aceitação de grupos em situações multiculturais, tais como o Festival das Culturas em Berlim ou no „Dia da Rainha“ nos Países Baixos. Uma intensificação crescente de atividades de brasileiros registra-se em celebrações do „Christopher Street Day“ em diferentes cidades da Europa e que adquirem grande ressonância pública e significado político, veiculando mensagens relativas à tolerância, a anti-discriminação, a Direitos Humanos e de Cidadania de minorias, assim como formulando, por meios festivos, reinvidicações político-sociais correspondentes. A atividade empresarial que aqui se observa adquire outras características daquela dos primeiros migrantes portugueses e que se modifica com as novas gerações já nascidas e socializadas no Exterior. Nessas festas populares, a presença do Brasil se manifesta da forma mais evidente em tendas para a venda de bebidas e que, em número também crescente, se tornam polos de encontros, aproximações e intercomunicações sócio-culturais.
Transportando as „barraquinhas“ de festas populares do Brasil a meios multiculturais europeus, esses pontos marcados com símbolos, música popular e elementos conotados com o Brasil e com outros países associados com os trópicos, com festas e alegria (por ex. Cuba e Havai) utilizam-se de imagens e atuam ao mesmo tempo na imagem do país no Exterior. Demonstram, também, o significado de festas em geral para o estudo de estruturas e mecanismos de performatividade e transformação cultural. Trazem à consciência, em particular, que o estudo de complexos processos relacionados com a identidade em sociedades marcadas por internacionalidade e interações culturais  exige a superação de uma ideologia da lusofonia e de um obtuso e retrógrado discurso de glorificação lusófona nos Estudos Culturais que não corresponde à realidade de processos e às exigências de procedimentos científicos, como vem sendo salientado e analisado pelo Instituto de Estudos Músico-Culturais do Mundo de Língua Portuguesa (ISMPS).(http://www.revista.brasil-europa.eu/126/Havai-Portugal-Brasil.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Camoes-na-Filosofia-Intercultural.html)



07.07.2012

Berlim-Friedenau. Brasil e Portugal em expressões visuais públicas de cidades européias: análises culturais à luz do debate sôbre Direitos Humanos e de Cidadania. Representações gráficas e visuais diversas, grafites, pinturas murais e outras formas de ações comunicativas e expressivas em espaço público, legais ou ilegais, vem sendo consideradas há muito sob diversos aspectos, entre outros de análise urbana de orientação cultural e de identidade cultural de grupos populacionais. No âmbito dos estudos culturais em língua portuguesa, deve-se salientar os trabalhos do Prof. Dr. Américo Pellegrini, Universidade de São Paulo, que realizou estudos do gênero em cidades de diferentes países do mundo a partir do debate que se desenvolve há décadas no Brasil relativamente a expressões culturais espontâneas e ao conceito de folk na renovação dos Estudos da Cultura Popular. (http://www.revista.brasil-europa.eu/122/ResenhaPellegrini.html; http://www.revista.brasil-europa.eu/123/Pellegrini_Comunicacao_Popular.html) Como então presidente de centro de estudos especializados da Universidade de São Paulo, esse pesquisador realizou observações de expressões visuais espontâneas também em cidades da Alemanha durante a série de colóquios internacionais de estudos culturais lusófonos realizados em várias regiões do país em 1989. Esse congresso de especialistas culturais, pioneiro no gênero, de iniciativa de universidades brasileiras, foi organizado do lado europeu pelo Instituto de Estudos Músico-Culturais do Mundo de Língua Portuguesa. (http://www.ismps.de ). Remontante a centro de pesquisas fundado no Brasil em 1968, e atuante na Alemanha sob a direção de professores brasileiros e portugueses de diversas áreas disciplinares desde 1975, o instituto tinha tido a sua representação européia oficializada em 1985, o Ano Europeu da Música da Comunidade Européia. Sob o patrocínio de ministérios e embaixadas dos países envolvidos, o congresso contou com a  pesquisadores e representantes de universidades e instituições especializadas do Brasil, de Portugal e de outros países europeus, incluindo comunidades da imigração lusófona de diferentes países. Os presentes trabalhos, realizados em Berlim em junho de 2012 por pesquisadores da Academia Brasil-Europa, tiveram o objetivo de retomar as análises de expressões visuais públicas à luz do debate sôbre Direitos Humanos e de Cidadania que vem sendo desenvolvido com particular intensidade e ressonância em mês marcado por grandes manifestações relativas a direitos de minorias e nas quais grupos lusófonos da imigração desempenham ativo papel. (Veja notícia)



06.07.2012
Ningbo (Liampó) - atualidades da cidade parceira de Santos e São Paulo no seu significado para as relações culturais sino-ocidentais. Como relatado na Revista Brasil-Europa-Correspondência Euro-Brasileira (http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Comercio-Cultura-China-Brasil.html), a cidade de Ningbo adquire um significado relevante na história dos contatos dos portugueses na China após a conquista de Malaca (1511), inauguradores de processos que determinaram as relações entre a China e o Ocidente através dos séculos. Em especial sob a perspectiva brasileira, o estudo das fontes relativas a Ningbo e a encontros interculturais que ali se processaram assume até mesmo importância fundamental, uma vez que permite esclarecimentos mais diferenciados de expressões culturais que até hoje permanecem vivas no Brasil. Esse fato diz respeito mais especificamente às tradições da „mãe d‘água“nas suas relações com Maria, tão vitais em Santos, cidade parceira de Ningbo, e que vem sendo alvo de estudos da A.B.E. desde trabalhos específicos realizados na Praia Grande em 1979. Na literatura em português mais antiga, Ningbo é conhecida sob o nome de Liampó, fato já registrado nas Décadas de João de Barros. Ainda que com imprecisões quanto a datas, ocorrências e interpretações, parte-se de uma intensificação do comércio português em Liampó ao redor de 1522, desenvolvendo-se ali uma comunidade portuguesa que alcançou um apogeu na década de quarenta do século XVI, terminando porém com a morte de centenas de portugueses em 1542 e sua expulsão em 1545. A consideração dessa história anterior à fundação de Macau surge cada vez mais como uma exigência para a compreensão de desenvolvimentos. Aqui, a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, apesar de exigir particular atenção na sua leitura, surge como importante fonte. Merecedor de estudos mais diferenciados é o papel desempenhado por portugueses nos mares do porto de Ningbo sob as novas condições surgidas sob a supremacia britânica no século XIX, marcado também aqui por conflitos e mortes. Em conferência no Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E., Manfred Fischer apresentou um relato de suas experiências e
impressões de Ningbo e suas instituições obtidas em recente estadia. De extraordinária importância pelo seu porto - ao lado de Shanghai - hoje em fase de expansão à ilha de Zhoushan, Ningbo possui também significado como centro de estudos e pesquisas com as suas quatro universidades e programas de intercâmbio internacional. Na exposição, salientou-se que, devido às rápidas transformações urbanas e a intensidade das atividades construtivas, os edifícios históricos assumem particular significado para a identidade cultural da população. Entre êles se salientam as igrejas, em particular a catedral na praça Tianyi. São, como em outras cidades, em geral edifícios em estilo historicista, neogóticos, representativos da Restauração católica. Sob o aspecto da formação universitária católica, destaca-se a Universidade Aurora em Shanghai, fundada em 1903.



05.07.2012
Lisboa/Brühl: Exposição de la Fontaine e discussão sôbre a atualidade da „querela entre Antigos e Modernos“ nos estudos culturais pelos seus 325 anos. No âmbito do encontro da A.B.E. encerrado no Augustusburg e Falkenburg in Brühl (Bonn/Colonia) a primeiro de julho (Veja notícia), discutiu-se resultados de estudos motivados pela exposição de representações de fábulas de Jean de La Fontaine (1621-1695) em painéis de azulejos no mosteiro de S. Vicente de Fora em Lisboa. Essa exposição foi visitada durante ciclos de estudos realizados em várias cidades européias em maio do corrente ano, dedicados sobretudo a reflexões sobre fundamentos de processos euro-mediterrâneos e atlânticos. S. Vicente de Fora possui uma valiosa série de 38 painéis de azulejos, adquiridos em fins do século XVIII para o revestimento de paredes levantadas quando se fecharam os arcos dos claustros. As representações se baseiam em ilustrações de Jean-Baptiste Oudry/Charles-Nicolas Cochin para uma das edições das Fábulas de La Fontaine (1755, Paris: Desaint e Saillant). Das fábulas particularmente consideradas, salientou-se „Os Dois Amigos“ sob o aspecto da moral implícita de enaltecimento da amizade: „Dois amigos viviam estreitamente unidos. Uma noite, um deles se desperta em sobresalto, levanta-se da cama e corre ao quarto do outro. Este pergunta: Perdeu dinheiro no jogo? Teve alguma querela? Você sabe que pode contar comigo. Não, obrigado por perguntar. O que aconteceu foi que, em sonho, vi Você em dificuldades e tive mêdo que fosse verdade. Vim, assim, correndo. Coisa preciosa é ter um verdadeiro amigo! Um sonho, um nada, tudo o preocupa quanto se trata daquele que se estima com sinceridade!“ As reflexões se concentraram sobretudo no fato de Jean de La Fontaine ter tomado partido dos „Antigos“ na „Querela entre Antigos e Modernos“, um debate da passagem dos séculos XVII ao XVIII que se revela como de singular atualidade. Esse significado apenas pode ser reconhecido se a Querela for considerada não apenas sob a perspectiva da literatura e das artes, mas sim nas suas dimensões teóricas e político-culturais. A disputa dizia respeito nesse sentido à orientação estética, ou melhor filosófico-cultural a ser dada à política francesa, a questões de imagem do Estado e suas consequências. Enquanto
os „Antigos“ defendiam a função modelar da Antiguidade, expressa na arte, na filosofia e na linguagem simbólica, os „Modernos“ defendiam antes uma orientação segundo as Escrituras, os autores cristãos, a hagiografia e a teologia como única adequada a um reino cristão como a França. Consequências políticas seriam, nesse caso, uma ação mais decidida contra nações reformadas, vistas como apóstatas, contra o perigo islâmico, uma revitalização do espírito das cruzadas e, em últimas consequências, do espírito inquisitório. Essa querela teve consequências em períodos posteriores, no Iluminismo e no Romantismo. A sua atualidade nos estudos culturais como desenvolvidos pela A.B.E. revela-se na análise e interpretação de sentidos de expressões culturais. Uma das questões que se levantam diz respeito à consideração de tradições culturais transmitidas em contextos religiosos, como no Brasil, e que se revelam nas análises como sendo inseridas em edifícios de concepções e imagens de remotas origens. A valorização adequada desse patrimônio deve orientar-se segundo os seus antigos fundamentos ou segundo as referenciações bíblicas e da história eclesiástica por que passaram no decorrer dos séculos? Trata-se aqui de uma disputa entre uma orientação segundo o sistêmico de edifícios de imagens e aquela segundo referenciações historicizantes? Essas reflexões surgem como particularmente atuais em ano que se relembra a época das luzes e a necessidade de uma reconscientização dos valores do Esclarecimento como patrimônio da Humanidade.



04.07.2012
O Independence Day americano na Alemanha e a sua atualidade nas reflexões relativas a Direitos Humanos, Civís e ao Esclarecimento como patrimônio. O 4 de julho, dia em que os EUA comemoram a declaração da independência pelos representantes das então colonias britânicas, em 1776, é não apenas celebrado como feriado nacional em concertos, eventos culturais e paradas nos Estados Unidos, representando data de alto significado para a consciência histórica e a identidade americana, mas também em embaixadas, casas da América e institutos culturais de muitos outros países, dando ensejo a atos culturais fomentadores da consciência de elos comuns e de intercâmbios. Em alguns países europeus, a celebração do Fourth of July assume dimensões que transcendem esse significado histórico-nacional, contribuindo à conscientização da importância das relações euro-americanas e de processos político-culturais europeus e de correntes do pensamento que fundamentaram o movimento da independência. Na Alemanha, o transatlantismo, compreendido especificamente no sentido de relações com os EUA, assume  relevância político-cultural de particular significado, sendo promovido por representações diplomáticas, ministérios e sociedades, entre elas a „da Ponte“. Essa importância da data se reflete já no fato da Embaixada dos EUA em Berlim ter sido inaugurada no dia 4 de julho de 2008. A consideração de processos que vinculam os EUA, a Europa e o Brasil tem marcado o trabalho da Organização Brasil-Europa/A.B.E. desde o início dos trabalhos dedicados às novas condições para os estudos culturais multilaterais criadas pela integração européia nos anos 80. A tradição dos estudos respectivos foi preparada sobretudo por um de seus mentores, o Prof. Dr. Francisco Curt Lange (1903-1997), de origem alemã e latino-americano de adoção, personalidade de relêvo no movimento interamericano. Em 1983, por ocasião de seus 80 anos e dos 300 anos de imigração norte-americana aos EUA, realizou-se, com o apoio da Embaixada dos EUA na Alemanha, evento que salientou a necessidade de mudança paradigmática dos estudos atlânticos, relacionando-os com os estudos interamericanos, fornecendo as bases de um programa de pesquisas que vem sendo desenvolvido desde então pela A.B.E.. e que levou a vários trabalhos nos Estados Unidos. (http://www.academia.brasil-europa.eu/ProcessosTransatlanticos.htm). Com base sobretudo em estudos contextualizados de documentação de Guiomar Novaes (1894-1979), a maior representante cultural do Brasil nos Estados Unidos, a A.B.E. pôde aqui desenvolver análises de contextos que vinculam a Europa, o Brasil e os Estados Unidos e que abrangem grande parte do século XX. (http://www.revista.brasil-europa.eu/129/Brasil-EUA.html). No presente ano, marcado pelos 300 anos de Frederico O Grande (e J.-J. Rousseau), o dia feriado norte-americano dá ensejo a reflexões outras, de particular atualidade, uma vez que dirige a atenção ao papel desempenhado por correntes filosóficas européias na Declaração da Independência americana, em particular no pensamento de Thomas Jefferson (1743-1826). Jefferson, erudito, intelectual de interesses diversificados e arquiteto,
possuidor de biblioteca que se tornou fundamento da Library of Congress, foi também o fundador da Universidade de Virginia. Esse fato traz à consciência que as próprias universidades, nas suas contextualizações, representam parte do patrimônio cultural, uma constatação que surge como atual em época marcada por preocupações quanto a nivelações de estudos, despersonalizações de instituições e perda da liberdade universitária devido a escolarizações. A principal atualidade do pensamento de Jefferson diz respeito sobretudo à necessidade de separação entre a religião e o Estado, uma posição que surge como de premente relevância devido à intensificação de tendências obscurantistas de fundamentação religiosa no presente. Essa posição, associada àquela dos Direitos Humanos e Civís, assume hoje particular atualidade no âmbito do movimento mundial de superação de discriminações, preconceitos e injustiças quanto a minorias, fundamentadas que são em interpretações estreitas e literais de textos bíblicos e do Corão.



04.07.2012

Lisboa: São Vicente de Fora  - representações em azulejos e seu significado para os estudos culturais. Como encerramento de encontro da A.B.E. em Falkenburg e Augustusburg em Brühl (29-06-01.07) foram comentados trabalhos resultantes de ciclo estudos realizados em Lisboa em maio do corrente ano e que incluiram a igreja e o convento de São Vicente de Fora. As reflexões encetadas nos mencionados palácios alemães representativos de uma cultura de lazer e de cultivo social relacionadas com a vida campestre, da  rústicos, da terra e da natureza animal e vegetal do Barroco, da vida de campo fora dos limites urbanos mas próximas da cidade foram desenvolvidas em contextos globais europeus e euro-brasileiros a partir de estudos de exemplos selecionados de 81 painéis de representações em azulejos de S. Vicente de Fora, datadas da primeira metade do século XVIII. Considerados foram sobretudo os painéis de azulejos que revestem as paredes da galeria elevada de um dos dois claustros e que oferecem valiosos subsídios não apenas para estudos histórico-artísticos de paisagens e marinhas, tais como são sobretudo desenvolvidos na História da Arte relativamente aos Países Baixos, mas sim também e sobretudo para estudos de expressões pastorís em processos culturais e urbanológicos como praticados no âmbito da Organização Brasil-Europa/A.B.E. e do ISMPS. A consideração dessa linguagem visual pôde basear-se nos trabalhos de pesquisa empírica de tradições vivas no Brasil e que foram tratadas quanto a seu significado teológico e sua fundamentação mitológica na tradição humanística em publicações e eventos da A.B.E. desde a década de 70. Uma particular atenção foi dada à representação de expressões festivas, de instrumentos e práticas musicais populares registradas nos painéis de S. Vicente de Fora. Os estudos comentados trataram, entre outros aspectos, de representações de levantamento de mastro, de jogo de peteca e de empinamento de papagaios, oferecendo, sob este último aspecto, contribuições para os estudos desenvolvidos no Brasil e na Índia. (http://www.revista.brasil-europa.eu/111/Papagaios-India-Brasil.htm). Sob o aspecto organológico, apresentou-se um levantamento iconográfico dos instrumentos representados nos painéis, tecendo-se considerações sôbre aqueles já tratados na literatura e demonstrando o significado das representações para o estudo de modos de execução e práticas de conjunto. Também aqui, porém, a
atenção foi dirigida à necessária consideração dos motivos no contexto amplo de sentidos da representação pastoril no edifício de concepções e imagens.



03.07.2012
Falkenburg e Augustusburg em Brühl: Chinoiseries e Rococó na Europa e no Brasil nas suas dimensões político-culturais e inserções em complexos de imagens. Encerrando encontro realizado no Centro de Estudos Brasil-Europa da A.B.E. (29.06-01.07.) e que acompanhou tematicamente a atual edição da Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira dedicada à China (http://www.revista.brasil-europa.eu/137/Camoes-na-Filosofia-Intercultural.html), realizou-se uma excursão aos palácios Augustusburg e Falkenlust em Brühl, cidade próxima a Bonn. Sobretudo o pequeno palácio de lazer Falkenlust apresenta valiosos exemplos da recepção da cultura chinesa na Alemanha do século XVIII. Considerou-se, nessa visita, resultados de estudos desenvolvidos pela A.B.E. em cidades de Minas Gerais, em 2007, quando foram consideradas igrejas que apresentam Chinoiseries (e.o. Catas Altas, Mariana). (http://www.revista.brasil-europa.eu/105/Estrada-Real.htm) A atenção foi agora dirigida às relações entre a popularidade e a admiração pela China no Ocidente do século XVIII com concepções culturais relacionadas com imagens da vida próxima à natureza, com visões político-econômicas que justificavam sistemas estatais de cunho autoritário-absolutista e pela valorização de estruturas de Estado marcadas pelo fomento da educação e do aumento de conhecimentos vistos na tradição confuciana. À luz da atualidade do debate sôbre o Iluminismo pelos 300 anos de Frederico O Grande e J.-J. Rousseau, considerou-se o entusiasmo pela China e a influência da obra enciclopédica de Jean Baptiste du Halte (1735) no pensamento de Voltaire. Lembrou-se, nesse contexto, de estudos desenvolvidos pela A.B.E. em Potsdam, das casas chinesa e a do dragão no parque de Sansouci, comparando-os com outros exemplos de Chinoiseries, entre estes em Munique e Dresden. O palácio de caça Falkenlust do Príncipe Eleitor e Arcebispo Clemens August (1700-1761) de Colonia, criado segundo planos do arquiteto François de Cuvilliés, representa uma dos mais valiosos exemplos do Rococó alemão, parte do Patrimônio Cultural do Mundo da UNESCO. Uma particular menção merece a sala de espelhos com elementos chineses admirada por W. A. Mozart quando da sua visita em 1763. Considerando-se a inserção das
Chinoiseries no edifício de imagens relacionadas com a vida campal, com o geórgico e o bucolismo, refletiu-se sobre os seus elos com concepções religiosas, de significado sobretudo para os estudos voltados às expressões correspondentes em igrejas do Brasil. Essas reflexões foram encetadas na capela dedicada a Maria Aegyptiaca em Falkenburg, configurada como ermida em forma de gruta aquática, com conchas e minerais.



03.07.2012
Relações comerciais euro-chinesas e quotidiano em Hong Kong, Ningbo, Shanghai. Em conferência realizada no Centro de Estudos Culturais Brasil-Europa, foram apresentadas e comentadas experiências e observações de representante de firmas comerciais alemãs de atuação internacional recentemente retornado de várias semanas de atividades em Hong Kong, Kowloon e New Territories, Ningbo e Shanghai sob a perspectiva da cultura do dia-a-dia e da comunicação intercultural. Foram considerados modos e expressões de vida em metrópoles chinesas caracterizadas por atividades construtivas de extraordinárias dimensões, pelo espírito de modernização e internacionalização nas suas relações com condições mentais voltadas à expansão comercial e à recepção de impulsos do Exterior. Comparou-se o desenvolvimento especial de Hong Kong, resultado de sua situação especial decorrente de
condições estabelecidas por ocasião da transferência de soberania britânica à China com aquele observado em Ningbo e Shanghai e que se manifesta na configuração urbana. A apresentação foi comentada à luz dos resultados dos ciclos de estudos realizados pela A.B.E. no corrente ano em Beijing/Peking e Manchester, publicados no número atual da Revista Brasil-Europa/Correspondência Euro-Brasileira, oferecendo dados de mais recente atualidade relativos às cidades consideradas para os debates que os acompanham. http://www.revista.brasil-europa.eu/137/China-Brasil.html



02.07.2012

Popularidade e novas configurações do tango no presente europeu. Em encontro no dia 30 de junho no Centro de Estudos Brasil-Europa considerou-se a intensa prática do tango em algumas cidades e países europeus e as suas novas formas de expressão em música e dança. Entre os principais centros da prática de tango na Alemanha foram salientados Berlim, Aachen e Wuppertal. Um pais que se salienta é a Finlândia, onde se constata uma acentuação de expressões de melancolia e novas formas coreográficas, sem ter o tango necessariamente a conotação específica de argentino. Alguns dos desenvolvimentos centro-europeus relacionados com o electro-tango foram demonstrados na prática por dançarinos especializados. Nos diálogos considerou-se o estado atual da pesquisa do tango, em particular as diversas hipóteses relativas à sua história na Argentina, no Uruguai e questões relacionadas com a milonga e outras formas de expressão, em especial do tango e do tanguinho brasileiro. Considerou-se também a situação atual dos estudos relativos à recepção na Europa do tango e de outras danças latino-americanas no início do século XX. Relembrou-se do ciclo de estudos levados a efeito em Buenos Aires pela A.B.E. em 2008 no contexto dos trabalhos relacionados com o Mercosul. Em continuação a seminário universitário dedicado à "Pesquisa da Cultura Musical na América Latina e Ciências Políticas“, considerou-se então o tema „Filosofia e Política da Tanguidade“ sob o aspecto de releituras de posições essencialistas e de estudos de situações de instabilidade. Teceram-se agora considerações relativas a situações de instabilidade e de afirmação de identidades em cidades européias marcadas pelo multiculturalismo que surgem hoje como centros do cultivo do tango e expressões afins. http://www.revista.brasil-europa.eu/113/Tango.htm





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